Um Dia Perfeito escrita por Lucy Holmes


Capítulo 2
Das dez até meio-dia




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2 - Das dez até meio dia

Harry decidiu morar num bairro trouxa, mas nada que lembre seus parentes. Não sei o que aconteceu ao certo depois que Harry se tornou maior de idade, mas acredito que nunca mais falou com seus tios. Tenho certeza de que não sentiu tanta falta.
Estranhei que Harry não fosse morar em Grimald Place. Talvez a lembrança de Sirius ainda doesse, apesar de achar aquela casa muito sombria de qualquer forma. A intenção de Harry é morar lá mais tarde, quando terminar de fazer uma mega reforma, descolar vários quadros - inclusive o da mãe de Sirius - e tirar as cabeças dos elfos domésticos da escada.
Toquei a campainha, tinha um som bem enjoativo, não sei como os trouxas agüentam isso. Ele logo abriu a porta, parecia mais mal humorado que eu e ainda resmungava baixinho. Fiquei com medo de que estivesse ficando um pouco... desequilibrado, não sei.
- Bom dia, Rony - ele disse, ainda um pouco aborrecido. Me deu passagem pra entrar - Foi mal sair sem te avisar, é que chamei a Gina pra conversarmos aqui.
- Se preferir, eu volto outra hora - eu bem que suspeitei de que não havia chegado em boa hora.
- Não, tudo bem. Não vai faltar oportunidade de falar com ela mesmo.
Não entendi bem o que ele quis dizer e fui entrando. Gina estava na cozinha, com uma xícara de café na mão.
- Gina - cumprimentei. Eu sei que fui rude, mas meu humor estava péssimo.
- Bom dia pra você também - ela amarrou a cara pra mim. Amor de irmãos é tão verdadeiro - Agora que já interrompeu o Harry, diz logo o que tem pra dizer e cai fora.
- Obrigado - eu disse, fechando a cara e me virei para o Harry - Acho melhor voltar outra hora. - Não consegui disfarçar meu desagrado.
- Boa idéia, quem sabe daqui a um ano ou dois? - Gina fazia questão do sarcasmo.
- Eu já disse que tudo bem - Harry se servia de café, Gina o olhou decepcionada por ele não apoiar a minha praticamente expulsão. - Café, Rony?
Apesar de ter tomado café em casa, eu aceitei. E assim ficamos em silêncio por algum momento, Gina ainda me fuzilando com os olhos, como se a culpa de todos os seus problemas fosse minha. Harry parecia chateado e eu acabei queimando a língua por causa do mal olhado da minha querida irmã.
- A-ham... - resolvei quebrar o silêncio - Gina, por acaso você esqueceu algo no meu quarto?
Gina e Harry engasgaram. Ela ficou escarlate que quase se confundia com o cabelo e Harry ficou de costas, alegando que o café estava forte demais. Eu fiquei horrorizado e olhava de um para o outro.
- Vocês por acaso usaram meu quarto? - perguntei, ainda perplexo com a possibilidade.
- Deixa de ser idiota, Rony! - Gina parecia que ia explodir - Para que eu ia querer usar o seu quarto se tenho o meu?
Aquilo foi um soco no estômago. Certo, Gina era maior de idade também, os dois eram adultos e os tempos são outros, porém duvido que alguém consiga imaginar sua irmãzinha dormindo com um homem. Pelo menos não é o Malfoy.
- Isso não é uma atitude de uma moça de família! - esbravejei. Parecia a minha mãe falando, que vergonha.
- Então talvez você deva parar de fazer o mesmo com a Hermione! Ou será que você não acha que ela é uma moça de família?
Ponto pra ela. Admito que não estou dando um bom exemplo, mesmo porque ninguém é de ferro e eu e Hermione estamos mais que apaixonados. Assim penso.
- Pois muito bem, faça o que quiser. A vida é sua mesmo - eu disse e não me importei quando ela acrescentou que eu "não tinha nada com isso".
Eu tinha que ter uma prova de que aquele sutiã não era da Gina e fiz algo que sei que vou me arrepender pro resto da vida. Olhei os seios da minha irmã. Bem, só de relance, não foi nada como arrancar a blusa dela ou algo do tipo, muito menos foi como um homem olha para os seios de uma mulher, nada incestuoso. Credo. Pelo curtíssimo tempo, deu pra reparar que a minha teoria estava certa, aquele sutiã não era da Gina.
Chamei Harry de lado pra conversar e fomos até a sala. Um ambiente amplo e claro, com alguns objetos trouxas e bruxos. Papai ia adorar isso. Harry pigarreou.
- Rony, você sabe o quanto eu gosto da Gina e eu juro que...
- Tudo bem, tudo bem. Confio em você. - eu disse rapidamente. Ele arregalou os olhos, eu sei que queria me dar algum tipo de satisfação, mas eu não estava com paciência naquele momento. - Harry, Mione brigou comigo hoje cedo.
- De novo? - ele nem fazia cara de espanto, parecia mais "levemente intrigado", como Hermione diria. - O que houve dessa vez?
- Ela descobriu um sutiã debaixo do meu travesseiro - eu falei, pesaroso. Harry começou a rir, o que me fez parecer um idiota.
- Saiu do armário Rony? - ele perguntou, ainda rindo.
- Não vejo graça nenhuma, ela pensa que eu dormi com alguém. - eu sei que fiquei vermelho, o meu rosto ficou quente de repente, por causa do aborrecimento - Eu queria saber se era da Gina, mas o tamanho pelo visto não é o mesmo. Agora a Hermione está furiosa comigo.
- Furiosa com o que? - Gina entrou, se intrometendo na conversa.
- Hermione achou um sutiã na cama de Rony e acha que ele a traiu - Harry continuava rindo, eu tive vontade de dar um soco nele por rir do sofrimento dos outros - Ou que tem uma vida dupla.
Gina riu também. Que ótimo, por que não colocam logo um nariz de palhaço em mim?
- Bem, eu espero que ela esteja errada nos dois sentidos, Rony - ela se controlou pra falar - Papai morreria de vergonha.
- Mas é claro que ela está errada! - eu gritei, não agüentava ver os dois rindo e ainda fiquei nervoso por não ter provas da minha inocência - Eu estou tentando descobrir de quem é!
Gina parou de rir.
- E por que você perguntou para o Harry? - ela olhou para ambos, os olhos acusadores.
- Agora você está sendo ridícula! Ontem não saímos com ninguém! - tentei consertar a situação, por outro lado, o Harry ia provar um pouco do próprio remédio - E para que o Harry levaria alguém pra nossa casa, ele tem a dele! - eu sei, foi cruel. Mas a vingança é doce.
- O que quer dizer com isso? - ela pegou meu colarinho literalmente e começou a me chacoalhar. Poxa, ela estava com raiva dele, devia fazer isso nele! - Você está dizendo que ele guarda algum souvenir dessas vagabundas aqui?
- Gina, não é nada disso, o Rony está querendo te afetar... - Harry tentou, mas com uma pontada de satisfação minha, não conseguiu acalmar a Gina.
É nessas horas que eu tenho medo dela. O Harry devia ter também.
- Pois bem, ele conseguiu! - ela esbravejou e abriu caminho entre mim e Harry, subindo em direção, imagino, do quarto dele.
Ouvimos o som de portas se abrindo e fechando com estrondo e gavetas sendo esvaziadas. Algo parece ter quebrado e Harry suspira, conformado.
- Obrigado, Rony - apesar de conformado, ele estava aborrecido. Eu quase respondo "de nada", afinal foi bem merecido, mas resolvi voltar ao assunto principal.
- O seu problema é menor que o meu, Harry - repliquei, e o barulho continuava - Você tem idéia de onde a Hermione pode ter ido hoje? Ela falou que tinha um compromisso, só que eu esqueci onde era, não prestei atenção... Era algo para o F.A.L.E..
Amigos são engraçados, uma hora parecem chateados, mas logo esquecem. Comigo e o Harry tem sido assim desde que brigamos no quarto ano, por causa da minha idiotice. Fora que ele estava acostumado de ser o negociador entre eu e Mione quando brigávamos.
- Talvez ela não esteja em casa, então vou ligar no celular dela. - ele falou e eu não entendi. Célula? Que célula? Desde que encontre a Hermione, eu finjo que não ouvi nada.
Harry se dirigiu para a lareira e eu pensei que fosse usá-la, ao invés disso ele pegou algo parecido com uma caixa prateada, muito fina, em cima desta e num único gesto ele a desdobrou. Nunca vi uma caixa que se desdobrasse. Ele então começou a apertar botões na caixa.
Então eu entendi, era um controle remoto. Agora o que eu não entendo é como o Harry vai encontrar a Mione com um controle remoto de tevelisão dobrável. Será que ela está participando de algum programa trouxa e não me avisou?
Espera um pouco... agora estou vendo que o controle remoto tem uma tela! Será que é então uma mini-TV? Papai ficaria maluco por um desses...
- Harry, o que você vai fazer com esse controle remoto? - eu perguntei, me aproximando.
- Não é um controle remoto, é um telefone celular. - ele respondeu, ainda discando - estou procurando o número do celular da Mione.
- Um telefone o que? - eu perguntei de novo. É nessas horas que eu tenho que admitir que devia ter feito Estudo dos Trouxas, mas nunca vou admitir na frente de ninguém.
- Um telefone celular, Rony. - Harry explicou pacientemente, fechando o aparelho e me mostrando - A Mione nunca mostrou o dela?
- É muito pequeno pra ser um telefone, e não tem fio! - Eu falei, emburrado. É duro descobrir que Hermione tem um troço desses e nem me conta.
- É pequeno para podermos levar aonde quisermos e não precisa de fio, o sinal é transmitido via satélite. - eu não sei o que o Harry quis dizer com "satélite", mas é melhor não perguntar - É movido à bateria, que depois de gasta é possível recarregar, então seja lá onde Hermione esteja, podemos localizá-la. Quero dizer...
- O que? - eu já estava impaciente, fiquei nervoso.
- Se ela estiver em algum lugar subterrâneo como o metrô, ou em algum lugar onde o sinal não possa chegar... como Hogwarts, por exemplo, por ter muita magia, então o telefone não funciona.
- E você me diz que isso é prático... - por isso não vejo tanta graça em apetrechos trouxas.
- E é. - Harry falou, mostrando o painel e as teclas do aparelho - Se você está na Londres trouxa, isso é útil pra não levantar suspeitas.
- E por que é que você sabe que Hermione tem um celular e eu não? - eu explodi. Certo, exagerei, mas eu odeio quando Hermione não conta o que faz, parece que está escondendo algo.
- Eu mencionei com ela que precisava de um celular porque pra mim é útil, entende? - Harry respondeu, tranqüilo. Já deve estar acostumado aos meus ataques que nem se aborrece mais - E a Mione disse que tinha um e me deu umas dicas. Ela usa para falar com os pais. - e me encarou, sério - E por que não posso ter o celular da Mione? Se você também tivesse um, eu pediria o seu número.
Isso me fez calar a boca e tomar vergonha de desconfiar do meu amigo. Harry voltou a discar e colocou o telefone desdobrado no rosto. Não sei mais o que os trouxas vão inventar, eu hein. Hermione deve ter atendido, Harry começou a falar.
- Alô? Oi, Mione! Sou eu, Harry - ele caminhava enquanto falava. Que mania estranha - Onde é que... O que? Ah! Claro que não é meu, nem do Rony. Ontem só comemoramos bebendo, não fomos... Tenha calma, Mione - eu conseguia ouvir a voz dela de longe, imagino a dor de ouvido que o Harry vai sentir - Rony garantiu que não, e eu garanto também. Não, não estou. Sim, falei com ele - ele tirou o fone do ouvido, bufando e o colocou no outro ouvido - Ele está aqui, não prefere falar com ele? Ótimo!
Harry me estendeu aquele aparelho dobrável e eu o peguei de modo um pouco desajeitado, incerto como usar. Ouvia a voz da Mione no outro lado.
- Alô? Rony, está me ouvindo?
Criei coragem e encostei o telefone no rosto. Devo ter feito do jeito certo, ela escutava bem.
- Mione? - falei baixo, porque da última vez que falei ao telefone com Harry, eu gritei tanto que o tio dele bateu o telefone na minha cara.
- Ronald Weasley! - se eu soubesse que ela ia gritar tão alto, teria afastado o fone do rosto - Não acredito que ao invés de tentar resolver seus problemas sozinho, você pede para o Harry te dar cobertura!
Essa doeu. Praticamente me chamou de irresponsável e inútil. Pelo menos foi assim que eu me senti. Mas ia ter volta.
- Ah, é? Só que se eu não tivesse perguntado para o Harry se ele tinha idéia de onde você estava, eu estaria te procurando feito um louco! E por que é que você não me disse que tinha uma célula?
- Celular... - Harry me corrigiu, em voz baixa, prestando mais atenção ao barulho lá de cima do que na conversa.
- É, esse telefone portátil minúsculo! - eu preferi ao meu modo - Deve ter sido mesmo uma má idéia falar com o Harry, que não tem nada a ver com seus chiliques, agora a Gina também está pensando que ele a traiu!
- O que não deve estar muito longe da verdade, não é Rony? Você e Harry devem ter bebido além da conta e se esqueceram do que fizeram!
- Está MUITO longe da verdade! - eu perdi o controle, comecei a gritar - Mione, eu nunca vi aquele sutiã na minha vida! Você vive falando que eu tenho que confiar em você quando manda cartas para o Krum...
- É diferente, Rony! - ela também gritou do outro lado da linha - Victor é meu amigo!
- Não é diferente! Se eu tenho que confiar em você, você bem que podia fazer o mesmo comigo e me dar o benefício da dúvida! - não sei como consegui pensar nisso, mas foi uma boa resposta.
Silêncio. Isso é bom, eu acho.
- Mione, você sabe que eu te amo. Por que é que te trairia? Eu não preciso nem quero ficar com ninguém mais além de você.
O silêncio continuou. Será que ela desligou? Mas pensei que o barulho de "tum-tum-tum" fosse igual ao telefone comum, não sabia que era silencioso.
- Tudo bem, Rony. Vamos conversar. - ouvi sua voz do outro lado. Ufa, que alívio.
- Que ótimo! Então, onde você está? - perguntei, ao mesmo tempo em que procurava uma pena e tinteiro. Harry me passou um lápis e um papel. Odeio lápis...
- No restaurante Submarino Amarelo, é de frutos do mar. Eu vim me encontrar com o Malfoy e aí você podia passar por aqui mais tarde...
- Você O QUÊ? - eu gritei, Harry voltou sua atenção à conversa. Gina continuava destruindo seu quarto. - Você ficou a manhã inteira com raiva de mim por causa de uma peça de roupa que não faço idéia de como foi parar na minha cama e agora me diz que vai se encontrar com o Malfoy?
- Faça-me o favor, Rony! - ela também gritou do outro lado, mas baixou a voz em seguida - Você há de concordar que as provas estavam apontando contra você! E é um encontro de negócios.
- Por que tem que ser negócios com o Malfoy? É o mesmo que fazer um pacto com o diabo! E hoje é sábado, almoços de negócios se faz durante a semana! - raciocinei rápido, o que o nervosismo não faz...
- Já que quer mesmo saber, precisamos de um patrocinador para um evento sobre o F.A.L.E. e ele disse que só tem disponibilidade aos sábados! - a voz dela estava esganiçada, sinal de que estava muito nervosa. - E Rony, a gente se fala depois. Melhor você não vir para o restaurante, vamos conversar no casamento do Neville, certo?
- Mione, espera um pouco!
- Tchau, Rony! - um "click" e o tal "tum-tum-tum" fizeram eu perceber que ela desligou. Estendi o celular para o Harry, que apesar de não ter subido para impedir a Gina, prestava atenção e parecia contabilizar o prejuízo de seu quarto destruído.
- Ela desligou. - falei. Harry pegou o celular e o "dobrou". Como é que esse negócio não quebra ao ser dobrado? O telefone lá de casa não é assim. Se bem que nunca tentei dobrá-lo.
- Vai fazer o que, agora? - ele perguntou, guardando o celular no bolso.
- Vou falar com ela, mas não vou esperar até a hora do casamento - respondi, decidido - Vou até o tal restaurante. Você sabe onde fica esse Submarino Amarelo?
- Sei - ele olhava para cima de novo. Parecia sem atitude, ou seja, não parecia o Harry.
- Se está tão incomodado com a bagunça que a Gina está fazendo, por que não subiu lá pra impedi-la? - perguntei, impaciente. Para minha surpresa, ele riu e se encaminhou para uma cômoda da sala.
- Eu não vou correr o risco de levar uma azaração dela. - ele tirou um catálogo grosso e me entregou - Procura por frutos do mar, vai encontrar o endereço. Mas... - ele me olhou desconfiado - Rony, você não vai fazer escândalo, vai?
- E por que eu faria escândalo? - perguntei, ofendido. Harry me olhou enviesado, não entendi o motivo.
Enquanto eu procuro, ouço uma voz triunfante vinda do andar de cima e passos apressados na escada. Gina aparece segurando o que parecia ser um corpete branco, um pouco transparente. Estava mais furiosa e avançou para o Harry. Sorte que não foi pra mim.
- Eu não falei? Olha só o que achei, olha! - ela esfregava a peça na cara de Harry - De quem é? Eu conheço a fulana? Foi alguma amiguinha de ontem, ou ela é do seu trabalho?
Harry estava rubro. Não conseguia falar nada, Gina não parava de gritar, mas ao mesmo tempo em que tentava, olhava pra mim desconfiado e parecia se conter. Resolvi não me meter, a Gina tende a ser pior que a Mione em certas ocasiões. Até que o Harry cansou de apanhar e segurou os braços dela.
- Gina, isso é seu! - ele gritou com toda a força. Pensei ter visto o quadro da parede tremer. O que a voz de uma pessoa não faz.
Eu fiquei sem palavras. Como disse antes, tudo bem, ela é maior de idade, mas poxa, é minha irmã. Ela parou de se mexer e ficou com uma cara abobalhada. Harry a soltou e ela pôde olhar para o corpete, tentando lembrar.
- Meu? - ela mirou a peça, até que se lembrou - Ah... - então percebeu que eu ainda estava ali e escondeu o corpete nas costas, ficando vermelha de vergonha.
- Claro que é seu! - Harry parecia ter voltado ao normal - e agora que esclarecemos esse mal entendido, será que você pode colocar meu quarto em ordem, como estava, por favor?
- Hm... - eu sabia que Gina queria se desculpar, mas fez uma cara de manhosa - Tudo bem, mas... só pra ter certeza mesmo, eu vou experimentar, aí você sobe e a gente arruma o quarto...
- Gina! - gritei, horrorizado. Eu estava mesmo horrorizado - Pelo amor de Deus, não na minha frente! Ainda não me acostumei com a idéia!
- Cuida da sua vida, Rony - ela falou e roubou um selinho do Harry antes de subir correndo.
Olhei de volta pro Harry que desfez a cara de bobo sonhador, para uma mais séria e sem graça. A de bobo sonhador estava melhor. Ele pigarreou para chamar a atenção.
- Você quer alguma explicação da minha parte? - ele perguntou, sem rodeios.
Querer, eu queria. Mas explicar exatamente o quê? Os dois são adultos, Gina já tem idade de se decidir sozinha. Mesmo assim, ela continuava sendo minha irmãzinha.
- Vocês devem saber o que fazem - eu disse, dando de ombros - Mas se a magoar, não vou ser o único que vai atrás de você, ou esqueceu que ela tem seis irmãos?
- Rony, eu quero me casar com ela - disse ele, enquanto eu anotava o endereço do restaurante. Logotipo esquisito, mais um restaurante trouxa - Só não consegui pedir, por enquanto.
Agora entendi os resmungos durante o sono. Resolvi sair logo, assim que ouvi Gina chamando o Harry e não queria nem imaginar minha irmãzinha fazendo... bem, melhor sair.
Já na porta, lembrei de perguntar:
- Harry, o que é um submarino?
- É um meio de transporte subaquático que... - então ele me encara e percebe que não vai conseguir se fazer entender. Droga, eu tenho que disfarçar melhor - Rony... Cai fora.

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