As marcas roxas ainda estavam ali, bem grandes e visíveis no meu pescoço. Droga, Brian! O pior de tudo é que o cabelo não conseguia esconder todos os chupões. Passei bastante pó, mas ainda dava para ver um pouco. Joguei o cabelo em cima, mesmo sabendo que ele era liso demais para parar no mesmo lugar. Agora era só torcer parar o Harry não ver nada! Vesti um jeans e a blusa do uniforme. Peguei a mochila e desci. Minha maior vontade era de que o Harry não estivesse lá embaixo, me esperando. Mas como eu sou uma pessoa sortuda, ele estava lá embaixo, com um sorriso que dava para ver de costas. Como ele consegue ficar feliz ás 6:50 da manhã, com um frio horrível?!

- Kath... - Esticou os braços para me abraçar. - Tô com frio, vem me esquentar? - Pediu.

Abracei e o apertei bem forte.

- Quentinho agora? - Perguntei.

- Uhum. - Resmungou, me abraçando ainda mais. - Mas ainda estou com frio... - Fez biquinho.

Sorri, sem graça e ele pegou a minha mão e começamos a andar. O vento soprava forte, fazendo meu cabelo voar.

- Mô? - Harry afastou uma mecha de cabelo do meu rosto. - O que é isso no seu pescoço?

Que ódio do Brian nessas horas! Eu ia dizer o quê? " Nada demais, só o Brian que me deu uns chupões. Coisa boba..."

- É que eu... - Obriguei o meu cérebro a pensar rápido. - Cai de skate! De novo...

- Como machucou o pescoço, pequena? - Harry riu.

- Bati ele na ponta da rampa. - Tive que dizer a primeira idiotice que deu pra pensar.

- Poxa, môzinho! - Colocou os braços no meu pescoço. - Deixa eu ver isso!

- Não! - Coloquei a mão no pescoço. - Ainda tá doendo! E está feio...

- Vai melhorar? - Me olhou preocupado.

- Só se você der uns beijinhos para sarar! - Sorri.

Harry começou a seção de beijos no pescoço ali na rua mesmo. Mas eram beijos carinhosos que me arrancavam risadas. Fazia cócegas e era bom. Me senti mal pra caramba por ter mentido pro meu pequeno! Ele se preocupou de verdade. Isso é tudo culpa do Brian. Que droga, mano! Se eu não decidir logo o que eu quero, vou acabar perdendo quem eu mais amo. Na verdade, o jeito do meu magrelo sempre vai ser melhor do que o do Brian, porque meu pequeno se preocupa comigo mesmo e quer cuidar e o Brian tem esse jeito sexy, mas... Não é o meu mô! 

Cheguei bem grudada no Harry, que era para deixar bem claro para os projetos de vadias e para o Brian, que ainda estamos juntos. Não era mais novidade para ninguém. Tive que ir ao banheiro, porque o roxo só ia aparecendo junto com as piadinhas do tipo:" Ontem teve, né Kath! " ou " Harry, precisava deixar a menina toda roxa? " . O Brian olhava feio e eu podia ler na sua mente alguma coisa relacionada á: " Não foi esse esquisito, foi EU! ".

- Deixa eu te ajudar, pequena! Você está deixando mais vermelho. - Harry ofereceu ajuda, me vendo passar o pó descontroladamente sobre o meu pescoço.

- Droga... - Praguejei, entregando o pó para o Harry passar.

- É assim que se faz, mô. - Passou devagar. - Viu? É assim...

- Entende de maquiagem, esquisitinho? - Brian apareceu na porta do banheiro.

Harry o olhou feio.

- Tchau Brian! - Gritei.

- O que aconteceu com o seu pescoço? - Piscou disfarçadamente.

- Ela caiu de skate... - Harry rosnou.

Brian começou a rir. O repreendi pelo olhar.

- Ah, coitadinha! De skate, né? - Sorriu e saiu.

Suspirei irritada e feliz pelo Brian não ter dito nada.

- Não liga, pequena! É só mais um idiota... - Disse enquanto voltava a passar o pó no meu pescoço. - Pronto!

- Obrigado. - Guardei tudo na mochila.

- Amor? - Harry chamou.

- O quê, mano?!

- Eu te amo. - Me abraçou. - E você? Me ama?

- Amo demais, magrelo!