Pov. Bella.

  Rodei a maçã vermelha nos dedos e suspirei quando ela caiu em cima de mim.  Peguei a maçã de novo e girei mais uma vez, até que a maçã caiu no chão e rolou até a porta.

-- Venha maçã… Venha maçã… Venha maçã…

  Tentei. Porém a mação continuava parada, ela parecia me desafiar. Suspirei mais profundamente e olhei para o teto branco.  Eu ainda não tinha o poder de mover as coisas.

Ainda!

  Fiquei batucando os dedos na grade da cama, até meus dedos começarem a doer. Então peguei o controle da cama e brinquei de ficar movendo-a. Para cima, para baixo, sentada demais,  deitada demais.

-- Você vai acabar se machucando. – Olhei para Rosálie que estava na porta, segurando minha maçã.

-- Eu estou no tédio, não há nada para fazer aqui.

-- Comprei um livro para você. – aproximou-se da cama e me entregou a sacola. Fui afoita abrir a sacola para ver o livro.

Feche Bem Os Olhos.

  Parecia interessante, suspense policial.

-- É grande e… bem, matará o tédio.

-- Obrigada Rose. – sorri doce. Depois suspirei e coloquei o livro nas pernas. – o que é que eu estou fazendo aqui? Já estou curada!

-- É melhor ficar de repouso e... Eles vão precisar de você aqui e…

-- Tudo bem, não queria ir pra casa mesmo. – resmunguei baixo. Ela riu.

-- quer que eu lave  maçã?

--Pode ser, obrigada.

  Rose foi até a pia que havia no banheiro e lavou a maçã, fiz uma careta, porém mordi a fruta doce.

  Fiquei conversando com Rose por um tempo, ela me contava como havia sido a aula de hoje, e que Alice estava comprando os enfeites de natal para sua casa.

  Ah, o natal… Só de pensar nesta época me deixava com lágrimas nos olhos. Era a época preferia minha e de Bem. Adorávamos enfeitar a arvore e brincar na neve que se formava em nosso quintal, tentar fazer boneco de neve… Era tão bom. Pena que acabou.

  Após alguns minutos de conversa, Rosálie teve que ir para casa. Fiquei sozinha e então decidi abrir o livro par ler.

  Porém as palavras não entravam em minha mente. Eu estava viajando para uma época feliz, uma época natalina de anos atrás, com meu irmão. Quando eu era uma criança, com apenas 12 anos de idade.

Lembranças:

  Uma bola de neve acertou em cheio minha cabeça, resmunguei de frio e balancei os cabelos castanhos para desfazer a neve. Olhei por cima do ombro irritada, Bem ria com outra bola de neve nas mãos.

-- Acertei! – comemorou. Mostrei a língua.

-- Depois diz que a criança sou eu. Humpf.

  Me virei para o boneco de neve, tentando acertar sua cabeça. Porém era difícil fazer aquelas coisas, tinha que ter prática, paciência e habilidade. Tudo que eu e Bem não tínhamos.

  Fiz um bola de neve disfarçadamente, então rapidamente me virei e a ataquei em Bem, acertando sua cara. Ele fez uma careta engraçada.

--você é mal1 vai ver só.

  Virei as costas e uma bola acertou meu longo e protetor casaco preto. Ri e desmanchei o boneco, pegando bolas deformadas para atacar em meu irmão.

  Então começamos a correr pelo quintal, tentando distribuir neve um no outro. Uma brincadeira deliciosa, divertida, relaxante.

  Cai de cara no chão e ri, ele se jogou em cima de mim e então começamos a rolar pela neve branca e gélida, rindo sem parar. Até que paramos em cima do nosso antigo mal feito boneco de neve.

-- Acho que teremos que comprar um tutorial para aprender  fazer boneco de neve. –  ajudou-me a levantar.

-- Sim, estava horrível. – falei rindo.

-- É questão de prática, vamos tentar de novo!

  E mais uma vez, tentamos fazer um boneco de neve.

  Sequei a lágrima que escorreu por meu rosto e funguei. Fechei os olhos, deitando a cabeça no travesseiro e querendo força para não desabar ali.

 Se você estivesse aqui Bem… Nada disso estaria acontecendo… Por que me deixou?
  Abri os olhos e tentei ler o livro, ignorando a vontade que tinha de parar tudo e chorar.

  Tive que ler a primeira página umas três vezes para por fim prestar atenção.

(...)

-- Trouxe sua decoração! – Alice entrou animada com duas sacolas vermelhas.

-- Decoração?

-- Sim, de natal. – revirou os olhos, apoiou a sacola na beira de minha cama e de lá tirou uma arvorezinha. Revirei os olhos e ela colocou na prateleira dali.—Olha que fofo.

  Então mostrou um globo, onde tinha um papai Noel. Chacoalhou o globo e ficou ‘cheio de neve’ sorri. Era tão bonito.

  Após mostrar algumas coisinhas. – até luzinha tinha. – ela guardou sentou-se na beira da cama e me estendeu um notebook.

-- Está sem internet, mas tem tanto jogo legal! Só, não deixe ninguém ver… tá?

-- Hum… claro, só tenho eu nesse quarto. – ri fraco. Ela suspirou. – Quando vou sair daqui?

-- Bem, não temos data ainda. Sabe que seus pais queriam que fosse rápido né?

--Sim, sei. E… E Carlisle? Apareceu?

  Ela ficou em silencio. Suspirei triste, abaixando o rosto.

-- Sinto muito.

-- Urrum.

  Continuei olhando para baixo, ela me fez erguer o rosto.

-- Você está bem? Sobre...

-- Não pergunte. Não sei responder.

  Ela assentiu, então tirou as coisas de cima de mim e me fez ir para o lado, logo depois se deitou comigo, me abraçando.

-- Eu queria que você estivesse bem e feliz para irmos juntas fazer compras de natal. – sorri fraquinho e fiquei olhando para baixo. Ela apenas me apertou mais.

  Ficou um tempo calada ali comigo, um longo tempo. A vontade de chorar veio, e por mais que eu tentei controlar, não resisti. Quando a primeira lágrima caiu, as outras vieram juntas. Então chorei abraçada com Alice, imaginando mil e uma formas de tudo ter sido diferente. Com meu irmão, com meu filho, com Carlisle, com pais bons… Porém nada era perfeito.  

  Alice me acolheu, acariciou meus cabelos e disse que ficaria tudo bem, pois ela estaria ali, que tudo passaria. E eu desejei com cada fibra de meu ser que suas palavras fossem reais. 

  Então adormeci, com lágrimas rolando pelos olhos. Tentei fugir desse pesadelo no mundo dos sonhos, talvez lá eu fosse feliz, ao menos um pouco, por algumas horas. Seria o suficiente para conseguir ter mais calma amanhã.