No capitulo anterior:

- O quê uma criança, como você faz aqui? – Meu ego se feriu. E ele ainda não havia se virado para me olhar.

- Eu não sou criança – Falei chateada. – Porque os velhos fazem questão de dizer que adolescentes são crianças? - Falei para revidar, é claro que ele não era velho, nessa hora ele se virou pela primeira vez para me olhar realmente, ele era perfeito, os seus olhos azuis eram os mais lindos que eu já havia visto, da cor do céu, seu rosto era duro, quase frio, mas os seus olhos, agora divertidos, davam um ar um pouco mais leve a sua fisionomia, tinha ombros largos, e o seu corpo exalava masculinidade, só de o olhar, você devia sentir medo, dava para perceber que era um homem poderoso, e que todos se curvariam a suas vontades, seus cabelos dourados, tinham alguns fios brancos, que o davam certo charme. Havia um mistério ali, foi uma das coisas que me chamou atenção, de uma hora pra outra só por observá-lo, eu queria descobrir todos os segredos que ele guardava.

-  Não sei, criança – Falou bem devagar, como se eu fosse algum tipo de doente mental. – Mas eu a chamo do jeito que quiser.  – Ele se virou e continuou a beber seu wisk, como se nada tivesse acontecido, me senti ultrajada.

- Quem você pensa que é para me chamar de criança? – Ele soltou uma risadinha, e se virou em minha direção com um sorriso torto nos lábios, que me fez arfar. Os olhos agora estavam vazios, eu não conseguia decifra-lo.

- Alguém que você não vai querer conhecer. – Falou amargo.

- Porque eu não gostaria de te conhecer? – Perguntei com curiosidade. Ele riu novamente, mas não havia graça em sua risada, seu rosto continuava duro e sua expressão vazia. Ele se levantou e deixou uma nota de 100 no balcão.

- Adeus criança. – Quando ele se levantou percebi que era bem mais alto que eu. Ele saiu sem nem esperar minha resposta .  

Levantei da cadeira um pouco atônita, o que havia ocorrido ali? Eu havia levado um fora? Droga! Sabia que isso não daria certo. Me deu vontade de chorar, por terem ferido meu ego e minha alta estima, voltei a mesa das meninas e sentei me sentindo derrotada.

- O que aconteceu Bella? – Perguntou Alice. – A gente viu tudo daqui, a hora que você sentou, e a hora que ele saiu. O que vocês conversaram? – Suspirei.

- Ele me dispensou. – Elas me olharam incrédulas.

- Por quê? – Perguntou Rose.

- Não sei, nós mal conversamos, era como se ele não se importasse com minha presença, como se eu fosse um inseto insignificante diante da grandeza daquele homem, e ainda por cima, ele me chamou de criança! – Falei indignada. Elas se entreolharam.

-Que idiota – Falou Rose revoltada - Me desculpe Bella, não deveria ter forçado você a ir lá.

- Não tem problema Rose, pelo menos tive uma nova experiência não é? – Falei, me esforçando para dar um sorriso, mas acho que saiu como uma careta. – Não é sempre que se leva um fora.

- Não se preocupe Belinha, hoje nós vamos nos divertir – Falou Alice tentando me animar.

Depois de mais algum tempo no pub, nós fomos em direção à festa que iria ter no The Night.

 E eu queria mesmo era esquecer que tinha conhecido aquele homem lindo, e que ele havia mexido comigo de alguma forma, queria esquecer aquele momento da minha vida, mas não pude. No caminho todo para o TN, eu pensei insistentemente naqueles olhos azuis. Quando chegamos, havia uma fila enorme do lado de fora, não acreditei que teria que enfrentá-la.

- Droga Rose, olha o tamanho dessa fila – Falei já impaciente.

- Poxa Bella eu também não gostei da ideia, mas infelizmente já estamos aqui, não dá pra voltar atrás.

Ficamos um bom tempo lá esperando chegar a nossa vez, mas parecia que cada vez a fila aumentava mais.

- Belinha aquele cara ali parece com o Jasper, não é? – Falou Alice apontando para o cara, que havia acabado de sair do TN e estava conversando com uns dos seguranças. Jasper é meu primo, sobrinho de minha mãe, e morava aqui em NY, mas teve que se mudar por causa da Universidade que era em outro estado, faz uns quatro ou até mesmo cinco anos que não o vejo, ele deve estar com uns 20 anos agora. Alice o conhecia pelas muitas fotos dele que eu tinha espalhadas pela minha casa.

- É mesmo Ali. – Sorri feliz em ver o Jass. Fui até lá em passos largos e minha amigas me seguiram.

- Jass – Gritei assim que cheguei perto, e me joguei em seus braços.

- Priminha – Falou ele feliz.

- O que você faz por aqui? Porque não me contou que viria? – Falei agora chateada o empurrando. Ele riu da minha cara, e eu sorri, como havia sentindo falta daquela risada.

- Foi mal Bella, foi tudo muito rápido. Não deu tempo de avisar, desculpa.

- Está desculpado. – Falei rindo. – E o que faz aqui na boate?   

- Gostou do meu novo empreendimento? – Perguntou com os olhos brilhando.

- Uau, quer dizer que você é o novo dono do The Night?

- Sou sim priminha, eu e meu sócio Emmett McCarty.

- Não acredito! – Exclamei – Quer dizer que Jasper Swan Whitlock, é agora um empresário? – Falei de brincadeira. Ouvi uns resmungos atrás de mim, eram Rose e Alice, havia me esquecido delas. – Oh, me desculpem, Jasper, essas são Alice Bradon e Rosálie Hale.

Eles se cumprimentaram, e Alice corou.

- Então vocês vieram para a festa da Boate não é? – Afirmamos – Podem entrar, nem precisam pegar mais essa fila, já que conhecem o dono, é claro!

Ouvi o protesto de algumas pessoas que estavam na fila, mas nem me importei, nós seguimos Jasper para dentro do TN. Lá dentro estava lotado, as luzes eram fortes e eu quase não conseguia enxergar, ele nos guiou até um lugar, mais no canto, aonde havia varias mesas, e um bar próximo, e nos sentamos em uma das mesas. O som alto do lugar era envolvente, me fazia querer dançar.

- Fiquem aqui meninas, vou mandar o barman trazer bebidas, não se preocupem, a noite vai ser por minha conta. – Ele saiu, e Alice começou a tagarelar.

- Como ele é lindo Bella. – Falou Ali suspirando, eu ri e Rose me acompanhou.

- Calma Ali, você tem a noite toda para conquistar o meu primo. – Ficamos conversando mais um pouco, eu estava começando a me animar.

- Vamos dançar? – Perguntou Rose.

- Vamos – Gritamos eu e Alice.

Nós fomos para pista de dança, onde tinham vários casais dançando, e pessoas sozinhas também. Me peguei curtindo a musica e me deixando levar, o som entrando por todos os meus poros. Deixei meu corpo seguir a batida.

Depois de algum tempo curtindo, tive a sensação de que alguém me observava, abri os olhos e procurei pelo lugar, mas não havia ninguém me olhando em particular, voltei a fecha-los, achando que estava ficando paranoica. Senti braços fortes se fechando ao redor da minha cintura, no primeiro momento fiquei paralisada, a pessoa me apertou ainda mais, me virei para ver quem era, tomei um susto ao reconhecer aqueles olhos azuis.

- Olá Criança. – Falou cínico. O que ele queria, já não bastava ter me dispensado.

- Está me seguindo? – Perguntei.

- Não. Eu acho que é você que está, descobriu quem sou foi? Quer um pouco do meu dinheiro igual a todas as outras não é? – Ele perguntou debochado, ainda com o corpo colado no meu. O empurrei na hora.

- O que você pensa que sou? Seu cafajeste! Nem sei quem você é, e também não quero a porcaria do seu dinheiro. – Me virei com raiva para ir embora da pista de dança, e ele segurou meu braço com tanta força que deixaria marca.

- Ei, como ousa me virar às costas? – Falou ele, com um brilho estranho nos olhos – Eu que digo sua hora de ir embora. – O olhei incrédula, ele se achava o dono do mundo, mas não era meu dono.

- É melhor você me soltar, está me machucando Sr...

- Cullen. Carlisle Cullen, criança. – Seu olhar se suavizou e ele me libertou do aperto de ferro.

- Isabella Swan – Falei alisando o machucado, que ele havia causado em meu pulso. Eu havia aprendido naquela noite, que seria muito perigoso ir contra as vontades daquele homem.

- Então Isabella, não está mesmo me seguindo? – Me segurei para não responder nenhum desaforo, me contentei em negar. – E quantos anos você tem criança?

- Pra quê você quer saber? – Falei petulante.

- Me responda criança. - Falou entre dentes.

- Pare de me chamar assim. – Gritei, com raiva.

- Então pare de agir como tal. – Falou tranquilamente. Seus olhos cor do céu estavam me hipnotizando, ficamos nos encarando por algum tempo. Até ele se aproximar mais um pouco de mim, abaixar a cabeça e falar próximo ao meu ouvido, com aquela voz forte e rouca. – Dança comigo Isabella? – Não precisei dizer nada, nós estávamos parados na pista de dança, ele só fez grudar mais nossos corpos, e começou a me guiar, eu não tinha mais poder sobre meu corpo e movimentos, é como se aquele homem houvesse roubado meus sentidos, e me deixasse cada vez mais desorientada. Estava como um fantoche, uma boneca de pano, nas mãos de Carlisle Cullen.

Coloquei minhas mãos em volta de seu pescoço, enquanto ele segurava fortemente minha cintura, aconcheguei minha cabeça em seu peito largo e me deixei levar pelo momento, me esquecendo da dorzinha em meu pulso, e em como ele havia me tratado deis de que me conheceu, era como se estivéssemos em uma bolha, só nossa.

- Bella? – Indagou uma voz bem conhecida por mim. Parei de dançar e me virei, Carlisle continuou com seu aperto possessivo em minha cintura.

- Oi Jasper. – Falei meio envergonhada, por estar com Carlisle.

- Eu estava te procurando, as meninas já querem ir pra casa – Falou meio constrangido, com o olhar que Carlisle lhe dava. Quanto tempo eu havia passado ali?

- Oh, sim. Eu já estou indo Jass.

- Tudo Bem, estamos te esperando lá fora - Ele deu um aceno de cabeça para Carlisle e se foi.

Me virei para o homem que estava ao meu lado.

- Bom tenho que ir Carlisle. Adeus. – Tomei um susto com sua reação, ele se aproximou do meu rosto e me deu um selinho. Foi um simples roçar de lábios, e uma corrente Electra percorreu meu corpo.

- Quando eu quiser lhe procuro novamente. Esqueceu-se de que sou eu quem diz sua hora de ir embora? – Falou ele, colocando uma mexa de meu cabelo atrás de minha orelha – Até mais Isabella Swan.

E sem nem ao menos esperar minha reposta, mais uma vez ele foi embora.

      Porque eu fui tão boba? Aquele homem exercia uma força sobre mim, maior do que eu poderia controlar, é como se quando ele estivesse por perto, roubasse todos os meus sentidos, e eu não tivesse mais nenhum controle sobre minhas ações. Notei que quanto mais longe dele, melhor seria para minha sanidade. E que grande ousadia a dele, achar que poderia me procurar na hora que ele quisesse como se fosse meu dono.

Suspirei, estava cansada, fisicamente e psicologicamente. Sai da boate, e logo vi minhas amigas, meu primo, ao lado de um rapaz alto e muito musculoso.

- Err.. Oi. – Falei – Deixei vocês esperando muito?

- Não Bella, sem problemas – Sorriu Jasper amigável. – Deixa eu te apresentar, meu sócio, Emmett McCarty – O cara musculoso veio em minha direção e me cumprimentou – Essa é a Bella Emm, minha prima.

- A sim, muito prazer, Bella – Falou ele abrindo um sorriso fofo, que mostravam as covinhas. Corei, ele era um cara muito bonito, não havia como negar.

- O prazer é meu – falei sorrindo também. Virei-me para as meninas, que até então estavam caladas.

- Então já vamos para casa?

- Sim vamos – Falaram. Eu estava achando tudo meio estranho, porque elas estavam assim? Despedimos-nos dos meninos, na promessa de marcarmos alguma coisa qualquer dia. Entramos no carro de Rose em direção a minha casa, já eram 2 da manhã, a viagem ocorreu no maior silencio, quando chegamos a minha residência, não aguentei.

- O que aconteceu? – Perguntei enquanto seguíamos em direção ao meu quarto, minha cama era de casal, iríamos dormir as três ali.

- Bella, o Jass estava ficando com outra menina lá, eu estava na pista de dança quando eu vi eles se agarrando, ai eu voltei pra mesa junto com Rose, mas não vimos você, onde estava?

- Bem, não teve aquela cara do bar? – Elas afirmaram e me olharam com expectativa – Então, ele estava lá e me chamou pra dançar. – Falei omitindo boa parte da conversa.

- Então, descobriu o nome do bonitão idiota? – Perguntou Rose curiosa.

- Sim, é Carlisle Cullen – Falei, elas se entreolharam, e me olharam estranha.

- Carlisle Cullen? Não pode ser. – Alice arregalou os olhos – Bella, você dançou, com um dos homens, mais rico, famoso e lindo dos EUA?

- Eu não acredito – Falou Rosálie – O cara é a perfeição. – Ela falou suspirando e sentando em minha cama – Como eu não havia percebido que era ele? Ele passa quase todos os dias no canal de fofocas. Que pena que a fama dele não é muito boa.

- É mesmo – Falou Alice.

- Qual é a fama dele? – Perguntei curiosa, eu não assistia muito esses canais, mas o nome daquele homem não me era estranho.

- O homem de gelo. – Falou Alice poeticamente – O cara mais frio de todo o EUA. O garanhão... – Rose percebeu quando minha expressão mudou de curiosidade, para desapontamento, e jogou uma almofada em Alice, que ainda estava em pé em cima de minha cama, tagarelando os vários '' nomes '' de Carlisle.

- Não é assim também Ali, todo mundo sabe que os programas de televisão exageram! – Falou Rose tentando me animar. Eu não sabia por que havia ficado triste com tudo que Alice dissera, mas aquele homem tinha me encantado, mesmo com sua grosseria, e confiança inabalável, aqueles olhos azuis não saiam de minha mente. 

- Tudo bem Rose, eu já deveria imaginar isso. – O que eu esperava? Que Carlisle Cullen fosse um príncipe encantado? Suspirei, talvez sim.

- É Belinha, nunca teria dado certo – Falou Alice para tentar me consolar, de algo que nem havia acontecido.

- É Bella desencana! – Disse Rose, concordando com Alice – Mas que... – Ela olhou pro meu pulso machucado, e me encarou. – O que foi isso Bella? – Perguntou Rose preocupada.

- Nada Rose, não foi nada – Falei rápido, escondendo o meu pulso atrás de meu corpo – Er, Alice me conta direito essa historia do Jasper e da menina – Falei tentando mudar de assunto, Ali nem percebeu e começou a tagarelar de novo, Rose me olhou com os olhinhos apertados, mas voltou a atenção a Alice, eu sabia que ela não havia caído na minha conversa, e depois iria querer saber mais, e eu tinha que pensar em uma desculpa bem melhor.

''Perder-se também é caminho. '' Clarice Lispector