Tendo Um Fim Doce...um Amargo Não Conta! escrita por Iulia


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Vivo 3G só luxo aqui na chacara, só que ao contrário...



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Antes disso, Snow foi nos fazer uma visita surpresa. Uma maravilha. Como nós nos adoramos! Eu acho que vi Katniss fazê-lo uma pergunta ou algo assim porque ele sacode a cabeça negativamente. Espero que não seja o que estou pensando... Não deve ser, porque ela sorri estranha e insanamente para ele.

 - O que você acha de realizarmos o casamento deles bem aqui na Capital? –diz Snow, sacudido sua juba de cabelos brancos.

 -Alguma data em vista senhor? –pergunta Caesar arregalando os olhos delineados.

 -Bom, antes de tudo temos que acertar com a mãe da Katniss. Talvez perto do Massacre desse ano já que Cato e Clove também estarão aqui.

 Nós sorrimos e Katniss rebate amigavelmente com o presidente alguma coisa da mãe dela não a deixar casar antes dos 30. Enfim, não me interessa.

 Nós então fomos levados para a festa na sala de banquetes da mansão do presidente. Era um lugar realmente enorme, com um teto transformado num céu cheio de estrelas. Em vez das mesas de jantares tradicionais da Capital, sofás e poltronas foram dispostas ao longo da sala, cercando lareiras, de fontes, de estranhos mini-jardins. Mas o mais estranho, são sem dúvida os músicos que parecem flutuar em cima de nuvens. Eles tocam de frente para uma parte ladrilhada da sala que serve como pista de dança ou para palco de artistas extravagantes que me fazem querer rir.

 A comida me faz pensar em pessoas de todos os distritos trabalhando para fornecer os ingredientes para uma festa na qual as pessoas tomam remédios para vomitar e experimentar de tudo. E é bem provável, já que temos frutos marinhos que só  poderiam vir do 4, bois que não se achariam em lugar nenhum a não ser o  10 e até a comida do 2 está presente.

 Mas é claro, temos também a comida da Capital, que, admito, já estou acostumada.

 -Katniss está querendo comer de tudo mesmo. –Cato sussurra me sobressaltando. Ele ri e eu o acompanho. As pessoas tiram fotos conosco, conversam, nos puxam, nos dão beijos que mal conseguimos retribuir. Mas, por um tempo, me parece que Cato e eu fomos esquecidos já que todos querem mostrar suas malditas cópias e inspirações do tordo dela.

 E eu definitivamente não gosto disso.  É algo absurdo que as pessoas dividam sua atenção ente ela e eu. Eu treinei a minha vida inteira para estar aqui, eu me sacrifiquei para essa droga de Jogos. Meu romance com meu parceiro de distrito é verdadeiro. Eu sou melhor que ela. Como alguém ainda tem dúvida disso? Só porque ela se voluntariou no lugar da irmã? Porque ela se aliou à participante mais fraca? Isso são sinais de fraqueza. E nada que eu não faria. Então deve ser por causa dessa merda de tordo.

 -Está com raiva do que baixinha? –Cato me pergunta.

 -Não é injusto?

 -A Katniss não é?

 -É lógico.

 -E você não entendia meu ódio.

 -Desculpa - eu digo levianamente, sem olhar para ele. – Nós somos melhores que eles.

 -Somos.

 -Ótimo você entender isso.

 Nós ficamos conversando sobre coisas idiotas até que todos resolvem se sentar na mesa novamente. Menos os mentores e Effie.

 - Porque não estão comendo? –Octavia, acho, pergunta.

 -Estou satisfeita. –eu  digo friamente.

 -Eu comi, mas não consigo colocar mais nada na boca. –Katniss responde. –eles todos dão enormes gargalhadas que passam despercebidas frente ao volume das conversas dos bêbados.

-Ora, isso não é empecilho para ninguém! –berra um homem da equipe da Katniss. Eu não sei o nome.  Eles levam Katniss e Peeta  e ficam fazendo gestos chamativos para eu e Cato irmos também.

Eu reviro os olhos e vamos até a mesa cheia de taças de vinho com um liquido transparente na qual eles estão.

 -Bebam isso. –Ele estende taças para nós.

 -Eu não quero. –falo.

 -Cato?

 -Não, obrigado.

 -Eu disse para ele tomar se quisesse, mas ele não quis. –Eu digo. E eu disse mesmo.

 Peeta por fim aceita o liquido. Espero que ele saiba que terá que fazer isso no banheiro. Mas ele toma um gole.

 -Aqui não querido! –Diz Flerwy com um gritinho.

 -As pessoas geralmente evitam vomitar fora do banheiro e sujar tudo. –Eu digo.

 Ele encara a taça, pensativo.

 -Clove, isso vai me fazer ter vontade de vomitar?

 As equipes riem exageradamente.

 -É claro para você continuar comendo. –Octavia diz obviamente. –Eu já estive lá duas vezes. Todo mundo faz isso, senão como é que você vai conseguir se divertir num banquete como esse?

Katniss arregala os olhos e Peeta põe sua taça novamente na mesa. Eu sei, todo esse desperdício é repugnante e tudo, mas será que não ensinam nem o básico na escola do Distrito 12? Quer dizer, isso de soluções para vomitar na Capital é assunto tão antigo. que até Harry já sabe.

Eu e Cato já estávamos de mãos dadas indo nos sentar de novo quando uma mão de unhas enormes aperta meu ombro.

 -Clove, posso falar com você um pouco? –É Effie.

 -Claro. – Cato me lança um olhar estranho, mas eu não ligo. Afinal, de certo deve ser algum alerta sobre meu vestido ou minha postura. Ela nunca tem assuntos mais interessantes para debater.

 Ela me guia até perto da porta do banheiro.

 -Querida, vocês não estão se saindo tão bem. O que estão fazendo que não podem dançar um pouco?

 Não falei?

-Effie nós estávamos conversando.

-Acredito que seria mais educado vocês dançarem.

 Eu digo que sim com a cabeça.

-Comeu querida? Foi ao banheiro quantas vezes? –ela continua, arrumando compulsivamente meu vestido e meu cabelo.

 -Comi, sim. E nenhuma.

 -Porque não?

  Porque neste exato momento alguém morreu de fome fora do circulo de privilegiados da Capital, penso.

 -Realmente não vi necessidade. Já experimentei de praticamente tudo na Turnê, mas obrigada.

 -Oh por nada.

 Então ela me empurra de volta para a mesa e volta a conversar com seus “futuros melhores amigos”

 -Anda Cato, levanta. Nós vamos dançar.

 Ele ergue a sobrancelha para mim. Eu lhe estendo a mão.

 -Clove senta. É rápido, nós já vamos.

 Eu me sento pesadamente ao seu lado.

 -Temos que ser mais tradicionais. Eu faço o convite. No Distrito 2 é assim.

 Ele se levanta e me estende a mão.

 Eu não me seguro e começo a rir enquanto  me apoio na sua mão para me levantar.

 -Isso é ridículo, sabia?

 -Não é ridículo, é tradicional.

 -O.k.

 Nós vamos para a pista e tentamos nos concentrar, mas ficar olhando para os músicos nas nuvens é muito mais tentador.

 -Como é mesmo aquele passo que a Effie falou? –Cato pergunta.

 -Não sei. Vamos só imitar o resto do pessoal.

 -Se formos imitar eles, não vamos nem nos mexer. Dá pra dançar isso num buraco de  rato.

 Eu rio.

 -Não exagera. Essa é a ideia, acho, não se mexer direito.

 Nós tentamos imitar eles mas é um fracasso. Primeiro por causa desse enorme salto. E segundo porque... Devíamos ter prestado mais atenção quando Effie estava nos ensinando isso. Mas  nós e os estilistas preferimos ficar rindo das piadas idiotas que Haymitch fazia a respeito da dança que discutíamos no momento.

 Eu rio mais do que danço.

 -Você viu a cara que eles fizeram quando ficaram sabendo para que serviam as taçinhas? –ele sussurra.

 -Vi. –Eu digo com uma risadinha. – Eles estavam achando que a Capital era cheia de gente boazinha. Apenas inocência demais.

 Nós ficamos comentando as coisas mais bizarras da festa até uma parte da dança que os homens giraram as mulheres. Cato tentou fazer o mesmo e eu acabei tropeçando em algum homem colorido da Capital.

 Ele me puxa rapidamente de volta me abraçando por trás enquanto Effie vem nos apresentar o homem.

 -Desculpa. – eu e Cato dizemos para o homem.

 -Esse é Uranius Snow. –Effie fala, animada. –Ele é o sobrinho do presidente.

 E a coisa mais esquisita que eu já vi se me permitem dizer. Ele tem cabelos de um verde estranho com marcas de patas de animais multicoloridas e uma pele arroxeada. Olhos vermelhos e maldosos fazem contraste com a roupa extravagante que usa.

 -Hum... –eu hesito, tentando acostumar meus olhos com isso que chamam de homem. –Prazer, Clove Fire.

 Cato dá um leve empurrão na minha mão para que eu a estenda para cumprimentar Uranius.

 -O prazer é todo meu, minha querida. –ele diz de uma forma estranha apertando minha mãe mais do que necessário e a acariciando.

 Eu a puxo rapidamente e Cato se precipita para se apresentar para o homem. E me jogando para frente com seu peso, claro.

  -Cato Collins. –eles trocam um aperto de mão rápido. E, graças à Deus, não vi ele acariciando a mão do Cato.

  Nós tomamos distância de Uranius e Effie.

 -Bom já que eu tive a sorte de  esbarrar com os lendários Cato e Clove, porque não aproveitar essa chance e ter a honra de dançar com a vencedora do Distrito 2?  -Diz Uranius arregalando seus olhos malvados.

 Effie parece sentir que nem eu nem Cato sentimos necessidade em deixar esse cara estranho tocar em mim.

 -Bom, ainda temos muito tempo, querido Uranius. Vamos deixar eles aproveitarem mais um pouco. –ela diz... Apreensiva? Effie está apreensiva?

 -Oh não eu insisto. –ele diz sacudindo “elegantemente” a juba. –Quando, enfim, poderei dizer aos meus amigos que tive a honra de dançar com Clove? Não é sempre que tenho uma oportunidade tão grande de me exibir.

 Effie dá um sorrisinho por educação e sinto que estou surpresa demais para sequer me movimentar.

 Uranius era o primeiro nome do homem que me mandou a carta. Ele assinou apenas Uranius.

 -Clove, querida, está bem? –Effie pergunta.

 Eu não consigo responder. Apenas respiro fundo tentando me manter calma para não pular no pescoço desse homem. Devem existir milhões de Uranius na Capital. Ou não.

 -Não se preocupe. Não sou tão poderoso quanto meu tio.

 Eu continuo o encarando sem demonstrar nada.

 -Então, seu namorado irá me conceder essa dança? –ele pressiona.

 Não tenho coragem de encarar Cato. Se eu demonstrar contrariedade, ele resistirá ainda mais. E quanto mais confusão, pior. Eu até já sinto os braços dele em volta de mim aumentando a tensão. Eu me concentro em Effie, pedindo mudamente para ela convencê-lo a ir embora.

 -Irei. Mas por favor, uma dança rápida. E sem encostar muito hein?- Cato fala, me soltando.

 Mas ele não falou como Peeta fala. Ou seja, ele não falou brincando. Foi com o mesmo tom que ele usaria se falasse “se você encostar demais nela, se prepare para morrer.”

 E eles saíram, me deixando sozinha com essa coisa. Mas eu ainda consigo vislumbrar os olhos dele sentado na mesa com Effie. Sem desviar o olhar de mim. O que é suficiente para eu me sentir um pouco mais segura. Tomara que essa música seja rápida.

 Eu tento manter o máximo possível de distância dele, mas Uranius sempre parece próximo demais.

 -E então, recebeu minha carta? –ele sussurra. Sinto meus olhos se arregalando e um arrepio subir minha espinha.

 Vejo Cato aproximando mais a cadeira da pista e tento disfarçar.

 -Hum... Qual delas? –Tento me afastar mais um pouco, mas sem sucesso.

 -Você sabe qual, Clove.

 -Não sei não. Eu recebi muitas cartas.

 -A que está com meu nome. O único Uranius da Capital.

 Tento me manter calada e me concentrar em qualquer coisa sem ser seus olhos maldosos.

 -Recebeu? –ele sibila, me puxando mais para perto de si.

 -Tive essa desonra. –eu digo erguendo meus olhos arrogantemente.

 -Desonra? Vitoriosas em minha casa não é novidade. –Que nojo!

 -Ainda não viu meu namorado ali atrás? Em breve pretendemos nos casar. Não pretendo ter nada fora do meu relacionamento.

 -E quem disse que eu não tenho uma namorada, Clove? Vocês sempre são sempre muito bem pagas. São como tributos nos Jogos, apenas uma diversão.

 Quase posso ver meu nojo aumentando.

 -Não estou disposta, muito menos com um cara ridículo como você.

 Eu ainda estou tentando usar meu vasto vocabulário educado. Quantos anos esse homem deve ter? Trinta e cinco? Eu só tenho 16.

 -Mais cedo ou mais tarde meu tio falará com você. As pessoas têm interesse sabia? –ele sussurra.

 -Não, eu não sabia. Porque não pode chegar mais para lá? –a última parte eu faço questão de falar alto, conseguindo a atenção das poucas pessoas sóbrias próximas de nós.

 Ele sorri e continua na mesma posição.

 -Eu te incomodo, vitoriosa? –ele sussurra.

 Do canto do olho, vejo Cato se levantando, com uma expressão nem um pouco amigável.

 -Não imagina o quanto.

 Ele se curva levemente sobre mim e sibila.

-É como eu disse na minha carta: Você ainda vai ser minha, Clove.

Misericórdia... Agora posso dizer que estou morrendo de medo. Mas não perco a minha arrogância enquanto tento me esquivar o máximo do contato com ele.

 -Como mesmo disse, não é tão poderoso quanto seu tio. –digo com desdém.

 -Influencio nas decisões.

 -Eu também. –Não deixa de ser verdade. Mas não do modo que Uranius influencia.

 -Pronto? –Cato fala, esbarrando propositalmente no ombro dele. Graças à Deus.

 -Quem você pensa que é garoto? –Uranius fala, massageando o ombro inflado pelo modelo estranho do terno.

 -Pronto sim, meu amor. –digo melosamente para Cato.

 Uranius dá um empurrão em Cato, que nem sequer cambaleia. Olho para ele e o vejo  ficando vermelho de raiva.

 -Vamos. –eu digo, antes que ele retribua. Tento empurrar Cato para irmos andando, mas olha o tamanho dele. Eu sou muito pequena para fazer com que ele sequer se mova.

 -Sinto muito, mas você não está livre. –ele diz com um sorriso dissimulado para mim. Segurando meu pulso. Esse cara deve ter problemas mentais para não reparar o tamanho do Cato para ele.

 Eu o empurro, mas ele volta a me segurar. Agora, só por esse instante, queria aqui fosse a Arena para que eu pudesse matá-lo com uma faca qualquer. Até que Cato dá um murro na boca dele, o fazendo cair e erguer os olhos para nós. Devo ter me assustado tanto quanto Uranius. Ergo os olhos para Cato e o vejo com a mesma expressão que usava na arena. Respiração forte, olhos curvados para o corpo do inimigo, boca entreaberta, dentes cerrados...

 -Céus...

 -Como ele pôde?

 -O sobrinho do presidente...

 Eu mal consigo distinguir os rostos ou vozes das pessoas que se espalham, formando entre nós um pequeno circulo. Cato sai me puxando pelo salão até chegarmos a um lugar embaixo da escada. É aberto, mas de certo ninguém iria vir até aqui. Todos agora ficaram com medo.

-Eu-não-vou-deixar-aquele-cara... –ele dá um soco num jarro de flores disposto ali que se estilhaça. As pessoas vão escutar isso.

 -Pára, Cato! –eu grito. –Pára, por favor. –eu seguro o braço dele.

 -Clove, você não viu a sua cara. Você estava com medo! Ele encostou demais em você!

 Essa não é uma boa hora para eu falar que ele era o autor da carta. Agora eu paro de rir dela.

 -Estava. Eu estava com medo mesmo. Ele é nojento. Nós já vamos para o Distrito 2. Vamos voltar só para o Massacre e vamos ser os mentores. Juntos. Calma.

 -Eu... Eu não consigo! –ele berra com expressões confusas em seu rosto. Se ele continuar a gritar, todos vão querer vim ver o que está acontecendo. Vão pensar que ele está me batendo.

-Shhiii. Calma. Por favor.

 Eu tento levar ele até a escada e o sento lá. Ele parece se acalmar um pouco.

 -Desculpa. –ele fala depois de um tempo.

 -Tudo bem.

 Escutamos alguns barulhos vindos do salão e ele rapidamente me puxa e começa a me beijar, quase me jogando do outro lado da escada, tamanha força ele joga contra mim.

 -Oh! Aí estão eles! Eu disse que não estariam longe. Pessoas do 2 são assim, meio estranhas. –é a voz de Effie, tentando se desculpar com alguém.

 Pareceria estranho se eu abrisse meus olhos agora, então espero que resolva parar.

Lentamente ele afasta sua cabeça e vai em direção à minha orelha. Ele começa a beijá-la junto com a minha nuca até eu sussurrar:

 -Pára. Tem gente olhando. –digo, tentando vencer o impulso de empurrá-lo, como sempre faço nessas situações.

 -Eu sei o que estou fazendo. E preciso pedir pra você levantar agora. –ele sussurra, fazendo parecer para todos que apenas continua a me beijar.

 Eu me levanto com certo custo e logo depois ele também. Eu não estou entendendo nada. Até ele me abraçar.

 -Desculpa. –ele fala alto suficiente para as câmeras pegarem do alto da escadaria.

 -Tudo bem. Vai ficar.

 -É que eu sou muito ciumento e eu te amo baixinha. Ninguém além de mim pode tocar em você.

 -Eu sei disso.

 Enobaria e Effie têm o bom senso de fazer a nuvem de curiosos em cima da escadaria se dissipar.

 -Lidaram até bem com a delicada situação. Parabéns. –Effie fala. Não vi nada de bom em dar um soco no sobrinho do presidente.

 Ela nos guia de volta até a sala e nos fala para nos despedir de pessoas importantes que estão bem surpresos com nosso comportamento amigável. Uranius não está aqui.

 Quando estamos perto da porta, Peeta pergunta se não deveríamos nos despedir de Snow.

 Não, por favor. Agora que Cato bateu no sobrinho dele nossa vida virará um inferno completo.

 -Ah, ele não é muito de festa, não. Ocupado demais. –Effie fala, como se tivesse orgulho de Snow. -Os presentes e bilhetes vão chegar, querido. Olha só quem chegou! –ela faz um aceno para atendentes da Capital que carregam Haymitch.

 Nós entramos em carros de vidros escuros até a estação da Capital. As pessoas nas ruas nos fizeram ter que avançar devagar. Mas Effie deve ter passado horas planejando isso porque uma hora da manhã em ponto estamos no trem.

 Haymitch é colocado por Avoxes no seu compartimento e Alexander pede chá. Assim que ele acaba de falar com a Avox, Enobaria bate as mãos na mesa gritando descontroladamente.

 -Que merda foi aquela?! Aquilo foi um vexame! Era o sobrinho do presidente, seus inconseqüentes! E depois ainda saem como se nada tivesse acontecido e vão se agarrar na escadaria!

 -Porque você não faz seu trabalho que é ser exatamente como Effie?! Porque fica tentando dar uma de mentora?! Se alguém tinha que estar aqui era Layran ou Justin! Não você! –eu grito igualmente com ela.

 -Isso não está em questão, garota! Vocês acabaram com tudo!

 -Você por acaso, já foi obrigada a deixar um homem da Capital nojento ficar encostando em você? –Cato fala sem sequer aumentar o tom de voz.

 -Que deixasse! Ganhar os Jogos têm seus contras! Nós passamos por coisas que... Ahh! –ela não consegue completar e grita, fora no seu normal.

 -Eu não ia deixar Enobaria! Ela é minha namorada! Minha! Se Cashmere, ou Finnick fizeram isso, é problema deles!

 -E a bala na cabeça da família de vocês nunca entraria não é? Snow disse que nada bastou! Não adiantou casamento, não adiantou beijo, nada adiantou, NADA muito menos soco!

 Esse tipo de declaração faz a gente pensar melhor...

 Ela esbarra em Haymitch que surgiu cambaleante pedindo um pijama e ouvimos a porta de seu compartimento batendo.

 Eu não estou a fim de ninguém me falando de novo o que é certo o que é errado então também vou para o meu compartimento. E tranco a porta. Os outros que se arranjem. Daqui nós vamos para o Distrito 12 e depois para o 2 e ficamos por lá.

 Me jogo em minha cama e sinto as lágrimas rolando pelo meu rosto cheio de maquiagem. De novo.

 Começo a dar socos na cama e a chutar seja lá o que eu for. Tudo está uma merda. Eu deveria... deveria ter deixado o porco do Uranius fazer o que seja lá ele quisesse fazer comigo.

 E se Enobaria tiver razão? E se minha família realmente estiver sobre a mira de uma arma, por causa do meu egoísmo?

 Eu começo a rugir, berrar, quebrar coisas, chutar, até me cortar.

 Eu escuto uma batida na porta e abro-a brutalmente, sem me preocupar com o quão tresloucada devo parecer agora.

 Katniss está com Avoz atrás de si.

-Precisa de ajuda para limpar os cacos? Eu estava vindo e ouvi o barulho de coisas quebrando.

 -Preciso. –Digo friamente e me jogo na cama com a cabeça para baixo enquanto Katniss ajuda a Avox a catar os cacos.

 -Obrigada. –a escuto falando e fechando a porta após a Avox sair.

 - Infelizmente não vai dar para o Peeta vim pra cá. Eu não vou dormir com o Cato hoje.

 -Tudo bem. –ela diz tranquilamente pegando seu pijama e indo até o banheiro.

 Eu preciso ir para o 2. Eu preciso ver se eles estão bem. Não me importo com Enobaria. Me importo com eles.

 Ela me treina desde quando eu era do tamanho do Harry, mas não estou com paciência para ela ficar me dizendo onde e porque eu errei. Isso só funciona com facas. (N/A : Frase da minha vida)

 Katniss sai do banheiro de pijama.

 -Quer que eu chame o Cato?

 -Não. Não precisa.

 -Não vai sufocar com essa cabeça enterrada aí nas cobertas?

 -Estou certa que não.

 -Tudo bem.

 Eu não vou conseguir dormir de novo. As coisas não podem acabar só por causa de um soco. No Distrito 2 socos acontecem todo dia. E acabam começando coisas.

 Me levanto, ainda com o vestido da festa e abro a porta.

 -Não chama seu noivo pra cá ainda. Eu vou voltar.

 -O.k...

 Fecho a porta e volto para o lugar de sempre. De frente para a janela. Observando seja qual for o lugar onde estamos passando agora. Não vou voltar para o compartimento de verdade.

 As lágrimas continuam caindo descontroladamente, formando um congestionamento pela minha face pálida. Ela não retorna a cor normal desde o Distrito 9.

 Cato chega, se senta ao meu lado e me abraça.

 -Você ouviu ela? –eu pergunto sem sequer entender direito minha voz. –Acabou...

 -Não. Ela só estava com raiva. Ainda podemos reverter isso. Sei lá, fugir.

 -Para onde Cato? Não tem lugar nenhum para isso.

 -Para de chorar. Olha, existem florestas no 2. Várias. Podemos pegar nossas famílias e ir.

  Ele tenta secar minhas lágrimas em vão, já que, se ele seca uma, caem cinco.

 -Desculpa. –eu digo com a voz embargada.

 -Pelo que?

 -Todo dia eu fico chorando no seu ombro. Pareço aquela fonte defeituosa do 2.

 Lá no Distrito 2, tem uma fonte que está sempre espirrando água nas pessoas em vez de cair na bacia.

 -Não tem para que te pedir desculpa se todo dia eu tenho ataque de raiva. Estamos quites, baixinha.

 Eu acabo adormecendo no seu ombro.


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Notas finais do capítulo

Desculpas pela demora... Já tenho várioa prontos...