Comecei a correr em direção aos meninos. Na metade do caminho, Kariya me puxou e saiu correndo para outro canto, longe deles. Fiquei confusa. Por que fugir assim dos meninos?

- Kariya, não íamos passear com os meninos? – Perguntei seguindo-o.

- Não suporto o Kirino, e você sabe... Bom, vamos nos divertir enquanto eles não acham a gente! – Ele apertou um pouco mais minha mão, como se estivesse me impedindo de fugir, e saiu correndo em direção ao Crazy Dance.

- Crazy Dance? – Olhei o brinquedo. Ele girava, girava e girava. Isso não dá tontura?

- Parece ser legal! Vamos! – Sem soltar minha mão, levou-me até uma pequena fila para poder entrar no brinquedo.

Depois de um tempo, as pessoas que estavam no brinquedo saíram, entrando na fila de novo. Deve ser legal então... Pra eles fazerem isso... Kariya puxou-me e sentamos no brinquedo. Alguns minutos se passaram até todos estarem acomodados. Quando todos já estavam sentados, o brinquedo começou a se mexer. Assustei um pouco no começo, pois ele fazia que ia trombar na parede, mas depois, puxava com tudo pra trás. Foi divertido, admito. Mas não queria ir uma segunda vez. Depois desse brinquedo, Kariya me puxou pra uma barraquinha onde tinha um tigre enorme. Fiquei encarando-o por um tempo. Ele era lindo! Kariya deve ter percebido que eu só olhava o tigre porque, ele virou para o moço que cuidava da barraca.

- Ei, o que tenho que fazer pra conseguir esse tigre? – O que? Ele ia tentar conseguir o tigre?

- Você tem que acertar no centro daquele alvo 10 vezes! – O moço falou, entregando um arco e flechas para Kariya. 10 vezes? É impossível isso!

- 10, não é? Então tá! – Kariya se posicionou em frente ao alvo e começou a mirar.

- Não precisa Kariya, 10 vezes é muito... Que tal irmos para a montanha russa? – Tentei tirá-lo de lá, em vão.

- Nada, 10 vezes é fácil, fácil! – Ele mirou e atirou. Para minha surpresa, ele acertou bem no centro do alvo. Como isso?

Nas outras 9 vezes ele também acertou. Ou ele é bom de mira, ou o alvo se mexia para ele poder acertar, não é possível! Acertar 10 vezes sem errar? Eu devo ter enxergado errado. Olhei mais uma vez para o alvo e para Kariya, que estava pegando o tigre.

- C-como você conseguiu acertar todas as 10 flechas? – Perguntei assustada.

- Bom, sou bom de mira, por que você acha que eu fico atirando bolinhas de papel no Kirino enquanto estamos lanchando? Isso é tipo um passatempo! – Ele falou, me dando o tigre.

- Obrigada... – Falei, pegando o tigre das mãos dele. O tigre era mesmo lindo!

- Ei, que tal irmos à montanha russa? – Ele me perguntou.

- Vamos sim! – Respondi e fomos correndo até a montanha russa.

Chegamos lá e não tinha quase ninguém. Que sorte! Sentamos nos últimos carrinhos. Mais algumas pessoas entraram nos carrinhos bem à frente de nós. Por que eles estão evitando o fundo? Passou-se alguns minutos. O brinquedo foi ligado. Estávamos subindo e subindo. Dava para ver perfeitamente todo o parque de lá de cima. Ficamos um tempo lá em cima e, de repente, os carrinhos descem com tudo. Meu coração começou a disparar. Kariya estava do meu lado com os braços levantados. Como consegue? Eu praticamente estava grudada no carrinho, me segurando de qualquer jeito. Kariya notou isso, com certeza! Porque, logo depois, ele me abraçou e me trouxe para mais perto dele.

- Não se preocupe, não vou deixar você cair... – Ele sorria para mim.

- N-não é essa a questão! Desceu tão de repente, eu estava distraída, só isso! – Tentei ser durona, em vão. Ele começou a dar uma risadinha.

- Distraída, é? Vou acreditar em você então... – Ele olhou para mim  e me deu mais um sorriso.

Ele ficou abraçado em mim até o brinquedo parar. Quando ele parou, dei graças a Deus e sai correndo do carrinho. Agora eu sei o porque de ninguém querer ir no fundo! É uma tortura! Não faço mais isso! Depois de uma volta torturante na montanha russa, fomos comer alguma coisa. Kariya foi até uma barraca de cachorro quente e pegou um cardápio. Nos sentamos e começamos a olhar.

- Acho que vou querer um simples mesmo... Não estou com muita fome... – Kariya falou, olhando o cardápio.

- Vou pedir um simples também! Vai querer alguma coisa pra beber? – Perguntei.

- Vou querer aquele suco de laranja... – Ele falou.

- E eu vou pegar um refrigerante! – Falei me levantando.

- Se eu fosse você, tomava mais suco... Refrigerante estraga os dentes... – Ele falou, pensativo.

- Hm... Tudo bem, acho que vou pegar o suco de abacaxi! – Falei dando um passo à frente.

- Aonde você vai? – Ele me perguntou. Não era óbvio?

- Eu vou fazer nosso pedido, oras! – Falei, dando as costas.

- Eu vou... – Ele me puxou pelo pulso e me fez sentar na cadeira de novo.

- Então eu ajudo a pagar! – Estava pegando minha carteira, quando ele me impediu.

- Pode deixar que eu pago, fui eu que te convidei, guarde o dinheiro e compre o que você quiser com ele depois... Hoje eu pago! – Ele soltou meu pulso e foi até a barraca.

Nossa, achei que ele era grosso pra caramba, mas ele está totalmente diferente... Corei um pouco com as coisas que comecei a pensar. Que tipo de coisas são essas? É claro que ele não gosta de mim. O que eu tenho de tão impressionante que chamaria atenção? Estava tão concentrada em meus pensamentos que, quando voltei à mim, ele estava sentado à minha frente, me encarando com olhar bobo.

- Sabia que você fica kawaii quando está longe? – Ele não parava de me olhar. Corei com seu comentário.

- Eu não estava longe! Eu só estava... Estava... Pensando o que vou fazer com esse dinheiro! – Cruzei os braços e virei-me para outro lado.

- Sei... E o que irá fazer com ele? – Ele perguntou me olhando ainda.

- Ainda não decidi... Acho que vou guardar! – Falei.

- A tá... Hey, que tal irmos ao carrossel depois? Faz tempo que não vou! – Kariya falou, com os olhos brilhando.

- Vamos sim! Acho legal o carrossel... – Dei um sorriso a ele.

- Aqui está seu pedido moço! – Uma moça colocou os cachorros quentes e os sucos em cima da mesa e saiu.

- Foi rápido! – Me assustei.

- Verdade... – Ele concordou.

Começamos a tomar nosso lanche. Agora que notei... Os meninos não apareceram até agora... E o parque não é tão grande assim, já devíamos ter nos esbarrado no mínimo umas 3 vezes... O que será que aconteceu? Continuei comendo e pensando sobre isso. Quando vi, já tinha acabado de comer. Kariya me olhava confuso, parecia estar querendo saber o que aconteceu.

- O que aconteceu? – Ele me perguntou.

- Nada não, só estou pensando em que brinquedo iremos depois do carrossel! – Desculpa esfarrapada... Será que ele vai acreditar?

- Que tal irmos à roda gigante? – Ele sugeriu.

- R-roda gigante? – Não sou muito fã de altura...

- É, dá pra ver uma parte de Inazuma lá de cima! – Ele falou.

- T-tá bom... – Falei. Droga, devia ter falado que não gosto de altura!

Ele levantou-se da cadeira e, segurando minha mão, me arrastou até o carrossel. Foi uma volta rápida. Logo tínhamos saído do brinquedo. Uns minutos depois, estávamos entrando na cabine da roda gigante. Droga, eu deia ter falado que não gostava de altura! Agora é tarde demais... Estamos no meio da subida. Estava sentada do lado oposto de Kariya, olhando para o chão. Ou melhor, fechei os olhos e fiquei de cabeça baixa. Quando percebi, Kariya estava do meu lado, me olhando.

- O que aconteceu? – Ele me perguntou.

- Eu... Eu... Eu tenho medo de altura! – Falei com a voz um pouco baixa.

- Medo? Por que não falou antes? A gente nem subia aqui! – Ele parecia preocupado.

- Você estava tão empolgado que resolvi aceitar... – Falei ainda com os olhos fechados.

- Aoi... Não devia ter feito isso... – Senti ele chegar perto de mim. Mais perto do que já estava.

- O-o que está fazendo? – Pergunta idiota que eu fiz...

- Estou tentando te ajudar... Abra os olhos e olhe! – Ele me levantou e me abraçou pela cintura. Nessa hora, tive certeza que dei uma corada violenta. Mas obedeci.

Quando abri os olhos, tudo o que eu conseguia enxergar eram as luzes iluminando Inazuma. Era um espetáculo e tanto. Muito lindo de se ver, fiquei impressionada com aquelas luzes coloridas e lindas. Fiquei olhando até chegarmos ao topo. Quando estávamos no alto, Kariya me virou para encará-lo. Ele estava sério e um pouco corado.

- Aoi... Eu... Tenho uma coisa pra te contar... – Ele falou pausadamente.

- E... O que seria? – Perguntei corando.

- É que... – Kariya foi interrompido pelo celular tocando.

- É melhor atender Kariya... – Falei decepcionada com quem estava ligando.

- Tá bom... – Ele pegou o celular e atendeu. – Alô? Quem é? Não, aqui não tem nenhum Hikaru... O que? Kirino? EU VOU TE MATAR AMANHÃ NA ESCOLA! – Ele desligou na cara de Kirino e sentou-se no banco da cabine, cruzou os braços e ali ficou, emburrado.

- Era Kirino? – Eu perguntei.

- Aquele filho da mãe fez isso pra me zoar, só pode! Amanhã ele vai ter o que merece... – Ele estava com o olhar mais assustador que já vi na vida.

- O... O que ele falou? – Perguntei, só para puxar assunto.

- Ele falou: Você e a Aoi sumiram... O que estão aprontando? Procuramos vocês em toda parte! Se queriam ficar sozinhos, era só falar, ou ir para outro lugar! – Ele falou tentando imitar a voz do Kirino. Seria engraçado se não fosse embaraçoso. Senti minhas bochechas corarem.

- Está ficando tarde... É melhor irmos embora depois daqui... – Ele falou, derrotado e cansado.

- É... Amanhã temos que acordar cedo... – Falei.

Quando descemos da roda gigante, fomos direto pra saída do parque. Fomos o caminho todo até minha casa em silêncio. Acho que Kariya estava cansado, por isso não queria falar... Chegando em casa, peguei meu tigre que estava nas mãos de Kariya, peguei minha chave e abri o portão.

- Foi divertido Kariya, muito obrigada por ter me convidado! – Falei.

- I-imagina... Se quiser, podemos ir à outros lugares... Tipo no cinema... – Ele falou, olhando para outro lado.

- Amaria ir ao cinema com você... Qualquer dia combinamos! – Dei um sorriso à ele.

- Ok, até amanhã... – Ele falou, dando as costas.

- Até! – Fui até ele e beijei sua bochecha e entrei correndo. Não queria que ele me visse corada.

Com certeza a noite foi bem legal! Mas... Agora, vamos voltar à realidade... Amanhã tem aula e tenho que ir dormir... Mas... O que será que Kariya queria me falar?