- Feche os olhos. – ele sussurrou – O que você ver?

- Nada. – dou uma risada – Sua mão esta tampando meus olhos.

Ele pressiona um pouco mais a mão em meu rosto, deixando o toque mais quente.

- Ok. – paro de rir.

- O que você ver? – ele mais uma vez sussurra, por que ele tem que sussurrar?

- Bom... – penso um pouco, porque na verdade acho isso meio idiota pra nossa idade – Vejo você.

- Não. – ele resmunga – Tente ver outra coisa.

Sua mão acaricia um pouco meus olhos fechados o que me faz pensar somente nele e em nada mais.

- Vamos fazer outra coisa. Isso é meio surreal. É impossível eu entrar em meus próprios pensamentos e sentir o quão são reais.

- Sara. Por favor. – aquela voz infantil me toma e eu acabo cedendo mais uma vez.

- Ok.

- Tente. – sinto seu corpo encostar-se ao meu. Respiro fundo, ele só dificulta as coisas.

Solto o ar pela boca e relaxo o corpo. Vou mesmo tentar fazer tudo o que ele manda e então acabaremos rápido.

- O que você ver? – mais uma vez ele pergunta, mas agora com a voz baixinha.

Fico em silencio e ele sabe que estou tentando.

Forço um pouco a mente, tentando deixa-la vazia  e acabo por sorrir quando pelo menos aquilo começa dar certo.

- Vejo um quarto. Sem cores...

- Continue. – a voz dele se distancia um pouco.

- Esta escuro, mas tem uma luz fraca que esta... – mordo os lábios – Esta iluminando uma mesa brusca e tem um livro bem grosso em cima dela.

- Sim. – posso sentir seus lábios em meu pescoço, mas tento me concentrar no quarto escuro – Agora vá até o livro.

Ando na direção da mesinha estranha e encaro o livro.

- Pronto. – sussurro.

- O que você sente? – seus lábios quentes roçam em minha clavícula.

Estico o braço e toco o livro com um único dedo. Mas não é o suficiente  pra eu sentir. Abro o livro e toco cada folha.

- As folhas são ásperas, amareladas, sem vida, ressecadas com o tempo. Duras. Boas. – dou um sorriso ao sentir as folhas do livro – É antigo.

- Sim. – Grissom confirma.

- Isso é incrível. É tão real. – quero rir, mas acabo não o fazendo.

- Continue.

Aproximo o rosto do grande livro e sinto o seu cheiro maravilhoso.

- Tem cheiro de folhas velhas. – dou uma risada aguda – Um cheiro bom. Me lembra luas passadas.

- Ninguém mais fala luas passadas. – Grissom beija meu pescoço me fazendo ficar arrepiada.

- Eu falo.

- Pegue o livro. – ele mudou o rumo do assunto.

- Eu posso? – arregalo os olhos fazendo cócegas nas mãos dele o fazendo sorri e me soltar.

- Ah. – eu o olho.

- Você abriu os olhos. – ele fez uma careta.

Vi que toda a imagem e toda a sensação do lugar tinha se dissipado.

- Eu não podia! – fiquei um tanto decepcionada.

- O que o livro te lembrou? – ele perguntou um tanto curioso.

- Quando eu era criança eu sempre ia a uma biblioteca da cidade, mas eu não lia os livros. – dei uma risada – Eu gostava mesmo de ficar sentindo o cheiro deles, gostava de tocar as paginas. Mas só dos livros mais antigos. – olhei pra Grissom que sorria pra mim.

- Então é dai que vem o seu gosto de coisas antigas. Incrível. – ele parecia satisfeito.

Ignorei a primeira parte.

- Eu não sabia que nossa mente podia nos levar assim...

- Tão longe? – ele segura a minha mão.

- Vamos tentar de novo? – eu estava bem animada.

- Achei que quisesse fazer outras coisas. – ele puxou um pouco meu rosto, acariciando-me.

- Mas eu quero ver o que mais minha mente pode me trazer...  – parei de falar quando vi que ele não me escutava a partir do momento que olhava em meus olhos.

- Temos todo o tempo do mundo para fazer novas experiências. – sua voz saiu num sussurro quente e gentil.

Ele estava satisfeito, sabia que aquilo não era impossível, sabia o quanto a nossa mente era poderosa e como sabia de tudo isso então deixaria isso pra depois.

Suspirei. Eu podia mesmo deixar pra depois.

- É. – sorri – Onde paramos entes de tudo isso? – pisquei e seus lábios encontraram os meus mais uma vez naquela madrugada agradável.