Melany POV'S

Acordei com uma luz forte batendo contra o meu rosto. Fiz esforço para me levantar da cama, e senti falta do carinhoso abraço de Nico, que sempre me recebia ao despertar. Uma única lágrima solitária escorreu pelo meu rosto a pensar em nossa briga.

– Você está se sentindo melhor? - Perguntou-me Steve assim que me levantei e me apresentei para tomar café. Me limitei a assentir e cruzei os braços em frente ao meu corpo, me sentado a mesa. - Não fica assim, Mel... ele não merece. - E mais lágrimas caíram de meus olhos. Porque apesar do que vi ontem, eu sentia que ainda o amava, e não estava conseguindo suportar senti-lo longe de mim.

Ao contrário do que pensam, Steve não tentou dar em cima de mim em nenhum momento. Muito pelo contrário. Ele me acolheu, como um irmão. Tudo o que eu mais precisava naquele momento.

– Seu pai já falou... sobre precisarmos nos mudar? - Ele perguntou cauteloso. Assenti levemente com a cabeça em quanto o ouvia suspirar. - Quer saber? Hoje nós vamos nos divertir. - O encarei desconfiada - É! Você não pode ficar chorando assim, Mel precisa se descontrair. Você conhece esse lugar melhor do que eu, que tal me levar aos seus lugares favoritos? E então, mais tarde eu te levo pra casa, e assim podemos visitar o seu pai e ver se ele está melhor. - Ele me encarou por um tempo, afim de uma resposta. Assenti sorrindo, fechando os olhos de leve e me levantei em direção ao quarto.

– Fico pronta em quinze minutos! - Gritei já do andar de cima, escutando a risada de Steve me contagiar.

Ontem a noite, depois de eu sequestrar o carro do meu pai, Steve me achou vagando sem rumo pelas ruas agitadas de Nova York. Disse a ele que gostaria de ir a Karolina do Norte rever meus amigos, e ele não hesitou em me levar. Como já estava tarde e a nossa antiga casa fora vendida, ele me levou a sua casa de praia. Contei-lhe tudo o que ocorrera ontem, e desde então ele vem tentando me consolar. Ele estava sendo um amor, como podem ter percebido.

Coloquei um vestido azul clarinho tomara que caia, um palmo acima do joelho. Completei com duas sapatilhas das cores preto e branco, e fiz uma maquiagem bem leve. Aqui faz bastante calor, e algo me dizia que acabaríamos indo a praia, já que sempre foi o local que eu mais amava na cidade.

Nico POV'S

Acordei sem a vontade de realmente levantar da cama.Tateei meu lado esquerdo, onde Mel geralmente dormia, e me entristeci ao lembrar-me do que houve ontem. Me cobri ainda mais, e comecei a chorar em silêncio. Passaram-se alguns minutos, até que ouço batidas na porta.

– Nico? - Pude distinguir a voz, Bianca. Suspirei pesadamente sem dar importância - O que houve com você? - Sua voz soava abafada pelo fato de estar falando através da porta - Não apareceu para o café.

– E não vou aparecer para o almoço! - Gritei ainda com mais raiva. Pude ouvi-la suspirar.

– Tudo isso por causa daquela menina? - Me limitei a dizer qualquer palavra - Olha Nico, eu sei que essa tal Melany pode ser uma menina especial para você, mais namoros de colegial nunca duram. Ela foi apenas uma Nico, supere. Você nunca foi de se prender a uma só garota, por que isso agora? Abra essa porta e vamos conversar.

– Quem te contou sobre o que aconteceu comigo e com a Mel ontem? -Perguntei abrindo a porta. Bianca apenas suspirou novamente e entrou no meu quarto. Fez uma careta engraçada ao ver toda a bagunça acumulada ali.

– Quando a Melany não está aqui para organizar esse quarto garoto, ele fica um lixo. Pelo amor de Deus Nico! Você precisa ter mais organização, sabia?

– Veio aqui só para reclamar da sujeira do meu quarto? - Indaguei arqueando uma sobrancelha e me sentado ao seu lado, na cama. Ela começou a mexer no meu cabelo, o que só me fez rolar os olhos.

– É claro que não, Nico. E... foi a Annabeth e o Percy que me contaram sobre o que houve. Eles não obtiveram notícias da Mel desde ontem a noite, e parece que o pai dela quase teve uma parada cardíaca a saber que a filha sumiu. Não fazem a mínima ideia de onde ela pode estar.

– O Carlos está bem? - Perguntei preocupado. Apesar de ele possivelmente não ser mais o meu sogro, ainda era um cara engraçado e protetor, que nunca lhe deixava intimidado.

– Parece que sim. Ele acha... bem Nico... prometi a mim mesma que não te contaria. - A encarei por um segundo.

– Sobre o que é essa coisa que, entre aspas " você prometeu a si mesma que não me contaria "?

– Hm... é sobre o paradeiro da Melany, Nico... eu não posso contar a você... por favor não peça para...

– Bianca, por favor. Se acontecesse o mesmo com o Leo, você me pediria para avisá-la certo? Pois eu quero saber! Qualquer coisa que possa me levar até ela seria útil, eu preciso me explicar.

– Tá legal, tá legal... - Se deu por vencida - O Steve - Ao pronunciar esse nome, meu sangue ferveu. - Também está sumido e Dan, o pai dele, não sabe sobre o seu paradeiro. Como a Mel está sumida... Carlos e Dan pensam que os dois estão juntos.

– Eles fazem alguma ideia de onde ele poderia estar?

– Não sei, talvez eles tivessem voltado para aquela cidade onde você conheceu ela mais não tenho certe...

– Muito obrigada, Bianca! - Respondi rapidamente, vestindo uma blusa qualquer. Peguei as chaves do carro do meu pai, sem me importar com o sermão que ele me daria depois, e então me dirigi até o lugar onde, até ontem me trazia boas recordações.

Melany POV'S

Steve a todo momento tentava me fazer sorrir, e para ser franca tudo estava funcionando perfeitamente bem. Estávamos em uma sorveteria agora, a minha preferida desde o cinco anos. Pedi sorvete de creme como sempre, e ele optou por chocolate.

– Creme é muito enjoativo Mel, não sei como você suporta tomar o sorvete desse sabor. - Dei de ombros sorrindo.

– Chocolate é muito tradicional, e um pouco amargo Steve, não sei como você aguenta tomar sorvete desse sabor. - Retruquei tentando (inutilmente) imitar a sua voz. Ele estreitou os olhos, me examinando.

Fomos a alguns lugares como por exemplo, algumas logas onde eu frequentava com frequência, alguns parques e claro, o ponto alto da cidade, a praia. Ele estava sendo carinhoso o tempo todo, e durante horas ele conseguiu me fazer esquecer Nico.

– Mel já são oito horas... - Ele respondeu arfando, depois de um mergulho demorado que nós dois demos. - Acho que devemos ir pra casa e amanhã cedo voltar para Nova York.

– Pode ser. - Respondi dando de ombros e me retirando da água, com Steve ao meu encalce.

Ele pegou uma pistola de água (que ele havia arranjado em algum lugar, sem nem eu mesma perceber) e começou a espirrar água em mim. Comecei a gargalhar correndo pela areia, tentando em vão me proteger da água colocando as mãos em meu rosto. Ele conseguiu me alcançar, e me puxou pela mão. Ao tocar sua mão, não senti o mesmo que senti quando toquei a de Nico, mas mesmo assim, senti algo forte. Pude vê-lo se aproximando lentamente de mim, e francamente não queria sair dali. Porém, fomos interrompidos por algum ser que pigarreou logo atrás de nós. Me separo bruscamente de Steve e olho para trás, para poder encarar aquele que eu menos esperava ver.

– Gostou da surpresa, Mel? - Me perguntou Nico sorrindo ironicamente. E pela primeira vez na vida, desejei cair na água e me afogar.