POV Alice

Alguns meses se passaram e minha relação com o Brian não poderia estar melhor, além de que, por sermos irmãos, as coisas estavam relativamente fáceis para nós dois.

Após o fim de semana em que minha mãe nos deixou sozinhos em casa, nós a passamos confiança o suficiente para ela repetir o ato, então ela e meu pai estavam sempre viajando a negócios ou mesmo a passeio, passando dias longe sem ao menos se preocupar com o que faríamos em casa.

Brian sempre conseguia um jeito de mudar nossos compromissos nesses dias e nós dois quase sempre passávamos à tarde toda juntos. Íamos ao parque, cinema, dar uma volta no quarteirão etc. Coisas básicas para mostrar aos vizinhos e amigos que estamos bem, e então voltávamos para a casa aproveitar o resto do dia.

Além disto, pelo fato de sermos irmãos, meus pais nunca desconfiavam sobre nada, e se desconfiavam simplesmente deixavam para lá.

Foi com esses pensamentos que eu dormi noite passada, o sorriso ainda estava em meu rosto. Conseguia sentir o corpo quente de meu irmão ao meu lado. Seus braços envolviam minha cintura e sua cabeça estava deitada um pouco acima de meus seios. Ele ainda dormia, seu peito se elevava um pouquinho e voltava a abaixar sem pressa, em um ritmo desconhecido.

Deslizei a mão por seu tronco e a levei até sua cabeça, enroscando os dedos em seu cabelo e dando um selinho em seus lábios.

–Bom dia... – sussurrei em seu ouvido e ri baixinho com ele se arrepiando.

Demorou alguns segundos ainda, antes de Brian retornar a consciência e responder a meu bom dia.

–Você devia tentar dormir mais cedo... – comentei o olhando enquanto ele se espreguiçava e colocava sua camisa branca.

–E você tentar dormir mais tarde. – falou e me mostrou a língua.

Ri com a atitude de criança dele, que era uma das cosias que eu mais gostava em meu irmão. Joguei a coberta para o lado e tentei me levantar, porém ele foi mais rápido e se jogou sobre mim.

–Cuidado! Não faça isso! Os monstros do mar vão te pegar antes de você conseguir chegar até a praia...! – Começou a gritar coisas sem sentido enquanto jogava uma parte de seu peso sobre mim, me prendendo no lugar.

Ri alto de Brian e tentei sair de baixo dele o empurrando para cima, sem sucesso. Ele era pesado demais para eu conseguir alguma coisa.

–Me solta...! – ainda ria um pouco quando protestei.

Ele se levantou, pulou para fora do colchão e me puxou com ele. Quando percebi estava em suas costas correndo pelo quarto em direção a porta.

Brian chutou a porta, a fazendo abrir com um barulho alto e quase quebrando a fechadura. Deu um passo para fora, me arrumou em suas costas com apenas uma mão, e estendeu a outra a frente do corpo.

–Por NARNIA! – gritou antes de começar a correr pela casa como um doido ainda me carregando.

Ele ficou nesta brincadeirinha até o fim da manhã, quando já não agüentava mais lutar com monstros e escalar montanhas me carregando.

Fui solta no sofá, e Brian parou a minha frente, se ajoelhando. Puxei minhas pernas para trás e fiquei de joelhos no sofá também, o olhando rindo baixinho de toda a encenação que ele fez, como um príncipe protegendo sua amada.

Apoiei minhas mãos sobre os joelhos e fiquei apreciando o sorriso de Brian. Ele levou as mãos até seu bolso e tirou uma pequena caixinha de dentro deste. Estendeu a caixinha em minha frente e pigarreou.

–Ó, minha bela donzela. Por muito passamos e já não posso mais viver longe de você. Prometo amar-te até mesmo nas horas mais difíceis da vida. Seja quando estivermos nos escondendo de nossos pais e amigos, ou quando já estivermos velhinhos e você fazendo seu crochê com preguiça de me trazer a cerveja. – Um riso baixinho escapou de meus lábios enquanto uma lagrima escorria lentamente por meu rosto. – Me esforçarei o máximo para ser tudo aquilo que você precisa. Seu herói, companheiro, amigo, confidente ou amante. Assim como prometo não trocar um beijo seu de boa noite por passar esta noite com uma puta qualquer... – Brian continuou falando, sua vós que antes estava grossa como a de um cavalheiro foi se tornando normal aos poucos conforme eu ria ou sentia vontade de lhe dar um soco na cara pela piadinha. – Vou sempre contar com você para tomar as decisões mais difíceis e também na hora de escolhermos alguma praia para passar o ano novo... E por ultimo, mas não menos importante. Prometo passar minha vida toda ao seu lado, te amando e dando todo meu carinho. Alice Collins, aceita namorar, já que ainda somos muito jovens para nos casarmos, comigo...? – finalizou seu discurso com uma pequena risadinha.

Ainda estava tentando absorver todas as palavras. Meus olhos lacrimejavam sem parar e eu podia ter certeza que meu coração pulou uma batida.

Levei minha mão ao rosto pensando nos prós e contras de namorar meu irmão. Seu olhar confuso e medroso ainda me encarava, enquanto eu ficava lá. Apenas pensando.

–Claro que aceito, Brian! – Falei um pouco mais alto do que esperava e me joguei para frente, o abraçando com força.

Nossos corpos colados se encaixavam perfeitamente. As mãos firmes de Brian envolveram meu corpo até chegarem a minha cintura e me afastarem um pouco. Eu me posicionei em pé, a sua frente, e esperei até que ele se levantasse também.

Brian segurou minha mão e a puxou para ele, colocando a aliança em meu anelar. Nós dois voltamos a nos abraçar. Deixei meu rosto escondido entre seu ombro e pescoço, sentindo o perfume que exalava do garoto.

Deslizei a mão por suas costas, levando ela até o pescoço de meu irmão e o beijei. Nossas línguas dançavam juntas, explorando a boca um do outro em um beijo cheio de segundas intenções. Enroscava meus dedos nos fios loiros de Brian e deixava que ele me guiasse em seu colo, até sentir uma superfície dura em minhas costas indicando que nós estávamos no fundo da sala, encostados na parede.

Puxei a camisa branda de Brian para cima e arranhei suas costas, provavelmente deixando uma marca vermelha por onde minhas unhas passavam. Seus lábios deixaram minha boca e foram até meu pescoço. Permaneci algum tempo com os olhos fechados, apenas aproveitando as carícias de Brian quando pude ouvir a porta da frente se abrindo e o grito que vinha de minha mãe.

Meu corpo congelou o lugar enquanto eu ainda absorvia o que estava acontecendo.

Eu estava apenas de calcinha e uma blusa pequena colada no corpo, com as pernas em volta da cintura de meu gêmeo que usava apenas cueca e uma blusa branca amassada... Isso tudo enquanto meus pais que acabaram de voltar de viagem olhavam a cena da porta. Não parecia muito legal.

–Vocês têm 10 minutos para se vestir adequadamente e encontrar a mim e seu pai na cozinha. – Minha mãe se pronunciou e virou de costas para nós dois, enquanto meu pai dava uma piscadinha safada para meu irmão e corria atrás dela.

Brian riu da situação. Revirei os olhos e dei um tapa forte no braço dele, o trazendo de volta a realidade.

–Nossa mãe vai nos matar! – Falei em um tom baixo e bravo, então me afastei de Brian e corri até meu quarto, trocando de roupa e voltei até a cozinha.

Meu pai parecia contrariado com algo, enquanto minha mãe me encarava com um olhar mortal, me fazendo engolir em seco. Sentei-me na mesa, cruzei os braços sobre ela e fiquei em silêncio, até que Brian entrou no local e sentou-se ao meu lado, segurando minha mão por baixo da mesa.

–Você tem certeza que precisa de tudo isso querida...? Eles são apenas adolescentes, vão entender melhor quando crescerem... – Meu pai começou tentando nos livrar de algo, porém o olhar mortal de minha mãe continuava em mim.

Como eu pensava, ela nunca gostou muito de eu e Brian sermos gêmeos e meu modo diferente de lidar com as coisas criou uma antipatia entre mim e ela.

Respirei fundo, mordendo meu lábio inferior e encarando a mulher. Meu pai e Brian lançavam olhares significativos entre um e outro enquanto eu tinha que agüentar a velha. Cansei da brincadeira e revirei os olhos.

–Vai falar ou não? – Um pouco grossa? Com certeza. Soltei a mão de Brian que pareceu não gostar do gesto e continuei olhando para minha mãe que deu um sorriso vitorioso antes de dizer a pequena frase que arruinou tudo em minha vida.

–Você vai morar na França.