POV Alice

Fiquei paralisada por alguns segundos enquanto meu cérebro tentava processar a informação que eu acabei de ouvir.

Beijar e Brian... Eram duas palavras que ficaram martelando na minha cabeça incansavelmente pelos dois segundos mais longos de minha vida. Isso não poderia acontecer.

– Não. Não Brian eu não vou fazer isso! Você é meu irmão! Meu gêmeo! Nós não podemos nos beijar! É pecado! Você não esta pens... – e então fui interrompida quando uma boca macia e gostosa se juntou a minha. Fechei meus olhos e senti um calafrio passar por meu corpo, instantes antes de sentir a mão quentinha de meu irmão em meu pescoço, sem me dar chances de me afastar.

Eu ouvi os meninos da sala gritando e batendo palmas e as meninas rindo enquanto olhavam nos dois nos beijando. Ignorei isso. No momento meu cérebro só conseguia pensar o quão bom era o beijo que eu estava recebendo de meu irmão.

Ele segurou minha cintura me puxando para mais perto e intensificando nosso beijo, coloquei uma de minhas mãos em seu peito e senti que ele estava me puxando para sentar em seu colo quando um de seus amigos veio até nós e nos separou dizendo que já estava ficando meloso demais e que eles ainda tinham um jogo para acabar.

Separei-me dele vermelha e me sentei de novo um pouco mais longe dele dessa vez para evitar contato. Eu estava muito confusa e me sentia um pouco tonta quando senti alguém tocando meu ombro e me fazendo pular.

–Aah... Desculpa... Você esta bem? – Uma das meninas, que descobri que o nome era Emilly, me perguntou isso me olhando preocupada – Você parece pálida... - Olhei em volta e vi que ninguém olhava para mim, agradeci por isso e respondi um sim para a menina que sorriu e voltou ao seu lugar se juntando a conversa com os garotos.

Peguei um pouco de uma bebida que estava ali e bebi um gole, aquilo desceu queimando minha garganta e ao mesmo tempo aliviando um pouco a tensão que insistia em se espalhar por meu corpo. Meu irmão me olhou e estranhou por eu estar bebendo, mais acho que ele ignorou isso, pois voltou a conversar com os garotos sem dizer nada.

Minha mente confusa tentando descobrir se isso foi bom ou ruim ficava girando. Meu coração batia tão forte e rápido que fiquei com medo de eles ouvirem. Eu acabei de ter a melhor sensação da minha vida. E isso aconteceu com meu irmão. Meu irmão gêmeo! Mais foi tão bom... Aqueles lábios macios e doces se encaixavam perfeitamente com a minha boca, como se ele estivesse nascido para ficar comigo e eu com ele. Só tem uma coisa que atrapalha. Ele continua sendo meu gêmeo.

Fiquei presa em meus pensamentos por um tempo até ser acordada quando alguém chamou meu nome.

–... Pergunta para Alice

– Han? Que? – perguntei sem entender saindo do transe.

– Verdade ou Desafio? – Um garoto chamado Nick me perguntou.

Não quero correr o risco de ter que beijar o Brian de novo... Então – Verdade – falei rapidamente olhando o Nick.

– Você gostou do beijo, não é? – disse e sorrio malicioso me olhando nos olhos.

Escutei o riso baixo das garotas enquanto todos os meninos inclusive o Brian me encaravam.

– É... Eu... Não...

– Então quer dizer que você não gostou do beijo do seu irmãozinho?

– Bem... Foi um beijo normal... Só isso... – respondi tentando parecer o mais verdadeira possível. E parece que funcionou, pois o Brian se virou para frente girando a garrafa de tequila e os outros meninos ficaram rabugentos por perderem a diversão.

Nós continuamos jogando até a noite quando eles foram embora. Eu e meu irmão arrumamos tudo e guardamos todas as bebidas deixando só a pipoca na sala para nós dois comermos enquanto assistíamos a um filme. Ele não parecia querer tocar no assunto do beijo, o que estava me deixando curiosa sobre algumas coisas, porém não falei nada. Ficamos em um silencio um pouco incômodo até nossos pais chegarem. Nós jantamos e fomos dormir sem trocar quase nenhuma palavra, a menos que fosse necessário.

POV Brian

Fiquei deitado em minha cama por um bom tempo sem conseguir dormir. Meus pensamentos ficam mudando toda hora e no final sempre voltam para o beijo que dei na Alice. Eu não tinha certeza do que fazer quando recebi o desafio. Fiquei paralisado por um tempo e acho que ninguém percebeu, porque estavam ocupados demais olhando para a Lice enquanto ela tinha um ataque, e quando saí do transe eu, automaticamente, a puxei para mim e a beijei.

Foi como se meu corpo estivesse se mexendo sozinho... Mas eu não posso reclamar disso porque depois de dar um selinho nela eu poderia simplesmente me afastar, sendo que eu comecei a aprofundar o beijo.

Respirei fundo e passei a mão pelo meu cabelo. Eu só tinha conseguido tirar um cochilo de 30 minutos até agora, e faltavam apenas 2 horas para ir para o colégio.

– Hoje o dia vai ser longo... – pensei alto e resolvi me levantar para fazer alguma coisa.

Tomei um banho demorado e coloquei um jeans e uma camisa de mangas curtas. Fui até a cozinha e vi minha mãe preparando o café. Nós tínhamos dinheiro suficiente para manter várias empregadas fazendo o café, limpando e tudo o resto, porém minha mãe e meu pai vieram de uma família pobre e sempre gostaram de fazer as coisas por eles mesmos. Eu também prefiro assim, não gosto da idéia de alguém arrumando minhas roupas e mexendo em meu quarto todos os dias.

Passei perto de minha mãe e dei um beijo em sua bochecha desejando-lhe bom dia. Ela me abraçou e beijou minha testa. Essa é a coisa que mais gosto em minha mãe, a maioria dos garotos diz que as mães são chatas e sempre querem que eles façam tudo etc. Eu discordo. Eu amo minha mãe e acho que não viveria sem ela.

– Acordou cedo hoje... – a ouvi comentando enquanto fazia algumas panquecas para mim.

– É... Estou sem sono. – A respondi e peguei um copo de suco e um pouco de mel para comer com as panquecas.

– Por quê? Aconteceu alguma coisa? Você sempre dormiu bastante... Até demais. – disse e riu baixinho.

– Não... Não foi nada – disse e me forcei há rir um pouco com ela.

Ela acabou de fazer minhas panquecas e colocou-as no meu prato voltando em seguida a acabar de fazer o que ela estava fazendo para o Pai e a Lice.

Tomei meu café e escutei alguém descendo as escadas. Pelo som dos sapatos era a minha irmã, ela entrou na cozinha e parou um pouco na porta surpresa por me ver ali tão cedo. Vi ela corando um pouco e ela foi até minha mãe lhe desejar bom dia e pegar algumas coisas para tomar café. Ela, como sempre, estava com uma calça jeans preta e um moletom escuro. Seu tênis all star velho e a mochila que ela ganhou da Tia Ângela de natal.

Levantei-me, coloquei os pratos na lava-louças, que o meu pai convenceu a mãe a comprar depois de muito esforço, e fui até a sala esperar a Lice acabar de tomar café para nós dois irmos ao colégio.

Chegando ao colégio estacionei em minha vaga de costume, que, a pedido da Lice, era um pouco afastado das outras, e fiquei um pouco parado no carro. Eu queria falar com ela, mais não sabia como começar nem o que dizer...

Olhei para o lado para desejar boa aula mais ela já não estava ali, então sai do carro e a vi longe andando até a sala de sua primeira aula. Nós só temos duas aulas juntos a semana inteira. Sempre pensei que isso foi muito pouco por sermos gêmeos, mais hoje em especial estou agradecendo, ela parecia querer ficar sozinha... Eu preciso ficar um pouco sozinho.

Tranquei o carro e fui andando encontrar meus amigos que pareciam animados pelo jogo de ontem ainda. Nós ficamos um tempo juntos até escutarmos o sinal e cada um ir para sua aula e só nos encontrarmos no intervalo, almoço e final da aula para irmos para a casa.