- Annabeth, saia logo desse banheiro! - Percy gritou impaciente.

E quem não estaria? Estávamos em lua-de-mel. Era nossa primeira noite juntos e eu não saia do banheiro. Vergonha? Com certeza. Eu ganhara de Piper uma camisola um tanto... Sensual demais para mim. Mas ela insistiu para que eu a usasse esta noite. Vermelha, de cetim, e uma calcinha minúscula não estavam me ajudando muito. Apesar de tudo, eu estava era excitada com a situação. Era a minha primeira noite com meu marido.

Sim, marido. Desde ontem, quando nos casamos na igreja em que meus pais frequentavam. Ficamos seis meses preparando o casamento, e finalmente o grande dia chegou. Já havia se passado três anos desde o caso de Thalia. E eu nunca me esqueci dela. Sempre visitava seu túmulo em seu aniversário. Zeus e Hera faziam o mesmo. Eles acabaram se tornando grandes amigos para nós dois.

E por falar em nós dois... Meu Cabeça de Alga me pediu em casamento de um jeito... No mínimo diferente. Seis meses atrás, eu estava no escritório agendando alguns compromissos. Agora trabalhávamos para o governo. Percy simplesmente chegou e me beijou. Eu estava com saudade de seus lábios. Com esse trabalho, quase não tínhamos tempo para ficar juntos. Só sei que naquele dia ele me beijou de um jeito diferente, parecia que tinha segundas intenções. Mas não liguei, estava morrendo de saudades de meu namorado.

- Bom dia - Percy disse beijando meu rosto.

- Bom dia - digo.

Percy então me puxa, fazendo com que eu me levante, e se senta na mesa. Ele me puxou para perto, fazendo com que eu ficasse entre suas pernas. Sabia que ele pretendia alguma coisa naquele dia.

- Comprei uma coisa para você. - ele disse tirando do bolso uma barra de chocolate com, no mínimo, quinze centímetros e me entregou.

Dei risada apenas e peguei seu presente. Notei então que nele estava escrito alguns números. Mas eles não faziam sentido. Eram números aleatórios. 20-16-89-8-12-8. Fiquei confusa. Não estava entendendo nada.

Percy então, notando que eu não havia entendido, me disse:

- Lembra-se dos códigos que inventamos quando éramos mais novos?

Sim, eu me lembrava. As vezes, quando queríamos conversar sem que os outros entendessem a conversa, usávamos códigos. Tínhamos três. Um que eu inventara, um que Percy inventara, e um que acabamos descobrindo juntos, por acaso. Em todos eles, trocávamos as letras, ou palavras, por números. O meu código era um pouco mais complexo. Eu pegava o número que cada letra correspondia no alfabeto e o somava. Ainda não descobri como conseguia descifrá-los. O código de Percy era confuso. Ele fizeram um alfabeto começado no Z e terminado no A, cada letra correspondia a um número. Parecia ser fácil, mas sempre nos atrapalhávamos com esse. E ainda tinha o último código. O mais simples, porém que poucos poderiam adivinhar. Já havia entendido.

- Então parece que andou estudando química novamente? - pergunto rindo.

Percy riu também. Ele corou levemente e coçou a nuca. Parecia nervoso. Peguei o chocolate e voltei para minha mesa. Pesquisei no Google uma tabela periódica e pronto. Ali estava nosso código favorito. Comecei a caçar as palavras pela tabela e, pela cara de Percy, eu estava no caminho certo. Quando terminei de procurar os números, não contive a emoção. Ca-S-Ac-O-Mg-O.

Comecei a chorar e abracei Percy o mais forte que consegui. Eu estava sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Eu acabara de receber um pedido de casamento. Só me lembro que ficamos namorando a tarde toda e depois fomos contar a novidade para minha mãe. Ela ficou tão feliz quanto eu, assim como Poseidon. A cerimônia foi simples, e não teve muitos convidados. Mas foi perfeita, porque eu me casei com o melhor homem que poderia encontrar.

- Annabeth, se não vim logo, vou até ai te buscar! - Percy gritou me tirando de meus devaneios. 

Mordi o lábio inferior com força e abri a porta. Aquele hotel era incrível. Tínhamos passado o dia todo na praia. Cancun é mesmo um lugar incrível. Mas era a noite que me perturbava. Assim que saí do banheiro, vi Percy deitado na cama de casal que ficava no meio do quarto. Ele usava apenas um shorts, pudia ver claramente seu abdômen. Ele sorriu ao me ver. E enrubreceu assim que viu minha camisola. Aquela não era a única. Piper fez questão de mandar camisolas para todos os dias que ficaríamos ali. Minha prima era mesmo incrível.

- Annie... Você... Você está... Eu... Suas pernas são lindas! - Percy pareceu dizer involuntariamente. 

Apenas ri por estar com vergonha.

Percy então fez um sinal para que eu me aproximasse. Eu o fiz. Ele se sentou na beirada da cama e me sentei em sua perna. Percy me deu um beijo calmo. Eu sabia que ele me queria. E que também queria ele. Só estava com medo de... Não sei, não ser boa o suficiente.

- Eu te amo, sabe disso, não sabe? - ele disse desgrudando nossos lábios.

Assenti. Percy então olhou em meus olhos e beijou meu pescoço. Senti meu corpo estremecer. Me arrepiei apenas com esse toque. 

- E sabe também que não precisa ter vergonha de mim, não sabe? - Percy sussurrou em minha orelha.

Assenti novamente. Ele estava certo. Agora era meu marido, não precisava ficar com vergonha. Interrompi seus beijos em meu pescoço lhe dando um beijo em seus lábios. Percy pareceu ficar surpreso com isso, mas continuou. Passei minhas pernas por seu corpo, deixando uma de cada lado. Ele se deitou na cama e eu deitei em cima, sem desgrudar nossos lábios por um minuto sequer. Senti suas mãos macias tocarem minhas coxas. Percy as massageou e depois subiu as mãos. Tocou minha bunda e a apertou. Mordi seu lábio inferior assim que senti suas mãos tirando minha camisola.

Percy era perfeito. E agora era meu. E eu tinha certeza de que nunca o deixaria. Ele sempre fora meu amigo, e agora é também meu marido. Eu o amava duas vezes mais. Antes eu não queria admitir meus sentimentos por medo de perder meu único amigo. Mas agora vejo que não é bom guardar um sentimento assim só para você. Me apaixonei por ele acidentalmente. E foi a melhor coisa que já me aconteceu. Não perdi um amigo. Pelo contrário, ganhei um companheiro que certamente levarei comigo para a vida toda.

Dizem que um grande amor sempre começa com uma simples amizade. Mas eu, gosto de pensar que toda simples amizade, pode se tornar um grande amor.