All the Colors of the Rainbow escrita por Venus Noir


Capítulo 2
Orange


Notas iniciais do capítulo

Vou escrever uma nota super rápida porque tenho que voltar ao trabalho. mimimi ;-; Então, fazia bastante tempo que eu não atualizava essa fic, né? Mas não ia deixar ela de lado por muito tempo. ♥ Eu não gostei tanto desse capítulo, mas o próximo vou tentar fazer melhor, prometo. ): Eu tinha escrito outro começo, algo totalmente diferente, mas decidi mudar... acho que foi por isso que eu acabei demorando mais do que o previsto com a atualização. Muito obrigada a todo mundo que comentou capítulo passado. ♥ Eu ainda vou responder os reviews de vocês e tudo mais, não pensei que eu esqueci, ok? ii
E deem amor pra esse capítulo também! /hugs everybody/



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Hoje foi um dia muito estranho.

Pra falar a verdade, não só foi estranho como também terrível. Começou estranho, mas foi se desenrolando e se tornou horrível. Pavoroso. Um pesadelo que eu sonhei acordado.

Eu estava bem mal ontem. Ainda não tinha me recuperado de tudo o que aconteceu entre mim e Hyuk, e dos comentários que ele fez depois disso. Eu estava um bocado melancólico e tristonho, mas nada que se compare ao que me aconteceu na tarde seguinte. Eu realmente não estava preparado para algo assim.

Aliás, quando é que eu estou preparado pra alguma coisa nessa sequência de desgraças que é a minha vida? Sinceramente, se não fosse pelo Hyuk e pelo amor incondicional que eu tenho a ele, eu poderia já ir pensando em como por um fim a tanta miséria, e o faria a partir de agora.

Porque, sendo honesto, eu não sou capaz de conceber alguém que seja tão azarado, tão miserável quanto eu. Quando eu deito minha cabeça no travesseiro e imagino que as coisas vão finalmente melhorar... ai vem o outro dia e me prova que elas só tendem a piorar. O tempo inteiro é assim. É uma sucessão de rasteiras que eu levo do destino.

O que eu fiz de tão errado? Sério! Me diga, ó, Deus, ó Você que escuta até os pensamentos que ainda não tivemos. Por que eu sou tão... tão loser?

Faz alguns anos que eu não me sinto tão mal quanto hoje – desde que meu primo mais velho (na época, ele tinha 7 anos e eu 4, e ele tinha acabado de ser alfabetizado) escreveu ‘mariquinha’ na minha testa na minha festa de aniversário, fingindo escrever ‘Superman’.

Essa madrugada eu acordei com o Hyuk me mandando uma mensagem de texto. Ele perguntava se eu estava bem. Eu estou sim, Hyuk, e você?, digitei a mensagem em questão de um segundo ou um quarto de segundo, talvez? É, eu sou bem rápido no teclado. Acho que isso lhe assustou. Ele passou uma boa meia hora pra me responder de volta. E a resposta era meio... eu não sei. Seca? Fria? Indiferente? Talvez Hyuk não goste de mim tanto quanto eu gosto dele. Pensar nisso me deixou ainda mais melancólico. Eu estou muito triste, papel. Todas as coisas que andam acontecendo... eu me pergunto por que tem que ser assim?

Hoje eu cheguei no refeitório para o jantar, e oito entre dez cabeças presentes no recinto se voltaram pra mim. Foi automático. Eu entrei e eles já estavam lá, me encarando como se eu fosse um extraterrestre de dezoito braços e três cabeças. Eu demorei alguns minutos pra me situar e sair da porta de entrada, mas, eventualmente, consegui me mover. Graças a Zhou Mi me puxando pelo braço em direção à mesa. Até ele se compadecer de mim, eu fiquei lá plantado como uma árvore.

“Dong Hai... Eu peço que tenha calma.”, ele começou, com um ar sério. Eu arregalei os olhos no ato. Calma? Calma pra quê? Minha vida já ia de mal a pior, e ele ainda me pedia pra ter calma? O que seria dessa vez?

“Está correndo um boato por ai...”

“QUE TIPO DE BOATO, ZHOU MI HYUNG, POR FAVOR, EU NÃO TENHO NERVO PRA ISSO, APENAS FALE LOGO!”

“Estão dizendo que você comeu o Hyukjae. De quatro.”

Meu mundo caiu. Juro. Meu coração começou a palpitar e uma ânsia de vômito me subiu, minha visão ficou turva e eu estava suando frio. Eu me levantei do assento e tudo à minha volta girou. Eu estava tonto e muito abalado, mal conseguia me manter em pé. Mas Zhou Mi veio me ajudar, me apoiou em seu corpo e me fez sentar novamente. Enquanto isso, eu tinha certeza que 90% dos que estavam ali – a margem havia crescido, veja bem, papel – nos assistiam sem desviar pra nada.

“É só um boato. Ninguém pode provar que é verdade”, ele me tranquilizou, acenando desleixadamente com uma mão.

Não... Ele não podia reduzir aquele problema enorme, estratosférico a nada. Era como estar no apocalipse. O desespero... O medo.

O que Hyuk iria pensar de mim agora?

Era só o que me passava pela cabeça. Hyuk e que eu precisava urgentemente voltar para o meu quarto e me trancar lá até ter uma overdose de gummy bears e de Ayumi Hamasaki. As lágrimas ardiam no canto de meus olhos.

E quem...

Quem no universo poderia ter feito uma maldade dessas?!

O maldito do Kyuhyun...

Só ele seria capaz daquilo.

“Kyuhyun!”

Eu estava furioso. Já me erguia de novo quando Zhou Mi segurou meu pulso, com mais força do que seria necessária. Eu fui obrigado a me sentar novamente e, apesar de ainda sentir os olhares alheios sobre mim, nenhum seria mais penetrante e incisivo do que o daquele chinês. Pelo jeito, ele não ia me deixar ir pra lugar algum.

“Acalme-se, Dong Hai. Você não vai a lugar nenhum com a cabeça quente assim, tudo bem? Além disso, não faz sentido você acusar tão levianamente alguém que só quis te ajudar esse tempo todo. Como você pode ter tanta certeza que foi Kui Xian o culpado por isso?”

Franzi a testa, considerando o que ele disse. É, ele talvez tivesse razão. Ainda assim, eu não duvidada nadinha de que tivesse sido mesmo Kyuhyun-ah quem espalhara aquele rumor. No entanto, deixei que Zhou Mi falasse.

“Kui Xian está muito cansado, ele andou o dia todo hoje. Você não vai atrás dele, não vai importuná-lo, ouviu bem? Você vai ficar aqui e vai se recompor. Você não vê que esse boato não te prejudica de forma nenhuma? Não se você souber usá-lo ao seu favor!”

Ora, ainda mais essa.

Como, por todas as execuções aurora de Hyoga, como eu poderia me valer de algo tão... ridículo e vergonhoso?

“Agora estão achando que você é o tal, que você é foda o bastante até para comer Hyuk – de quatro.”, ele enfatizou como se aquilo fosse algo muito digno de atenção e respeito. Não era. Eu me sentia indigno, só isso. “Você sabe que isso não é pouca coisa, não é? Hyukjae nunca antes se envolveu com nenhum outro garoto dessa escola. Eu mesmo achava que ele era hetero, apesar de ele viver no encalço de Sungmin. E você conseguiu fodê-lo de quatro, seu idiota!” – e aqui ele me deu um peteleco que doeu um bocado. “Isso vai fazer sua fama nessa escola, você não vê? A partir de agora, você vai andar por ai com o peito estufado, porque você fodeu um cara como Hyukjae e fodeu bem fodido – não deixe ninguém pensar o contrário. Essa é a sua grande oportunidade de sair da lama. Será que você não percebe isso, Dong Hai? Aish...”

Parei um pouco pra refletir. Talvez ele tivesse razão. Não fosse o fato de que eu amo Hyuk e jamais, em hipótese alguma, vou me valer de alguma coisa – sexual ou não – que eu tenha feito com ele pra ganhar popularidade e respeito dos outros alunos.

Eu sou romântico, ok. E sou decente. Meu amor por ele é mais forte e mais valioso do que toda a notoriedade que existe. Eu iria manter meus princípios até o fim. Jack Dawson ou Romeu Montecchio não faria nada menos que isso – e eu amo Titanic e Romeu e Julieta (amo todos os filmes do Leonardo DiCaprio, pra falar a verdade, principalmente aquele do poeta gay, pois me identifico).

“Mas e quanto ao Hyuk? Eu não vou me aproveitar disso! Ele provavelmente vai ficar muito chateado quando souber dessa história.”

Zhou Mi revirou os olhos, com ar entediado, e voltou a me fitar.

“Dong Hai, please. Você acha que, a essa altura, ele já não sabe? Toda a escola sabe. A fofoca se espalhou com o vento. Agora eu pergunto, ele já te mandou alguma mensagem te esculachando? Já foi ao seu dormitório ralhar com você e dizer que nunca mais quer ver a sua cara na vida? Aposto que não. Se nada disso aconteceu, é porque ele levou tudo numa boa.”

Eu gesticulei, agoniado. Quem, em perfeito juízo, leva fama de dador e não fica injuriado com isso? Hyuk com certeza é que não.

“Não, é sério. Ele não vai ficar com raiva.”

“E por que você tem tanta certeza disso, Zhou Mi?!”

Eu estava no limite da minha paciência.

“Porque você, meu caro”, Zhou Mi sussurrou, apontando um dedo para o meu peito. “Vai agora ao dormitório dele. E, pra se redimir, você vai dar pra ele. Você vai dar pra ele como nunca vai dar pra ninguém mais. Ponha em prática tudo o que você aprendeu com todos os pornôs que eu sei que você andou assistindo. Seja uma puta, perca o pudor, faça tudo o que ele quiser. Dê de cabeça pra baixo, se ele pedir. Dê a noite inteira, se for preciso. Mas dê. E dê com vontade. Depois disso, se ele não estiver caidinho por você, Dong Hai... Ai, eu te aconselho a desistir.”

“Desistir de Hyuk?!”, até engasguei. “Mas isso nunca!”

“Então, corra! Corra para perder a sua virgindade anal, Dong Hai. Você nunca vai se esquecer disso, é um momento único na vida de um homem!”

Eu saí correndo mesmo, tropeçando nos meus próprios pés. Zhou Mi sabia como inspirar uma pessoa, isso era inegável. Eu corri desabaladamente, rumo ao quarto de Hyuk. Eu me sentia vivo, disposto, com toda a coragem que eu necessitava.

Eu atravessei os corredores às carreiras, tão livre e tão leve quanto uma pluma. Até cheguei a abrir meus braços para receber a corrente de ar que cortava meu rosto à medida que minha velocidade ia aumentando...

Até que eu cheguei à porta de Hyuk. E me lembrei que, se ele tinha achado que aquilo doera, o que seria de mim? Se ele sofrera com dor, imagine como eu não ia ficar? Ele... ele não era nada singelo. O que aconteceria depois disso? Eu ia ficar quantos dias sem sentar? Zhou Mi não havia me explicado essas coisas.

Eu me apavorei. Parei a mão que eu levara para bater à porta de Hyuk. Meus olhos estavam para saltar fora.

Eu dei meia volta e cá estou eu.

Porque, comprovando minha teoria, eu sou mesmo um loser.

Ainda espero criar coragem outra vez, e ir até lá.

Essa era a única forma de me retratar, afinal.


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