2002...

A casa estava cheia, fazia um calor absurdo em Los Angeles e, mesmo a praia, não conseguia resfriar os habitantes fixos e temporários, turistas, de Santa Mônica. Um rapaz de óculos, embora fosse quase uma da manhã, regata e bermuda, como a maioria dos homens, adentrava no lugar com alguns amigos. O bar não era algo muito sofisticado, era meio apertado, talvez a quantidade pessoas que haviam ali, tinha algumas cadeiras com mesas, um bar e um pequeno palquinho que caberia no máximo 5 pessoas bem apertadas. A iluminação era clara e tudo lembrava um pouco praia e luau, talvez fosse essa a intenção do dono. O rapaz e seus amigos sentaram-se em uma das poucas mesas vazias e começaram a bebericar algumas bebidas, sendo a maioria delas alcoólicas.

– Então, Bryan, o que vai ter hoje aqui?! – um deles examinava o local.

– Não sei muito bem, mas uma garota eu acho que vai cantar, dizem que ela é muito boa Shannon!

– Boa em que sentindo?! – Bobo do outro lado levava malícia ao comentário do amigo.

– Ai, cala a boca, Bob, eu estou falando em relação a voz!

– O bobo tem razão – Shannon completava – Se não tiver algo a se mostrar – fazia uma espécie de seios com as mãos e Bob começou a rir, deixando Bryan meio irritado. – Não vale a pena...

– Vocês dois...-revirava os olhos. – Não sabem nem apreciar música, só pensam em garotas e na noite que elas podem lhe oferecer.

– Ei, eu tenho uma banda que faz sucesso sabia Bryan?!

– Isso não te torna um bom apreciador de música.

– Tá legal, vamos parar com a discussão, mesmo porque acho que vai começar! – Bob advertiu.

As luzes foram reduzidas, a fim de deixar um clima mais ”praiano” no local, e um silêncio instaurou-se ali. Subiu ao palco um garoto esguio, com cabelos castanhos claros na altura dos ombros que vestia uma blusa gola “V”.

– Então, essa é a sua garota, Bryan? – Shannon o caçoava.

– Claro que não, eles fazem dueto, ela só vai entrar daqui a pouco!

– Tabom, tabom! -Shannon dava um gole em sua bebida e sorria para uma garota qualquer, que retribuía.

– Boa noite! – o garoto no palco começava a interagir com a platéia. – Como a maior parte de vocês me conhece e, para quem não conhece, eu sou William e essa noite vou tentar animá-los e fazerem esquecer um pouco esse calor! Então... divirtam-se!! – sentou em uma espécie de banquinho e começou a cantar algo de sua autoria e, embora a maioria presente não conhecesse, acompanhava com palmas e alguns gritos.Depois dessa, seguiu com mais duas outras músicas, covers famosos, alguns antigos e outros nem tanto, todos eles acompanhados pelas vozes da platéia.

– Bryan, na boa, o carinha canta e toca bem, mas eu vou fazer o mesmo que o Bob e vou indo beleza?! – Shannon se levantava e dava um tapinha nas costas dele.

– Beleza! Até mais cara, nos vemos amanhã?!

– Eu te ligo para combinarmos!

No momento em que se posicionava para sair, Shannon escuta ao fundo alguém gritando.

– Ei, Will, o que aconteceu com a Joss?!

– Estava demorando hoje hein?! – o cantor ria – Ela está aqui, estava esperando só que vocês a chamassem ...vem aqui Joss...

Nesse instante uma pequena menina de olhos verdes e cabelos loiros, com cara de quem acabou de sair da adolescência, subia no pequeno palanque e era aplaudida, ao passo que seu sorriso iluminava o local. Shannon parou ao vê-la e resolveu voltar ao seu lugar, ficando tão abobado quanto Bryan que estava ao seu lado.

– Olá queridinhos... – algumas vozes faziam-se perceber ali – Ok, bom hoje vou cantar uma única música! – alguns desapontamentos podiam ser ouvidos. – Desculpem-me mas não estou bem hoje, prometo recompensar lhes semana que vem, já que o William não vai estar não é amor?!

– Exato minha deusa! -eles riam.

– Então, sugestões?! – esperava uma resposta.

– The Darkness! –alguém ao fundo pediu.

– Tudo bem, vamos com The Darkness! Will, por favor...- o garoto encostava o violão e pegava uma guitarra que estava ao canto enquanto ela posicionava-se com o microfone. – Um, dois três e...

William começou a tocar freneticamente a introdução de “I Believe In A Thing Called Love” enquanto a plateia começava a gritar acabando com o clima praiano.

– Vamos, levantem por favor! – a plateia a obedecia e ela começou a cantar...

”Can't explain all the feelings that you're making me feel, my heart's in overdrive and you're behind the steering wheel” – desceu do palco e foi em direção a uma garota que estava em uma das mesas da frente.

“Touching you” – dançava e tocava a garota com as mãos

“Touching me” – a garota a imitava

“Touching you, God you're touching me” - fazia uma cara de espanto colocando a mão no rosto e saia andando pelo meio do salão dançando e balançando os cabelos loiros freneticamente

“I believe in a thing called love, just listen to the rhythm of my heart.There's a chance we could make it now, we'll be rocking 'til the sun goes down. I believe in a thing called love!!!” – foi em direção a mesa que estava Bryan e Shannon

“I wanna kiss you every minute, every hour, every day” – deu um beijo estalado no rosto de Bryan o deixando um pouco abobado enquanto Shannon aplaudia e ria da cara do amigo

“You got me in a spin but everything is A.OK!” - Virava-se para Shannon, lhe dava uma piscadinha e saia para subir em alguma mesa

“Touching you, touching me, touching you, God you're touching me. I believe in a thing called love, just listen to the rhythm of my heart. There's a chance we could make it now, we'll be rocking 'til the sun goes . believe in a thing called love!!” – descia da mesa e apontava para William que entendia o recado que era a sua vez de continuar...

O guitarrista deu o último acorde e a plateia começou a aplaudir loucamente, ainda mais quando Joss aparecera no palco.

– Obrigada... – sua voz era abafada pelo som – Obrigada mesmo gente – estava rindo e abraçava William de lado – Eu adoro vocês! – mandava um beijo para a plateia e saia do pequeno palco, deixando com Will a missão de terminar a noite.

– E então, o que achou agora Shannon?!

– Cara, você tinha razão, ela é boa, nos dois sentidos...

– Eu te disse, eu te disse! – batia na mesa – Então, vamos embora?!

– Pode ir, acho que vou ficar mais um pouco! – focava no bar aonde Dimi estava conversando alegremente com um casal.

– Por favor, Shannon, não me diga que você...- olhava para o cara que estava a sua frente, e este lhe respondera apenas com um sorrisinho de lado - ... Até mais então! – revirava os olhos e saia.

Shannon ficou alguns minutos sentado a mesa esperando os “fãs” saírem de perto da garota para poder se aproximar. Assim que isso aconteceu ele se encostou ao lado da garota, fingindo que não a via, e pediu uma bebida que, quando recebeu, virou para Joss ao seu lado e lhe deu um belo sorriso.

– Olá.

– Oi?! – ela ria dele.

– Eu te vi lá em cima...

– ... acho que todos viram – o interrompia tentando não parecer muito grossa.

– Lógico, seria impossível não notar tanto talento.

– Se isso for um elogio, bom, obrigada...- dava um meio sorriso.

– Posso te pagar uma bebida?

– Ou, Ou... – colocava as duas mãos a frente e balançava a cabeça – Você é novo aqui não?!

– Bom, é a primeira vez que venho...

– Então, regra número um, jamais ofereça uma bebida a mim, e nem ao meu irmão, é um trato que temos com os clientes!

– Me desculpe, eu realmente não sabia, não me leve a mal...

– Relaxa, bonitinho, te perdoou dessa vez! – sorria.

– Mas, falando sério, eu acho que você canta muito bem, deveria investir nisso.

– Obrigada novamente, mas eu não sou rica como quem frequenta aqui, e cantar, é apenas um hoobie, o meu irmão que leva isso a sério demais, tem até uma banda! – ria.

– Sabe, poderia te mostrar a alguém que entende de música melhor que eu e poderia te dar uma chance no mundo musical!

– Bom – se levantava – talvez possa trazê-lo aqui na sexta!

– Vou tentar... ele não mora na cidade! – sorria para ela.

– Legal...Bom, está na minha hora, amanhã levanto cedo, obrigada por te vindo...

– Imagine, obrigado você pelo belíssimo show – a olhava de cima a baixo e mordia o lábio – Escuta, quer uma carona?!

– Essa é a regra número dois...nada de caronas! – ria – Então até semana que vem...quem sabe. – acenava e saia apressada do local.