Para Sempre. escrita por Amizitah


Capítulo 14
Capítulo 14 - Neve x Mitsue


Notas iniciais do capítulo

Yo!
KKKKKK Tenho que dizer que esse capítulo está beeem grande e beeeem massa! Pelo menos EU adorei ele!
Bjks! Se eu falar mais, eu estrago a surpresa RSRSRSRSRS
Aproveitem meus amores, e não se esqueçam dos Reviews.
Ami ~



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Fiquei parada na frente de casa começando a ficar impaciente. Olhei para a porta fechada, desanimada, e voltei a olhar para o chão já me arrependendo por ter permitido que ele fosse para dentro de casa para buscar alguma coisa que havia se esquecido de pegar.

Estava prestes a dar o primeiro passo para entrar na casae trazer eu mesma o Naruto quando vejo a porta se abrir. Reprimo um suspiro de alívio e abro a portinhola para que ele passe.

– Será que poderia me dizer oque era tão importante? – Olho para o loiro que apressadamente passa pela portinhola.

– É que eu quase me esqueço de minha carteira com os meus vales para comer lámen de graça no Ichiraku! – Ele coloca a mão no bolso da calça e tira uma carteira em forma de um sapo que estava meio vazia.

– Não acredito quer tive que esperar dez minutos por causa de vales do Ichiraku Naruto! – Encarei a carteira em formato de sapo que ele me estendia com uma careta. Onde ele conseguiu aquilo?

– Mas eu não podia esquecer se não fico sem comer lámen mais tarde dattebayo! – Fez um bico antes de colocar a carteira esquisita de volta ao lugar.

– Tudo bem, eu já entendi. Agora já chega disso e vamos à academia ninja para que você não atrase outra vez – Toquei de leve a cabeça dele e começamos o nosso caminho na rua silenciosa até a academia.

Por mais que eu tivesse toda essa pressa, não me sentia nem um pouco disposta para sair de casa, fazia aquilo apenas por responsabilidade.

Aquela noite ainda me incomodava.

Estava completando quase um mês dês de o sonho estupidamente esquisito que eu tive no meu quarto e ainda me sentia estranhamente incomodada por ele como se tivesse acontecido há apenas poucos dias atrás. Eu não gostava nada daquilo. Por causa deste sonho o meu comportamento tem sofrido algumas alterações e muitas vezes eu ficava sem disposição de começar mais um dia de trabalho árduocom o Naruto e o Terceiro Hokage que não pareciam querer me darnenhuma folga.

Resmunguei baixinho para não atrair a atenção do loiro que andava desajeitadamente do meu lado com as duas mãos atrás da nuca. Desisti de desperdiçar minha energia resmungando e olhei para cima a fim de ver como estava o tempo.

Aquilo ajudou em nada. O céu estava mais acinzentado que a minha íris, num tom escuro desanimador. Pelo jeito ia cair uma grande e caprichada tempestade à tarde. Abaixei minha cabeça me sentindo mais indisposta que antes. No meio de tanta indisposição, oque eu mais desejava eram os raios rejuvenescedores e calorosos do sol penetrando a minha pele como há algumas semanas atrás, mas única forma de eu me animar mais nesse dia foi por água abaixo, ou melhor, ela ainda iria por água abaixo em questão de algumas horas se dependesse dessa chuva. E para melhorar ainda mais a minha situação, essa chuva só poderia significar uma coisa: Início do inverno. Não duvido muito que em apenas alguns dias a neve comece a cair em sua glória, esplendor e abundância como todo o inverno em Konoha.

Interrompi meus pensamentos ao ver a entrada antiga e desgastada da academia ninja.

– Parece que conseguimos chegar a tempo desta vez – Olhei para o Naruto que arrumava a mochila nas costas – Bem, nos vemos mais tarde quando eu vier te buscar.

– Ok Mitsue-senpai! Ja nee – O garoto loiro saiu do meu lado em direção da porta da academia.

Já ia virar de costas, mas a imagem da carteira-sapo praticamente vazia me veio à cabeça.

– Naruto, espere um segundo! – O garoto se virou na minha direção com uma interrogação nos grandes e redondos olhos azuis. Fui àsua direção e dei um sorriso – Será que poderia pegar aquela carteira esquisita para mim por um instante?

O loiro pareceu um pouco confuso com o pedido, mas obedeceu, pegando a carteira do bolso e me entregando. Puxei o zíper localizado na boca do sapo e olhei o conteúdo dentro dele. Soltei uma risada leve ao ver apenas três vales do Ichiraku e algumas moedas. Voltei meus olhos para o Naruto e estendi o sapo.

– Segure isto– Naruto estendeu a mão e coloquei o sapinho na sua palma.

– O que está fazendo Mitsue-senpai? – Naruto coçou a cabeça com a mão livre.

Apenas abri outro sorriso e cavuquei minha bolsa de equipamentos atrás de mim até encontrar oque queria. Peguei uma quantidade suficiente de Ienes com a mão e despejei na boca do sapo, fazendo que a carteira ficasse de quase vazia para quase cheia. Naruto olhou para a carteira-sapo que agora estava barriguda de tantas moedas, com os olhos brilhantes.

– Isso tudo é realmente para mim dattebayo?! – Perguntou o garoto em voz alta por causa da surpresa.

– Sim, mas não pense que estou te dando isso para você torrar tudo no Ichiraku. Quero que isso só seja usado para emergências – Me inclinei um pouco para ele e fiz um sinal positivo com a mão - Não te quero ver andando desprevenido por ai, Ok?

Naruto abriu um sorriso largo e abraçou minha cintura com força.

– Obrigado Mituse-senpai! Eu estou realmente feliz por você confiar em mim ttebayo!

– Ei, não precisa disso! – Comecei a rir – Apenas se cuide.

O loiro se afastou de mim e com um sorriso assentiu com a cabeça.

– Não se preocupe ttebayo! Darei o melhor de mim dattebayo!

– Muito bem. Agora se apresse que a aula vai começar daqui a pouco – apontei para a academia.

– Sim senhora! – O loiro correu na direção do prédio em quanto se despedia com um aceno.

Acenei de volta sem evitar que um sorriso aparecesse. Apenas com um abraço e um sorriso o Naruto me fez recuperar boa parte de minha disposição, me deixando feliz e ansiosa para vê-lo mais tarde.

Comecei a me afastar da academia com passos suaves. Agora não tinha razões para ter pressa, já que eu consegui adiantar toda a nova papelada que o Hokage me mandou, mas para conseguir isso, gastei um dia e uma noite inteiros. Eu havia colocado muito esforço e energia para conseguir a façanha, mas valeu a pena, porque depois de vários dias adiando e adiando, eu tenho a chance de poder treinar com o Ryo, como ele me pediu a um bom tempo atrás.

Consegui enxergar o prédio grande e antigo onde o Ryo morou por todos os seus anos na vila, sem muito esforço. Para mim aquele lugar era uma segunda casa, um refúgio para quando eu mais precisasse. Apressei o passo até alcançar a porta de madeira desgastada do prédio e abrir com um rangido suave. Assim que entrei no prédio a senhora atrás do balcão com os cabelos brancos presos no seu habitual coque, me recebeu com um sorriso amistoso revelando algumas rugas.

– Bom dia Terasu-san, já faz muito tempo que não te vejo por aqui – Me aproximei do balcão retribuindo o sorriso para a senhora.

– Eu estive bastante ocupada nessas ultimas semanas, só agora que surgiu uma oportunidade.

– Parece que o pequeno Naruto continua a dar trabalho, estou certa? – Continuou com o sorriso ao falar. Ela era uma das poucas pessoas que não tratava o Naruto preconceituosamente.

– Como sempre – Concordei abrindo um sorriso involuntário – Mas não se preocupe com isso, ele é um bom garoto apesar de tudo.

A senhora assentiu com a cabeça.

– Eu sei disso. Por qual outra razão você cuidaria dele com tanta dedicação durante todos esses anos? – A senhora abriu outro sorriso e pegou um caderno grosso que parecia ser bastante pesado, colocando-o na minha frente e abrindo-o – Assine aqui por gentileza Terasu-san.

Peguei a caneta que ela me entregou e assinei meu nome no caderno.

– Nos vemos depois, Oba-sama – Fui à direção das escadas e as subi com a mesma suavidade de antes.

Quando cheguei ao corredor que desejava fui até a porta com o numero prateado 47 e bati três vezes. Tranquilizei-me quando ouvi os passos dele vindo à direção da porta, logo após, ouvindo o barulho da tranca da porta ser aberta com um pequeno estalo metálico. A porta se abriu devagar, me fazendo ver os negros cabelos bagunçados e os olhos cinza claros que sempre pareciam brilhar.

– Bom dia Ryo! – Cumprimentei com um sorriso largo.

–Mitsue?– Ryo se apoiou com a mão na moldura da porta – Você não devia estar trancada no seu quarto em quanto lê aquela papelada toda? Pelo menos é esse o seu habitual – Sorriu.

Fiz uma cara feia para ele.

– Em primeiro lugar: eu não fico trancada no meu quarto. Segundo: Eu não passo o resto do meu dia apenas lendo aqueles documentos, eu tenho uma boa rotina para sua informação - Encostei meu indicador no peito dele ao falar a ultima frase.

– Ok, ok. – Ele levantou as mãos como quem se rende – Mesmo assim, continua sendo uma surpresa te ver por aqui. Posso ajudá-la em algo?

Recolhi minha mão de perto dele e a coloquei na cintura.

– Eu só estava imaginando se você teria algum tempo livre para me ajudar nos treinamentos – Fiz uma cara fingida de desinteresse em quanto olhava as unhas da minha mão livre.

Ryo fez um rosto completamente surpreso.

– Isso é sério?

– Se você não estiver a fim eu posso arranjar outra coisa para fazer então... – Comecei a me retirar dali, mas o Ryo segurou meu braço antes que eu conseguisse me afastar dele. O toque fez um formigamento levíssimo surgir de baixo do tecido que cobria meu braço.

– Nem pensar que vou deixar uma coisa dessas passar! Não sabe o quanto é raro te ver livre para essas coisas – Abriu um sorriso iluminado.

– Então isso é um sim? – Mordi meu lábio inferior ansiosa pela resposta óbvia.

– Claro que é! Espere só um pouco, preciso pegar minhas bolsas de equipamento – Soltou meu braço e colocou a mão na maçaneta.

– Quer ajuda?

Ryo deu de ombros.

– Pode ser. – Abriu espaço para mim na porta – Primeiro as damas.

– Obrigada – Passei por ele tranquilamente.

Fui até a cama dele e me joguei nela, sentando-me. Ryo passou por mim dando uma risada.

– Você está muito folgada para uma visitante – Falou em quanto pegava as bolsas no closet.

Ergui uma sobrancelha.

– Eu tenho cara de ser uma mera visitante? – Cruzei as pernas – Sinto que esse lugar é praticamente minha casa.

Ryo se virou para mim com as bolsas nas mãos.

– Tem razão, por mais que esse cubículo nem se compare com a sua verdadeira casa – Colocou as bolsas de equipamentos ao meu lado na cama – E ai? Vai me ajudar?

– Sim senhor! – Me levantei de pronto e peguei uma das bolsas.

Ryo pegou uma para kunais e a prendeu na cocha da perna.

– Me diz uma coisa Mitsue – Começou em quanto eu colocava as de trás – Por que de repente você decidiu treinar comigo?

Pensei um pouco em quanto a apertava firmemente as bolsas.

– Acho que fiquei com um pouco de saudades disso – Dei de ombros.

Ele virou o rosto para mim pressionando os lábios de leve.

– Agora que parei para pensar... Faz muito tempo dês de a última vez que você batalhou com alguém. Acho que faz mais ou menos...

– Um ano – Completei antes que ele pudesse terminar.

Terminei de ajustar as bolsas atrás dele e o Ryo se virou para mim.

– Você não sente falta das missões? – Falou sem delongas.

Virei o rosto de leve, tentando esconder o incômodo.

– Eu tenho missões Ryo.

Entortou os lábios.

– Você realmente chama todos aqueles documentos de missão? Aquilo nem chega perto de ser uma de verdade.

Eu concordava completamente com aquilo. Por mais que o Hokage dissesse-me que eram missões importantes, organizar papéis não era uma missão, era somente uma tarefa. Mas eu não ia admitir aquilo para ele, eu era um pouco orgulhosa para admitir.

– Eu sei que isso não é nada parecido com as grandes missões que você faz fora da vila, mas são sim missões – Resolvi olhar para ele para demonstrar segurança – Você não faz ideia de quanto eu ajudo o Hokage fazendo isso.

– Ah claro! – levantou as duas mãos para mim - Desculpe por não perceber a tamanha importância de ler e empilhar papéis o dia inteiro – Revirou os olhos – Fala sério! Está na cara que você está sentindo a falta das missões de verdade. Eu me lembro do quanto que você se divertia e se dedicava nelas.

Baixei os olhos ao me lembrar das minhas ultimas missões. Eu realmente sentia saudades delas.

– Eu sempre fiquei maravilhado ao ver sua cara de satisfação quando completávamos uma – Tocou o alto se minha cabeça me fazendo sentir como uma garotinha de dez anos – Desde que o Naruto começou a causar problemas na vila as nossas missões juntos só diminuíam, e em questão de um mês o Hokage proibiu que você voltasse a fazer as missões para controlar as atitudes do Naruto. Admita que você mudou depois que parou de fazer as missões – Ergueu uma sobrancelha para mim a espera de uma resposta.

Soltei um suspiro de derrota.

– Tanto faz Ryo. Eu não vou morrer só porque não faço mais as “missões de verdade” que você tanto fala, eu consigo ficar satisfeita fazendo o que eu faço agora – Caminhei até a porta e a abri – Agora, será que poderíamos ir? Eu realmente estou a fim de fazer alguma coisa.

Saímos os dois do prédio andando em direção ao campo de treino mais próximo dali. Ryo parecia satisfeito com a minha decisão de treinarmos juntos, mantendo um sorriso discreto no rosto por todo o caminho. Alcançamos no caminho uma área bastante arborizada, então tivemos que saltar entre os galhos para alcançar a clareira logo a frente.

– Parece que o nosso treino não vai ser muito longo – Comentou o Ryo quando estava prestes a pousar num galho para poder saltar novamente.

Fiquei sem entender o motivo por um tempo, mas só foi ver o céu acinzentado na pequena abertura entre as folhas das árvores que entendi oque ele quis dizer.

– Não tem problema, dês de que nós treinemos um pouco para mim está ótimo – Olhei para o Ryo, contente.

Ele abriu outro sorriso iluminado e se aproximou de mim.

Não estava nem um pouco arrependida pela decisão. Ver que ele estava contente com aquilo era o bastante para que eu me sentisse bem, como se não houvesse nenhuma chuva para atrapalhar.

Pousamos na clareira algum tempo depois. Tudo a nossa volta se mexia com o vento trazido pela iminente chuva: a grama, os galhos das árvores, nossas roupas e cabelos.

– Está pronta?

– Estou. Mas já aviso que devo estar um pouco enferrujada com a falta de treino – Coloquei a mão na nuca. Eu falava a verdade, desde que parei de fazer as missões que eu não treinava e lutava. Devia estar bastante lenta.

– Só acompanhe os movimentos e vai dar tudo certo – Colocou as luvas especiais para missões e batalhas em quanto falava.

–Vou tentar – coloquei a mão na bolsa atrás de mim conferindo se estava com minhas pílulas e para minha sorte elas estavam em seu devido lugar. O mais provável é que eu teria de usá-las durante a nossa luta.

Virei meu rosto na direção do Ryo, mas ele havia desaparecido de onde estava. Olhei para os lados a procura dele começando a ficar preocupada.

Não é possível que num instante de distração ele conseguiu sumir de minha vista! Mas ele conseguiu e eu não fazia ideia de onde ele estava.

Até que...

Por reflexo, desvio para o lado da kunai que vinha na minha direção. Ela passou tão perto de meu rosto que meus cabelos se moveram quando ela quase me perfurou

Meus olhos cresceram quando eu vi o pedaço de papel amarrado na kunai balançar suavemente.

Não podia ser verdade.

Mal deu tempo de eu pegar impulso para fugir dali e o selo já havia explodido e me arremessando para longe. Levantei da grama que estava seca e áspera por causa do frio e da falta de sol nos últimos dias e me coloquei na defensiva.

– Isso é covardia! Eu não estava preparada para ser atacada, droga! – Foquei na direção em que eu o ouvi rir gostosamente.

– Mais você disse que estava pronta – Seu rosto surgiu no alto de uma árvore.

– Mas pelo menos podia ter dado um sinal que o treino havia começado! Como você acha que eu vou lutar com você me atacando de surpresa?

– “Um ninja tem que estar preparado para qualquer situação” – Ele desceu do galho de árvore com um meio sorriso no rosto – Por acaso lembra-se dessa frase? – Voltou a rir – O Kakashi vivia falando isso quando lutávamos juntos... Ele era muito rígido quando se tratava de regras.

Apertei os punhos. Eu lembrava muito bem dela, para ser sincera.

– Claro Ryo, eu me lembro perfeitamente... – Comecei a estalar os dedos com uma das mãos em quanto o encarava.

Ele desfez o sorriso assim que me viu percebendo do erro grave que cometeu.

– Droga... – Ryo deu um passo para trás – Esqueci que você não gosta de falar dele e muito menos ouvir o nome dele... Foi mal Mitsue! Sério!

Comecei a dar uma risada cínica. Eu simplesmente perdia a cabeça quando alguém tocava nesse assunto... Melhor nem comentar.

– Golpe baixo Ryo... Muito baixo... Tocar nesse assunto num treinamento só para me provocar é um golpe bastante baixo... – O encarei com um olhar amedrontador.

Engoliu em seco.

– Não! Eu não estava te provocando, eu juro! – Me aproximei dele mais ainda, fazendo que ele olhasse para os lados atrás de um lugar para escapar – Foi sem querer! Saiu involuntariamente... – Estalei todos os dedos de minha outra mão de uma só vez o fazendo suar de nervosismo – Sue... Você não faria isso comigo... Não é?

Abri um sorriso diabólico para ele.

– “Um ninja tem que estar preparado para qualquer situação”, lembra-se?

Quando vi o rosto dele ficar mais assustado que antes eu não conseguir evitar e praticamente voei na direção do Ryo inocente, e para a infelicidade dele os meus “instintos assassinos” estavam à flor da pele.

O Ryo começou a correr de mim feito um condenado em quanto buscava uma maneira de me fazer voltar ao normal.

– Calma Mitsue!! É só um treinamento! – Berrou ele para mim.

– Mas como vou saber se estou “preparada para qualquer situação” se não testar todas minhas habilidades? – Comecei a rir diabolicamente.

– Ah droga! – Reclamou quando quase foi acertado por uma kunai que eu lancei – Gai!! Cadê você quando eu mais preciso cara?!! GAAAAI?!

***

O treinamento durou um pouquinho mais que eu esperava. Eu planejava terminar o treinamento no meio da tarde para ir buscar o Naruto, mas, por causa do incidente no começo dele acabamos treinando até as nuvens nubladas ganharem um tom esquisito de laranja acinzentado, indicando que o dia estava prestes a terminar.

Parei de me mover assim que me dei conta disso.

– Ryo! Melhor terminarmos o treinamento por aqui, passamos de mais dos limites – Falei em voz alta para que ele pudesse me escutar do outro lado da clareira, em cima de um galho de arvore.

– Caramba, Eu nem percebi que já estava no fim do dia – Ele deu uma risadinha.

Comecei a rir também.

– Eu também não, mas o Naruto deve estar chateado comigo por ter me esquecido dele.

– Duvido muito, ele deve estar aproveitando para se encher de lámen. Outra vez – Olhamos um para o outro e voltamos a rir fazendo meu corpo tremer com as risadas que escapavam, mas me interrompi ao sentir uma coisa gelada cair do meu ombro para o meu braço.

– Mas oque... – Meus olhos cresceram quando eu vi um ponto branco, irregular e gelado na minha pele, fazendo que o lugar em que estava pousado ficasse bastante gelado – Que porcaria é esta?! – Me virei de uma vez no galho de árvore. Surpreendi-me quando milhares de outros pontinhos brancos caíram de meus ombros e de meus cabelos até o chão.

Mas não foi aquilo que me deixou chocada.

Oque me deixou verdadeiramente chocada, foi o imenso e cintilante tapete branco na clareira. Aquela imensidão de brancura cobria as árvores e toda a vegetação ao redor. Inclusive eu e o Ryo.

Saltei em direção ao chão e ao pousar, senti a neve cobrir todo o meu pé e um pouco mais.

– Fala sério! Como não notamos toda essa neve cair em volta de nós?! – Pisei algumas vezes na neve fofa e incrivelmente gelada antes de andar na direção do Ryo, que também encarava a cena, totalmente abismado.

– Eu não tenho certesa, mas... – Pausou para tirar um pouco de neve do seu cabelo – Provavelmente é por causa dos efeitos colaterais dos nossos chakras.

Fiquei olhando para ele com uma maravilhosa cara de tacho. Ele começou a rir da minha expressão e se aproximou de mim, fazendo uma trilha fofa na neve atrás dele.

– Estou vendo que você ainda não sabe de muita coisa sobre o seu chakra né? – Começou a dar leves e rápidas passadas no meu cabelo para tirar a neve, mas em vão, pois ela não parava de cair em nós – Vou tentar te explicar da maneira mais simples possível – Tirou as mãos de minha cabeça e começou a gesticular – Você com toda a certesa já sentiu aquele calor repentino no seu corpo quando usa seu chakra, estou certo?

Assenti duas vezes com a cabeça, em silêncio.

– Pois então, quando nós estamos fazendo uso do nosso chakra, ele começa a se movimentar em uma velocidade incrível no nosso corpo para distribuir igualmente em cada poro, em cada músculo, uma quantidade suficiente do chakra para que nosso corpo tenha resistência e esteja de alguma forma protegido de algumas lesões – Ele fez uma pequena pausa para que eu digerisse a informações – A velocidade de distribuição é tão grande que ele aquece o corpo por dentro o suficiente para nós não sentirmos tanto frio externamente, então isso explica um pouco do porque de não notarmos a mudança.

Juntei as sobrancelhas tentando juntar as informações que, em parte, eu já sabia.

– Mesmo assim, ainda estou impressionada com nossa falta de atenção – cocei a cabeça – Por mais que não sentimos muito frio isso não explica o fato de não termos visto tudo... Tudo... – Estendi os braços para a neve – Tudo isso!

Ele apenas deu de ombros.

– Talvez você tenha ficado tão rapidamente interessada em treinar comigo que acabou nem notando as coisas ao seu redor – Passou a mão pelos cabelos que estavam ficando molhados com a neve – Assim como eu estava ocupado ao tentar me manter vivo por mais tempo quando fugia de você.

Levantei as sobrancelhas para ele em quanto fazia a melhor cara inocente que podia.

– Eu só queria mostrar dedicação, nada de mais – Comecei a andar em direção as árvores para sair dali antes que a neve alcançasse meus joelhos, a neve de repente começou a cair pesadamente na minha cabeça.

– É, eu sei. Eu vi o tamanho da sua dedicação – Uma risada escapou de meus lábios.

– Vamos logo, parece que a tempestade que prevíamos esta começando, por mais que não seja o tipo de tempestade que eu pensava ser – Virei meu rosto para ele – Eu esperava que fosse... Tipo, mais...

– Mais líquida? – Passou um dos braços pelo meu ombro.

– Isso, por ai – Passei a o meu braço pela cintura dele e continuamos a andar pela neve em quanto sorriamos um para o outro da situação.

***

Já estávamos no final da pequena floresta da vila, ainda próximos do outro para juntar um pouco mais de calor. Podíamos não sentir muito frio, mas isso não significa que fossemos imunes ao vento congelante e a neve úmida também congelante.

Em quanto andávamos, decidi me certificar de que não havia esquecido nada, somente para me precaver. Depois de vasculhar os meus bolsos, coloquei minha mão no ultimo deles para terminar com o trabalho. Tudo estava certo: Kunais, Shurikens, alguns pergaminhos e selos...

Perai, onde estava o meu saco de pílulas?

Afundei minha mão na bolsa de equipamentos atrás do bendito saco, mas havia nenhum sinal dele.

Droga, isso era tudo do que eu precisava.

Parei de andar, fazendo que o Ryo também parasse com uma interrogação nos olhos cinzentos.

– O que foi?

Mordi o lábio.

– Ryo, eu preciso que você busque o Naruto onde quer que ele esteja, para mim.

Ele soergueu uma sobrancelha.

– O que pretende fazer? Esta prestes a começar uma grande nevasca – Olhou ligeiramente para o céu cinza alaranjado que dava lugar a escuridão – E você não tem muito tempo até anoitecer.

Suspirei fazendo uma nuvem de vapor sair de minha boca até desaparecer no ar.

– Eu sei oque estou fazendo, só preciso pegar uma coisa – Desfiz o nosso abraço e coloquei as mãos no bolso para esquentá-las – Em quanto eu não chego em casa, tome conta do Naruto e da casa por mim, Ok? Avise ao Naruto que chegarei lá em breve.

Ele passou os olhos por mim como se visse meu estado e finalmente concordou com a cabeça. Deu um sorriso satisfeito e comecei a andar na direção contraria. Quando pensei que ele a tinha ido embora, sinto algo ser colocado em cima de meus ombros e ao ver oque era, noto que era uma túnica longa para proteger do frio e da neve.

– Pelo menos fique com isso – Ryo foi na minha frente e me ajudou a vestir a túnica – Não quero te ver sem nada para te proteger desse tempo – Colocou sua mão no alto de minha cabeça como tinha feito no seu quarto e beijou minha testa – Vê se não demora.

– Obrigada – dei um meio sorriso.

Ryo se afastou de mim e continuou seu caminho sozinho até a vila. Também continuei meu caminho até a clareira a pé, isso parecia mais prudente do que saltar nas árvores úmidas e cobertas pela neve branca e trapaceira que aproveitaria qualquer oportunidade para que eu escorregasse.

Cheguei à clareira depois de alguns minutos de esforço. A neve estava tão grossa e abundante que faltava apenas um pouco para finalmente alcançar meus joelhos e toda essa abundancia não facilitava em nada a minha caminhada.

Passei por todos os lugares que lembrava ter passado, a procura do pequeno saco de pílulas. Eu sei que isso parece loucura, andar numa tempestade sozinha a procura de miseras pílulas realmente era uma ideia insana, mas isso era necessário. As pílulas não eram um item comum, era bastante raro e seus ingredientes eram difíceis de serem encontrados, além de só algumas pessoas saberem o modo correto de preparo delas e todos que sabiam eram ninjas médicos de elite, por exceção de mim. Aquele saco era o meu ultimo estoque de pílulas e ter os ingredientes para prepará-los nessa época do ano era impossível.

A minha única escolha era procurá-los até essa tempestade começar.

Depois de vinte minutos procurando o bendito saco eu desisti de vez. Já era, não podia mais achar minhas pílulas, a neve já deve ter engolido o pobre do saquinho.

Gemi baixinho.

Aquilo era uma droga. Eles eram meu ultimo estoque. Meu. Último. Estoque.

Grande porcaria que tinha acontecido comigo.

Comecei a dar meia volta assim que eu senti meus dedos dos pés pinicarem. Aquilo era um péssimo sinal, eu tinha que sair dali e encontrar o Naruto e o Ryo o mais rápido possível. A única coisa que eu mais desejo agora é o calor convidativo e acolhedor da minha lareira e nada mais.

Voltei a entrar na floresta com a testa franzida e com um pouco de suor no rosto. Eu fazia ainda mais esforço para andar, a neve já estava a poucos centímetros de encontrar meus joelhos.

Anime-se Mitsue, anime-se. Poderia ser pior, pelo menos você está perto de casa e em apenas alguns momentos estará se deliciando com uma xícara de chá fumegante em quanto ouve os estalos suaves do fogo queimando a lenha da lareira. Sorri ao pensar naquilo. É, do que eu estava reclamando, as coisas poderiam ser piores, não é?

Ploft!

Mal termino de pensar naquelas palavras e dou um passo em falso, afundando na neve que alcançou a minha cintura, quase passando pelo meu tronco para alcançar meu busto.

Xinguei qualquer coisa e me apoiei num arbusto para tirar o meu corpo da neve funda e molhada. Depois de uns cinco minutos de esforço para desentalar dali, saio com as minhas roupas completamente molhadas por causa da maldita neve, fazendo o meu corpo tremer de frio em questão de segundos.

– Droga... Não dá para ficar pior do que já está.

Eu e minha boca grande... Só bastou isso para o mundo girar ao meu redor.

Literalmente.

Alguma coisa, não sabia dizer com certesa o que era, caiu em cima de mim fazendo a minha cara ir de encontro à neve com um baque surdo.

Aquela coisa continuava em cima de mim quando caí, e era bem pesada. Resmunguei alto e empurrei o seja-lá-oque-for para o lado. Levantei-me de quatro e passei as mãos no rosto, tirando a neve que já queimava minhas bochechas e voltei a xingar oque viesse na cabeça.

Depois de respirar fundo e conseguir me recompor, resolvi olhar oque tinha caído em cima de mim. Virei meu rosto para onde tinha empurrado o troço, que pelo que via, estava envolto por uma manta marrom com capuz.

Estranho.

Ignorei minha pressa para ir para casa e cutuquei o troço.

Era macio. Quase que parecia com uma...

Do nada, o troço solta um gemido esquisito e se mexe para o lado me fazendo dar um salto para atrás de susto.

Encarei o troço.

– Não é possível... – Murmurei – O troço... O troço é... É... – Engoli em seco antes de terminar – UMA PESSOA!!!



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Notas finais do capítulo

Eita! Neve desgraçada, só traz azar para nossa Sue-san!
Emfim! Façam suas apostas meninos e meninas! Quem será a pessoa que caiu na nossa heroína?!
Bjks!
Next Chapter ^-^
Ami ~



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