Eu estava na festa de natal na casa dos meus avós em Rhode Island quando recebi um telefonema. O telefonema que mudou a minha vida. Era de alguém da produção Off-Broadway de Rent dizendo que eu tinha sido escolhida para o papel de Mimi Marquez. Eu, Jennifer Hastings, fazendo a Mimi Marquez em um teatro de verdade! Tudo bem que não é Broadway literalmente, mas não importa. Eu já tinha feito esse teste a tanto tempo que pensei que jamais conseguiria o papel. Afinal, todas as mulheres que já fizeram a Mimi têm no mínimo 20 anos, eu tenho somente 17.

 As lágrimas começaram a correr de alegria. Saí correndo pela casa feito louca. Minha mãe ficou preocupada e veio me perguntar o que tinha acontecido e eu berrei:

- Eu sou a Mimi! – como ninguém tinha entendido nada, obviamente, eu expliquei: - Lembra que eu fiz aqueles testes para fazer parte do elenco de Rent algumas semanas atrás? – minha mãe fez que sim com a cabeça. – Então. Eu consegui o papel!

Depois que eu falei isso todo mundo na casa pirou. Eu me apaixonei por musicais desde a primeira vez em que vi O Mágico de Oz e meu sonho estava perto de se realizar! O assunto da noite fui eu. Meu pai achava que eu não deveria aceitar, porque era um trabalho muito adulto, já minha tia, que é meio maluquinha, disse que eu não deveria ouvir meu pai. E é óbvio que eu não ouvi, esse era o meu sonho desde sempre e eu nunca diria não para uma oportunidade dessas.

 No dia seguinte acordei com a maquiagem toda borrada. Estava deitada no sofá da sala. O papel dos presentes de natal ainda estavam no chão. Quando voltei mais a mim mesma fui para o meu quarto. Foi então que me dei conta de que ontem recebi o telefonema. Só não tinha certeza se foi um sonho ou realmente aconteceu. Todo sono que alguma hora tive se foi e fui pega por uma onda de adrenalina danada. Peguei meu celular para checar as chamadas. Quando vi quase não acreditei. Havia uma última chamada atendida com um número desconhecido. Só podia ser! Quase explodi de tanta alegria e meu rosto começou a ficar vermelho, pois estava me segurando para não gritar, porque meus pais ainda estavam dormindo. Sem querer deixei o grito escapar. Corri pela casa toda, a essa altura meus pais já deviam estar acordados. Quando me dei conta estava estendida no chão da cozinha. Olhei para o lado, e minha mãe estava ali, com uma surpresinha.

 - Mãe! Não precisava! – gritei. Ela estava segurando um pacotinho com um lacinho cor de rosa.

 - Claro que precisava! Você merece toda a felicidade do mundo! Nunca pensei que me orgulharia tanto da minha filha.  - Nesse momento escorreu uma lágrima pela sua bochecha.

Ela me entregou a o pacotinho. Nele havia uma caixinha da Juicy Couture, uma de minhas lojas favoritas. Quando abri não pude acreditar. Era um colar com um pingente de ouro em forma de uma nota musical.

 - Mãe, eu AMEI! – eu disse, e também comecei a chorar junto com ela.

 Depois de dar um abraço enorme em minha mãe, liguei para o tal número desconhecido. Uma mulher atendeu e me pediu para ir para Nova York o mais rápido possível. Arrumei-me, dei um beijo em toda minha família e fui até Nova York de carro com meus pais. Depois de umas cinco horas de viagem nós chegamos lá exaustos. 

Paramos no primeiro hotel que vimos, comemos e fomos para o New World Stages para acertar todos os detalhes sobre o show. Meus pais tiveram que assinar uns documentos, porque eu sou menor de idade.

Eu começaria dia 20 de janeiro, ou seja, em menos de um mês! Eles deviam me achar muito boa para dar esse pouco tempo de ensaio para uma iniciante. Disseram-me que quem faria a Maureen era a Annaleigh Ashford, uma de minhas cantoras da Broadway favoritas, e eu pirei. Nicholas Christopher faria o Collins, Rashad Naylor o Benny e Corbin Reid faria a Joanne. O resto do elenco ninguém queria me contar.

Depois de uns cinco dias de ensaio – que não foram tão difíceis, porque eu já sabia todas as falas, músicas e coreografias a mais de anos – finalmente me disseram quem era o resto do elenco. Ou melhor, eu obriguei o coreógrafo a me contar. Eles queriam esconder o máximo possível, pois eram pessoas muito famosas, mas eu sei convencer as pessoas.

 O coreógrafo me deu uma lista com três nomes. Os nomes de quem faria o Angel, o Mark e o Roger. Começei a ler e o primeiro nome era quem faria Angel, Wilson Jermaine. O segundo nome era o de Mark: Anthony Rapp - OMG! - e quem faria Roger seria - AI MEU DEUS!- Me segurei para não cair ali mesmo.