Era uma noite gélida e sombria e não havia muitos sons nem movimentações aquela noite, exceto por uma musica eletrônica que cortava todo o âmbito noturno.

Tudo tomou inicio na festa de quinze anos de Sophi, a festa acontecia em um amplo salão decorado nas cores roxo e preto, as cores preferidas da garota, balões de ambas as cores ladeavam por inteiro o recinto em conjunto com faixas e cartazes decorados com canetas coloridas e glitter, alguns deles diziam “Parabéns Sophi”.

Em uma mesa próxima ao centro do salão permanecia uma jovem inquieta, sua pele era morena, quase que muito bronzeada que carregava um profundo contraste com suas orbes esverdeadas, cor de esmeralda. Sophi observava as movimentações e os casais dançarem as musicas que ela mesma havia escolhido a dedo para seus convidados. Estava satisfeita, mas sentia que algo ia acontecer, porém foi retirada a força de seus devaneios por uma voz distante e grave.

– Oi amor – Era um lindo rapaz cuja pela era branca como uma vela de cera e seus cabelos eram negros como uma profunda noite de inverno sem estrelas.

– Hm? Ah, oi Robert. – A menina tinha erguido seus olhos para ter melhor visualização do outro que acabara de chegar.

– O que está havendo? Olhe para isso, é sua festa! – Robert tinha se largado em uma cadeira ao lado da Sophi. Enquanto no rosto esculpia um sincero sorriso de animação, ele mantinha os olhos negros fixos na menina.

– Um pressentimento, bem... eu acho. – Tentava não olhar para a face do garoto, pois sabia que não resistia a aquelas feições de filhotinho.

– Ah para com isso! Ei, eu posso pegar um ponche pra você? – Robert tinha se levantando tão rápido quanto havia se sentado, estava posto defronte a Sophi, Robert permanecia segurando aquele sorriso brilhante delineado nos lábios.

– Tudo bem. – Era o primeiro sorriso sincero que a menina tinha dado por toda noite.

Enquanto Robert se retirava em direção a mesa de comes e bebes, Sophi mergulhou novamente em seus sonhos e por um momento sentiu uma pontada forte no centro do seu peito.

Minutos se passaram e Robert não havia retornado da mesa.

– Aí! Que estranho... bom, é melhor eu ir ver o que aconteceu com o Robert, já se passaram 3 minutos. – Para ela isso era um atraso tremendo.

A garota postou-se de pé e seguiu pela mesma rota que o namorado passara, enquanto seus sapatos de salto alto batiam contra o chão provocando um som irritante. Quase chegando à mesa de lanches Sophi viu uma coisa inesperada; Robert estava lá como esperado, mas o problema era quem estava com ele. Kelly-A-Vadia estava junto a ele e eles não estavam conversando, nem rindo e nem pegando coisas da mesa, na verdade eles estavam se beijando.

Sophi não pensou muito, apenas correu na direção do casal e agarrou Kelly pelo braço com um solavanco que quase partiu o membro da garota em dois.

– LARGA ELE AGORA SUA VAGABUNDA! – Uma fúria incontrolável tomou conta do corpo e da mente de Sophi, seus olhos crepitavam como uma lareira estridente. Sophi fechou os dedos em volta do braço de Kelly e desejou, desejou com todas as forças que Kelly fosse castigada.

Enquanto Robert tomava distancia de Kelly com um pulo, Kelly não teve muito tempo pra ter qualquer reação que fosse. Seus olhos paralisaram e sua pele começou a mudar gradativamente a cor, primeiro passou para um branco e depois foi ficando cinza como prata ou uma cor zumbi. Seus cabelos perderam o brilho e também tomaram outras colorações; o que era um loiro perfeito se transformou em negro profundo, tão profundo quanto as madeixas de Robert, e suas mãos pararam de se mover, o seu corpo parou. Onde antes se encontrava uma linda jovem agora estava uma estatua de medo perpétuo, a expressão na face imóvel de Kelly deixara marcado como fogo ardente o poderoso poder desconhecido que Sophi carregou até aquela noite.