– Porque fez isso? No fim, esse cara tem razão, escondemos coisas importantes uns dos outros e começando por você não é mesmo? – disse rude, pegando o copo que tirei dela e virando a dose. Levantei-me e não olhei para trás, talvez eu dormisse, talvez acordasse e tivesse sido um sonho, quem me dera.

Justin POV

Fui até a varanda onde ninguém me encontraria, as pessoas dali se preocupavam mais em ocupar todos os quartos de uma vez e transarem a noite inteira, a varanda com certeza era o lugar mais deserto no momento e muito bom para pensar depois de saber que a C. era nada mais nada menos que Catarina, a minha doce Catarina que eu nem reconhecia mais.

– Justin. – ouvi uma voz invadindo o local e me virei deparando com ela.

– O que foi Catarina, tem mais alguma coisa para me contar? Aproveita antes que o fofoqueiro conte antes. – disse rude e ela abaixou a cabeça.

– Eu não podia contar nada Justin e eu não sabia que estaria aqui, contava que não estaria. – disse ela agora me fitando.

– Você devia ter me contado então, ficou com todo esse suspense de não me contar seu nome, sério, porque? – perguntei angustiado.

– Porque eu não queria que soubesse quem eu era, eu mudei e tinha outros planos quando vim para cá, e ninguém poderia saber quem eu sou. – disse ela firmemente.

– Ainda com planos de se vingar de todos que a fizeram sofrer? Já falei que isso não vale a pena, nunca imaginei que ia mudar tanto por uma vingança, não pensei que falasse serio a respeito disso, não acredito Catarina. – disse inconformado.

– Você sabe muito bem o quanto eu sofri Justin. – disse ela tentando me convencer.

– Eu sei, e agora está mudada, e não precisa se vingar de ninguém Catarina, você deu a volta por cima e é isso que importa. – disse e bufei.

– Justin, eu vim aqui para mostrar e provar que eles não podem fazer o que fazem com as pessoas e eu não vou voltar atrás, desculpa. – disse ela e se virou saindo dali.

Como podia ser tão cabeça dura assim? Catarina sempre teve essa idéia maluca de que ainda vingaria a todas as vezes que caçoaram dela. Eu sempre soube que aquilo a magoava, porem sempre estivesse ao seu lado e sempre tentara tirar da sua mente que vingança era loucura para alguém tão doce como ela, não imaginara em nenhum momento que ela voltaria tão diferente e tão sedenta por vingança, essa não era a minha menina, não era a Catarina que eu tinha me apaixonado. Sai rapidamente do local, não poderia mais ficar um minuto sequer tentando esquecer da noite de hoje, pois eu não conseguiria, nada melhor que uma boa noite de sono e tudo ficaria ótimo, ou pelo menos aliviaria a raiva misturada a dor que tudo aquilo me causava, a mudança, a pior mudança que acontecera. Estava eu andando pela mata, um pouco perdido até, não me encontrava bêbado, mas talvez toda a situação de hoje me deixara bem desnorteado. Ouvi alguns cochichos, pareciam longe, e quanto mais me aproximava tentando achar da onde os sons vinham, mas autos ficavam e mais parecidos com alguma discussão, ou até mesmo uma briga pareciam.

– Então, mudou hein, radicalmente, sabia que conhecia você de algum lugar. – disse uma voz masculina.

– Mudei sim, mudei por mim. – disse agora uma feminina, mais conhecida.

– Tem certeza que não foi para agradar a todos e parar de mexerem contigo Catarina a estranha. – disse o garoto e riu de leve. Era com Catarina que conversava ali na mata. A mata nunca era confiável para as garotas, não pelo menos a aquelas que não queriam algo com alguém nela, se é que me entendem. Catarina podia estar maluca por vingança, porem nunca em minha mente aceitaria sair com qualquer um assim do acampamento. Me lembrou da época que éramos tão próximos aqui e eu era o único garoto para ela, quantos ela teria já se envolvido depois que nunca mais nos vimos? Depois da mudança drástica? Balancei a cabeça e me livrei desses pensamentos inúteis.

– Digamos que eu fiz por mim, porem lhe agradou Erick? – perguntou Catarina. O que porra ela estava fazendo? Era isso mesmo, estava se insinuando para Erick?

– Bastante na verdade Catarina, acho que podíamos nos conhecer melhor agora, não tivemos oportunidade disto. – disse ele descarado.

– Sabe, eu não gosto muito da floresta perto das cabanas, a caminho do castelo é tão mais vazio para conversas e se conhecer. – disse ela e eu não pude acreditar no que estava ouvindo e nem consegui mover um músculo para acabar com aquela palhaçada, afinal, havíamos discutido a minutos atrás, como teria uma crise de ciúmes logo agora? Ela planejava algo? O que a Catarina iria fazer com Erick? Continuei de supetão ali para conseguir ouvir até o fim da conversa, até eles se retirarem sabe lá para onde, o que eu poderia fazer? Nada, ela que tinha escolhido isso, e eu não podia fazer absolutamente nada para mudar suas decisões, eu via que ela estava completamente decidida a começar a agir de uma maneira nada sutil com todos aqueles que a magoaram, e ela estava prestes a começar.

– Então vamos, creio que você sabe melhor o caminho, nunca me arrisquei a ir para lá, você poderia então me mostrar? – sugeriu cínico Erick.

– Mais é claro, acho que não devo ter esquecido nada lá dentro, talvez uma bebida seria ótimo agora, vou ir lá buscar e já volto ok? – ela disse e saiu deixando o esperando. Sai rapidamente também antes que Erick pudesse me ver. Fui atrás de Catarina por um impulso, quando vi já estava me deparando com ele e seu copo de vodka na mão.

– O que vai fazer? O que planeja Catarina? – perguntei ansioso.

– Não te interessa Justin, você não quer saber, você não apóia o que eu quero fazer, o que TENHO que fazer, agora me deixe passar, por favor. – disse ela. Era incrível como seu ‘’por favor’’ sempre suavizava as coisas.

– Não posso deixá-la fazer bobagens Cat, será possível que não a convencerei que isso não vale a pena, vem comigo, fica comigo esta noite e esqueça essa vingança que esta a ponto de começar. – disse e engoli em seco. Ainda me encontrava muito magoado com tudo que acontecera hoje mais cedo, porem estava completamente disposto a voltar atrás, a tomar em meus braços e não deixá-la fazer nenhuma bobagem. Não acreditava que ela faria algo terrível, porem Erick iria guardar na memória, e ela só conseguiria mais inimigos aqui, eu não queria a ver encrencada, eu não queria que a machucassem, e no fim, ela seria a mais machucada de todos, eu tinha certeza.

– Não, dispenso, obrigada pela gentileza, porem Erick como você sabe, me espera lá fora. – ela disse e meu coração se retorceu. Ela estava mesmo trocando a mim, por uma maldita vingança? 

Respirei fundo e sai de sua frente, seus cabelos e o cheiro deles invadiram a minha narina e eu senti naquele momento que eu estava a perder novamente Catarina, e só sabe lá quem diria se seria para sempre ou se ela ainda desistiria de sua vingança ridícula e que só a faria perder o tempo que podia passar com quem gosta, gastando com quem só a fez sofrer. Era sua escolha, ela já tinha feito, e eu? Acho que fiquei de fora dos seus planos.