E os dias foram passando, se transformaram em semanas e logo dois meses haviam passado, Ino e Shikamaru foram liberados e já estavam em casa, seus machucados não passavam de leves marcas na pele agora, um dos braços da loira já estava completamente curado o outro estava melhorando, ela já havia voltado ao trabalho, não conseguia mais esperar; o Nara ainda estava em casa de repouso, sua perna custava a sarar e ainda teria que enfrentar algumas sessões de fisioterapia para começar a sonhar em voltar ao trabalho.

As costelas de Naruto estavam quase cicatrizadas, seus machucados já haviam desaparecido, mas ele ainda não acordara, ele havia sido transferido para um quarto com a aparelhagem adequada, sua mãe passava o dia inteiro lá com ele, seus amigos sempre apareciam para visitá-lo, Hinata já havia ficado amiga de Kushina e passava tardes com ela, conversando.

Sasuke estava se recuperando bem também, o machucado de sua cabeça já havia sarado quase por completo, sua bacia estava cicatrizando direito e também havia sido transferido para um quarto, com a mesma aparelhagem necessária para manter sua vida, Mikoto e Karin ficavam lá o dia inteiro, cuidando de sua aparência e higiene, conversando com ele, estimulando seu cérebro na esperança que ele não se esquecesse de nada, Itachi aparecia frequentemente, não conseguia mais trabalhar direito, tinha noticias de Hana através de Kiba e já tinha o avisado que criaria a criança independente de tudo. Todo mundo aparecia lá vez ou outra, seus amigos, seus colegas de trabalho e até mesmo suas pacientes mais fieis, sempre iam deixar flores e votos de esperança.

-E esse é o Naruto quando tinha três aninhos. – disse Kushina mostrando um antigo álbum para Hinata, Minato estava na porta observando, mas elas não notaram.

-Que fofinho... – cada dia que passava ela tinha mais certeza do que queria, aliás, de quem queria, ela só queria realmente ter tido tempo de falar a ele tudo que sentia. Mas agora sua esperança era de que ainda houvesse tempo dali pra frente.

 -Recordando fotos, moças? – perguntou Minato com seu habitual e simpático sorrisinho.

-Oi, amor. Estava mostrando à Hinata-chan algumas fotos antigas...

-Pode vim aqui um minuto, o médico quer conversar com a gente...

-Claro... Já volto. – disse a Hinta e a Naruto e saiu com o marido.

A moça ficou lá no quarto, olhando o rosto dele, já não estava mais tão bronzeado como quando se conheceram, ele estava um pouco pálido, seu tórax ainda estava enfaixado, mas já estava praticamente curado, era só acordar. Só isso.

A Hyuuga acariciou-lhe a face e os cabelos dourados espetados, esperava ver aquele sorriso largo e energético de novo, mas tudo que via era sua boca formando uma linha reta.

-Naruto-kun... Eu... Eu queria muito poder ter te contado antes... Mesmo, mas... – ela respirou fundo, se acalmou e decidiu contar – Naruto-kun... Eu... Eu te amo...

Os olhos dele se mexeram, mas não abriram. O barulho nos monitores acelerou, a moça começou a se assustar, mas logo duas enfermeiras e um médico entraram na sala.

-Está tudo bem. – garantiu-lhe o médico afastando a moça e indo até o loiro.

Kushina e Minato estavam na porta, aflitos.

O “bipe” estava cada vez mais rápido, o médico deu-lhe uma injeção direto na veia para desacelerar os batimentos cardíacos, ele começou a ter convulsões, as enfermeiras seguraram seus braços e mais dois enfermeiros apareceram para segurar suas pernas o médico pediu aos pais e a moça que saíssem e voltou ao seu trabalho, quando o loiro parou de se debater seus olhos abriram automaticamente, estava ofegante o que havia embaçado o respirador, suas pupilas estavam contraídas, e suas feições eram assustadas, ele não entendia o que estava acontecendo, mas ouvira alguém dizer docemente em seu ouvido “Naruto-kun... Eu te amo...”, ele murmurou um “Sakura-chan”, mas não, aquela voz tão meiga e suave não era dela.

A porta foi escancarada por uma Kushina brava, que logo se acalmou ao ver os olhos confusos de seu filho, ela correu e o abraçou com toda a força.

-Own, Naruto... – ela já podia sentir as lágrimas escorrendo – Meu filho... Eu fiquei tão preocupada... Você me deu um susto tão grande...

-Kushina-san, pode nos dar licença por um instante? – pediu o médico. A mulher deu-lhe um olhar mortal como quem diz “É meu filho, se afaste”. O médico olhou para Minato em busca de ajuda.

-Kushina, deixe-os terminar o trabalho. Venha.

Numa fração de segundos o olhar azulado dele encontrou o prateado dela, ela chorava disfarçadamente de alegria, suas mãos tapavam sua boca onde havia um sorriso bobo, ela queria tanto poder abraçá-lo e dizer o que estava entalado em sua garganta, pois aquele desabafo não valera nada, as chances dele ter ouvido eram mínimas.

...

-Naruto acordou! – berrou Sakura entrando na sala de Ino.

-O quê? – perguntou Karin surpresa.

-Exatamente! A Ino está ocupada?

-Está atendendo um paciente agora.

-Você avisa a ela, né?

-Avio sim.

-Estou indo visitá-lo.

-Avisa lá que a gente vai mais tarde, por volta das 4 da tarde... Daqui a umas 2 horas, tá?

-Certo. – ela saiu e foi correndo até o quarto do amigo, Suigetsu, Sai e Kiba estavam lá, Hinata e Tenten também.

-Sakura-chan! – cumprimentou o loiro assim que a moça entrou na sala.

-Você não sabe o quanto eu esperei pra ouvir essa voz irritante me chamando de novo. – disse ela abraçando-o.

-Sakura-chan, você estava comigo antes de eu acordar, não foi?

-Eu? Não, Naruto. Eu estava arrumando o consultório do Sasuke, vão mandar outro médico para substituí-lo por enquanto.

-Você não estava...? – perguntou desconfiado, Hinata saiu do quarto e Tenten a seguiu – O que aconteceu com o Sasuke? Mudou de trabalho?

-Não, Naruto... Ele está em coma...

-O quê?

-Não lembra de nada? Do acidente.

-Ah... Eu... Eu lembro...

...

-O que foi, Hina? – perguntou Tenten do lado de fora do quarto, no corredor.

-Ele ama a Sakura... Viu?

-A Sakura está noiva do Kiba!

-Mas ele não sabe... Ele a ama, Tenten...

-E você vai desistir? Ele nem ouviu seus sentimentos ainda!
-Ele ouviu... Por isso perguntou aquilo a ela.

-Ouviu?

-Eu contei um pouco antes de ele acordar...

-E ele imaginou que seria a Sakura?

-É...

-Isso é que é amor...

-Tenten!

-Desculpa, Hina... Mas... Tente dizer de novo. Ele ficou confuso, então fale cara a cara com ele.

-Depois...

...

Passava um pouco das três da tarde, Sakura e Kiba estavam no jardim do hospital, uma parte arborizada ao redor dos prédios, estavam sentados num banco conversando sobre o plano.

-Acho que já está bom, não é? Vou dizer aos meus pais que vamos terminar, que não deu certo, obrigada pela ajuda, Kiba, foi divertido.

-Por que temos que terminar?

-Porque era o acordo, lembra? Era tudo de mentirinha.

-Não quero continuar de mentirinha.

-Nem eu, por isso vamos dizer que acabou.

-Você não entendeu, Sakura. – disse enrolando no dedo uma mecha de seu curto cabelo cor-de-rosa – Eu quero continuar, mas sem faz-de-conta.

-Peraí... – disse afastando a mão dele – Não vamos confundir as coisas... Era tudo uma brincadeira...

-Sakura, esqueça aquela brincadeira, você quer namorar comigo? De verdade?

-Er... Por quê?

-Eu gostei de você, mesmo... Eu nunca senti uma coisa assim antes, então...

-S-sério...? – ela estava surpresa.

-É, então...?

-Bom... Eu não posso dizer que estou amando você, mas... Também gostei dessa nossa “brincadeira”. Então talvez a gente possa dar certo.

Eles começaram a sorrir e logo estavam rindo, encostaram suas testas e logo seus lábios estavam esmagados um contra o outro, não foi um beijo como os outros que davam em publico, foi um beijo intimo e verdadeiro.

...

-A Hinata anda meio triste ultimamente, o que deu nela, Tenten? – perguntou Neji, ele havia acabado de chegar do trabalho, havia terminado mais cedo e saído.

-Coisas de mulher, não é da sua conta.  – respondeu indiferentemente com uma xícara de café numa mão enquanto a outra desenhava um projeto de uma escultura, desde a exposição, os pedidos haviam aumentado e o trabalho só não a sufocava porque ela amava fazê-lo.

 -Espero que não tenha nenhum homem na história. – o comentário a fez se engasgar com o café.

-De onde tirou isso? – perguntou desconfiada.

-Ela anda distraída demais, pensativa demais e ultimamente a tenho visto rindo sozinha e corando.

-Ela tá no quartinho trabalhando, pergunte a ela qual é o problema. – disse tentando parecer fria. “Hinata tinha ido longe demais, rindo e corando sozinha? Ela só podia estar louca, para até o insensível do Neji desconfiar!” pensou a Mitsashi, mas o que sua amiga poderia fazer?

-Ela está ocupada agora. Você como amiga dela deveria saber.

-E você como primo deveria respeitar e ficar quieto!

-Ah, então tem um cara. – concluiu.

-Não foi isso que eu disse! – falou nervosa.

-Ora, ficou nervosa? – perguntou debochadamente encurralando-a entre ele e a mesa.

-Claro que não! – disse tentando fugir, mas ele segurou seus braços, então o máximo que ela pôde foi levantar da cadeira.

-Tenten... A gente se conhece desde Hinata te conheceu na faculdade. – Tenten estava um período à frente do de Hinata, elas se encontraram por acaso num dos projetos no primeiro ano de Hinata lá, desde então viraram amigas e no ano seguinte começaram a dividir o mesmo apartamento, meses depois Neji se juntou a elas, pois tinha voltado para Tokyo e ainda não tinha lugar para morar.

-E daí...?

-E daí que isso já fazem 5 anos... Te conheço muito bem. Moramos sob o mesmo teto.

-E daí...? – insistiu.

-E daí que você está mentindo, Mitsashi.

-Como você é petulante, Hyuuga!

-Conheço seu rosto quando está mentindo. Você desvia o olhar, dá uma leve gaguejada, une as sobrancelhas e tem uma estranha mania de roçar os lábios um no outro. – falou tranquilamente, em tom baixo, estavam tão próximos um do outro que sua pele sentia e se arrepiava levemente com seu hálito quente com um cheiro suave de hortelã.

 -Por que sabe tanto assim de mim?

-Porque você desperta minha curiosidade.

-Hã? – ela estava claramente confusa – Sua curiosidade?

-É... Seus cabelos comuns, seus olhos comuns... Sua pele comum... Tudo em sua aparência é tão comum... Você é tão normal...

-Aonde você quer chegar, Hyuuga?

-Em qualquer lugar, com tanto que você esteja junto.

-Que brincadeira sem graça é essa? – ela não queria mostrar que estava cedendo, mas seu rosto estava começando a denunciá-la.

-Ah, Tenten, me poupe, você não é tão burra. – disse calmamente em seguida a puxou para outro beijo, a boca dela tinha gosto de café e a dele de hortelã, eram opostos, mas deixaram o beijo com um gosto exótico e afrodisíaco, logo tudo que tinha na mesa foi ao chão e o corpo da jovem artista plástica estava ocupando seu lugar, as mãos dela estavam perdidas nos cabelos compridos e lisos dele, as dele estavam ocupadas demais sustentando seu corpo e acariciando o rosto dela.

Hinata saiu do quartinho de trabalho para tomar uma água, mas ao ver a cena voltou pra dentro do cômodo um tanto assustada, mas feliz, ela já estava torcendo há tempos por aqueles dois.