Tom e Yuri ainda se olhavam. Podia ter passado um segundo, um minuto ou talvez mais desde que a última palavra fora dita, e aquele silêncio chegava a ser esmagador.

Até que o loiro resolveu tomar uma iniciativa. Deu mais um passo à frente, soltou uma das mãos da alça da bolsa e esticou-a até tocar a de Yuri. Assim que este cedeu, os dedos se entrelaçaram.

Naquele momento, quase não havia distância entre os dois garotos. Eles ainda se fitavam, mas os rostos não podiam estar a mais de três centímetros um do outro. E então Tom cobriu toda aquela distância, inclinando-se e pressionando seus lábios contra os de Yuri.

Foi um beijo muito rápido; nada mais que um encostar dos lábios. E então o garoto loiro se afastou, com as faces levemente coradas. Yuri estava em choque. Seus olhos negros encaravam Tom, mas não transpareciam qualquer coisa.

Até que ele levou uma mão ao rosto do garoto. Acariciou-lhe de leve a bochecha, e colocou a mesma mão em sua nuca. Ao fazer esse movimento, aproveitou para puxá-lo para perto, tocando novamente os lábios em um beijo de verdade.

Naquele beijo, estavam contidos todos os sentimentos dos dois garotos.

– Yuri! Tom! A gente estava...

Era Sienna que entrava correndo no corredor. Ao ver a cena que se desenrolava ali, interrompeu-se, estacando no lugar com os olhos arregalados e a boca aberta em um “o” de surpresa.

Yuri e Tom se separaram, encarando Sienna com a mesma expressão.

Os dois começaram a se atropelar com palavras desconexas, tentando explicar de alguma forma o que estava acontecendo ali. Yuri temia que a irmã reprovasse aquilo, que saísse desesperada para contar à mãe ou fazer qualquer coisa do tipo.

Mas, no lugar disso, sua expressão virou um sorriso alegre. Ela correu até os dois garotos e os abraçou ao mesmo tempo.

– Finalmente! – Ela exclamou, ao recuar alguns passos.

– Finalmente?! – Yuri arqueou uma sobrancelha, confuso.

– Sim, finalmente. Eu não estava aguentando mais essa enrolação de vocês dois, pelo amor de Deus!

Agora Yuri e Tom estavam ainda mais confusos.

– Explica, Sienna? – O garoto moreno pediu.

– Ah, por favor,  né! Todo mundo já tinha percebido esse love de vocês dois! Os únicos que não sabiam eram vocês mesmos. Mas diz aí, quem tomou a iniciativa?

Sienna sorria de orelha a orelha, os dois garotos se olhavam. As bochechas naturalmente rosadas de Tom estavam mais vermelhas que brasa, e as de Yuri não podiam estar diferentes – mesmo com a sua pele morena.

– Foi você, Tom? Por que se tratando de romance, esse meu irmãozinho aí não  tem nenhuma prática e...

– Por favor, Sienna. Já deu. – Yuri finalmente se manifestou, cortando a tagarelice da irmã.

– Desculpa! Mas é que...

– “É que...” nada. Fui eu que tomei a iniciativa, se você quer tanto saber. Agora, por favor, tem como parar com essa falação? Está constrangendo todo mundo! – Ele completou. – E agora vamos lá. Acho que você veio aqui para nos chamar, certo?

– É. Isso mesmo. – Ela respondeu.

– Então vamos embora? – Yuri disse, pegando a mão de Tom e fazendo Sienna dar um sorrisinho.

– Vamos. – Ela disse, virando-se e começando a andar em direção à saída.

Depois que a garota já estava longe, os dois garotos começaram a andar.

– E eu que pensava que enfrentar os outros seria mais constrangedor... – Yuri disse à Tom com um sorriso.

– Mas vai ser, Yuri. Não tenha a menor dúvida. Principalmente se depender de Kori. – Ele disse e soltou uma risada.

– Então se é pra ser constrangedor, que seja de uma vez. Quer ficar comigo, Tom? Ficar de verdade? – Yuri parou, virando-se de frente para o loiro.

– Você tem dúvidas, Yuri? – Ele sorriu.

– Talvez. – O moreno deu de ombros.

– Mas não precisa. Não é meio óbvio que eu também gosto de você?

– Sei lá, loirinho.

– Loirinho? – Tom arqueou uma sobrancelha.

– Moreno é que não é, né.

Tom começou a rir.

– Ah, vamos lá. – Disse simplesmente, agarrando a mão de Yuri e puxando-o para fora da escola.

– Que demora,  meninos! – Victoria exclamou ao ver os dois chegando de mãos dadas. – Estavam fazendo o que ali?

– O que você acha, Inglesa? – Tom deu um sorrisinho de canto, erguendo a mão que estava entrelaçada à de Yuri.

– Nossa, isso é que é uma pessoa direta. – Madison brincou, fazendo os dois garotos rirem.

– Mas diz aí, vocês já se resolveram? – Amber perguntou.

– Não, Amber. Eles estão de mãos dadas por que deu vontade, sabe? – Kori ironizou, levando da garota um tapa no braço. – Ei! A sua pergunta que foi idiota! – Ele exclamou, mas depois se calou ao ver o olhar mortal que ela lhe lançou.

– Sim, Amber. Nós nos resolvemos. Satisfeita? – Yuri deu um sorriso.

– Todos nós estamos, meus queridos. Ninguém mais aguentava essa enrolação! – Victoria ergueu as mãos e os outros riram.

– Eu até queria negar, mas é verdade. – Kori disse, com um sorrisinho de canto. – Estava meio óbvio para todo mundo!

– Meio, Kori? Meio óbvio estava no dia em que eles se conheceram! – Sienna exclamou.

– Ok, ok. Todos nós concordamos que tanto eu quanto Tom demoramos um pouco para perceber, mas agora já está tudo resolvido, não precisamos mais discutir sobre isso! – Yuri interrompeu as brincadeiras. – Agora que tal cada um ir para a sua casa e pronto?

– A gente vai! – Victoria exclamou. – Mas antes...

Madison  trocou um olhar cúmplice com a namorada.

– Antes a gente quer um beijo! – Ela sorriu.

– Isso aí! – Victoria apoiou, batendo palmas.

Logo todos estavam batendo palmas e pedindo em coro um beijo, fazendo os dois garotos ficarem com as faces coradas.

–  É sério isso? – Tom perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Seríssimo, Tom. – Victoria respondeu de modo grave.

– Então tá! – O garoto loiro deu de ombros, puxando Yuri para si e dando-lhe um beijo rápido.

Victoria e Madison comemoraram, fazendo os dois garotos corarem e rirem.

Depois de mais algumas brincadeiras, cada um resolveu ir para a sua casa.

– Eu disse que não passaria de hoje! – Victoria disse à Madison enquanto as duas sentavam-se  no chão da sala com livros e estojos de lápis.

– O que você aprontou, Vick? – Madison perguntou, dando um sorriso de canto.

– Eu deveria ter aprontado algo? – Victoria deu um falso sorriso inocente.

– Eu sei que você aprontou, Vick. Eles não teriam se entendido tão rapidamente sem uma mãozinha sua!

– Tá, eu assumo. Mas não foi nada de mais! Eu só falei para o Yuri que o Tom gostava dele! O resto foi iniciativa deles. – Ela deu de ombros.

Madison riu.

– Isso foi bom, Vick. Se não eles iam ficar até ano que vem com essa enrolação. – Ela deu de ombros.

– Sei disso. – Victoria riu. – Mas agora vamos estudar que é melhor.

Madison concordou e as duas pegaram seus cadernos, começando a anotar algumas coisas da matéria que fora passada.

Depois de algum tempo estudando, o telefone tocou.

– Deixa que eu atendo! – Madison exclamou, se levantando e caminhando até onde telefone estava. – Vick! – Ela chamou depois de algum tempo, entregando o aparelho à namorada.

– Quem é? – Esta perguntou.

– Robert. Ele quer falar com você. – Madison deu de ombros e Victoria pegou o telefone sem fio.

Depois de alguns minutos de conversa a garota morena desligou o telefone, colocando-o no chão.

– O que ele queria?

– Me chamar para um jantar, para apresentar Miranda. – Victoria deu de ombros.

– E o que você respondeu?

– Que iria... – Ela disse. – Com você!

Madison começou a rir.

– Comigo, Vick? E o que ele disse?

– Que era para eu te perguntar se você queria ir. E caso a resposta fosse sim, que a gente estivesse arrumada até as sete e meia. – Victoria sorriu.

– Só você mesmo... – Madison balançou a cabeça.

– Mas diz aí! Vai querer ir ou não? – Victoria sorriu.

– Já que você faz questão...

– Eu faço toda a questão, ok?

Madison abriu um sorriso e puxou Victoria para si, dando lhe um beijo rápido.

– São seis horas agora. Nós temos uma hora e meia para arrumar isso e nos arrumar. Dá tempo? – Madison perguntou.

– Bom, eu não demoro mais que vinte minutos para ficar pronta. Deve dar. – Victoria deu de ombros.

– Então vamos guardar isso daqui. – Madison indicou os materiais espalhados pelo chão e Victoria assentiu, ajudando a namorada a pegar os livros e cadernos no chão.

Depois que tudo estava devidamente guardado, as duas garotas subiram para o mezanino e começaram a escolher alguma roupa para vestirem.

– Robert comentou como é o restaurante? – Madison perguntou, mordendo o lábio inferior e mexendo em algumas roupas do armário.

– Não precisa se preocupar com isso, Maddy. Do jeito que ele me conhece e sabe que eu detesto andar arrumada, provavelmente escolheu um lugar legal para a gente ir. – Victoria deu de ombros.

– Ok, então.  – Madison sorriu e pegou jeans com lavagem, uma camiseta cinza-esverdeada com uma imagem do Mickey e da Minnie e sapatilhas pretas com laços.

Victoria colocou uma roupa parecida: jeans azuis, uma camiseta preta com o escrito “I love Rolling Stones” em branco e o símbolo da banda com a bandeira do Reino Unido e tênis pretos.

– Aqui, fecha para mim? – Madison pediu à Victoria, entregando-a um colar dourado com uma medalhinha da mesma cor.

– Claro, vira aí. – Victoria pediu, pegando a corrente da mão da namorada. 

Madison virou-se e puxou o cabelo para frente, deixando a nuca livre. Victoria fechou rapidamente o colar, dando, logo depois, um beijo delicado no pescoço da namorada, que agradeceu e soltou uma risadinha.

Pouco tempo depois o celular de Victoria tocou; era Robert quem ligava para perguntar se as duas garotas já estavam prontas. A sobrinha respondeu afirmativamente.

– Já está quase na hora de irmos. – Ela avisou à Madison.

– Ok, vou só pegar uma coisa aqui e já estou pronta. – Esta respondeu, colocando algumas pulseiras que tirou de uma gaveta.

Assim que as duas estavam completamente prontas, saíram do apartamento.