Tricks of Fate escrita por Sali


Capítulo 15
"Virei-me para trás e vi um garoto."


Notas iniciais do capítulo

~~~~~~~~ISSO NÃO É UM CAPÍTULO NOVO!~~~~~~~~
A fic desconfigurou!
Os capítulos 14, 15 e 16 apagaram-se sozinhos, e eu só percebi agora! Então tenho que respostar TUDO ISSO!
Por favor, vei, não me matem! A culpa não foi minha, foi toda do nyah! T^T
Mas é isso. Cá está o segundo capítulo repostado: Capítulo 15.



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O número chamado está bloqueado para receber ligações.”

Bati o telefone na mesa, com mais força dessa vez. Eu já tentara ligar umas vinte vezes para Maddy, mas sempre dava ocupado. E agora, essa mensagem.

Me joguei na cadeira da escrivaninha e apoiei os cotovelos nos joelhos. Meus dedos agarrando os cabelos.

Com certeza havia sido Jordan. Havia sido Jordan a bloquear o número de Madison do telefone de casa.

– Parabéns Jordan, você conseguiu descer ainda mais baixo! - Murmurei para mim mesma.

Eram oito e quinze da manhã, e eu não conseguia dormir.

Acordara há meia hora, e desde então apliquei minhas energias em ligar incansavelmente para Madison, sem sucesso.

Mirei novamente a tela do celular, só para ver mais uma vez a ausência das barrinhas de sinal no canto esquerdo da tela.

Bufei e joguei o celular sobre a cama. O telefone continuava em cima da mesa, e eu me levantei da cadeira com um pouco de raiva.

Toc, toc, toc.

Ouvi as batidas da porta, mas dessa vez eu tinha certeza que era Jordan.

– Com licença, Victoria. – Eu me virei para a porta e o vi com uma pilha de livros e uma sacola de papel pendurada nos braços.

– Entra...

Ele depositou os livros e a sacola sobre a escrivaninha e se sentou na cadeira onde eu estava momentos antes. Eu preferi sentar na cama.

– Victoria, eu lhe matriculei no colégio Haymitch Abernathy, aqui perto. Suas aulas começarão amanhã de manhã, seu uniforme e seus materiais estão todos aqui, e o ônibus escolar passa aqui na frente. – Ele disse seca e simplesmente.

– Uau, você está cada vez melhor, hein, Jordan? Daqui a pouco já pode virar âncora do noticiário! – Não perdi a oportunidade de ironizar e ele, como sempre, ignorou.

– Bom, é isso. Ah, sim. Hoje eu vou ter de sair para resolver algumas coisas na minha filial daqui. Só volto à noite. Mas como você já está acostumada a ficar sozinha em casa, creio que não é problema... – A última frase tinha uma pontinha de escárnio.

Revirei os olhos.

– De qualquer forma, ficar em casa não é algo que está em meus planos iniciais. – Revidei com um sorrisinho irônico e ele se virou para ir embora.

– Com licença.

Depois que vi Jordan sair de meu quarto e andar pelo corredor, fechei a porta e segui até onde estava a minha mala. Eu não estava com nenhuma vontade de arrumar o armário, então simplesmente peguei uma camiseta azul clara, uma camisa xadrez de mangas e shorts, substituindo a roupa que eu estava por esta.

Peguei meu skate – que eu, felizmente, havia conseguido esconder em uma das malas antes que Jordan o procurasse para jogar fora – e me dirigi para fora de casa.

– Bom dia! – Ouvi uma voz feminina à minha esquerda e me virei a tempo de ver uma mulher saindo da casa ao lado e vindo em minha direção.

Sorri com simpatia.

– Bom dia!

– Você e seu pai são novos aqui no bairro, não é? – Ela perguntou.

– É, nós chegamos ontem... – Respondi simplesmente.

– Meu nome é Lara, e eu moro na casa aqui ao lado. Qualquer coisa que precisar, é só chamar. – Ela sorriu e eu correspondi.

– Muito prazer, Victoria. – Trocamos um breve aperto de mãos.

– Se não for muito indelicado, para onde está indo?

– Ah, eu queria apenas conhecer o bairro. – Dei de ombros.

Lara abriu a boca para falar algo, mas o ruído de um skate atrás de mim a fez parar. Virei-me para trás e vi um garoto provavelmente um ano mais velho que eu. Ele tinha a pele bronzeada, cabelos escuros e revoltos, e olhos expressivos e tão negros quanto uma gema de ônix. Mas mesmo assim, havia uma sombra de algo neles. Meiguice, delicadeza, que me remeteu a alguém.

No braço trazia um skate preto e bem velho, como o meu.

– Ah, Yuri! Você chegou na hora certa! – Lara se voltou para o garoto, que deu um leve aceno de cabeça para mim.

– Oi mãe, que foi?

– Essa é Victoria, a nossa nova vizinha. Victoria, esse é meu filho Yuri.

– Ela nos apresentou e eu dei um leve sorriso e aceno de cabeça, que ele repetiu.

– Filho, você poderia mostrar o bairro para ela? – Lara perguntou e eu vi o rosto do tal Yuri corar por sob a pele morena.

– Sim, mãe. – Ele disse.

– Ah, que ótimo. E onde está a sua irmã?

– Acho que ela saiu de novo com o Lyon. – Ele deu de ombros

.- Mas... eles não estavam terminando?

– Acho que é por isso mesmo. Mas eu tenho um trabalho de guia para fazer, certo? Então até mais tarde, mãe. – Ele disse á Lara e se voltou para mim.

– Vamos, Victoria?

Eu assenti.

– Vamos.

Começamos a caminhar pela rua, sem uma direção concreta. Quando já estávamos afastados das casas e da mulher, Yuri tomou a palavra.

– Ah, desculpe pela minha mãe. – Ele mexeu no cabelo. – Ela fica tão desesperada para eu arrumar alguém que acaba abordando pessoas na rua. – Ele deu uma risada baixa e eu me retraí bem levemente ao ouvir sua última frase.

– Ah, você anda de skate? – Tentei mudar de assunto, olhando o objeto sob seu braço.

– Ando, as vezes. – Ele deu de ombros.

– Eu também. – Respondi, levantando o meu.

Nós caminhamos, enquanto Yuri me mostrava as ruas e casas, até que chegamos na praça que eu imaginei que existia no dia anterior.

Ele cumprimentou algumas pessoas que eu não prestei muita atenção, mas logo nós nos sentamos sob uma árvore.

Yuri era o tipo de garoto que qualquer menina gostaria. Ele era bonito, educado, simpático e andava de skate. Mas, de qualquer forma, nada daquilo me interessava.

– Onde você estuda? – Eu perguntei, interrompendo o assunto sobre skates que já durava algum tempo.

– Haymitch Abernathy, é aqui perto. – Ele deu de ombros.

– Sério?

Ele assentiu.

– Eu vou começar lá amanhã. – Não consegui conter uma leve animação.

– Que ótimo! Agora eu não vou ir sozinho para lá. – Nós sorrimos.

Continuamos conversando sobre amenidades, como se fôssemos velhos amigos. Até que Yuri resolveu me perguntar sobre minha família e de onde eu era.

Eu tentei resistir, mas depois de uma leve insistência dele, acabei contando toda a história. Falei sobre Liverpool e sobre a minha mãe, sobre Fort Lauderdale, Robert e meus amigos. Mas não falei de Madison. Não consegui. Imagens suas invadiram minha cabeça. Vi seu sorriso resplandecente, o riso alegre e livre de preocupações. Mas logo vi também seus olhos de tempestade. Aqueles, que haviam se despedido de mim no dia anterior.

– Victoria? Está tudo bem? – A voz de Yuri cortou meus pensamentos, e eu percebi que havia uma lágrima correndo pela minha bochecha.

Sequei-a rapidamente e esbocei um sorriso.

– Ah, sim, está.

– É... quem é Madison? – Ele perguntou-me e eu me sobressaltei.

– Hã?

– Madison. Você acabou de dizer esse nome. – Ele respondeu-me e eu arregalei os olhos.

Tentei gaguejar uma resposta, mas não conseguia pensar em nada convincente para dizer. Dei um suspiro e abaixei a cabeça, mirando minhas mãos e brincando com o anel na esquerda.

– Posso? – O garoto a minha frente perguntou, indicando-o.

Dei de ombros e tirei o objeto do meu dedo, colocando sobre a mão de Yuri.

– Love is love... – Ouvi seu murmúrio enquanto lia a frase. – É bonito. –Ele sorriu e deslizou o a ponta do indicador sobre o "M" gravado na parte de dentro. –E esse M? É de Madison?

Seu tom era curioso e eu não consegui impedir uma risada baixa. Ele me lembrava a garotinha que eu e Madison encontramos no shopping dias antes.

– É sim. – Respondi com um sorriso leve.

– Hm... vejamos. Uma lágrima e um sussurro, um anel com uma frase de amor e uma inicial gravada, e um sorriso bobo. Posso tentar adivinhar? – Ele olhou para mim e eu sorri de novo.

– Á vontade.

– Você e Madison namoram. Jordan não aceita isso, e quando descobriu, resolveu tirá-la de Fort Lauderdale, para separar vocês duas. Mas, pelo visto, não vai ser tão fácil. – Yuri disse com um sorriso de canto em um tom compreensivo que me fez sorrir também.

– Uau. Você lê mentes ou algo assim? – Brinquei e o vi rir.

– Não é muito difícil adivinhar. – Ele deu de ombros e eu dei uma risada leve.

– Ah! Eu preciso ligar para ela! – Me levantei em um pulo, lembrando-me repentinamente do telefone de casa. – Onde tem telefone público aqui? – Me virei para Yuri, que também já estava de pé.

– Ali, do outro lado da praça tem um. – Ele disse, apontando o local.

Corri para lá e enfiei a mão no bolso do short, tirando uma ficha que eu havia pegado por sorte sobre a mesa da sala. Coloquei a ficha no telefone e digitei o número da casa de Madison, aguardando ansiosa o arrastar dos toques da ligação.

No final de alguns segundos, finalmente uma voz feminina estranha atendeu.

Sim?

– Quem fala?

Miranda. Com quem quer falar? – Estranhei. Não havia nenhuma Miranda na casa de Madison.

– Com Madison Dale. Ela está?

Madison Dale? Não há nenhuma Madison aqui! Quem fala? – A mulher respondeu.

– Meu nome é Victoria. Mas obrigada. Deve ter sido engano. – Agradeci com o máximo de simpatia que meu estado de ansiedade permitia.

Qual é o número que você deseja? – Miranda perguntou-me.

– 240-9020. – Eu citei o número de Madison. (N/A: É um número fictício, só pra lembrar)

Bom, Victoria, o número que você me disse é o daqui mesmo. Como mudamos recentemente, pode ser que este seja o antigo número dessa tal Madison Dale. –A mulher me disse como uma explicação.

– É, deve ser isso... muito obrigada, de qualquer forma. – Agradeci-a cordialmente, tentando disfarçar ao máximo a decepção que tomava minha voz.

Não é nada, querida. Boa sorte com a ligação. – Ela respondeu-me educada e desligou o telefone.

Ouvi por alguns segundos o contínuo e repetitivo som que o telefone emitia antes de colocá-lo de novo no gancho com um suspiro triste.

– O que houve, Victoria? – Yuri perguntou-me enquanto andávamos com passos lentos pela praça.

– Madison... mudou o telefone. – Sussurrei.

– Ela não lhe avisou?

– Deve ter tentado, mas Jordan bloqueou nossas ligações. – Sacudi os ombros.

– Nossa, que droga. – Ele disse e eu sorri levemente.

– Verdade.

– Mas... você já tentou o celular?

– Lá em casa o meu celular estava sem sinal. – Respondi meio desanimada.

Yuri ofereceu-me seu celular, e eu tentei ligar para Madison, novamente sem sucesso.

– Já está meio tarde. Acho que daqui a pouco Jordan vai chegar e me encher. – Assim que disse a última palavra, vi um Camaro prateado (que eu assumo que não entendi até então como ele o havia levado para lá) entrar na rua da casa onde morávamos agora.

Ri baixo.

– Eu disse.

– O Camaro é dele? Uau... – Yuri comentou e eu ri.

– Pois é. – Olhei em volta. – Vamos?

Ele assentiu e nós nos levantamos, andando normalmente pelas ruas. Assim que chegamos em frente a nossas casas, nos despedimos com um simples aperto de mãos.

Fiquei por um tempo vendo Yuri entrar em casa, para depois finalmente andar pela calçada, atravessar a cerca branca e ir pelo pequeno caminho cimentado para encarar a porta mal pintada, e só ali me lembrar que eu não havia pego qualquer chave da porta.

Revirei os olhos e bati quatro vezes na porta com os nós dos dedos, aguardando alguns segundos antes de ver a desagradável expressão de Jordan.

Ele me deu espaço e eu entrei sem ao menos abrir a boca.

– Posso saber onde estava, Victoria? – Ele perguntou.

– Por que te interessa? – Perguntei enquanto me dirigia até a cozinha atrás de alguma comida.

Não havia comido absolutamente nada naquele dia.

– Você é a minha filha, Victoria! – Ele exclamou e eu sorri ironicamente.

– Não foi o que você disse há dois dias atrás. Como foi mesmo? – Fingi pensar. – Ah, sim. Que você não teria uma filha gay.

Dei ênfase na última palavra e o ouvi engasgar. Resolvi continuar com aquilo, enquanto tirava da geladeira pão de forma e pasta de amendoim.

– Esse assunto já foi resolvido, Victoria! – Ele disse com uma voz determinante, como se quisesse vetar o assunto.

– Para mim não. Ora, Jordan. Você nunca deu atenção para mim! Por que resolveu aparecer de repente? E por que, mesmo pouco se importando comigo, fez tudo isso? – Gesticulei para o espaço.

Ele parecia acuado. Não sabia o que responder.

– Ora, Victoria! Eu me importo sim com você!

Ri com ironia. Queria dizer muito mais coisas, mas me limitei a uma frase.

– Quanta contrariedade! – Exclamei, jogando a faca que eu usava na pia e indo para o meu quarto com um prato e um copo na mão.



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Notas finais do capítulo

É isso.
E eu perdi quem comentou no capítulo anterior, então não vai estar aqui, kay?