Encaixe Perfeito escrita por Bê s2


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira short de CSI, e retrata uma das mil formas que se passam na minha mente sobre como seria o início do relacionamento de Grissom e Sara.
Críticas e sugestões são sempre muito bem vindas! (comentários também HAUHAUAHUH)
Espero que apreciem!
Boa leitura ;)



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Encaixe perfeito

Chovia muito em Las Vegas.

 Grissom e Sara estavam na SUV do laboratório, acompanhados de um silêncio mortal. Haviam acabado de sair da clínica psiquiátrica, onde Sara fora atacada por um dos internos. Ela estava visivelmente abalada e passou o caminho inteiro olhando pela janela.

Quando pararam em frente ao laboratório, Grissom a impediu de sair do carro.

--Espere. Eu te levo em casa.

--Não precisa, Grissom. –Ela respondeu, evitando encará-lo.

--Precisa sim, Sara. Eu vou deixar os relatórios na sala do Ecklie, e você não precisa ir.

--Grissom, eu...

Ele cortou-a:

--Por favor, Sara. Você não está bem. Eu te levo. Se quiser, podemos tomar um café antes.

Ele falava baixinho, como se fosse algo errado. Ela finalmente olhou-o e sorriu:

--Tudo bem, Grissom.

--Ótimo. Espere no meu carro. –Ele lhe entregou a chave – Você sabe qual é?

--Sim. Mas e o meu carro?

--Eu posso te trazer amanhã, se quiser. Você não está muito bem para dirigir hoje, Sara. É melhor assim.

Ela assentiu com a cabeça, agradecida. Pegou a chave do carro dele e saiu apressada, para não se molhar muito. Ele deu um sorrisinho e entrou no laboratório.

Já havia passado mais de meia hora do fim do turno. Nenhum de seus colegas estava lá, além de Sofia, que ele avistou ao longe. Grissom deu um suspiro cansado, e bateu na porta de Ecklie.

--Conrad, aqui está o relatório do caso do hospital psiquiátrico. O relatório da Sara também está aí.

O homem pegou os envelopes que Gil oferecia e deu uma olhada.

--Por que a Sidle não veio entregar o dela? –perguntou.

--Eu a liberei, ela não está muito bem.  Você deve saber que ela foi atacada por um dos internos.

--Sim, eu soube. Espero que isso não tenha interferido nas evidências, e também que esteja tudo documentado no relatório.

--Ela está bem, Conrad, não precisa se preocupar. –Respondeu irônico.

--Só isso?

Grissom assentiu e saiu da sala. Ecklie conseguia matar a sua paciência.

Gil passou em sua sala para pegar algumas coisas e logo seguiu para seu carro, que estava no estacionamento. Andou rápido para não se molhar, e logo eles estavam novamente nas ruas de Las Vegas.

Já estava amanhecendo, quando ele perguntou a Sara:

--Quer tomar um café da manhã comigo?

--Aceito, Griss.

--Algum lugar em especial?

Ela negou com a cabeça.

--Posso escolher, então?

--Claro. –Ela sorriu.

Depois de um tempo, Sara perguntou:

– Por que está fazendo isso?

--Isso o quê?

--Sabe, você me chamou pra tomar café. –Seu tom era óbvio.

Ele fez um bico pensativo, mas depois sorriu de lado.

--Qual o problema em te chamar para tomar café?

--Aparentemente nenhum, eu acho. É que quando eu te chamei, você disse não.

Ela continha um ressentimento na voz. Ele se lembrou do dia em que ela o tinha chamado para sair. Gil não sabia que Sara ainda lembrava-se daquilo.

--Só que na época eu não podia ir, Sara.

--Não podia, ou não queria?

Talvez a resposta para aquela pergunta fosse o inicio do diálogo que ele pretendia ter com Sara o mais rápido possível. Tinha tomado a decisão naquela noite, quando a viu sendo ameaçada por um maluco. Era uma atitude importante, que iria mudar toda sua vida. Mas para isso, ele teria que deixar seus receios de lado.

Tomado por uma coragem súbita, ele respondeu:

--Eu queria, mas não podia. Tinha uma consulta muito importante no médico, no dia seguinte, e não podia faltar.

Ela se espantou, ele sempre aparentara ter uma ótima saúde, exceto por algumas enxaquecas pontuais.

--Médico? –indagou.

--Sim, Sara. Lembra-se que logo depois me afastei? Eu fui fazer uma cirurgia.

Eles ficaram um momento em silêncio. Ela não sabia se podia prosseguir com as perguntas, afinal, Gil Grissom era muito reservado e não respondia nada sobre sua vida pessoal. Mas não custava nada arriscar:

--Cirurgia do quê, Griss?

Eles pararam em um Drive Thru, e Gil perguntou a ela, sem responder a pergunta:

--Como você quer seu café?

--Expresso, com creme chantili. –Ela respondeu.

Sara não parecia muito chateada por ser ignorada, já estava acostumada.

O homem virou-se para a atendente:

--Dois expressos com chantili. Dois donuts de chocolate, dois de doce de leite e, hum... Uma rosquinha de cada sabor, por favor.

A atendente digitou o pedido e lhe entregou a nota. Ele pagou e seguiu para retirae seu pacote.

--Grissom, pra que tudo isso? –Sara perguntou com um ar de riso.

--Não está com fome?

--Sim, mas não acha que uma rosquinha de cada sabor chega a ser um exagero?

--São doze sabores, só.

Ela riu e segurou o pacote com o café que ele lhe entregava. Quando voltaram à rua, Gil disse:

--A minha cirurgia era no ouvido, Sara.

Ela se surpreendeu, não pensou que ele fosse responder. Vendo que ela ficou quieta, e surpresa, ele continuou:

--Eu estava perdendo a audição, e se eu não fizesse a cirurgia não poderia mais trabalhar. Ouvir é imprescindível no nosso trabalho. Se nós fôssemos jantar, eu provavelmente perderia meu horário no médico.

--Eu... Não sabia.

--Só Catherine sabia. –Explicou.

Ela parecia meio chocada. Grissom se apresentava frágil diante dela. E apesar de estar sempre virado para frente, de olho no trânsito, ela percebia as variações na sua expressão.

--O que você tinha? –Arriscou, vendo que ele estava com a guarda mais baixa.

--Otoesclerose, doença genética. Minha mãe tem, mas não fez a cirurgia. Por isso eu sei falar com sinais, ela me ensinou.

--E, depois da operação, corre algum risco de você voltar a perder a audição?

--As chances são mínimas. Basta eu me cuidar.

--Coisa que você com certeza faz.

Ele olhou para ela e deu um sorrisinho de lado.

--Onde estamos indo? –Ela perguntou.

--Tomar o nosso café. Não quer comer no carro, não é?

--Não. Mas, onde especificamente nós estamos indo?

--Para a minha casa. É mais perto daqui do que a sua. Se não se importar, é claro.

Ela não respondeu. Não havia por que se importar. Mas a surpresa estampava seu rosto novamente. Era incrível como Gil Grissom conseguia ser tão surpreendente, diferente, misterioso.

Ele estava diferente naquela manhã, mas era algo novo que a agradava. Ele estava mais aberto, lembrava os tempos de São Francisco.

No restante do percurso, que durou uns quinze minutos, eles ficaram em silêncio. Quando chegaram na garagem da casa de Gil, ele fez questão de abrir a porta do carro para ela, com um sorriso no rosto.

Assim que Sara entrou na casa, percebeu as características de Gil presentes em tudo. No geral, era simples, bonita e bem cuidada. Ela pôde ver vários livros em uma sala confortável, uma cozinha impecavelmente limpa e um jardim bem aparado e com vários tipos de plantas, “onde muitos insetos devem morar”, pensou com um sorriso.

Gil entrou na frente e arrumou uma mesa redonda na cozinha, deixando Sara observar tudo.

--Vamos comer? –convidou.

--Claro.

Eles se sentaram, e Gil colocou as coisas do pacote na mesa.

--Você é muito organizado para um homem, Griss. –ela comentou, depois do primeiro gole de café.

Ele sorriu de lado.

--Está melhor? –perguntou atencioso.

--Estou sim, obrigada.

Mais um momento de silêncio, dessa vez quebrado por Sara:

--Você vive aqui sozinho?

Como se tivesse escutado a pergunta da moça, um latido de cachorro veio dos fundos da casa, assustando Sara.

--Não. –Ele respondeu com um sorriso.

--Percebi. –ela resmungou.

--Quer conhecê-lo?

Sara assentiu a cabeça. Eles terminaram o café e atravessaram a casa, ele a guiava pela mão.

No percurso, eles passaram por onde Sara julgou ser um banheiro, que estava com a porta fechada; um quarto com uma cama de solteiro impecavelmente arrumada; outro quarto com uma cama de casal, também organizado, que era onde Grissom dormia, constatou quando viu mais livros e alguns bichos dentro de vidros na estante.

Depois de tanto tempo e tanta recusa, não se permitia mais imaginar que um dia pudesse estar ali, na casa de Gil, sendo guiada por ele para conhecer seu cachorro.

Eles saíram por uma porta que ficava no fim do corredor. Os fundos da casa eram cobertos, tinha uma churrasqueira – que parecia nunca ter sido usada – uma bicicleta, no mesmo estado de conservação da churrasqueira e um canil, onde um enorme boxer marrom latia para o dono e abanava o rabo.

--Está com Fome, Hank? –Gil perguntou, olhando para o cão.

Ele soltou a mão de Sara e foi pegar um pouco de ração. Despejou uma quantidade considerável no prato dele e trocou sua água.

--O nome dele é Hank, ou eu estou ouvindo muito? –Ela ria.

--É Hank. –Confirmou.

--Por que esse nome? Uma homenagem ao paramédico? –Arriscou.

Seu tom era bem-humorado, e ele entrou no clima.

--Não, eu gosto dele.

--Do Pedgrew? –Sara estava confusa.

--Não, Sara, do meu cachorro.

Ela não agüentou e caiu na risada, e recebeu um sorriso divertido de Gil.

--Não sabia que você gostava de cachorros, Grissom.

Ela se abaixou para acariciar o cão. Ele parecia ter gostado dela.

--Eu gosto. Tenho o Hank há uns dois anos. Estava muito... Sozinho, resolvi adotá-lo. Agora ele é a minha companhia.

--Não era mais fácil arrumar uma namorada? –ela deixou escapar. –Me desculpe, eu...

Sara gesticulava nervosa, com certeza tinha passado dos limites seguros. Mas ele apenas corou de leve com a pergunta e respondeu:

--Na época quem eu queria não estava disponível.

Ela olhou-o curiosa. Ele não respondeu de imediato. Se abaixou ao lado dela para acariciar o cachorro. Se encaravam.

--Ela estava com o outro Hank.

Sara ficou chocada. Piscou duas vezes e parou de acariciar o cão. Gilbert sustentou o olhar dela.

--Quando eu me dei conta que ela estava bem ali, ela não estava mais. Ele foi mais rápido. Depois disso, achei que o certo fosse ser assim, cada um com alguém parecido... Da mesma idade. –ele engoliu em seco. –Até ontem à noite.

--Mudou de idéia? Pretende voltar atrás?

Ele arqueou uma sobrancelha, e fez um bico de lado.

--Agora é muito tarde...? –perguntou inseguro.

Mas ele não pôde continuar, foi calado com um beijo. Um beijo quente, envolvente, nostálgico. Sentir os lábios dela contra os seus novamente era o que mais ansiava desde que voltara de São Francisco. Seus lábios se encaixavam e formavam uma sincronia perfeita. Só se separaram quando seus pulmões gritaram por oxigênio.

--Podia ter dito antes. –Ela sussurrou, sorrindo docemente para ele.

Ele fez um bico característico, com os olhos brilhando intensamente.

--Nunca é tarde para amar, Gil. E eu te amo.

--Esse amor pode sobreviver às minhas manias, teimosia e... Idade?

Ele estava receoso da resposta dela, mas precisava ouvir.

--Gil, eu também tenho manias, problemas, temperamento forte e jamais pensei na sua idade como algo realmente relevante.

--Eu tenho quase cinquenta anos. Poderia ser seu pai. Isso é relevante.

Ela bufou, mas não de raiva. Então, explicou segurando a mão dele:

--Primeiro: você jamais teria um filho com quinze anos, responsável como é. Segundo: meu pai era trinta anos mais velho do que eu. Terceiro e mais importante: você não é meu pai.

Ela se aproximou e encostou seu rosto no dele.

--Se você pensa que vai se livrar de mim quando o primeiro carinha passar perto pode tirar essa idéia da cabeça. Eles são realmente imaturos, e... Não são você.

Dessa vez ele quem grudou seus lábios no dela, num beijo mais calmo e demasiadamente apaixonado.


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