Lances da Vida escrita por CaahOShea


Capítulo 8
Capítulo 6- Novo Hospede


Notas iniciais do capítulo

Olá flores, que saudade de vocês! * se esconde de vergoinha kk*
Tudo bem com vocês?
Bom, como eu sempre digo, eu demoro mas sempre volto! hehe. Aqui estou com mais um capítulo de Lances da Vida! E estou muito feliz, a fic chegou aos 70 reviews em 6 capítulos * dancinha da vitória* Vocês são demais flores!
Esse capítulo era pra ter saido antes flor, mas infelizmente a minha inspiração não ajudou muito. Eu fiz, refiz, mudei de novo, refiz outra vez, acrescentei, tirei. kk. E esse foi o resultado final. Perdoem se não ficou bom amores, mas realmente foi o meu melhor =/ Espero que gostem!
Ah, gostaria de agradecer a todas que comentaram no capítulo anterior, e um agradecimento especial a nova leitora, a Lena, que deixou reviews lindos na fic, obrigada flor! E também, como sempre, a minha fiel e fofa amiga, Bella, que me ajudou mais uma vez nesse capítulo ^^ Amiga, obrigada por me aturar kk
Bom, sem mais, boa leitura, nos vemos lá em baixo!



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POV. Edward Cullen:

O vento zunia forte chacoalhando as copas das árvores, fazendo os galhos se chocarem. Mais uma tempestade de verão na cidade. Olhei para o céu carregado de nuvens, os raios estrondosos e multicoloridos cortavam o céu sombrio, deixando um rastro de clarão.

Sombrio.

Era assim que eu estava me sentindo. Na verdade, naquele momento, era difícil decifrar quem era o mais sombrio – eu ou o céu carregado de nuvens cinzentas.

Suspirei olhando para a enorme Torre do Relógio, que marcava 20h00min. Eu estava ali há quase duas horas desde que saíra de casa. Eu estava sobre uma pequena cobertura improvisada de uma casa antiga, tentando sem sucesso me proteger da chuva que caia forte, formando poças de água sobre o asfalto.

Eu estava completamente encharcado, sem dinheiro e sem saber pra onde ir. Mas não me arrependia da minha decisão.

Fechei os olhos com força. A cena no quarto , antes que eu saísse de casa ainda rondava minha mente.

#Flashback On#.

Sentei na cama com um longo suspiro, ao lado das minhas malas que repousavam sobre ela, já prontas. Aquele seria o começo de uma nova vida pra mim, e de certa forma, eu me sentia aliviado. Mesmo não sabendo pra onde iria. Ou mesmo o que aconteceria daqui pra frente.

Em primeiro lugar, eu teria que arrumar um lugar para ficar.

E segundo, um emprego. Um emprego que me ajudaria a caminhar com as próprias pernas.

Esme me encarava com uma expressão desolada, escorada a soleira da porta do meu quarto. Seus olhos verdes topázio opacos e entristecidos captavam cada movimento que eu fazia. Ela permanecera em silencio desde que havia chegado do Hospital, a pouco mais de trinta minutos.

Soltei um longo suspiro, agoniado. Eu realmente não suportava ver minha mãe, a mulher mais forte e amorosa deste mundo, sofrendo daquela forma.

– Você não pode fazer isso... – Minha mãe choramingou, quebrando o silencio. Respirei fundo, passando a mão pelos cabelos. Eu sabia que não seria fácil a despedida e não queria causar mais dor a ela.

– Você é meu bebê, não pode ir pra longe de mim – Ela continuou choramingando. Ri baixinho caminhando a passos largos até ela, puxando-a para mais perto de mim.

– É o melhor, mãe. Para todos nós. – Falei com um suspiro demorado tentando mostrá-la a situação insustentável em que me encontrava. – Eu não posso mais viver aqui assim, mãe, sobre o mesmo teto que Carlisle. Não depois de tudo o que ele fez.

Silencio. Esme permaneceu em silencio, examinando minha expressão cuidadosamente. Mas nada me faria voltar atrás em minha decisão. Nada.

– Essa é sua casa meu querido, eu... Pra onde você vai?

– Eu vou ficar bem, mãe. – Eu disse. Melhor do tenho estado nos últimos anos; completei mentalmente.

– Se eu te pedisse pra ficar, você não atenderia não é? – Ela perguntou – É claro que não, eu não tenho esse direito. Me desculpe querido, só... É difícil acreditar que a minha família está se desfazendo aos poucos.

– Eu sinto muito, eu não queria que fosse assim, mas não existe outra saída.

– Eu entendo querido. Em todos esses anos, hoje foi à primeira vez que eu realmente pensei no divórcio. – Ela disse e meus olhos se arregalaram. - Seu pai foi longe demais dessa vez. É nossa filha, nossa caçulinha, a garotinha que era a princesa da vida dele, a única filha, como ele foi capaz?!

– Carlisle não é o mesmo, mãe. Ele mudou. – Falei – Talvez tenhamos demorado tempo demais para admitir isso.

– Eu sei, querido, eu sei. Acreditando ou não, não era isso que eu queria para minha família. – Ela disse – Eu gostaria de ter a mesma coragem que você e voar, em busca da felicidade, buscar uma nova vida. Mas no fundo eu sou como uma boneca de pano rasgada, com danos irreparáveis. Danos cravados em mim durante todos esses anos.

– Todos podem ter uma segunda chance, mãe.

– Vou me lembrar disso querido – Ela disse beijando minha bochecha, eu sabia que aquele assunto não fazia bem a ela. – Talvez o meu maior erro seja acreditar demais que tudo pode voltar a ser como era antes.

Suspirei soltando uma lufada de ar.

– Eu tenho quer ir. Não quero topar com Carlisle. – Murmurei olhando pela janela, a chuva que anteriormente era torrencial, agora era apenas uma garoa moderada.

Ela assentiu.

– Não chore, mãe. Isso não é um adeus, estou apenas me mudando. – Falei – É como seu eu estivesse fazendo uma longa viagem, certo?

Ela torceu os lábios numa linha rígida, ela sempre fazia isso quando era contrariada. - Eu te amo, filho. – Ela disse me abraçando – E você sabe que poderá contar comigo sempre, não é? Sempre estarei aqui pro que você precisar, querido.

– Certo, eu acabei de descobrir que odeio despedidas. – Resmunguei sentindo meus olhos arderem.

– Oh que cena mais meiga. Mãe e filho abraçadinhos... – A voz dura de Carlisle soou pelo quarto, me fazendo virar o rosto para encará-lo. Ele estava parado na porta, nos observando com olhos febris enquanto segurava um copo de uísque.

– O que faz aqui?! – Rosnei dando um passo em direção a ele, mas Esme me impediu, segurando meu braço meio metro antes que ficássemos cara a cara. Carlisle riu grotescamente.

– Ora Esme, deixe o garoto vir! – Ele disse cruzando os braços me desafiando– Venha Edward, não é isso que você quer? Não quer me bater?! Esse é a sua oportunidade!

Travei o maxilar, sentindo todos os meus músculos enrijecerem.

– Você é louco, louco! – Gritei indo em direção à cama, pegando minhas malas.

Meus nervos já estavam em frangalhos há tempos e depois de discussão no Hospital, eu não aguentaria passar nem mesmo alguns segundos a mais naquela casa.

– Aonde pensa que vai?! – Ele disse travando o maxilar, segurando meu braço antes que eu passasse pela porta. Puxei meu braço, encarando-o.

– Estou indo embora daqui. – Falei tranquilamente. Eu podia ouvir os soluços de Esme ao fundo, misturado com as gotas de chuvas que batiam contra a janela. – Você não precisa mais se preocupar com seu filho rebelde, ‘’papai’’.

– Você não faria isso...- Ele disse fechando os olhos em fendas encarando as minhas malas. Não me dei o trabalho de respondê-lo, virando as costas. – Se você sair por aquela porta , nunca mais pisa nessa casa!

– ÓTIMO! – Gritei – Me faça esse favor!

– Muito bem, se essa é a sua decisão. – Ele disse friamente– Mas as suas malas ficam. Se quiser sair dessa casa, não levará nada com você. Nem um centavo.

♫ Somebody That I Used To Know– Glee ♫ * Escutem a música flores, pra dar o clima e esquentar a briga.

– Carlisle é nosso filho! – Esme disse horrorizada – Você enlouqueceu?!

– Eu só tenho um filho, Esme. E o nome dele é Emmett!

Foi tudo tão de repente eu não reparei a tempo. Não reparei quando os olhos de Esme brilharam furiosamente em direção a Carlisle. A mão dela acertou em cheio o rosto dele, com um barulho seco, deixando uma marca avermelhada no local.

Como diz o ditado, as mães viram verdadeiras leoas quando se trata dos filhos. Mas eu nunca imaginaria que ela tomaria essa atitude tão... Expressiva.

Ele a olhou incrédulo.

– Nunca mais repita isso! – Ela gritou encarando-o de forma dura, apesar de todo o seu corpo estar tremulo. Eu jurava que ela estava prestes a ter um ataque. – VOCÊ NÃO É MAIS O MEU MARIDO, NÃO É MAIS O PAI DOS MEUS FILHOS, EU NEM SEI MAIS QUEM É VOCÊ, ESTOU VIVENDO COM UM ESTRANHO!

– O que deu em você Esme... – Ele murmurou sua expressão se tornando taciturna, levando à mão as têmporas. Ele parecia estar com dor de cabeça.

– Eu sempre fiz tudo, tudo por você, pela nossa família, pelos nossos filhos. Sempre te apoiei, mesmo quando estávamos num momento difícil de nossa vida, quando eu estava grávida de Emmett e não sabíamos nem mesmo quando seria a nossa próxima refeição. - Ela disse com um fio de voz - Ou quando você resolveu entrar na politica, eu te apoiei incondicionalmente, mesmo quando você viajava por semanas em campanhas, e eu ficava em casa sozinha com nossos três filhos!

Ela parou e respirou fundo, como se fosse doloroso demais reviver as lembranças.

– Mas nada disso pareceu ser o bastante pra você! Nada! – Continuou – A Esme que sempre fechava os olhos pra não ver todas as barbaridades que você fazia, a mulher que sempre te apoiou, que sempre amou, que sempre defendeu você, essa você perdeu quando fez com NOSSA FILHA!

Ele trincou os dentes.

– Espero que repense em suas atitudes. Enquanto isso, não me procure mais. - Disse saindo do quarto batendo a porta com força antes mesmo que ele respondesse. Ele tentou alcançá-la, mas eu impedi segurando-o pelos ombros.

– Se você voltar a tentar alguma coisa, ou pensar em machucar alguém, qualquer que seja eu juro que todos vão saber quem é o verdadeiro Carlisle Cullen. Tem sorte de eu não ter contado tudo a impressa hoje! – Falei sério – O nome Terry Mackenzie te lembra alguma coisa?

Ele estancou no lugar abrindo a boca para falar, mas nada saiu de seus lábios. Terry era um dos editores chefes de uma revista famosa de fofocas. Ele e meu pai nunca se deram bem e Terry não pensaria duas vezes em acabar com a perfeita carreira da Carlisle diante da mídia.

– Certo Senhor Cullen. – Falei colocando as malas no chão. - Então acho que temos um acordo.

Sai do quarto sentindo o enorme peso que comprimia meus pulmões se dissolvendo em um estalo, quase doloroso, e então eu senti que podia respirar outra vez. Aliviado.

Do lado de fora os empregados estavam no corredor, me olhando surpresos. Desci as escadas sem olhar para trás, apenas com a roupa do corpo.

#Flashback Off#

E a partir daquele momento, ele obteve o que sempre quis. Ficar sozinho.

Eu não pretendi voltar aquela casa tão cedo. Nossa família agora havia se dissolvido completamente. Minha mãe havia decido ir até a casa da minha tia, Elisabeth, em Connecticut. Ela precisava de um tempo pra pensar. Ficaria lá por um tempo, longe dos holofotes, dos jornalistas ou matérias sensacionistas da mídia.

Então só restavam Alice e Emmett. Minha irmã teria alta em uma semana. E eu duvidava que ela voltaria para casa depois de tudo o que acontecera. E Emmett, apesar de ser o mais neutro de todos nós, eu conhecia meu irmão e sabia que seu profundo senso de justiça, não o permitiria voltar.

Eu sabia que, pelo menos por enquanto, Carlisle estaria neutralizado. Como numa partida de Xadrez, ele esperaria meu próximo movimento para só então utilizar sua estratégia para fazer o Xeque Mate.

POV. Bella Swan:

– Bella, tem mesmo certeza? – A voz de Wendy soou hesitante do outro lado da linha. Estávamos conversando no telefone a pouco mais de vinte minutos conversando. – Eu não quero te atrapalhar, se não puder, eu vou entender.

– Tudo bem, Wendy, sem problemas. Será um prazer ficar com a Jenny amanhã. – Disse sincera. Wendy havia me ligado avisando que o seu plantão mudaria amanhã, e por isso não poderia buscar Jenny na escola.

– Ah Bells, você é um anjo! – Ela disse aliviada – Ela está toda animada aqui, não para de tagarelar sobre o que vocês irão fazer juntas amanhã!

Eu sorri involuntariamente. Eu podia ouvir a voz infantil de Jenny soar do outro lado da linha, animada, pedindo para falar comigo. A linha ficou alguns segundos muda até alguém voltar a falar.

– Oi tia Bella, estou tão feliz que vamos nos ver amanhã! – Ela disse feliz. – Eu estou arrumando minhas roupinhas!

– Ah eu também estou feliz florzinha – Falei rindo. – Mas agora está na hora da princesinha ir dormir. Nos vemos amanhã, certo?

– Tá bom. – Ela disse bocejando – Eu te amo de montão, tia.

– Também te amo – Disse sorrindo – Boa noite amor, durma bem.

Desliguei o telefone sorrindo bobamente.

Eu não poderia negar que cuidar de Jenny não era uma tarefa fácil, pois ela era uma criança bastante serelepe. Mas sua simpatia e seu jeito de parecer gostar de todo mundo são sua marca registrada. É impossível não amá-la com seu jeitinho teimoso, meigo e cuidadoso.

Desviei meus olhos do aparelho telefônico até a parede a minha frente. Já passava das 21h00 e até agora eu não havia recebido nenhuma noticia de Edward. Ele tinha saído de um jeito estranho do Hospital, me deixando sem reação.

Eu não conseguia tirar da cabeça a imagem dos olhos abatidos de Alice, seus bracinhos frágeis tentando se desvencilhar dos enfermeiros. Balancei minha cabeça de forma negativa tentando desviar a linha dos meus pensamentos, bebericando o leite quente que fumegava na xicara.

Lá fora as árvores eram chicoteadas pelo vento forte e intenso, que lutava junto à chuva. Suspirei, cansada ,vagando de canal em canal procurando algo interessante. Naquela noite não existia outro tema na TV a não ser ‘’ Os Cullens’’. Quando ia trocar de canal uma reportagem me chamou atenção.

‘’A família Cullen parece estar passando por uma séria crise. Após a tentativa de suicídio da filha mais nova, agora a história é outra. Testemunhas afirmam que a primeira dama do senado, Esme Cullen, teria deixado a mansão da família após uma briga. O outro filho do casal, Edward Cullen, também teria saído de casa após o episódio. Será esse o fim da família mais conhecida de Nova Iorque?! ’’

Pisquei os olhos duas vezes pra ver se realmente estava escutando aquilo. Minha boca se abrindo em forma de ‘’o’’ completamente surpresa. Edward tinha saído de casa! Naquele instante a frase dele antes se sair do Hospital veio à tona na minha mente, fazendo sentindo: ‘’ – Vou fazer algo que deveria ter feito há algum tempo. ’’

Então de repente ouvi batidas leves vindo próxima ao meu quarto. Batidas na janela. Devia ser apenas o vento.

– Bella... – Ouvi alguém me chamar. Franzi a testa, tentando ignorar o barulho por alguns segundos. Ótimo, agora só o que me faltava era ser atormentada por fantasmas!

– Bella, por favor, estou congelando aqui fora. – A voz falou de novo, tremula.

Desliguei a TV, irritada, me levantando do sofá.

Enquanto caminhava pé ante pé ouvi outro barulho, desta vez, vindo próximo à escada de incêndio. Era um barulho seco, como se alguém tivesse tentando escalar até a janela.

– Quem está ai? – Perguntei pronta para acertar quem quer que fosse com o taco de Baseball que repousava perto da parede.

– É o Edward. – Respondeu com voz arrastada. Certo, definitivamente não era um fantasma!

Ele estava bêbado ou era impressão minha?!

Meus olhos se arregalaram à medida que minha mente processava a cena a minha frente.

Pisquei os olhos, atônita demais para esboçar qualquer reação. Ele estava com a mesma roupa que usava no Hospital, exceto por um pequeno detalhe. Suas roupas e seus sapatos, assim como seu cabelo estavam completamente molhados. Ele estava completamente encharcado.

Pela segunda vez hoje, Edward Cullen estava lá, parado em frente à janela do meu quarto. Corri até a janela abrindo-a rapidamente, completamente afoita.

– Rapunzel, Rapunzel, jogue suas tranças! – Ele fez piada, tentando se equilibrar no último degrau da escada de ferro.

Segurei o mais firme possível sua mão, antes que ele se desequilibrasse e rolasse escada a baixo. Ele se equilibrou com a minha ajuda, fazendo um impulso com o corpo, gemendo quando abaixou o dorso tentando passar pela janela do quarto. Mas ele não teve muito sucesso na ação e caiu como um a fruta madura no chão. Prendi o riso tentando me mostrar séria.

– Eu devia te jogar daqui de cima, isso sim! – Ralhei sentindo o odor de Álcool misturado com nicotina vindo dele. – Você está bêbado!

– Não estou não! - Negou me fitando com um sorriso pouco natural, quase forçado.

– Está sim! – Repeti resoluta levantando três dedos para fazer o famoso teste de embriagues. – Diga, quando dedos têm aqui?

– Tem... – Ele disse cerrando os olhos como se não enxergasse direito. – Seis?

Rolei os olhos.

– Aqui tem três dedos, Edward! – Falei em reprovação.

– Estou mesmo bêbado né? – Ele disse torcendo os lábios. Eu apenas assenti e seu sorriso bobo se desfez e ele murmurou algo inaudível.

– Sim está! – Falei ajudando-o a se equilibrar novamente – Tem algo a dizer em sua defesa Cullen?

– Você... Fica... Linda... Sobre a luz da lua – Ele disse fechando os olhos por alguns segundos e abrindo-os em seguida, como se lutasse para mantê-los abertos. Senti meu rosto corar.

– Certo, além de bêbado, você está ficando cego. – Brinquei passando um de seus braços sobre o meu pescoço para melhorar o equilíbrio, levando-o em direção ao banheiro. – Vem comigo.

– Ei, pra onde está me levando, Bells?– Brincou. - Está me sequestrando?

– Não. – Falei rolando os olhos– Você precisa de um banho, e estou te levando até lá.

Ele torceu os lábios ficando pálido de repente, se segurando na parede ao lado. Franzi a testa confusa.

– Acho que eu vou... Vomitar. – Anunciou levando a mão a boca.

Pelo visto, essa seria uma longa noite!

• • •

– A roupa ficou ótima... – Falei mordiscando o lábio inferior. Edward agora estava devidamente banhado e com uma roupa seca e limpa. Vestia uma calça de moletom cinza chumbo e uma regata branca.

Ele assentiu com uma expressão enjoada, com o rosto pálido e um suor frio brotava de sua testa. Depois de uma intensa crise no vômito, o efeito do Álcool era praticamente nulo e agora Edward estava praticamente jogado no sofá, ocupando boa parte do espaço, enquanto sua cabeça repousava em meu colo.

– De quem são as roupas?

– São de uma pessoa especial pra mim. – Falei – São do meu pai, Charlie. Ele esqueceu na última visita aqui, no Natal.

– Você tem uma família linda, Bella. – Ele disse.

– Sim. – Respondi sorrindo lembrando-me do sorriso sincero da minha mãe ou do beijo de boa noite do meu pai – Eu sinto muita falta deles.

Ele suspirou fechando os olhos novamente. Amaldiçoei-me por um instante por ter tocado naquele assunto num momento tão delicado pra ele.

– Sei pai não é uma pessoa fácil de lidar não é? – Murmurei estremecendo ao lembrar do olhar febril que o pai dele havia me lançado no Hospital.

– Não. Mas por incrível que possa parecer, ele não era assim antes. – Ele disse engolindo seco – Quando era pequeno eu o chamava de ‘’ o melhor pai do mundo!’’

– Sinto muito.

– Não sinta. – Ele disse – Eu não me arrependo de tudo que fiz, foi o certo a fazer.

Eu assenti.

–Está melhor?

– Minha cabeça dói. – Respondeu com um sussurro. Assenti brevemente deixando minhas mãos se infiltrarem em seus cabelos desgrenhados.

– Isso ó normal, com o remédio logo você se sentirá melhor.

Ele assentiu.

– Obrigado por me deixar ficar aqui, Bella. – Falou com voz baixa – Eu não sabia pra onde ir, e você não tem que aturar... Isso. Eu juro que vou entender se você disser não.

Respirei fundo parando pra pensar naquela nova situação. Um novo Hospede. Ele não tinha pra onde ir, ninguém para ajudá-lo e havia aparecido bêbado na minha porta. E além tudo, nos conhecíamos a pouco mais de duas semanas e éramos de mundos completamente diferentes. Qual era a probabilidade de isso dar certo?!

Eu tinha medo. Medo de misturar as coisas. Medo de me machucar. De cruzar a linha errada. De me apaixonar. Por isso eu estava disposta a fazer de tudo para que nossa relação não passasse a linha da amizade. Tudo ficaria no seu devido lugar.

– Você pode ficar aqui o tempo que precisar, até conseguir se restabelecer. – Falei sincera afinal apesar do medo, eu não teria coragem de deixá-lo na rua.

Ele sibilou um ‘’Obrigado’’ se levantando do sofá colocando as mãos no bolso. Ele sorriu segurando o porta retrato que repousava sobre a mesa de centro. Era foto que havíamos tirado no dia em que visitamos o Central Park.

– Você ficou com a fotografia – Ele disse tocando as bordas do porta retrato.

– Foi um ótimo dia. - Falei atrás dele.- Tenho boas lembranças.

–Humhum. – Ele concordou seguindo até a estante tocando com a ponta dos dedos o aparelho de som antiquado posicionado ao lado de TV. Ele apertou o ‘’Play’’ e logo uma melodia soou pela sala.

– É Debussy. – Murmurei baixinho. - É uma das minhas preferidas.

– Clair De Lune. - Ele concluiu impressionado. – Gosta de música clássica?

– Sim. – Falei mordendo os lábios. – Bom você deve estar de perguntando como uma garota pobre conhece musica clássica, não é?

Ele rolou os olhos.

– Eu fiz Ballett até os onze anos. Por isso aprendi a gostar de música clássica. – Expliquei sorrindo me lembrando da minha péssima coordenação. Eu vivia ora caindo, ora torcendo alguma parte do meu corpo.

Seus olhos me fitaram com um misto de surpresa e admiração e um sorriso resplandecente tomou seus lábios e ele deu um passo à frente chegando mais perto, cruzando os braços sobre o peito.

– Bem, você poderia me mostrar alguns passos – Falou casualmente dando de ombros e meus olhos saltaram em orbita.

– Ah não! – Falei rapidamente – Eu não pratico há muito tempo, Edward.

– Ah Bella, confia em mim. – Ele assegurou. Era difícil afastar o olhar dos olhos dele quando eles brilhavam assim. Topázios brilhantes. Difícil de duvidar de qualquer coisa que ele dissesse.

Mordi os lábios, indecisa.

– Promete não rir?

–Eu nunca riria. - Ele miou falsamente ofendido.

–Nunca se sabe. Se você rir eu arranco seu fígado ‘’Romeu’’– Eu dei de ombros com uma expressão divertida fazendo alusão a sua tentativa frustrada de escalar até a minha janela. – O nome desse passo é Cambré¹.

Fechei os olhos me lembrando das palavras da professora ao ensinar a turma a realizar esse passo. Eu era a aluna mais destrambelhada e a senhora Moore sempre estava corrigindo meus movimentos.

‘’ Isabella, o quadril deve estar devidamente encaixado e não deve inclinar para frente quando as costas inclinarem para trás’’ – Ela repetia com voz doce ajeitando minha postura – E não deve torcer o tronco para o lado, tentando acompanhar o movimento da cabeça e o braço é levantado.

E quando me dei conta, meu corpo estava seguindo os movimentos de música. Abri os olhos surpresa por ter conseguido realizar o movimento com precisão pela primeira vez.

Pisquei atônita e acabei perdendo o equilíbrio, sentindo uma enorme vertigem e várias manchinhas bicolores colorirem minha visão. Meio segundo antes que eu caísse como uma fruta podre no chão, Edward me segurou.

– Te peguei. – Ele murmurou com os olhos grudados em minha face, passando os braços em torno da minha cintura para me dar maior sustentação. – Você está bem?

– Estou. - Falei sentindo meu rosto esquentar. – Foi só uma tontura.

– Definitivamente coordenação não é um dos nossos pontos fortes. – Falou divertido talvez tentando me fazer rir. De qualquer forma, não adiantou muito. Naquele momento eu me sentia tão envergonhada que se pudesse cavaria um enorme buraco no chão e me enterraria nele.

Apesar da situação não pude deixar passar despercebido quando os olhos de Edward se desviaram dos meus e vagaram até o meu pescoço, próximo à altura dos ombros onde a marca de uma cicatriz repousava há muito tempo.

Seu sorriso foi diminuindo pouco a pouco, em câmera lenta e sua testa franziu, indicando que algo estava errado pra ele. Minha respiração soou descompassada, nervosa e eu podia sentir o suor começar a brotar das minhas mãos.

Um nó se formou no meu estomago naquele momento, seguido por uma vontade louca de chorar. Fechei os olhos tentando reprimir as lembranças da pior noite da minha vida. Levei instintivamente a mão tentando esconder a marca deixada por ele.

– Isso é apenas a marca de uma noite que eu quero esquecer. – Murmurei antes que ele me perguntasse algo a respeito. Edward não poderia jamais descobrir a verdade sobre aquela cicatriz. Nunca. Ele teria nojo de mim, assim como eu mesma tinha quando me olhava no espelho. – Se importaria de dormir no sofá?

– Não. – Respondeu - O sofá está ótimo.

POV. Alice Cullen:

O sol já estava alto quando abri meus olhos com um pouco de dificuldade por causa das finas persianas que deixavam os raios solares adentrarem o local fazendo com que minhas vistas protestassem pela luminosidade excessiva. E uma enxurrada de lembranças da noite anterior despertou-me plenamente.

Eu ainda estava no Hospital.

A última coisa que me lembrava era das mãos da Jasper acariciando meus cabelos, tentando me fazer dormir com um carinho gostoso. Nós tínhamos tido uma séria conversa a respeito de tudo e resolvemos dar uma segunda e definitiva chance ao nosso amor. Ficou decidido que assim que eu fosse liberada do Hospital iria morar com ele. Juntos. E eu não podia estar mais radiante.

– Ah, a fadinha adormecida finalmente acordou! – Brincou Emmett entrando no meu campo de visão. Ele vestia a mesma roupa de ontem e estava com uma cara amassada e bolsas enormes envolta dos olhos.

– Bom dia, ursão. – Sorri varrendo o quarto em busca de qualquer vestígio de Jasper. – Onde está...?

– Eu o expulsei daqui! – Emmett falou com expressão séria e braços cruzando os braços sobre o peito – Não gostei do garoto!

– O QUE?! – Praticamente gritei.

– Brincadeirinha maninha. – Falou sorrindo maroto e eu suspirei aliviada. – Ele saiu, disse que tinha plantão hoje. Ele não saiu nenhum segundo do seu lado durante a noite. Disse que volta mais tarde.

Sorri.

– Bom, parece que somos noticia em todos os jornais agora. – Ele murmurou apontando para a televisão que mais uma vez falava sobre nossa família. Bufei entediada me afundando no travesseiro.

– Ed e a nossa mãe saíram de casa. E você vai morar com Jasper quando sair daqui. – Ele falou brincando com os dedos da minha mão, distraído. – O que eu vou fazer agora, Al?

Suspirei olhando para o meu irmão.

–Você poderia ficar com agente. – Sugeri – Aposto que Jasper não se importaria.

–Não sei se é uma boa ideia, Al.

– Ora vamos, Emm. – Falei sorrindo – A casa é pequena, admito, mas tem um quarto sobrando. Ou prefere ficar na mansão com nosso pai?

Ele negou imediatamente.

– Já desconfiava. – Ri – Então, trato feito?

Ele assentiu me dando um beijo estralado na bochecha, mostrando sua marca registrada, as suas fofas covinhas que apareciam quando ele sorria.

– Eu aceito, mas você vai ter que conversar primeiro com seu... – Ele disse parando a frase pra fazer uma careta. - Namorado.

– De acordo. – Concordei e então, o meu celular apitou em um volume alto e se calou outra vez. Era uma mensagem. Emmett pegou fazendo uma cara de garoto arteiro e gargalhou ao ler a mensagem:

– Emmett me devolve o meu celular! – Falei fazendo bico. – Agora!

– Não, maninha. – Disse rindo ainda mais – Isso é hilário demais.

– Posso saber o que é tão engraçado?

– Leia você mesma – Falou estendo o celular em minha direção. Estiquei o pescoço para o visor do telefone nas mãos dele. Meus olhos brilharam ao ver o nome de Jasper piscando na tela. Uma mensagem de texto curta dizia:

"O amor é uma loucura sensata, um fel que sufoca uma doçura que conserva."- William Shakespeare – Te amo minha fadinha. – Jasper.

– Eu também te amo, meu Jazz.


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Notas finais do capítulo

E ai, e ai flores? Gostaram?
Espero que sim flores e espero os lindos reviews de vocês ^^
Finalmente a Esme agiu né! =D Espero que tenham gostado do tapa que ela deu no Carlisle. ^^ Bem merecido com certeza!
E o Ed bêbado ein, ai ai, kk
E Edward morando com a Bella, ai ai, será que vai dar certo? ^^ E a tal cicatriz da Bella, deu pra perceber que tem uma longa história atrás disso né!
Bom isso só saberemos nos próximos capítulos amores. ^^ Vou fazer de tudo pra postar o mais rápido possivel ^^
Beijos da Caah!