Sleep. escrita por Nancy Boy


Capítulo 1
And I cant... I cant ever wake up...


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui com mais uma oneshot, minha gente o/
Suponho que vocês conheçam Sleep, certo? -q
Eu a ouvi e isso aqui saiu bem de repente. É estranho porque não é nem essa a mensagem que eu entendo da música, mas naquele momento isso me veio à mente e pareceu combinar.
Espero que gostem. Frank's POV.



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Eu estava em um lugar calmo. Um parque? Sim, um parque. Era inverno, havia neve em todo lugar. Eu não sentia frio, não sentia nada.

Olhei em volta. Não havia ninguém. Olhei para trás e não vi marcas dos meus próprios passos. Eu não sabia como fora parar ali.

Comecei a andar. Um rosto me vinha à mente... era bonito. Seus cabelos estavam despenteados e sua pele um pouco pálida demais. Seus olhos me fitavam sem piscar.

— Não respire por mim – falei, mesmo sem saber porquê.

O rosto que ocupava minha mente continuou impassível. Eu balancei a cabeça, tentando expulsá-lo, mas não consegui. Eu sentia algo estranho ao pensar nele, algo ruim, como culpa. Seus olhos ainda pareciam me perfurar.

— Não mereço sua simpatia – eu disse, um pouco mais alto, ouvindo minha voz ecoar no parque deserto. — Porque não tem nenhuma chance de eu estar arrependido do que fiz!

Respirei com dificuldade. A dor apertava meu peito, e eu não entendia de onde ela via. Eu só sabia que precisava parar de pensar naquele rosto, naqueles olhos!

Caminhei mais rápido, e aos poucos pessoas começaram a aparecer. Suspirei aliviado ao me ver em companhia de alguém, mas o alívio não durou muito. Todos estavam olhando para mim, alguns acusatórios, outros raivosos. De repente, tomei consciência de que eu era mais baixo que todos eles. Olhei para uma poça de água na calçada, onde a neve derretera, e me vi como criança.

Assustado, continuei a andar por entre eles, ouvindo-os se aproximarem e tentarem falar comigo.

— Durma – me diziam. — Apenas durma, Frank. Durma.

Eu comecei a ficar com mais medo. Eles estavam me perseguindo.

— DURMA!

Não, eu não queria dormir. Corri, já quase entrando em pânico, e então o rosto me veio à mente outra vez, trazendo-me uma estranha sensação de paz junto com a tal culpa e a dor. Parei e percebi que eu estava novamente sozinho, dessa vez no centro de uma rua. Não tinha mais neve. O sol estava se pondo e os prédios ao meu redor faziam uma fileira de sombras em todo lugar.

Eu sabia que já não era mais uma criança. Olhei em um vidro de um dos edifícios e me vi como um adolescente, solitário, desajeitado. Aproximei-me do vidro e coloquei uma mão sobre ele, apreciando meu reflexo.

De repente, vi alguém me observando do outro lado, um homem mais velho, a pele enrugada e a expressão assustadora.

— Durma – ele falou, e de alguma forma eu pude ouvi-lo.

Afastei-me rapidamente. Assim que cheguei ao centro da rua, percebi que estava cercado de pessoas de novo, todas ameaçadoras, fechando um círculo ao meu redor e repetindo sem parar:

— Durma, durma, durma...

— Não! — gritei, e saí correndo, empurrando todos que apareciam à minha frente.

Corri por muito tempo, e só parei quando aquele rosto tomou conta de mim pela terceira vez. Me perdi naqueles olhos por um momento, e então notei que eu estava em um lugar fechado. Um apartamento... meu apartamento.

Olhei no espelho que eu deixava no corredor, próximo à porta. Ali estava eu na idade que eu sabia ser a atual, um adulto.

Sentei em meu sofá. Eles não poderiam me pegar ali, poderiam?

Liguei a televisão, o que não devia ter feito. Uma multidão apareceu na tela, formando um coro para mim:

— Durma!

Gritei de frustação e joguei o controle para frente, quebrando o aparelho. Levantei-me e fui até a janela, apoiando minhas mãos no parapeito.

Subitamente, senti uma mão sobre meu ombro, e já estava preparado para ouvir a mesma palavra de novo. Mas, ao me virar, eu vi o dono daquele lindo rosto olhando para mim.

— Acorde – ele falou.

— Gerard? — perguntei, e vi uma lágrima rolar por sua face. — Depois de tudo, como você pode chorar por mim? Eu não me sinto mal pelo o que fiz.

— Não fale isso – ele sussurrou, abaixando o olhar.

— Mas é verdade. Desculpe, Gee.

Aproximei-me dele e o abracei, afastando-me em seguida para beijá-lo, suavemente.

— Feche os olhos – murmurei, e ele obedeceu. Beijei suas pálpebras antes de continuar. — Me dê um beijo de despedida.

— Não, Frank...

Não o deixei terminar. Tomei seus lábios sem aviso, aproveitando o contato em seu mínimos detalhes.

— Não – ele falou ao nos separarmos. — Não, não... acorde, Frank. Acorde.

— Eles querem que eu durma.

— Não dê ouvidos à eles!

— E se estiverem certos?

— Não estão! Não há nada de errado com você, eles que estão errados. Você não pode desistir, não desista...

Eu me senti tonto por um momento. O que estava acontecendo?

Nada daquilo fazia sentido... nada daquilo era real, era?

Eu estava sonhando.

— Gerard... — falei, cauteloso. — O que aconteceu? Fale comigo.

Ele ficou quieto, apenas me observou, seus olhos cheios de lágrimas. Aos poucos, bem aos poucos, eu fui ouvindo sua voz... mas não vinha do Gerard à minha frente. Vinha de algum lugar distante.

— Não sei se pode me ouvir, Frank, mas eu estou aqui. Eu não te deixei. Eu vou te ajudar a passar por isso se você acordar. Você só precisa acordar.

Tudo ao meu redor perdeu o foco. Fechei os olhos e quando os abri, estava novamente no parque, deitado sobre a neve, e Gerard estava em pé à minha frente.

— O que eu fiz? — perguntei, ofegante.

— Você tentou se matar, Frank – ele me respondeu, e era ele mesmo, não o Gerard distante.

— E... onde eu estou?

— Está em sua própria mente. Está em seus sonhos e pesadelos.

— Eu estou em coma?

Ele assentiu. Eu me levantei e o abracei, entendendo de repente tudo o que acontecera. Comprimidos, uma tentativa desesperada de fuga.

— Desculpa, Gee... mas... eu não aguentava mais...

— Eu sei, meu amor. Eu sei.

— Todos só diziam que eu devia sumir... que devia dormir... foi o que eu tentei.

— Mas eu estava lá com você.

— Eu sei, eu não fui forte o bastante... desculpa, Gee, desculpa...

— Acorde – ele murmurou. — Acorde.

— Eu não sei como.

— Acorde – sua voz estava ficando mais alta, mas ao mesmo tempo, mais longe. — Acorde, Frank.

Gerard começou a sumir, mas sua voz ficou mais alta. Parecia vir de todo lugar, do céu, da terra. O mundo tremia ao som de seus gritos.

— ACORDE!

Olhei para cima, tentando ver aonde ele estava, mas só havia o céu branco.

— Eu não consigo... — murmurei.

— Acorde, por favor...

A voz foi se distanciando. Eu me deixei cair ao chão e chorar, como não me lembrava de ter chorado antes.

O Gerard da minha mente apareceu de novo, ao meu lado.

— Eles falaram vezes demais que você devia dormir, não foi? — ele perguntou, e eu assenti. — E agora...

— Agora – eu completei, fitando a neve sob meus pés. — eu não consigo acordar.


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Notas finais do capítulo

Ficou meio confuso por ser sonho e tal, mas espero que vocês tenham entendido.
É isso... as coisas que essa música faz comigo '-'
Beijo ♥