Acordei com Smells Like A Teen Spirit soando aos meus ouvidos. O som barulhento vinha do meu iphone, que estava no chão. Apanhei esperando que fosse o meu chefe, mas logo vi a foto de Puck na tela.

–FINN! VOCÊ PERDEU A CERVEJADA ONTEM!

– Bom dia, Puck.

Levantei tirando o pijama e colocando minhas calças. Ainda sem camisa, fui à cozinha e peguei um maçã. Depois, sentei no sofá da sala. Meu apartamento era muito pequeno mas aconchegante. Puck praticamente gritava sobre a noite anterior.

–Onde você tava, Finn?

–Ah, eu estava trabalhando.

–Finn Hudson, não minta. Sei que você não deixaria uma cervejada dessas por trabalho.

–Mas deixei, ah, conheci uma garota. Domingo eu queria que você...

–UMA GAROTA? EU SABIA! ELA É BONITA?

–Puckerman, só quero que você vá a um musical comigo amanhã, depois vai ter uma cervejinha.

–Hudson, acha mesmo que deixarei uma noitada de domingo para ver um bando de pessoas gritando em um palco?

–Ah, lembrarei disso na próxima vez que disfarçar seus atrasos pro chefe, tch..

–Tá, Finn, eu vou. Mas se a garota ou o musical forem chatos eu pulo fora. Tenho que desligar agora. Até mais.

Eu agora tinha Puck para ficar com a tal Quinn, teria um pouco mais de privacidade com Rachel. O resto do dia passou num pisque, terminava relatórios, e ensaiava no espelho mil vezes como elogiaria a peça de Rachel, pois antes mesmo de assistir, já sabia que a peça seria perfeita. Cansei e decidi dormir, no sofá mesmo, sem camisa, com a mesma calça que vesti de manhã.

A manhã do dia seguinte foi bem chata. Na verdade, dormi a manhã quase toda, já que só acordei às 10:00. Não tinha nada pra fazer. Absolutamente nada. Só fiquei vendo tv. E contando as horas para me encontrar com Rachel.

A hora de ir ao teatro chegou e eu mal podia esperar. Me olhei no espelho com admiração. Desde os meus sapatos polidos até meu cabelo espetado. Eu era lindo. E modesto, mas lindo. Era incrivelmente alto, meu nariz era perfeito e meu sorriso branco como a neve. Que garota não gostaria de mim?

As luzes da times square queimavam meus olhos. Encontrei Puck na hora. Tinha um físico parecido com o meu e uma cabeça careca que, alguns anos antes, possuía um moicano.

–E aí cara?

–E aí..

–Qual é o musical que veremos?

–O da Rach, vamos andar, ela está na frente do teatro.

Não demorou muito para avistar a baixinha. Ao lado dela, estava uma loura dez centímetros mais alta, muito bonita, com olhos verdes muito vivos e um vestido minúsculo, coberto por uma jaqueta de couro negra. Fumava um cigarro vagarosamente, olhando para nós com certo desinteresse, mas isso não a transformava em antipática, só a deixava misteriosa. Era uma mulher realmente bonita, deveria ser a Quinn. Mas ela não me chamou tanta atenção como chamou a baixinha. Ela não estava nem com a metade da maquiagem do dia anterior, o que magicamente a deixava mais bonita. Seu cabelo estava preso e suas bochechas vermelhas. Dei um beijo em cada uma. Todos nós nos cumprimentamos e Rachel começou:

–Finn... não sabia que traria um amigo. Mas arranjo um ingresso em dois segundos.

E a baixinha saiu correndo pela multidão. Puck me cutucou sussurrando e olhando fixamente para Quinn.

–Oh meu Deus, hoje é seu dia de sorte, Hudson.

–Se está falando da lourinha, estou a fim é da outra garota, ah, e tente não estragar nada.

Puck abriu um sorriso. Quinn olhava para o alto batendo o salto na calçada, parecendo estar muito longe dali. Acho que uma garota daquela não ia dá muita importância para dois marmanjões. Rachel chegou saltitando e entregou o ingresso na mão de Puck.

–Aqui, tô indo me maquiar, a peça começa em 30 minutos, Quinn, cuide do Finn e do seu amigo..

–Puck.

–Puck. Encontro vocês daqui a pouco.

E ela saiu novamente, mas antes me deu um beijo na bochecha, que me fez tremer novamente.

–Vamos, garotos?

Quinn falou, dando um discreto sorriso. Entramos no teatro e sentamos em nossos lugares. Eu-Quinn-Puck. A peça começou sem demoras, e eu me vidrei palco. Rachel atuava divinamente. A peça era tão obscena quanto a da loura louca, mas eu estava gostando. Logo entrou em cena um homem alto, com os cabelos marrons brilhantes. Não fui com a cara dele. Enquanto isso, na plateia, Puck tentava segurar na mão de Quinn que dava tapas e seus dedos. Eu ria. Logo começaram cenas que me não me agradaram nada entre o homem e Rachel. Ridículo. Cenas desnecessárias, que iam longe demais para mim. Graças aos céus a peça tediosa acabou, Rachel apareceu linda e recebeu um buquê de flores do diretor, com o o homem que não gostei agarrado em sua cintura. Queria vomitar.

Saímos do teatro e eu estava morto de raiva do homem estranho. Quem era ele? O que ele queria com a Rach? Esperamos alguns minutos e ela chegou e, logo atrás dela, ele.

–Olá gente! Esse é meu.. amigo Jesse.

Ele segurou mão de Quinn e deu um beijo, apertou a mão de Puck, e apenas acenou com a cabeça para mim. Bom, não queria suas bactéria nas minhas mãos.

–Você foi incrivel, Rach.

Elogiei. E ela deu um pulo me dando um abraço. Jesse nos encarou.

–Ah Finn! Obrigada! Que bom que você gostou!

–Você estava perfeita, é a 7ª vez qua a vejo e você continua linda pequena Berry, agora vamos andando.

Quinn disse, queria se afastar de todas as formas de Puck. O táxi foi apertado. Jesse foi na frente com o táxista e eu, Rach, Quinn e Puck atrás. Paramos em um restaurante pequeno. A noite foi bem chatinha. Rachel e Puck falavam sobre basquete e Jesse e Quinn mexiam nos celulares. Bebia mais e mais. E mais, mais, siam e siam. Sim. Estava totalmente bêbado.

Via duas, três Rachels. Senti uma coisa gelada na minha testa e percebi que estava de meias. Estava deitado, tinha uns três travesseiros no meu pescoço. Rachel estava de joelhos do meu lado, colocando gelo na minha testa.

–QUINN! ELE ACORDOU! CORRE, QUINN.

Uma mulher veio correndo para perto de mim e também ficou de joelhos. Levantei rapidamente com os olhos arregalados. Estava em um sofá enorme em um apartamento enorme, e haviam duas mulheres de pijama ajoelhadas perto de mim. Eram Quinn e Rachel, tudo bem. Mas porque eu estava de meias? Por que eu estava no apartamento delas?

E, olhando para o espelho, me perguntei algo mais. Por que eu estava com um enorme olho roxo?