O Irmão Gêmeo escrita por VeronicaFerCard


Capítulo 5
Capítulo 5




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“...eu acho que ele ainda mora lá.

Mais uma vez eu te agradeço Arthur. Por ser um ótimo amigo. Eu sei que você provavelmente deve estar pensando que não fez nada, mas você fez. E se você puder fazer mais isso por mim, por favor, eu preciso dizer adeus ao Merlin, se você puder entregar essa carta você seria ainda mais incrível.

Cathal E. Emrys”

Ele leu a carta pelo que parecia ser a décima vez e ainda não podia acreditar no que tinha que fazer. Não era só o fato de que ele teria que encontrar o misterioso irmão de Cathal, Arthur não dava a mínima para Merlin. Ele teria que retornar à Londres, voltar para seu apartamento vazio, para o escritório. Voltar e encarar todo aquilo de que ele tinha fugido. E tudo porque ele não ajudou Cathal propriamente, se ele tivesse, Cathal não estaria morto. Mas Arthur devia-o isso, e ele não negaria o último pedido de seu amigo.


oOo


“Ai esta você!”

Morgana veio para cima dele com os braços abertos e um sorriso do qual Arthur não estava acostumado. Ela era filha de Uther a final de contas e aquilo significava que demonstrações públicas de afeto eram limitadas, se não completamente ausentes. Mas ele estava com saudades de sua irmã então, quando ela colocou os braços ao redor de seu pescoço ele a abraçou de volta. Arthur sentiu-se confortável, como se estivesse voltando para casa.

Nem uma semana havia se passado desde o funeral de Cathal, mas como Arthur não tinha nada que o prendesse em Dublin foi fácil apenas fazer as malas, se despedir de Pete e seus colegas do serviço social prometendo que o programa estaria em sua folha de pagamento de agora em diante e que ele voltaria algum dia. Foi fácil comprar a passagem, embarcar no avião e pousar em Londres.

“Você super sentiu minha falta, não foi?” Morgana perguntou com um de seus sorrisos malignos. Aquilo era mais ela.

“Claro. Você não esta vendo minhas lágrimas?”

“Idiota.”

Eles sorriram um para o outro.

“Então, como está tudo?”

“Bem. Tudo na mesma. Tudo chato. Companhias de Software são a coisa mais tediosa na face da Terra. Mas me conta mais sobre a sua experiência no melhor estilo Comer, Rezar, Amar.

“Fico feliz que você me considere uma mulher tendo uma crise de meia idade.”

“Oh, não seja uma princesa.”

Arthur mostrou o dedo a ela. As coisas eram simples assim com Morgana.

Eles chegaram até o carro dela, Arthur colocou suas coisas no porta-malas e eles saíram rua a fora. Eles estavam no meio do caminho quando ele percebeu que eles não estavam indo para sua casa.

“Onde estamos indo?”

“Narnia. Para onde você acha? Eu aposto que sua geladeira nem esta ligada.”

“Eu estive fora por seis meses! Por que deixaria a geladeira ligada?” Arthur sabia que ela estava certa, mas ele tinha que se defender.

“Que seja. Eu não quero que você morra de fome ou coma fastfood para sempre.”

Ela estava preocupada com ele. Aquilo nunca foi um bom sinal.

“E dai? Eu fico com você e Leon até fazer minhas compras?”

“Você não vai ficar com a gente.” Arthur a olhou confuso e ela continuou. “Você vai ficar na casa do pai.”

“Não!” Ele não teve a intenção de gritar.

“Arthur. Olha, a casa dele esta limpa, tem comida e tudo. Todas as coisas necessárias para um ser humano. Catrina esta lá toda hora. Às vezes eu acho que ela se esquece que ele...”

Ela parou no meio da frase e lançou um olhar culpado para Arthur. Aquilo realmente não era bom. Ela deveria estar pensando que ele ainda estava de luto por seu pai. Arthur não suportava piedade, então ele sorriu e continuou a conversa.

“Então, o Troll?”

O Troll era a maneira como Arthur e Morgana chamavam Catrina, a ex-mulher de Uther. Ela era uma linda mulher, mas o que a fez ganhar esse apelido foi o fato de ter péssimas maneiras e não conseguir comer de boca fechada.

“Ugh. Eu acho que ela não se lembra do divorcio. De qualquer forma, pelo menos ela manteve a casa quente e confortável para você.”

“Eu tenho certeza que não foi para mim.”

Eles chegaram a casa e ela estacionou na porta da frente. Arthur tirou a bagagem do carro e entrou na casa.

Morgana estava certa. Era como se Uther ainda estivesse vivo. Exceto que melhor, a casa parecia mais aconchegante. Estranhamente confortável.

“Bem, sinta-se em casa. Eu tenho coisas para fazer.”

“Espera, você não vai ficar?”

“Diferente de você, querido irmão, eu tenho comida em casa. Eu não preciso ficar aqui.”

Ela se virou para sair, mas Arthur segurou seu braço antes que ela chegasse à porta.

“Não, espera!” Eu pensei que a gente pudesse conversar!” Arthur se arrependeu assim que as palavras saíram de sua boca. Ele soltou o braço dela e olhou para longe de seu olhar de piedade.

“Arthur. Como você está?”

Uma Morgana preocupada era pior que uma que agisse como uma vaca. E claro, ela o conhecia muito bem.

“Eu não sei.” Ele não conseguia olha-la nos olhos então encarou o chão.

“É o Uther? Ou Lancelot?”

“Não tem nada haver com nenhum deles, na verdade.” Ele arriscou olhar para ela. Ela não parecia convencida. “Eu conheci esse cara...”

“Oh meu Deus! Você esta apaixonado!” Ela interrompeu.

“Não! Oh, Deus, não! Não é isso. Eu não estou apaixonado. Ele morreu.” O sorriso de Morgana desapareceu. “Essa parece ser a história da minha vida. As pessoas morrem quando eu tento ajuda-las.”

“Oh Arthur!” Ela fechou a porta atrás dele e guiou ambos até o sofá. “Venha! Vamos conversar!”

Ele contou a ela tudo que aconteceu em Dublin, sobre Cathal, Fred, o pai de Cathal e como ele se sentiu sortudo por ter Uther como pai depois que conheceu o homem. E então ele contou sobre a cartar que ele tinha que entregar a Merlin e como ele não estava ansioso por isso.

Ela escutou quieta e só falou quando ele acabou.

“Tire o resto do dia para se lamentar. Amanhã de manhã vá encontrar esse Emrys, de a carta a ele e vá para o supermercado e então para sua própria casa. Não deixe o Troll te ver aqui. Ele pode querer te abraçar. Oh, e coma. Muito. Porque nós vamos ficar bêbados à noite.” Ela se levantou e saiu antes que ele pudesse dizer alguma coisa.

Arthur sorriu para si mesmo. Aquela era sua irmã.


oOo


A recepcionista estava dando o olhar de eu-não-importo-que-eu-não-estou-fazendo-nada-meu-turno-ainda-não-começou para Arthur desde as 7:30 quando ele entrou no edifício, mas ele não iria desistir. Não por causa dela, de qualquer forma.

A verdade era que Arthur não queria ficar cara a cara com Merlin. Ele não sabia explicar, mas tinha um bom palpite porque. Ele era o irmão gêmeo de Cathal. O que significa que eles se pareciam. Então era como se ele pudesse ver o que Cathal seria se tivesse ajuda.

Quando o relógio atrás dela anunciou 8 horas a recepcionista morena, Nimueh, pelo que estava em seu crachá, decidiu prestar atenção em Arthur.

“Como posso ajuda-lo?” Ela nem tentou esconder o sarcasmo em sua voz.

“Eu estou procurando por Emrys. Merlin. Ele mora aqui, certo?”

“Sim, segundo andar. Quem eu deveria anunciar?” Ela tirou o fone do gancho e olhou para ele como seus mórbidos olhos azuis.

“Oh, hm. Ele não me conhece. Na verdade eu também não o conheço. Mas tenho que entregar uma coisa para ele.”

“Claro. Vocês não se conhecem, mas eu deveria simplesmente deixar você entrar para dar uma coisa para ele. Claro.”

Ela voltou sua atenção para o computador.

“Olha, eu não tenho tempo para isso.” Mentira, mas ele estava ficando irritado e ela não precisava saber. “Você poderia apenas me dizer onde eu posso encontrar Merlin Emrys?”

“Bem atrás de você.”

A voz. Soava exatamente como a de Cathal só que mais suave. Arthur se virou para encarar o dono da voz e...

Ele sabia que estava prestes a encarar uma versão melhor (porque Merlin não era sem teto, então ele deveria parecer melhor, ou pelo menos mais saudável) de Cathal. Mas ele não estava preparado para aquilo.

Um sorriso de garoto e olhos de um azul profundo emoldurados por um cabelo castanho escuro e macio (Arthur tinha certeza que era macio) estavam olhando para ele.

“Eu sou Merlin.” Merlin ofereceu sua mão e Arthur apertou sem pensar.

Quando ele conheceu Cathal, Arthur pensou que ele poderia ser atraente se não fosse por alguns detalhes. E agora ele sabia exatamente quais. As drogas e a vida nas ruas haviam deixado Cathal magro demais para ser saudável e seus olhos enuviados. Merlin era uma outra história. Ele era magro, sim, mas de um jeito saudável. Seus olhos eram de um azul que Arthur nunca havia visto antes, parecia que eles podiam ver direto na alma de alguém. Seu sorriso era honesto. Seu cabelo maior que o de Cathal. E, droga, ele era simplesmente a perfeita combinação entre gostoso e fofo. Ficava difícil odiá-lo.

Arthur percebeu que ele estava apertando a mão de Merlin por tempo demais. E quando eles quebraram contato visual ele conseguiu sair de seu transe.

“Eu sou Arthur. Eu sou. Eu era amigo de Cathal. Ele me pediu para te entregar isso.” Ele deu a carta a Merlin. E então, só para lembrar a si mesmo que ele deveria odiar Merlin ao invés de se comportar como uma garota apaixonada ele acrescentou. “Acho que ele já sabia que você estaria muito ocupado para ir ao seu funeral.”

O sorriso de Merlin se apagou.

Arthur não sabia que a cor poderia sumir tão rápido do rosto de alguém. Merlin deu um passo para trás como se tivesse levado um soco. Ele parecia sem folego quando falou.

“Cathal esta morto?”




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