O Irmão Gêmeo escrita por VeronicaFerCard


Capítulo 12
Capítulo 12




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“Sério, nossa mãe deve ter tido algum caso extraconjugal. Eu não posso ser cem por cento sua parente.”

Arthur grunhiu, levantando a cabeça da mesa ele olhou para a tela do seu computador. O plano de fundo era uma foto de Merlin com um sorriso sonolento e o cabelo todo bagunçado. Arthur lembrou-se do dia em que  a havia tirado. Merlin estava em sua casa, ele havia adormecido em cima de seus livros enquanto esperava Arthur terminar o jantar. Arthur nunca tivera o habito de tirar fotos, mas Merlin parecia tão adorável quando o acordou que ele não pode resistir, ele tirou o celular do bolso e bateu a fotografia.

Uma semana havia se passado desde a briga. Arthur não ouviu uma palavra de Merlin desde então. Tampouco ele não o procurou. Ele contou a Morgana o que havia acontecido e ela continuava dizendo que ele era um grande imbecil.

“Eu gosto do Merlin. Não acredito que você terminou com ele por causa de uma carta estupida.”

“Primeiramente, você nem o conhece ainda. Segundo, nós não terminamos. E terceiro, eu tenho certeza que Uther deve ter te achado em algum lugar.”

“Ele te faz feliz, isso eu posso ver. E se vocês não terminaram porque você passou os últimos dias choramingando na minha orelha ao invés de ir atrás dele?” Ela ignorou o último comentário de Arthur.

“Porque ele não gosta de mim. Ele só esta tentando agradar-”

“Oh, qual é Arthur. Você realmente acha que ele iria te aguentar por um mês só porque seu irmão disse? Ele gosta de você, e se você não fosse tão retardado você iria atrás dele e tentaria consertar as coisas antes que você perca alguém que realmente se importa contigo.”

A pior coisa era que ela estava certa. Ele estava fazendo uma tempestade em copo d’ água e aquilo podia custar o coração de Merlin.

“Eu não quero perde-lo.” Admitiu Arthur.

“Não é para mim que você deveria dizer isso.” Morgana se levantou e saiu do escritório antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.

oOo

Arthur não sabia exatamente porque ele foi parar no bar favorito de Merlin. Não era sábado e ele não esperava encontra-lo lá. Ele também não esperava encontrar Gwaine.

“Princesa! Não esperava você por aqui.” Arthur se virou para ver um Gwaine sorridente olhando para ele. Ele sorriu de volta.

“Igualmente. Você mora aqui por acaso?”

“Eu sou o dono, na verdade.” Ele se virou para a mulher atrás do balcão. “Lucy, querida. Eu vou querer o mesmo que ele. E é por conta da casa.”

“Você não precisa fazer isso.”

“Considere como uma cortesia.” A mulher, Lucy, serviu outra dose de uísque para Arthur e uma para Gwaine. Arthur tomou sua bebida em um gole. “Da próxima vez que você fizer Merlin chorar eu enveneno sua bebida.” Arthur engoliu em seco. Ele olhou de seu copo vazio para Gwaine. “E eu vou cobrar.”

“Você tem visto ele?” As palavras de Gwaine o atingiram. Merlin estava magoado. Claro que estava. Arthur viu em seu rosto quando ele deixou o apartamento naquela noite. Mas ouvir outra pessoa dizendo era ainda pior.

“Claro que vi, princesa. Ele esta mal.” Gwaine terminou seu drink e empurrou o copo para a bancada. “Eu quebraria seus ossos se soubesse que isso o faria sentir melhor, sabe.”

Você acha que eu tenho medo de você? Arthur pensou em responder. Mas começar um briga com o melhor amigo de Merlin não faria nenhum bem. Ele também não podia deixar para lá, então provocou.

“Talvez agora você tenha sua chance.”

Gwaine riu alto.

“Ciúmes. Bom sinal. Você realmente gosta dele, então.”

“E você também.”

“Você sabe quantas vezes eu tentei me dar bem com ele, Arthur?” Arthur pensou na noite em que se conheceram, mas Gwaine continuou falando antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. “Nenhuma. Se eu quisesse dormir com ele eu já teria feito.”

“Poderia ter me enganado. Eu vi o jeito que você olha para ele. Eu vi o jeito que você me olha quando eu olho para ele.”

“Estou falando sério, princesa. Claro que eu pensei nisso quando nos conhecemos, mas... Você já deu uma boa olhada nele? Ele é como uma criatura mágica, ou coisa do tipo. Todo doce e amigável, sem medo de mostrar o que sente. E eu sei que não sou nenhum santo. Eu não arruinaria minha melhor amizade só por uma boa transa.” Disse Gwaine com um sorriso divertido.

Arthur não sabia o que fazer o com aquela informação, mas de repente ele começou a ver Gwaine com outros olhos. Ele suspirou.

“Ele te ama, Arthur. De verdade. Você sabe por que foi você quem ele chamou quando ele estava com o coração despedaçado depois de ler aquela carta?”

“Porque o Cathal disse-”

“Exatamente.” Interrompeu Gwaine. “Eles eram gêmeos, eles sempre tomaram conta um do outro. Eles sabiam o que era melhor um para o outro. E Cathal sabia que você era o melhor para o Merlin. Você deveria ser grato. Merlin não esta seguindo instruções, ele esta seguindo seu coração.”

“Eu me sinto usado.” Admitiu Arthur.

“E dai? Trouxe você até Merlin. Foi tão ruim assim?”

Não foi. Quanto mais Arthur pensava no assunto, mais ele se sentia como um completo idiota.

Ele tirou a carteira do bolso, puxando de dentro uma nota que ele achou cobriria tudo que havia consumido. Arthur usou o copo para segurar a nota. Gwaine estava prestes a protestar, mas Arthur falou primeiro.

“Se você precisar me envenenar, faça de graça.”

oOo

Ele não sabia se era o álcool saindo de seu sistema ou o que, mas Arthur podia sentir sua coragem se esvaindo a medida que ele chegava mais perto da porta de Merlin. Nimueh não ofereceu nenhuma resistência quando ele passou por ela e foi para o elevador.

Arthur suspeitava que Nimueh tivesse o anunciado porque a porta de Merlin abriu assim que ele chegou. Mas não foi Merlin quem o recebeu.

“Você deve ser o Arthur!”

Ele sabia que eles acabariam se conhecendo alguma hora, mas não esperava que fosse hoje.

“Guinevere?”

“Por favor, Gwen.”

Gwen era uma moça negra com cabelo enrolado e um sorriso doce. Como uma versão feminina de Merlin.

Arthur olhou para sua barriga, que ainda não mostrava nenhum traço da gravidez. Era muito cedo para isso, de qualquer forma. Ela percebeu seu olhar e passou uma mão pelo abdome.

“Ainda não da para ver nada.” Ela ofereceu-lhe um sorriso simpático. “Eu espero que isso não seja tão constrangedor.”

“De maneira alguma.” E não era mesmo. Arthur sorriu para ela. Gwen parecia ser uma boa pessoa, assim como Lance havia descrito. Arthur pensou que ele nunca poderia odiá-la. E ele não tinha motivos para tal. “Hm, Merlin está?”

“Sim. Eu já estava de saída.” Respondeu ela, mostrando a bolsa em seu ombro. “Vocês dois comportem-se como adultos.”

“Vou tentar.” Disse Arthur enquanto ela passava por ele. Gwen estava chamando o elevador quando um pensamento lhe ocorreu. “Hm, Gwen?” Arthur esperou até que ela se virasse para continuar. “Eu espero que você e Lance sejam felizes.”

“Nós desejamos o mesmo para você e Merlin.” Respondeu ela com mais um sorriso antes de entrar no elevador.

Guinevere havia deixado a porta aberta então Arthur entrou.

“Merlin?”

Merlin estava meio deitado no sofá com um livro nas mãos, mas Arthur podia ver que ele não estava lendo. Merlin fechou o livro e sentou-se. Arthur não tinha a mínima ideia do que dizer.

“Eu acabei. Acabei de conhecer Guinevere.”

“Eu ouvi.” Merlin não olhou para ele.

“Eu também conversei com o Gwaine.” Aquilo fez Merlin olhar.

“Você vai começar a perseguir meus amigos agora?” Ele estava com raiva. Arthur não o culpava.

“Eu o encontrei no seu bar. Você não me disse que o bar era dele.”

“Tem importância? O que você esta fazendo aqui, Arthur?”

Arthur respirou fundo.

“Esse ano tem ferrado comigo varias e varias vezes. Eu perdi meu pai, eu levei um fora, eu tentei ajudar alguém e ele acabou morto. E agora eu corro o risco de perder meu emprego. Eu. Eu não quero perder a única coisa boa que eu tenho.” Ele estava lutando com as palavras, ele nunca havia aberto seu coração daquele jeito para ninguém e era um alívio tirar o peso do peito. Também era assustador, se sentir tão vulnerável.

“Não se preocupe. Eu não acho que vão escolher seu tio ao invés de você.”

“Agravaine realmente ajudou meu pai, ele têm tanto direito de ser presidente quanto eu. Talvez mais. Para ser honesto eu não podia ligar menos para isso agora. Eu não estou falando do meu emprego, Merlin. Eu estou falando de você. O que a gente tem. É a melhor coisa que aconteceu comigo em um bom tempo. E saber que eu posso ter jogado tudo fora por causa...”

Merlin levantou-se do sofá, ele foi até seu quarto e por um momento Arthur pensou que ele não queria mais ouvir. Mas então Merlin voltou, ele parou em sua frente e estendeu-lhe um papel.

“Leia.” Arthur pegou a folha de suas mãos.

Era a carta de Cathal. Arthur começou a ler, aquela era provavelmente a segunda parte da carta. Cathal falava sobre sua infância e a garota que Merlin quase pegou quando ele tinha dezesseis anos. Ele continuou passando os olhos pelas palavras sem prestar muita atenção até que viu seu nome.

“... Arthur é ótimo. Ele realmente gosta de ajudar as pessoas. Assim como você, Merls. O jeito que estou vivendo... Eu sei que não vou durar muito. Mas eu vou fazer com que ele entregue essa carta para você. Eu não fiz muito por você nesses últimos anos. Não tenho sido um bom irmão. Mas eu vou compensar. A vocês dois. Arthur tentou me ajudar com o melhor que ele pode, e você é meu melhor amigo. Eu acho que vocês seriam perfeitos um para o outro, como dois lados da mesma moeda. Você deveria dar uma chance. Mas eu não vou dizer isso a ele. Eu não o conheço bastante, mas eu percebi que ele é uma pessoa reservada. Então é com você, Merlin Se você gostar dele (e eu sei que você vai), você vai ter que engolir essa sua timidez e ir atrás do que você quer. Olha pra mim, bancando o cupido através de uma carta! Que ridículo! Mas falando sério, toma conta dele, Merls. Eu não sei o que aconteceu com ele, mas ele esta triste. Ele precisa de aguém com quem conversar, pra tirar do peito o que quer que seja que ele mantêm guardado lá. E eu não consigo pensar em ninguém melhor que você...”

Arthur não conseguia mais ler. Sua visão se tornou embaçada. Ele devolveu a carta a Merlin antes que suas lágrimas pudessem manchar o papel. Fazia tanto tempo que ele não chorava. Nem mesmo quando Uther morreu. Ele não conseguia se lembrar. Sua respiração começou a ficar pesada e Arthur sentiu as lágrimas deixando um rastro molhado em seu rosto.

Arthur abriu a boca, mas nenhum som saiu. Todo que ele conseguia fazer era chorar. Chorar por seu pai, por Cathal, por si mesmo, por todas as coisas que ele mantinha guardadas em seu peito, por medo de demostrar fraqueza.

Merlin deu um passo à frente e envolveu um braço ao redor dele. Arthur enterrou a cabeça em seus ombros. Ele quase sorriu, lembrando que havia feito o mesmo por Merlin quando eles se conheceram.

Merlin acariciou seus cabelos até que ele se acalmasse, então ele deu um passo para trás. Merlin segurou o queixo de Arthur para força-lo a olhar para cima.

“Melhor?”

Arthur balançou a cabeça.

“Bem. Acho que eu vou ter que te entreter então.” Merlin ia dar um passo em sua direção, mas Arthur o barrou com uma mão em seu peito.

“Desculpe por ser um idiota.”

Merlin suspirou.

“Tudo bem. Sabe, eu li aquela carta por várias vezes, tentando ver o que meu irmão viu. Uma pessoa com medo de mostrar seus sentimentos, temendo que isso possa ser usado contra ele.” Ele pegou a mão de Arthur que estava em seu peito. “Eu não estou com você pelo que Cathal disse. Eu estou com você porque você veio juntar meus pedaços quando eu te liguei aquela noite, porque você me faz sorrir.” Merlin parou de falar para beijar a palma da mão de Arthur. “Porque eu posso falar sobre tudo com você, porque eu vejo que você tem um bom coração.” Ele soltou a mão de Arthur, chegando mais perto, Merlin virou a cabeça para plantar alguns beijos no pescoço de Arthur. “Porque você é gostoso.” Do canto de seu olho Arthur pode ver que ele estava rindo.

Merlin enrolou um braço ao redor da cintura de Arthur, puxando-o para si. Ele criou um rastro de beijos até chegar à boca de Arthur, que sentindo seus joelhos enfraquecer, sentou se no sofá. Merlin continuava em pé, posicionado no meio de suas pernas. Arthur puxou-o para baixo pela barra da camiseta. Merlin desceu com os braços levantados para que Arthur pudesse puxar a camiseta para fora. Eles se beijaram longa e apaixonadamente por um longo tempo até que Merlin parou. Ele levantou-se do colo de Arthur, e puxou-o em pé por seu cinto. Depois Merlin colocou uma mão no peito de Arthur e empurrou-o de costas até o quarto. Arthur só parou quando sentiu a parte de trás de seus joelhos atingirem a cama, sem tirar os olhos dos de Merlin em nenhum momento.


oOo

Era o meio da noite, ou talvez faltassem poucas horas para o amanhecer. Arthur estava deitado de costas com a cabeça de Merlin em seu peito e um braço ao redor de sua cintura.

“Eu me esqueci de uma razão.” Merlin mudou de posição na cama, encostando o queixo no peito de Arthur para que pudesse olhar para ele.

“O que?” Arthur olhou para seu corpo. Havia pequenas marcas rosadas por todo o peito desnudo de Merlin.

“Quando eu estava explicando as razões de eu estar com você. Eu esqueci a razão principal.” Mesmo no escuro Arthur podia ver que ele havia corado.

“E qual é?” Perguntou ele sorrindo, puxando Merlin para mais perto.

Merlin deu-lhe um longo beijo antes de responder.

“Eu estou apaixonado por você.”



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