Por várias semanas eu e Santana ensaiamos nosso dueto. Semanas que nos uniram e nos tornaram oficialmente amigas. Com o passar dos dias ficamos mais confortáveis com a presença uma da outra. Nos chamamos pelo primeiro nome e apelidos e passamos noites juntas vendo filmes e conversando, como quaisquer outras amigas fazem. Nossa relação não é aquilo que eu desejava, e talvez nunca seja, mas prefiro tê-la do meu lado como uma boa amiga do que simplesmente levar minha vida adiante sem aquela que mais amo.

Todas essas horas que passamos juntas me obrigaram a aprender a controlar meus sentimentos ao estar perto dela, porém ainda tenho minhas recaídas. Agora é um desses momentos. Estamos de pé aqui, em frente aos nossos amigos do Glee Club, posicionadas uma de cada lado do piano, prestes a cantar nosso dueto e posso sentir meu coração acelerando. Não tenho tempo de ficar nervosa, penso logo antes de começar a cantar.

Agradeço por as palavras estarem saindo corretamente dos meus lábios, mesmo que meu coração esteja pulsando tão forte que a cada batida sinto como se ele estivesse chocando-se contra meu peito a um passo de sair do meu corpo e entregar-se para ela.

Estou quase surtando. Preciso liberar minhas emoções. Encho os pulmões e começo a cantar com ainda mais vontade, soltando meus sentimentos mais profundos acalmando assim, as pesadas batidas do meu coração. Sempre canto com toda a minha alma, e acho que ninguém nessa sala me conhece o suficiente para notar que toda aquela voz que sai de mim à tona, não vem apenas da alma. Ninguém exceto Kurt, Mercedes, e é claro, Santana. Olho para minha amada e vejo que pela sua expressão ela que ela não reparou, mas o olhar dos meus outros dois amigos em minha direção é assustador.

Eu e Tana recebemos calorosos aplausos e nos sentamos. Fico nervosa novamente, mas não por causa de Santana, mas sim por causa de Kurt e Mercedes. Mr. Schue passa nossa tarefa para a semana e poucos minutos depois o sinal toca e sou arrastada para uma sala vazia por meus amigos.

– Por que você não nos contou!? – Perguntou Kurt com um sorriso enorme no rosto, que me fez sorrir também. Era bom saber que seus melhores amigos estão do seu lado.

– C-contar o que? – Gaguejei me fazendo de tonta, pois sabia exatamente do que estavam falando.

– Que você está afim da Lopez! – Respondeu Mercedes como um ato reflexo que me fez me perguntar sobre coo ela sabia que eu era lésbica, já que nunca tinha contado a ninguém. Será que sou tão óbvia assim?

­– É... Eu –

– Você tem que cotar pra ela! – Exclamou a garota morena.

– Não! – Quase grito e os dois me olham surpresos e depois fazem uma cara de você não vai sair daqui até contar tudo pra gente – eu não estou afim da Santana, eu sou apaixonada por ela desde o primeiro ano e agora que consegui trazê-la para minha vida não posso estragar tudo! – Desabafei.

– Mas mais cedo ou mais tarde você vai ter que falar pra ela – disse Kurt delicadamente.

Ele tinha razão. Eu não vou conseguir esconder meus sentimentos para sempre. Talvez nem por um mês eu consiga. O melhor a fazer é esclarecer tudo o mais breve possível. Antes que me acostume com minha vida ao lado dela. Cedo o suficiente para que eu consiga adaptar minha vida de volta ao que era antes caso nosso amor não seja mútuo.