Andamos nos corredores com as mãos ligadas e sorrindo como tolas. Pessoas nos lançam olhares de nojo e cochicham com aquelas ao seu lado, mas não me importo até que sinto a mão de Santana escapando da minha. Olho para seu rosto e o sorriso foi coberto por uma expressão de tristeza e desespero.

Por que ela está assim? Por que ela se importa com o que os outros pensam? Será que ela ama a si mesmo mais do que a mim? É claro, Rachel! Isso é somente o óbvio! Desde quanto ela já te falou que te ama alguma vez? Meu corpo congela. Sinto uma sensação ruim no estomago, nada como aquelas borboletas que sentira antes. É algo novo. É o medo de perde-la agora que cheguei até aqui.

Minha mão ainda sente falta da dela, meus lábios já não formam mais um sorriso, não lembro mais o que é felicidade. Por que o mundo tem que ser tão cruel? Por que eles não podem aceitar o que é diferente? Quero saber se foi por causa da ignorância do mundo em que vivemos que ela largou minha mão e tornou seu sorriso em uma dolorosa expressão triste, mas não arrisco perguntar. Não é a hora. Não é o lugar.

O último sinal bate e todo o corpo estudantil sai correndo e empurrando o que estivar pela frente em direção à saída. Eu não. Fico parada apoiada em meu armário com a esperança de que Santana aparecerá. Ela aparece. Um sorriso bobo surge no meu rosto e logo se apaga ao notar a dor em seu olhar.

– Rachel... – Ela fala e pausa. Levanto as sobrancelhas dando sinal para que ela prossiga – é... Eu... Me desculpa. – Ela termina, concordo com a cabeça e olho para meus pés.

– Rachel... Me desculpa por ter te beijado... – Olho bruscamente para ela. O que? Desculpá-la por ter me beijado? Pensei que ela estava falando da parte que me magoou, e não da parte que tanto sonhei que um dia acontecesse e que agora sonho com que se repita. – Eu... Eu não devia ter feito isso com você sabendo que não poderíamos ficar juntas... – Como assim sabendo que não poderíamos ficar juntas? Não consigo conter minhas lágrima, que escorrem devagar pela minha bochecha. Como um ato de carinho ela enxuga uma gota que cai pelo meu rosto com o dedão. Ela está chorando também.

– M-ma-mas por quê? – Pergunto com medo e raiva- O que, no mundo, nos impede de ficar juntas?

–TUDO! O mundo em si é o motivo pelo qual não podemos ficar juntas! Olha, eu te amo Rachel, mas a amizade é o máximo que podemos compartilhar. – Me ama? Se ela me amasse ela não faria isso comigo.

– Me ama nada! A única pessoa que você ama é a você mesma! Você me iludiu, você disse que era minha amiga, me beijou, disse que me ama, mas que não podemos ficar juntas? – Ela não conseguia nem respirar entre os soluços, e isso doía em mim. – Por que não podemos ficar juntas? Por que vão jugar você? Por que vai estragar sua reputação? Eu notei muito bem que você largou minha mão quando viu todos nos olhando e fofocando! Mas se você realmente me amasse você teria segurado minha mão ainda mais firme e dito que conseguiríamos superar isso juntas, sem me magoar desse jeito. Mas quem se importa? Qual o problema em magoar Rachel Berry? Ela não é importante mesmo... É só uma garota boba cujo coração será divertido quebrar! – Ignorei suas chamadas e seus altos soluços. Aos prantos, virei de costas e me dirigi correndo a saída da escola.