Saí da edícula e fui em busca de meu pai. Ao chegar na sala, o vejo abraçando Pedrinho. Ao notar minha presença, ele se levanta.

- Oi filha!

- Oi pai!

- E aí, foi tudo bem nesse tempo que eu estive fora?

- Foi.

- Foi mesmo, Pedrinho? – ele perguntou, desconfiando de mim. Fiquei irritada, mas não demonstrei, nem em palavras, nem em expressões faciais.

- Foi sim, pai.

- Ah bom. Julie, não esquece o casamento da sua prima, hoje.

Meu Deus. Como eu esquecera daquilo? Nem tinha marcado pra ir ao cabeleireiro, na manicure, nada. Sorte que ainda tinha meu vestido. Minha prima ficaria muito magoada se eu não fosse, e ainda por causa de besteira.

- E o Pedrinho, não vai? – perguntei.

- Não, ele vai dormir na casa do Patrick. Por falar nisso, arruma logo suas coisas, Pedrinho.

- Tá bom, pai. – ele disse, se retirando para arrumar a mala.

- Filha, a gente sai daqui às oito.

Olhei para o relógio. 17:45.

- Tá bom, pai.

E subi para meu quarto. O jeito era fazer um SPA improvisado. Fiz minhas unhas e as pintei com um esmalte nude, uma camada só, quase imperceptível, pra não precisar limpar. Depois, o cabelo. O que fazer? Ele estava bem ajeitadinho, mas algumas partes pediam pela chapinha.

Após os reparos, a cereja do bolo: um vestido preto lindo, de marca, só esperando para ser vestido.

Me despi e tratei de vesti-lo. Quando abri seu zíper, o enfiei e o segurei sobre o peito...

Daniel atravessa a porta sem bater.

- Ah, desculpa, Julie!

- Não, tá tudo bem! O que veio me dizer?

P.O.V. Daniel

Entrar no quarto e ver a Julie ali, seminua, a poucos metros de mim, foi algo muito estranho. Eu sempre senti algo maior que amizade por ela, isso é fato.

- Nada, não – eu disse a ela. – É que nós ficamos lá na edícula depois que seu pai chegou, e eu vim para ver como você estava.

- Você? Preocupado comigo? Essa é nova.

- Julie, eu me preocupo com você, só não demonstro.

- Tem mais alguma coisa que você não demonstra?

Ah, Julie, se eu pudesse te contar... Mas não respondi. Ela também resolveu deixar pra lá, e disfarçou, tentando fechar as costas do vestido.

-Deixa eu te ajudar – propus. Peguei o zíper e o puxei, até fechar por completo o vestido de Julie.

- Mas... – continuei – Onde você pensa que vai com esse vestido curto?

Ela me olhou com uma cara de “O que você tem a ver com isso”?

- Qual é o problema?

- Sei lá – disfarcei. Estava sendo muito ciumento, por nada. Ela não podia saber que eu gosto dela. – só achei inadequado. – concluí, enquanto ela colocava os sapatos.

- Hum! – ela me olha, fazendo caretas engraçadas. Rimos juntos, até que ela põe algumas coisas dentro da bolsa e avisa que vai a um casamento.

- Ah, por isso que está toda linda assim, é? – eu disse, me arrependendo de ter sido tão sincero.

- Acha que eu estou bonita?

- Ahn... – hesito. – Acho.

- Ah, obrigada – ela diz, dando um daqueles sorrisos lindos. – Eu fico lisonjeada.

Sorrio de volta e a acompanho até a sala.