Ele não parecia estar brincando, sua expressão era de dor, isso me doeu um pouco mais do que a notícia em si. Ele me puxou para mais perto dele. -Diga algo Miya! – Ele estava desolado. – Diga algo! -Você vai me abandonar... – Não era uma pergunta. Ele iria. -Pelos céus! Claro que não! – Ele me olhava suplicante. -Então... Por que partir? Não pode ser treinado aqui mesmo? – Eu também o olhava, suplicando que ele ficasse, mas parecia não surtir efeito, pois eu estava presa aos seus olhos marcados de leve... Uma marca semelhante a de meus sonhos com ele vestido de sobretudo, mas aquelas eram marcas perversas, que tiravam a felicidade de seu olhar, mostrava apenas seu lado “negro” digamos assim. Ele sorriu, sem humor, nem vontade, um sorriso vazio. -Porque é preciso... -Então você vai me abandonar! – Agora eu exclamei, era certo o que ele faria comigo... Estava muito mais do que qualquer coisa, ele partiria, me deixaria... Infeliz, sozinha.... -Não vou! Acredite Miya, não tenho escolha se não ir para um lugar idiota treinar! – Ele segurou meu rosto com as duas mãos. – Eu... Eu... Juro para você... Vou voltar! -Quando? -Em breve... -Quero saber quando Itachi! -Cinco anos.... -O que?! – Eu tinha entendido bem? -Cin... Olha... Eu volto ta legal, é mais ou menos entre três e cinco anos, só peço uma coisa... Aliás eu imploro... -Diga... – Eu já estava derrotada... Cinco anos sem... Sem ele. -Quero que não me... Deixe. Quero que não fique com ninguém... -Que eu te espere. – Eu respondi por ele, pois ele parecia não saber a palavra. -Exatamente... Pode fazer isso por mim? -Eu não conseguiria amar outra pessoa, como eu amo você... Eu sempre irei te esperar. -Não precisa ser por tanto tempo, meu amor, me espere por cinco anos... -Eu espero. -Eu te amo. -Eu também te amo. Nos beijamos, era um beijo urgente, lagrimas rolaram do meu rosto, Itachi me puxou para mais perto dele, ainda me beijando. Durou muito tempo, até que ele terminou o beijo. -Vim apenas me despedir... Tenho que ir agora... -Te vejo...Daqui a cinco anos? -Daqui a cinco anos. – Ele repetiu, dessa vez ele sorriu verdadeiramente, eu tentei retribuir no mesmo nível, mas meu sorriso foi vazio. -Eu volto, eu juro. Ele me deu um beijo no alto da testa e se foi... Se foi, aquilo doeu profundamente.... Até cinco anos, meu amor... Pensei. Voltei para minha nova casa, nem a minha possível chance de entrar para a ANBU me animou, não dormi, eu apenas abracei um travesseiro, desejei que fosse ele, ali nos meus braços, mas era uma ilusão. Chorei, acho que o choro mais longo de toda minha vida, os raios de sol entraram no meu quarto, denunciando que meus dias seriam daquele jeito, durante... Cinco anos. Ele vai voltar... Pelo menos, tem que voltar. Me olhei no espelho desanimada, meu rosto estava inchado, eu o lavei, melhorou um pouco, prendi meu cabelo num rabo alto, soltei as mexas que marcavam meu rosto, escovei os dentes e vesti a minha blusa nova e meu short de pano preto, eu estava pronta, coloquei a bandana por fim e saí. Andei desanimada pelas ruas, olhando cada pessoa, estavam felizes, isso me tirou um breve sorriso, mas logo a vontade de chorar me atravessou como uma lança. Parei no meio do caminho, me concentrando em não chorar. Consegui vencer, mas a luta me machucou por dentro. Eu sempre estaria machucada por dentro. Sem ele, eu não tinha nada que bombeasse meu sangue... Ele tinha-o levado, sem intensão, me tirado o coração fora. Trombei em uma menina, derrubei tudo dela no chão. -Desculpe-me, eu não estava vendo por onde andava... – Eu disse ajudando-a a colocar tudo na sacola. Que dejá-vù era esse... Eu fui olhá-la mas, ela já tinha ido. Me levantei e continuei meu caminho ate o Hokage. -Sua missão é nível B, terá de ir com uma equipe de Chunnis, eles estão precisando de rastreamento de área, você tem o Byakugan e será muito útil! – O Sandaime era animado, parece que meu convite para a ANBU não demoraria, já que os níveis das missões estavam aumentando. Saí pela porta... Eu me esforçaria nas missões, por ele. Um ano se passou. Eu estava no telhado da minha casa, eu era uma chunnin, a melhor... Sempre fazia as missões com perfeição, me esforçando, sangrando cada vez menos em batalha e tinha aprendido Ninjutsu médico, o que me fazia ainda mais útil em uma equipe. Tive que cortar um pouco meu cabelo, estava absurdo de grande. Mantive o repicado, e sempre manteria. Hinata já tinha feito um ano de idade, eu as vezes passava na rua de casa, sempre pela manhã, cumprimentava minha mãe, contava a ela que eu era a melhor Chunnin, ela sorria tristemente orgulhosa. -Que bom filha que está indo bem na vida de ninja... – Ela dizia. Hinata ensaiava passos, isso me arrancava risos, ela parecia me reconhecer como irmã, mesmo eu sendo ausente para ela. Era incrível, o sol batia, denunciando que a noite não ia demorar a chegar. Uma vez fui na primavera ver a cachoeira, parecia muito mais triste do que eu... Agora, era apenas uma vaga lembrança... Estava segurando uma carta... Ali tinha as minhas estatísticas de missões, eram uma das melhores já vistas, a melhor, com certeza eu sabia que era dele. Estatística de Missões. Ninja: Miya. Nível : Chunnin. Missões: Rank S: 1 Rank A: 6 Rank B: 25 Rank: C: 40 Rank D: 0 Era uma ficha exemplar, eu tinha deixado uma cópia na caixa de correios para minha mãe, acho que ela pode ter visto. O Hokage tinha me assegurado de que eu não iria ser Chunnin por muito mais tempo, eu tinha opções, ou me tornava Jounin e teria de ser capitã de equipe e fazer missões nível B para cima, ou eu ia para a ANBU, mas eu ainda tinha que ser aceita por lá. Entrei em casa, a noite trazia consigo um sereno desagradável.Decidi tomar banho, depois iria ler um livro sobre meu clã, falando de técnicas a se desenvolver. A água do banho estava quente, mas não a ponto de me queimar, sim de me relaxar, uma coisa me fez sorrir, era menos um ano, daqui a mais quatro, eu estaria em seus braços... Nos braços, do meu Itachi.