Era uma noite clara, eu, Miya Hyuuga, agora olho pela janela de meu quarto, em pensamentos profundos, tão profundos como a escuridão da noite, estou apaixonada há algum tempo, por um garoto do clã rival ao meu, ele é tão lindo e habilidoso. Seu nome é Itachi Uchiha. Eu o observo durante o dia, ele cuida muito de sua família e tem um grande apresso pela vila em geral, usa toda a sua sabedoria para mantê-la bem, tanto é que agora é da AMBU.

            Meu clã e o dele brigam por poder, os Hyuuga e os Uchiha... As duas elites, que tentam a todo custo se superar. Com Itachi do lado oposto, meu pai Hiashi está preocupado, com medo que a inteligência dele seja suficientemente grande para formular um golpe que tirará tudo do controle. Mas ele não o conhece, não como eu.

            É meio que idiotice minha, eu também não o conheço, não nos falamos, nunca trocamos nenhuma idéia sobre o mundo, como eu queria que esse dia chegasse...

            Meu pensamentos foram interrompidos por passos do lado de fora, me joguei na cama e me cobri rapidamente, a porta foi entreaberta, uma fresta de luz atingiu meu rosto, por instinto apertei os olhos. Um riso aconchegante me fez abrir os olhos, era minha mãe.

            - Há algum problema Miya?

            -Nenhum, e o papai? – perguntei fingindo um bocejo no final da frase.

            Meu pai não andava bem, a gravidez de minha mãe não era problema, minha irmã Hinata viria, só o que lhe tirava o sono era o Itachi, o meu Itachi.

            Ela mordeu o lábio inferior.

            -Durma Miya. – Disse com uma voz autoritária.

            Minha mãe não era disso, sempre foi uma mulher compreensiva, de uns tempos para cá, todos têm ficado tensos. De manhã eu teria os treinos matinais com meu pai, acho que consigo perguntá-lo algo sobre como anda os negócios com a vila.

            Cansei de pensar, tentei relaxar para dormir, olhar meu amado por baixo das pálpebras fechadas, era algo que me acalmava, o sorriso despreocupado dele de quando ele chegava em casa que um dia flagrei, sempre sonhei e receber um daqueles. A mãe dele também esperava um bebê, acho que é um menino... Pensando nisso tudo se perdeu, eu adormeci, com o seu sorriso lindo, voltado para mim.

            Acordei cedo, vesti a roupa de treino e me olhei no espelho, meu cabelo azul marinho era repicado e escorrido, ele estava bem grande, pedindo um corte, tive que prendê-lo para não ouvir nada do senhor Hiashi. Deixei as merchas menores escaparem, o que me destacou o rosto de 13 anos. Sorri para mim e corri para a cozinha. Comi uma maçã rápido, quando corria para o salão quase bati em meu pai. Fiz uma breve reverência, depois ele desviou de mim, sem me dar um “bom dia” que fosse.

            -Pai... – Falei um pouco baixo demais, mas o suficiente para que ele parasse. – Vou ter treino hoje?

            Ninguém se virou, ele de costas para mim e eu de costas para ele. Depois de um longo suspiro ele respondeu.

            -Vamos, vá se aquecendo.  – Sua voz era monótona, mas só dele falar era um bom sinal geralmente ele era mais silencioso, o suficiente para me enlouquecer.

            Fiz o aquecimento e como já era de costume, fiz alguns selos com a mão.

            -Byakugan.

            Meus olhos se abriram em um flash, olhei na direção leste, ali eu via a casa dos Uchiha, Itachi estava saindo para treinar, depois de fazer uma breve reverência para sua mãe ele saiu sorrindo, olhando para o sol. Queria poder ver além de suas linhas de chakara, queria ver seu rosto, seus olhos pretos e profundos.

            Notei meu pai chegando e desfiz imediatamente o Byakugan, relaxei os olhos, o formigar de sempre invadiu meu rosto e depois reabri os olhos, tudo tinha cor, agora minha visão era a simples visão limitada.

            O treino ocorreu silencioso, evitei errar, como de costume, meu pai ficou me observando com uma cara enigmática. Quando eu já me retirava, me permitir olhar para traz, o rosto de meu pai não dizia nada, era o mesmo de sempre. Voltei para meu quarto, vesti uma roupa mais feminina, digamos assim e saí, fui comprar algumas coisas que minha mãe deixou escrito para que eu comprasse no mercado.

            Com tudo em sacolas, recomecei a andar de volta para casa, distraída e olhando para baixo acabei batendo em alguém e caí com tudo.

            -Aí! – Reclamei.

            -Desculpe, eu estava distraído. – Dizia a voz suplicante de um homem.

            Eu fui juntar as coisas junto com ele, quando fui pegar a maçã, a ultima coisa que faltava para pegar, nossas mão se uniram, olhei para frente, mal pude acreditar em quem eu olhava no momento, ele. Itachi Uchiha corou assim como eu. Depois de nos entreolharmos por alguns segundos, ele pegou a maçã por baixo da minha mão e a jogou dentro da sacola.

            Eu me levantei em um salto, ninguém dizia nada, então achei melhor começar...

            -Desculpe, eu não olhei para onde ia... Obrigada por me ajudar.

            -Você é uma Hyuuga.

            Não era uma pergunta, dava para ver quem era do meu clã, os olhos nos denunciávamos. Assenti com a cabeça.

            -Sou Uchiha Itachi, você deve ser a Miya.

            Surpreendeu-me ele saber meu nome, claro eu era a unica filha da elite, mas mesmo assim, foi um choque.

            -Sim, sou Miya Hyuuga.

            Como nos meus sonhos ele sorriu para mim, daquele jeito amoroso que eu o via fazer quando me escondia para observá-lo ao longe. Corei novamente e dei um sorriso tardio.

            -Que coisa chata que acontece com os nossos clãns, não acha? - disse ele me ajudando a levantar.

            -É... Eu acho uma perda de tempo, poder... Urgh! Meu pai é meio que obcecado nisso.

            Depois de falar isso me dei conta de que estava falando com o filho do Uchiha da elite, ele riu.

            -Engraçado, o meu também é assim, acho que só muda de endereço...

            Rimos de nossos pais, ele me olhou novamente, as fronteiras entre nos acabavam de cair, uma a uma, seu sorriso, destruía todas.

            -Tenho que ir. – Disse ele já indo, depois de dar um paço ele olhou para mim.

            Eu olhava para ele, com as sacolas na mão, ele sorriu.

            -Você é muito legal, Miya... Apesar de tudo...

            Sorri de volta, ele caminhava olhando para tudo, para a vila que ele amava, depois me belisquei.

            -Ai... – Esfreguei depois o lugar do beliscão.

            Não era um sonho, Itachi Uchiha tinha mesmo trombado comigo, falado comigo e sorrido para mim. Tudo que eu queria era reencontrá-lo, agora mais do que nunca... Miya Uchiha... Até que não soa mal...