Commentarius Angeli - Um Testemunho escrita por Francisco Lima


Capítulo 31
Capítulo 31 - Acordando a Noite


Notas iniciais do capítulo

Pessoal perdão pelo "abandono da Fic", estava mesmo muito dificil escrever, e eu me atarefei muito com o meu trabalho, mas espero estar voltando com capacidade suficiente para levar a história até o fim agora.



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Capítulo XXXI – Acordando a Noite.

Algumas pessoas acreditam que sonhos possam ser mensagens ou premonições, eu sempre fui muito incrédulo quanto a isso. Não que eu desacredite da sensibilidade de algumas pessoas, mas de minha parte sempre tive muita dificuldade de me lembrar com o que havia sonhado, acho difícil alguém que quase nunca se lembra de seus sonhos acreditar em coisas como essas. Em contra partida há um sonho que vem se repetindo com certa frequência, mas ainda assim, isso não é suficiente para me fazer acreditar em premunições, e acredito que isso possa ser usado como uma forma de se enganar pessoas, afinal como o sonho com um carro capotando, ou com um passeio de bicicleta a beira da praia pode ser convertido em um número de apostas, como 2042? Para mim isto não faz sentido algum.

Minha mãe estava esperando por nós quando chegamos em casa. Ela tem esse hábito, só vai dormir depois que eu chego, era assim com meu irmão mais velho também. Já fazia um tempo que Allan não vinha dormir em casa, isso acontecia freqüentemente quando estávamos no ensino médio. Deixamos as nossas coisas no meu quarto e fomos até a cozinha. Eu gosto de preparar um achocolatado gelado para beber antes de dormir, Allan também faz o mesmo antes de dormir, mas sempre preferiu o leite puro e gelado.

– Ei Allan, acha que amanhã alguém vai comentar de ter nos visto lutando na rua? Não sei o que diria se isso chegasse aos ouvidos dos meus pais. – Comentei em voz baixa enquanto misturava o meu leite e o chocolate com uma colher.

–Bem, isso seria mesmo um problema, mas no instante em que um anjo libera sua arma, junto com ela ele emana uma energia que distorce a percepção sensorial das pessoas comuns, algumas não nos perceberiam lá, outras mesmo que percebessem não nos reconheceriam, seria preciso alguém com uma sensibilidade e uma percepção sobrenatural apurada para nos reconhecer. – Allan respondeu. – Em um caso como esse, acho que se trataria de outro anjo, ou um demônio, acredito que em nenhuma das situações alguém nos entregaria, a chance existe, mas não é das maiores!

– Isso já ajuda muito! – Eu comentei. – Vem cá, como você sabe de tantos detalhes assim?

– A maior parte do meu treinamento foi feito com a Thais, ela é bem detalhista com esse tipo de informação! – Allan respondeu.

– Isso já explica muita coisa! – Conclui. – embora ela tenha nos deixado de fora dos últimos acontecimentos.

– Thais reúne mais grupos além do nosso, é normal que ela suma de vez em quando! – Allan comentou. – Embora desta vez seja uma situação diferente.

– É você disse! Pelo que sabemos, ela deve estar com o Pascal.

– E com outros anjos de outros grupos provavelmente! – Allan completou.

– Provavelmente, e com certeza tem algo a ver com o que aconteceu com Dorothy! Também acho que Marília deve estar com eles, afinal foi ela quem falou com você.

– Marília é muito boa com comunicação, estou certo que ela usou o celular, mas ela também se destaca nos métodos mais “estratégicos” – Allan falou dando ênfase a frase – É uma aliada valiosa, Thais costuma dizer quando está falando das possíveis estratégias que podem ser montadas com cada grupo, ou com alguns grupos combinados.

– Sobre ter algo haver com o que aconteceu com Dorothy, tenho certeza que sim, mas acho que os grupos de demônios estão se mostrando mais ainda do que o esperado! – Allan continuou – Eu não estava contando com o que aconteceu hoje, por exemplo, sem falar na ajuda inesperada que recebemos.

Allan abriu sua mochila, pegou um osso de plástico translúcido azul e jogou para Lex, que o mordia, sacudia, jogava para os lados, depois corria atrás dele e fazia tudo outra vez.

– Ele se diverte muito com isso! – Allan comentou.

– É deu pra notar! – Eu respondi – Bom, e falando naquela motoqueira, pelo visto é ela a maníaca que os jornais estão noticiando que mutila membros de gangues e depois chama o resgate. Eu não esperaria nunca que alguém capaz de fazer uma coisa dessas pudesse estar do nosso lado, será mesmo que ela é um anjo?

– Eu tenho certeza, a energia que percorre o seu corpo é como a nossa, depois você ouviu o que ela disse, ela faz o que acha certo, e a seu modo ela nos ajudou.

– Isso é verdade! – Concordei – Como foi que ela disse mesmo? O azar é do goleiro?

– Sim, é uma gíria lá do sul! – Falou Allan – Acho que quer dizer algo como “Doa a quem doer”.

– No momento em que ela apareceu e segurou aquela flecha, eu pensei que ela estivesse do lado deles. – Por sorte eu estava errado.

– O que será que está acontecendo, por que os demônios estão agindo assim? – Allan perguntou de forma quase retórica.

– Eu não sei, mas a cada dia, sempre parece que tem muito mais acontecendo do que nós já sabíamos.

Nós fomos para o meu quarto, como Allan já conhecia bem a minha casa, Lex podia ficar à vontade e nos acompanhou enquanto se divertia com seu osso de brinquedo.

– E quanto a Dorothy, sabe mais alguma coisa sobre ela? – Eu perguntei.

– A última vez que a vi foi quando estivemos na casa do Vinícius. – Allan respondeu.

– Daquela vez, quando eu os vi juntos, vocês dois estavam parecendo um casal! – Comentei.

– Eu acho ela legal! – Allan falou com um sorriso meio sem jeito – Gosto do humor negro dela.

A minha mãe tinha trocado os lençóis do beliche durante a tarde. A mesa do meu computador é claro, estava com a minha típica organização pessoais, ou como muitas pessoas chamam, minha bagunça organizada.

Allan se deitou no beliche de baixo, eu estava deitado na cama de cima, e Lex estava deitado sobre um tapete, que eu tinha colocado no meio do quarto, mas ele mesmo o arrastou para junto da cama e se deitou perto dos pés de seu dono.

– Allan, para que os demônios estejam agindo mais organizadamente, é necessário que estejam seguindo alguma liderança, alguma força maior não acha?

– Bom, acho que sempre há uma força maior! – Allan começou a me explicar, ele realmente sabia muitas informações – Mas a questão é a boa comunicação entre muitos grupos deles, isso não está acontecendo de forma normal. Existe uma ordem de guerreiros que detém conhecimentos que lhes permitem controlar demônios. Acho que você já se encontrou com um guerreiro desta ordem não foi?

– Está falando daquela ordem que surgiu de forma obscura do núcleo secreto dos cavaleiros templários? – Eu perguntei um pouco surpreso com a comparação, embora em minha mente eu começasse a fazer associações e a primeiro momento elas me pareceram fazer sentido – Eles eram a ordem dos cavaleiros renascidos certo? Uma vez enquanto estava em uma seção de treinamento com Thomas e Pascal, um membro desta ordem invadiu nosso treino e lutou contra Thomas.

– Bem, se ele conseguiu invadir o campo de treinamento protegido por Raphael, é porque Raphael permitiu, provavelmente para testar os resultados do treinamento de vocês! – Allan explicou o que de fato ficou obvio depois de ver a reação daquele cavaleiro quando percebeu estar diante de Raphael.

– Acha que é esta ordem que está coordenando as ações desses demônios? – Perguntei.

– Bom, seria uma possibilidade, mas pelo que Thais e Marília tem comentado, a forma como eles estão se organizando é grande demais, mesmo para esta ordem. – Allan deu um suspiro antes de continuar – Além disso, esta é uma ordem de séculos de idade, e estes nunca se mobilizaram desta forma, talvez porque isso poderia até acabar expondo a existência da ordem que ficou tantos anos no anonimato sob a sombra dos templários. Eu acho que organizações antigas como essa dificilmente mudam seus padrões de comportamento, embora não seja impossível.

– O que lutou conosco se chamava Ademar, tinha que ver o que ele fez com seus ícaros! Ei Allan, você disse que a ordem era de humanos, como ele podia ter ícaros? – Eu perguntei.

– Não sei dizer bem como funciona, acho que o Thomas deve saber, mas cavaleiros renascidos fazem rituais para invocar demônios e controlá-los, acho que devem ser capazes de aprisioná-los em seus próprios corpos e usar seus poderes, parecido com o ceifeiro de Dorothy. – Allan respondeu – O que também fortalece as suspeitas de serem eles que estavam por trás daquele seqüestro!

Conversamos pouco mais até que decidimos dormir, não demorou muito para que eu caísse no sono. Não me lembro bem do que estava sonhando, mas me lembro de ver novamente aquela imagem de um anjo de vidro, uma forma feminina com asas abertas, tocando uma trombeta voltada para baixo, a luz do sol entrando pela janela por de trás da estátua e a atravessando, o vidro de suas asas brilhava mais do que o vidro do restante do corpo. Eu senti algo na minha cama, o que me fez acordar com um susto. Era um homem pálido com roupas pretas segurando uma faca de caça, ele me viu abrir os olhos, agarrou meu pulso esquerdo para que eu não pudesse usar o meu relógio. Então ele ergueu a mão esquerda com a qual segurava a faca virada para baixo e desferiu um golpe contra mim.

Nesse momento a lança de Allan atravessou o colchão do beliche chegando a me causar um grande arranhão, perfurou o corpo do homem chegando a atravessá-lo, quebrando suas costelas.

– O que foi? – Perguntou Allan com uma voz muito sonolenta.

– Nada, só um sonho que eu tive. – O susto do ataque me fez acordar, não tinha acontecido de verdade.

– Pesadelo? – Allan perguntou ainda com sonolência.

– Foi! – Eu respondi, mas Allan não falou mais nada, acho que já tinha voltado a dormir.


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Notas finais do capítulo

É com grande prazer que agradeço a ajuda de Angel SPN, que esta me ajudando sendo a BETA desta fic.



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