Miopia (Ou Um Estado de Espírito) escrita por Frau Schnellfeuer
Notas iniciais do capítulo
Droga. Odeio o Nyah!. O espaço pra "Título do Capítulo" nunca é grande o suficiente. Maldito seja.
Flertando com as nuvens (Ou "Quando a chuva veio me beijar")
Amanhecia. Os dedos rosados da aurora manchavam o céu parcialmente cinzento de chuva.
No centro, nuvens que pareciam claras batidas em neve semi imersas em um líquido azul gelatinoso, muito denso, muito estagnado.
À esquerda, o céu era amarelo pálido, apenas estrias de luz surgindo por trás das nuvens cinzentas.
A lua era só um fiapo de prata surgindo por trás de uma camada superficial de nuvem no lugar onde as duas tonalidades de céu se encontravam, a junção encoberta por camadas e camadas mais profundas.
À direita o céu queimava em um tom de mundo imerso em caos, um cenário de pesadelo. As nuvens infernais pareciam fiapos de algodão incendiado nas bordas e o centro era uma massa laranja tóxica que bem lembrava uma caldeira imensa, profunda, infinita.
Em pouco tempo, e antes que se desse conta, o céu todo tinha se transformado: Era só uma abóbada cristalina, azul no meio e clareando, amarelecendo ; As nuvens pesadas de chuva tinham fugido para as laterais da sua visão, se tornando placas tectônicas cinzentas e rachadas, mostrando a superfície de um oceano brilhante ao fundo. No topo do céu e bem acima de seus olhos, restaram nuvens muito finas e fibrosas. Lembravam-lhe vagamente um cavalo, um dragão, um pássaro fantástico, a península da Jutlândia.
Duas andorinhas cortaram o céu. Um gato escapou da sua vista, furtivo. A lua reapareceu de trás das nuvens.
E o céu metamorfoseou de novo.
Caiu-lhe a primeira gota sobre a perna. Uma eternidade antes que outra atingisse o telhado próximo. Uma sobre o papel que escrevia. Olhou pro céu. A caldeira agora sem cor se aproximava do cento da abóbada, vinda da direita, se espalhando pelo firmamento como uma doença. Logo milhares de gotas frias pingavam ao seu redor. E ela se deixou continuar a escrevendo na chuva, deixando as palavras serem borradas no papel.
Estava com frio e se sentiu solitária.
Mas estava em paz.
Era a última linha da página. Essas foram suas últimas palavras no papel.
Mas o céu era toda cinza, um borrão triste quando ela levantou, espreguiçando, sentindo o beijo gelado da chuva em sua pele, seu rosto, sua boca. Seu primeiro beijo.
Ela deu as costas e saiu, com um aperto no peito ao ouvir o trovão rugindo, exigindo que voltasse.
“Traidora.” Foi o que ele disse.
A chuva a confortara e fizera companhia. E agora, quem faria companhia à chuva?
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Você vai me achar maluca, mas isso aconteceu mesmo comigo, na casa de uma amiga. Era o céu mudando e eu escrevendo.
Meu primeiro beijo realmente pertence a chuva(A gente tem uma relação meio enrolada, mas eu a amo muito).
òsculos chuvosos e molhados da Frau.