Miopia (Ou Um Estado de Espírito) escrita por Frau Schnellfeuer


Capítulo 17
História


Notas iniciais do capítulo

Fresquinho e no ponto.



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História (Ou "Eu Queria Muito Viajar No Tempo")

Uma vez antes, eu quis viver em eras imemoriais em que o tempo era mais sagrado, mais difuso e distante, os guerreiros mais bravos, as donzelas mais submissas e os bárbaros mais exóticos.

Em determinado ponto quis saber como brilhava o ouro dos piratas, sentir o veludo do mármore dos templos e o peso da armadura de um cruzado.

Certo dia cogitei se não devia ficar na margem, apenas assistindo a novela da História acontecer em tempo real, sem perder nenhum capítulo,  apreciando e comparando com suas versões mais antigas.

Um dia sonhei que meu lugar era espectadora dos eventos e dos fatos que se desenrolavam ante meus olhos míopes, porém atentos.

Em uma época pensei que talvez meu insignificante papel fosse apenas observar e tirar acertadas conclusões elucidativas de tudo o que ocorria nesta bizarra selva de política e sangue.

E então, depois de desmembrar os segredos do passado eu pudesse viajar no tempo, em direção ao futuro distante e descobrir que em que merda todos nós fomos parar.

Mas aí eu descobri, diante do pôr-do-sol do mundo, que segundo um velho louco (muito sábio, mas louco, com o estranho hábito de botar a língua pra fora e nunca pentear os cabelos), que viajar no tempo era impossível.

De repente, desejei ser imortal. Sobreviver e estar lúcida em num futuro distante e descobrir que em que merda todos nós fomos parar.

Mas aí eu descobri, diante de um livro numa sala de aula, que segundo um velho louco (muito sábio, mas louco, com o estranho hábito de ficar filosofando nas praças gregas) nenhum ser corruptível como o ser humano poderia continuar para sempre, para ver, em um futuro distante, em que merda nós fomos parar.

[Para os Sete Infernos com esses velhos loucos e muito sábios!]

Nem passado, nem futuro. Eu entendi não tinha nada além do presente.

E que eu devia me agarrar com força essa droga de presente como se fosse mesmo um presente, uma dádiva enviada pelo próprio Criador (que segundo um batalhão de velhos loucos, porém muito sábios, nem existia).

Nesse ponto percebi que a História era uma velhota implacável e mal-amada; Passava por mim com a mesma misericórdia e compaixão que o ácido tem pela ferrugem.

Eu apenas observava – não construía a minha História.

Ò cruel dúvida! Viver ou observar?

Antes que eu me desse conta, tomei minha decisão: empunhei-me a esse Presente;  sufoquei-o com bebidas, cigarros, festa, alienação e insensatez; Antes que outro velho louco, muito sábio, mas louco viesse me encher o saco, deixei para trás a Eternidade e busquei nos braços do Agora meu alento.

Abandonei a História à seu próprio curso e acabei perdendo muitos episódios dessa fábula de dor, desespero e frustração.

Mas ainda quero conhecer tudo.  Ainda quero viajar no tempo. Ainda quero ser eterna. Ainda quero saber em que merda nós vamos parar. E ainda quero que esses velhos loucos, sábios,porém muito loucos, vão para o raio que os partam junto com sua inexorável persuasão e toda a sua sabedoria louca.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews. Miopia está acabando meu povo ^^!!!!
ósculos e amplexos da Frau Schnellfeuer



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