Eu perdi a conta de quantas vezes eu li a carta, e de quantas vezes eu me cortei com os espinhos das flores ao deitar na cama sem pensar direito. Eu não sabia o que fazer... Por dentro eu estava gritando "vai logo sua imbecil" mas por fora eu estava dizendo calmamente a mim mesma que eu não preciso dele.

Eu não tenho certeza, mas eu acho que eu estou mentindo pra mim. Se for possível. Mas acho que só tem um jeito de descobrir.

No dia seguinte falei com o Pedro que eu não tinha trabalhado ontem porque eu estava doente (cof, cof, mentira, cof) e que eu trabalharia até às dez horas da noite em vez de oito todos os dias da semana.

Exceto hoje.

Hoje eu iria conversar com o Edward e ver se ele realmente vale a pena. Se não, eu estava decidida a deletar ele da minha vida pra sempre, não importa quanto tempo isso dure. E eu tinha certeza que iria demorar, e muito.

O dia foi bem normal, pra falar a verdade. Tentei não pensar muito nele, e até que eu estou começando a dominar a habilidade de bloquear meus pensamentos. Devagar e sempre.

Quando deu oito horas, fui pro meu quarto me arrumar. Coloquei uma bata de manga comprida, uma calça justa e uma bota. Dessa vez, eu não olhei no espelho tantas vezes quanto da última vez, e eu mal sorria. Nem parecia a mesma garotinha histérica sonhando com o príncipe no cavalo branco. Graças aos céus, essa fase minha passou.

Agora eu estava sendo realista. Dentro da minha própria realidade, é claro.