Voltamos pra pegar a minha mala e fomos andando pra casa dele. Não parei de fazer perguntas do tipo "tem certeza que não tem problema", e ele sempre respondia com a maior calma do mundo.

– E seus pais?

– Meus pais? Não se preocupe. Eles nunca estão em casa. Acredite em mim, eles vão sair antes de você acordar e chegar quando você já estiver dormindo.

– É assim com você? - perguntei, surpresa. Ele nunca tinha me falado que tinha problemas com os pais. Bom, ele me disse que o motivo dele ter fugido aquele dia tinha sido alguma coisa com os pais dele... Nunca parei pra pensar no assunto. Se o que ele acabou de dizer era verdade, ele é quase tão sozinho quanto eu.

Ele não respondeu. Nem olhou pra mim.

– E quanto ao quarto de hóspedes - ele continuou - também não vai ser um problema. A gente só usa ele quando minha tia vem nos visitar, mas isso é só no natal e no meu aniversário. Sabe, você nunca me disse quando era o seu aniversário. - ele disse, claramente tentando mudar de assunto. Mas a minha resposta não seria muito mais alegre do que o assunto anterior.

– Eu... Não sei.

Silêncio constrangedor. Ele olhou pra mim, tão chocado quanto eu fiquei ao saber da ausência dos pais dele. Felizmente, nós havíamos acabado de chegar na casa dele. O quarto de hóspedes era no segundo andar, entre o quarto de Edward e o de seus pais. Ele tinha uma cama de solteiro, relativamente grande comparada à minha antiga cama, um guarda roupa com duas portas e quatro gavetas, uma escrivaninha em um canto e uma estante dupla na parede.

E ali, bem do lado da cama, uma janela, do mesmo tamanho da do quarto de Edward. Ele me ajudou a colocar minhas coisas no quarto - guardamos minhas roupas, trocamos a roupa de cama e colocamos o resto na estante.

– Ficou bom?

Antes de responder, peguei o pedaço de parede arrancado com o desenho que ele tinha feito pra mim e grudei ele na parede em cima da cama.

– Perfeito.