Acordei quando o sol ainda estava nascendo, com pingos de orvalho caindo no meu rosto. Me levantei, guardei o lençol, e fiquei sentada no banco, vendo o sol nascer. Pela primeira vez na vida, eu tinha um maravilhoso dia com absolutamente nada pra fazer. A sensação era ótima.

Decidi andar um pouco, até achar um café mais modesto. Comprei o capuccino mais barato e um donut, sentei em uma mesa e tomei café sem a menor pressa. Depois, dei uma volta na vizinhança, pra tentar conhecer o lugar um pouco melhor. Parei em várias vitrines sem comprar nada, entrei em uma loja enorme de eletrônicos e vi qualquer filme que estivesse passando nas televisões à venda.

Quando deu meio dia, comprei um croassaint e um suco em um bistrô ali perto, e voltei pra praça. Sentei um pouco debaixo de uma árvore, só olhando as coisas que eu trouxe comigo na mala. Olhei pro pedaço de parede do meu quarto, com o desenho da janela, e realmente parecia com a praça.

Fui até o karaokê que eu e Edward tínhamos ido uma vez, peguei uma mesa, tomei um refrigerante e escutei algumas músicas. Fui andando pela cidade, parando em mais vitrines, vendo mais um filme na loja de eletrônicos. Imaginei se Pedro estaria me procurando agora. É, claro. Mas ele com certeza vai me achar quando eu for pra casa do Edward. Isso se ele mesmo não contar pro tio. Mas quem liga? Ele não pode me obrigar a voltar. Ele que ache outra funcionária, ele que finja a morte da filha falsa dele pra própria mãe. Isso não é problema meu. Não mais.

Quando anoiteceu, voltei pra praça, sentei no banco e esperei por Edward. Resolvi esconder a mala por enquanto, pra que ele não adivinhasse nada antes que eu contasse. Depois de um tempo, vi ele ao longe, acenando, sorrindo pra mim. Um sorriso que eu sabia que não duraria muito tempo. E por minha causa.