654 escrita por Dodi


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Capitulo 30! Yay!
Então, muita gente tem pedido capítulos mais longos, mas é que eu geralmente não tenho muito tempo quando eu paro pra escrever a história, e eu odeio parar no meio de um capítulo. Esse, já que é outro número redondo, vou tentar fazer um pouco maior, mas os outros vão continuar com uma média de 300 palavras, ok?



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Quando anoiteceu, e já tínhamos acabado com todos os ovos da casa, eu falei que era melhor eu ir andando, e ele se ofereceu pra me acompanhar.

– Eu queria falar com você sobre o seu... trabalho na fábrica. - começou ele.

– O que, você nem é meu chefe ainda e já quer conversar sobre trabalho comigo?

– Não é isso, é que... Hoje, mais cedo. Você tinha razão. Você podia ter morrido lá. É um trabalho muito perigoso, não vale a pena.

– Olha, eu tenho trabalhado lá desde que eu tinha quatro anos, eu sei me cuidar, tá bem?

– Eu não disse que você não sabia. Mas mesmo assim. Acidentes acontecem.

– Ok. Vamos supor que eu me demita. Onde eu iria morar? Onde eu iria trabalhar? Não é muito longa a lista de lugares que empregam meninas de 14 anos.

– E se eu te arrumasse um emprego?

– Boa sorte com isso. E ainda faltaria um lugar pra morar. E não, você não pode me comprar uma casa.

– Eu vou pensar em alguma coisa.

– Você não precisa.

– Mas eu quero.

Fico um segundo só olhando nos olhos azuis dele, mas logo acordo.

– Boa noite. - digo.

– Boa noite.

Ele já estava indo embora, quando perguntei:

– Te vejo amanhã?

Um sorriso abriu no rosto dele.

- Você sabe onde. - ele respondeu.

- Às sete?

- Às sete.

Entrei na fábrica. Me pergunto no que ele poderia pensar ou o que ele poderia fazer que realmente me desse a chance de morar em outro lugar. Encontrei Pedro me esperando na porta do meu quarto. Depois que ele reduziu ainda mais o espaço no meu quarto, sem me avisar, colocando um armário enorme com um monte de documentos lá dentro, eu resolvi fazer uma chave.

– Eu não vou te processar, se é isso que você quer saber. - disse, enquanto destrancava a porta. - Se bem que eu deveria.

– Não é isso, eu quis saber como você estava.

– Escuta: não precisa nem tentar fingir que você se importa comigo, tá legal? Não é só pelo fato de você ter me mandado pra um vazamento de gás, não é pelo fato de você não ter me procurado depois disso, não é pelo fato de você nunca ter me falado quem eram meus pais, nem pelo fato de que você me explora desde que eu nasci! É pelo simples fato de que você não dá a mínima pra mim, e eu podia morrer que não faria a mínima diferença pra você! - parei um pouco pra respirar. - Você tinha razão. Eu não tenho mais quatro anos. Tenho quatorze.

E bati a porta com força.

Cara, eu preciso mesmo sair da fábrica.


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