Everybody Loves The Marauders III escrita por N_blackie


Capítulo 8
Episode VII




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Episode VII

“Halloween”

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Roger vai me matar

Ouvindo: This is Halloween – Danny Elfman (The Nightmare Before Christmas OST)

“Roger nem estará lá, filho.” Mamãe terminou de empacotar os biscoitos pretos e laranjas que tinha preparado para eu levar, e me deu um beijo na testa. “Ele nem vai saber que esses cookies têm gordura.”

“Eu duvido, Roger é onisciente, mamãe.” Enfiei o pote na mochila, e espiei pela janela só por segurança. O pai de Sirius deve ter instalado escutas na minha cozinha. Papai entrou pela porta do corredor, e roubou um pedaço da bandeja extra que mamãe prepara.

“Olhe o colesterol, querido.”

“Só um, Cecily, calma. Ei, ursão, precisa de carona?” Ele bagunçou meu cabelo, e desisti de procurar Roger. Se fosse pra levar uma bronca dele, eu levaria. Me sacrificaria pelos meus biscoitos!

“Não, pai, Sirius vai levar. Roger não pode saber que pedi pra mamãe fazer os biscoitos especiais dela.”

“Esse homem não dá sossego na dieta de vocês!” Papai afastou a banqueta para poder encaixar a barriga ali, e sorriu largo. “Diga a Roger que se ele tiver algum problema com os biscoitos especiais da minha Cece, que ele venha se ver comigo! Vou mostrar pra ele, vou mesmo.”

“Não precisa de tanto, ai.” Mamãe corou e deu um beijo na careca dele. Não quis rir na frente dos dois, então ajeitei minha fantasia. A pele verde estava me abafando por dentro, mesmo com o outono gelando o meu traseiro. “Peter, querido, diga ao papai do que está vestido. Esqueci totalmente!”

“Eu disse quinze vezes já, mamãe. Estou vestido de Mike Wasowski, lembra? Do filme dos monstros que você achou fofo?”

“Ah, mas porque não disse antes?”

BÉÉÉ

“Tchau, mamãe, tchau, papai, já vou indo!” Saltei da cadeira e quase tropecei nos meus pés gigantes e cheios de unhas de pelúcia, mas mamãe insistiu em dar um beijo no meu olho.

Quando sai para a calçada, entretanto, quem estava me esperando não era a SUV gigante do pai de Sirius, mas dona Meredith e James, fantasiado do décimo primeiro Doctor (o fez realmente ficou bom nele...). Quando me aproximei, ele esticou o braço pra me cumprimentar e quase cegou meu único olho com a sonic screwdriver dele.

“Ei, presta atenção!”

“Desculpa, estou tão entusiasmado que não consigo manter a coordenação!” Ele sorriu bobamente, e ajeitou a gravata borboleta. “Eu nem acredito que Regulus sabe costurar. Você acredita que ele sabe costurar?”

Balancei o meu cabeção.

“Você já disse isso um bilhão de vezes, James.” Abri a porta de trás e entrei. “Oi, Dona Meredith.”

“Olá, Pete, tudo bom? Amei sua fantasia.”

“Obrigado, também gostei da de James. Nem parece que foi trabalho escravo de um adolescente emotivo em troca de duas camisetas de banda.”

“Regulus deu o preço dele!” James cruzou os braços, mas logo desistiu da pose marrenta. “Ah, deixa pra lá, eu não consigo ficar triste nessa roupa.”

“Achei que Sirius iria nos levar...” Abracei minha mochila ansiosamente.

“Ele vai, mas combinamos de nos encontrar lá no apartamento pra todos irmos juntos.” Meredith sorriu pelo espelho sobre o volante. “Jude está levando Remus para lá também.”

“Roger fez Sirius prometer que daria carona pra Marlene e Mintch.” Jim balançou a cabeça. “Ou seja, vamos precisar enfiar nós quatro, Lene, aquele boçal do irmão dela, e Summer, claro.”

“Essa moça está realmente interessada nele, hein.” Dona Meredith corou, e James assentiu.

“Ainda bem, não vou aguentar se Sirius continuar de luto por Marlene, cara.”

O prédio de Sirius vinha logo na próxima esquina, e vi o carro branco de Dona Judith parando logo ao lado. Remus desceu todo alegrinho na fantasia de Charada dele. E muito estiloso.

“Você está fantástico!” James elogiou, e ergui o polegar. Rem ajeitou a máscara e ergueu a bengala, gargalhando maniacamente.

“O que é o que é, que parece impossível, mas impossível não é?”

Ele é muito bom nisso. Ignorei a cara de dúvida de James, e quando entramos no elevador, ele saltitou:

“A gente ser convidado pra essa festa! Nem acredito que Emme nos convidou...”

“Sério?” Baixei o capuz com o cabeção do Mike e ergui minha sobrancelha pra ele. “Depois de vocês virarem gêmeos siameses, você achou mesmo que ela não iria te convidar?”

“Ah,” Ele ficou vermelho, o que significa que pelo menos um pouco de bom senso ainda resta naquela cabeça, “achei que ela tinha vergonha de mim, sei lá.”

Balancei a cabeça e recoloquei a outra cabeça, e entramos no corredor do apartamento de Sirius. Dava pra saber exatamente qual era o dele (isso se nós não praticamente vivêssemos aí e não soubéssemos o número do apartamento) só pela teia de aranha com uma tarântula que preenchia todo o batente da porta.

Tocamos a campainha e um “muahuahahuahua!” ecoou pela casa toda.

“Somos nós!” James anunciou (como se precisasse), e quase caiu pra trás quando Regulus abriu a porta, com a costumeira expressão de velório que ele vinha usando. “AHMEUDEUSDOCÉU! Regulus, sinceramente, cara!”

“Você é patético.” Reg virou as costas e voltou pro canto dele, onde um livro enorme de capa preta sem título o esperava. Eu e Remus nos entreolhamos assustados, e Sirius pulou do sofá com um sorriso amarelo. A roupa de batman dele estava toda brilhante (provavelmente o tapado ficou a noite toda alisando).

“Ele tá numa fase meio dark, desculpa.”

“Ele não está lindo?” Summer (que novidade.) estava como Hera Venenosa, inclusive com uma peruca ruiva comprida. Ela foi até Sirius e apertou as bochechas dele. “Bonitão.”

“E é aqui que eu saio...” Remus se afastou e foi em direção à cozinha. Roger saiu do quarto com uma camiseta escrito “O pai mais fitness do mundo”, e rolou os olhos.

“Ei, meninos, fantasias legais... Obrigado pela camiseta, Remus, ela é ótima.”

“Sabia que iria gostar, Roger.” Rem sorriu, e Roger suspirou.

“Precisam que eu leve também? Não sei se vamos caber em um carro só...”

“Pode deixar que eu levo, Rogie, é melhor descansar.” Dona Meredith esfregou os ombros do pai de Sirius (isso é muito bizarro), que parecia mais cansado do que eu já o vira. Olhei curioso para Sirius, mas ele parecia mais perplexo do que eu. Summer sorriu alegremente e ajeitou a peruca.

“Estou quase pintando o cabelo de ruivo!”

A porta abriu novamente, e Marlene chegou numa fantasia muito legal de mulher gata. Sério, muito legal. Eu mencionei que a fantasia era legal? Porque era. O que deu em você, Pettigrew? Se recomponha!

“Lene.” Sirius sorriu para ela, e Marlene fez pose para mostrar o uniforme.

“O que acharam? Estou me sentindo a própria cosplayer!”

Atrás dela, com uma cara que me deixou mais assustado do que quando me perdi no Hyde Park com sete anos, Mintch veio, e por algum milagre da natureza estava com uma fantasia vintage do Ralph, o personagem do videogame, sabe? Fiquei impressionado, ele conseguia imitar até a cara maluca de vilão de jogo dele.

“Mintch!” Summer sorriu e cumprimentou o irmão de Marlene, e sorriu azeda pra Marlene. “Leninha, fofa, tudo bem?”

“Ficou boa de peruca, Summer.” Lene retrucou friamente.

“Erm... Vamos?” James sorriu amarelo, e dona Meredith também.

“Acho melhor, querido, vamos, todos! Já volto.” Ela ficou na ponta dos pés pra dar um beijo na bochecha de Roger (o que aconteceu com ele? Céus, a curiosidade está me matando!), e acenou para Regulus. “Até daqui a pouco, Reg!”

“Ugh, alguém me mata.” Regulus acenou de volta, de mal humor.

É esse o espírito do Halloween...

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: ?

Ouvindo: Heads Will Roll – Yeah! Yeah! Yeahs!

“Você está fabuloso, seu lindo!” Emme pulou em cima de mim, numa versão linda da Princesa Peach que eu recomendei a ela. “Ele não está lindo, meninas?”

“Maravilhoso!” Hilary riu e me cumprimentou. Ela estava de coelhinha (não sei se entendeu muito bem o conceito de fantasia legal...), e Fergie estava de bruxa genérica. Apesar de discordar da concepção de fantasia das duas, as abracei. Fazia tempo que elas não falavam comigo.

“Nem vai mais falar com a gente, Remie.” Fergie fez biquinho, e dei de ombros desajeitadamente.

“Vocês também não!”

“Eu vou ver se tem mais comida...” Pete sorriu amarelo e começou a cambalear em direção à mesa que Evelyn tinha aprontado. Ah, sim, como pude deixar escapar a decoração da festa, né. Graças a Deus não fui eu o responsável.

Uma mesa comprida estava recostada à parede do fundo, toda coberta de toalhas bordadas em laranja e preto com detalhes de abóbora e fantasmas (não dos bacanas, daqueles em miniatura e extremamente inverossímeis). Em cima dessa mesa estava a comida, tanto a que nós tínhamos trazido (reconheci os biscoitos especiais da Dona Cecily e meu estômago ronronou de felicidade) quando uma pilha de cupcakes – porque essa mania de cupcakes?! – decorados nos mesmos motivos.

Do teto pendiam serpentinas e silhuetas de vampiros, fantasmas, bruxas, e outros adereços genéricos de Halloween (bem feitos e de luxo, claro, mas genéricos). A luz havia sido quase toda trocada por luz negra, exceto por alguns spots nos cantos que deixavam o ambiente na penumbra constante. Emme implorara (literalmente) pela ajuda de Sirius pra deixar as coisas mais “nerds para os amigos nerds” – palavras dela – e ele colaborou com alguns emblemas de super – heróis que ela tinha fixado em lanternas em cima de mesinhas dos cantos, que acabavam projetando tudo no teto também.

Até que ficou legal.

“Hey, Rem!” Dorcas sorriu, e assoviei para a fantasia de Harlequina dela. Demos um selinho, mas acho que as coisas estavam meio estranhas entre nós, sinceramente. “Somos tipo uma liga de vilões, né.”

“É...” Quis enfiar a mão no bolso, mas tinha esquecido que estava com um macacão verde e só apalpei os quadris que nem um imbecil. Dorcas assentiu em silencio, e só somos salvos do climão pela chegada inesperada de Edgar Bones, fantasiado de Fantasma da Ópera, que vinha trazendo um dos irmãos Prewett (me desculpem, não consigo diferenciar um do outro.) pelo braço. O Prewett estava vestido como um francês da época de Alexandre Dumas, e ainda estou me perguntando o que ele quis dizer com essa roupa.

“Olá, Srta. Meadowes!” Bones cantarolou com um floreio da capa, e depois olhou secamente para mim, “E Lupin.”

“Bom te ver, Eddy.” Respondi sarcasticamente. Dorcas sorriu sem graça.

“Oi, Edgar. Ah, oi Gideon, tudo bom?”

O cara ficou roxo, e percebi algo que talvez estivesse deixando passar desde o fim da Comic Con... Meu namoro com Dorcas tinha esfriado. E não foi só porque percebi que ela estava começando a se interessar por Gideon, foi porque eu simplesmente não conseguia sentir nada vendo aquilo. Eu gostava de Dorcas, mas não gostava dela. Somos bons amigos. Essa realização doeu um pouco, agora.

“Vou deixar vocês conversando, eh.” Dei um beijo na bochecha dela e me afastei, pensando, com alívio, que poderia estar livre. Emme estava num canto conversando com os amigos populares dela, e ao longe vi um James pálido conversando com Lily... Que estava fantasiada de Amy Pond.

Oh, isso deve estar legal.

“Eu pedi a ele pra vir, mas não quis...” Lily dizia quando cheguei, e James fez cara de paisagem pra ela.

“É uma pena mesmo. Estava curioso para saber do que Snape viria...”

Mas eu não estava acreditando que esses dois estavam conversando sobre Snape. Controlei minha irritação e me aproximei, sorridente como se não estivesse querendo bater a cabeça de um no outro. “Heey, duplinha Doctor Who!”

“Pois é, Rem, “ Lily ficou vermelha, e olhou para James timidamente, “eu comecei a assistir por causa de James... Ainda estou vendo.”

“Sério? Achei que tivesse achado chato...”

“Eu disse isso pra te magoar.” Lily fez um muxoxo, e fiquei impressionado com a cara de pau dela. James só sorriu, mostrando que realmente é um idiota, e ela sorriu de volta.

Comecei a me afastar, afinal não vou interferir no clima que estava pesando ali, e fui procurar por Sirius, que estava sendo devorado vivo por Summer. Peter estava porcamente escondido embaixo da mesa de doces (que espécie de animal se esconde embaixo da mesa mas deixa as pernas verdes de monstro pra fora?), e me vi sozinho, parado no meio da pista. De repente, duas mãos cobriram os meus olhos.

“Hein?”

“Oi!” As mãos saíram, e quando virei, vi Tonks com uma fantasia de Coringa (o que é que todo mundo dessa festa tem com Batman?) muito legal. Os cabelos dela não estavam mais rosas.

“Me assustou.” Ri, e ela balançou a cabeça.

“Fiquei com medo de te empurrar sem querer, mas ainda bem que deu certo! Acredita que fui convidada? Achei que ser nova não ia me garantir um convite, mas consegui. E você? Disse que não era muito popular...”

“E não sou! Quero dizer, Emme é minha amiga, mas os amigos dela não são meus amigos... Faz sentido?”

“Faz...” Ela sorriu, e fez sinal pra minha fantasia, “Amei, você deu um ótimo charada, Rem. Pergunta: se os amigos de Emmeline não são seus amigos, quem são seus amigos?”

Olhei ao redor do salão, e apontei pros pés de Peter. “O gênio do disfarce lá é Pete Pettigrew, o Décimo Primeiro Doctor ali é James, a Amy Pond é Lily, e aquele cara lá, de batman, é Sirius.”

Quando procurei pela reação de Tonks, ela estava com a boca tão aberta que se parecia com o desenho do Coringa. “Sirius Black?”

“É.”

Ela soltou um palavrão alto.

“Não acredito que ele ainda está em Stovington e ninguém me disse! Cretinos!”

“Você conhece Sirius?” Cocei a cabeça, e Tonks rolou os olhos.

“Claro que conheço. Sirius é meu primo.”

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Filme do quê?

Ouvindo: Summer

Estava num canto da sala de Emmeline, me divertindo à beça com Summer. Não que eu não quisesse conversar com os outros, mas existem poucas coisas que possam substituir um amasso, e como Marlene estava ocupada com Mintch, só me sobrava isso mesmo pra fazer.

“Você é tão lindo, sabia?” Ela se afastou de mim um pouco e sorriu, e senti o peito inflar. Quando que uma garota tão linda iria me dizer algo assim antes? Cara, preciso lembrar de agradecer o meu pai. Acariciei a peruca ruiva que ela usava, e Summer piscou os olhos pra mim. Vi Remus passando perto da gente, sozinho, e me senti meio mal de ele estar perdido no meio da festa de Emmeline.

“Hey, que tal dar uma volta pela festa?” Sugeri. Summer fez bico.

“Hm, só um pouquinho, pode ser? Ainda não tive você o suficiente.” Ela piscou, e eu ri.

“Ok, rapidinho.”

Quando nos afastamos, uma onda de felicidade me fez sentir leve, apesar da fantasia sombria que estava usando. Eu estava numa festa legal, com a galera legal, com meus amigos, Summer, Remus e a minha prima, e-

REMUS E A MINHA PRIMA?

Desviei de Summer e apertei os olhos para tentar ver se o que eu estava vendo era o que estava vendo. Remus, ok, garota vestida de coringa, muito parecida com a minha prima de segundo grau, Nymphadora, que eu não via há... Sete anos? Oito? Desde que meu pai rompeu com a família, não temos muitas reuniões felizes, digamos assim. E a mãe dela também não é lá tão próxima assim (os Black tem uma tendência a ter filhos meio cedo... No caso dela, aos 17 anos, então veja bem, minha vó não gostou nada disso, nem minhas tias-avós...). A família do meu pai tem problemas, resumindo.

Fato é, não a via desde criança, e ela estava de fantasia, então não tinha como saber se era mesmo a minha prima. E quais as chances de ser um encontro milagroso, com um correndo na direção do outro no pôr do sol enquanto gritam “Primo!” “Prima!”. A gente nem era tão próximo assim!

“O que foi, Sirius?” Summer soou preocupada. “Parece que viu um fantasma...”

“Não, é só que... Ah, dane-se, melhor não preocupar. “

Fomos comer um pouco, e ainda fiquei olhando pra trás, tentando ver qualquer sinal de que aquela fosse Nymphadora e eu pudesse pelo menos não passar de primo arrogante que não cumprimenta família estudando no mesmo diabo de escola que ela! Enfiei um sanduíche na boca, e os dois começaram a se aproximar, conversando. Cara, tinha que ser ela, era a cara da minha prima Andy!

“Sirius!” Remus chegou trazendo a moça pra perto de mim, e sorri pra ela. “Essa aqui é Tonks. Quero dizer, Nymphadora, mas ela não gosta do nome e tal, pode chamar de Tonks que tá tudo certo.”

ISSO, EU SABIA!

Sorri fixamente, esperando que ela me reconhecesse de quando a gente era criança. Nymphadora inclinou a cabeça para o lado. “Pera, eu acho que conheço você. Já estudou em Jenkins High?”

“Não,” Baixei a máscara, e ela arregalou os olhos, “você é a filha da Andromeda, não é?”

“Meu deeeeeeus, Sirius! Quanto tempo!”

Remus olhava de um para o outro, e mal conseguia acreditar na coincidência de Nymphadora estar ali.

“Mundo pequeno, mesmo.” A cumprimentei melhor agora, e Nymphadora (ou sei lá, Tonks) ficou do meu lado, sorrindo pra Remus.

“Rem, Sirius é meu primo.”

“Como?”

“Na verdade, a mãe dela é prima do meu pai.” Expliquei, sentindo o usual desconforto de ter que explicar a árvore genealógica maluca da família do meu pai (e motivo pelo qual eu não gosto de falar desse lado da família). “Nos afastamos um pouco, faz tempo que não te via.”

“Tempo? A última vez que te vi você se gabava de saber fazer funções na segunda série, seu babaca!”

“E você usava peruca o tempo todo.” Lembrei, rindo de lembrar de Tonks quando era pequena. Realmente, ela usava cabelo falso toda hora, gostava de pintar a unha e se disfarçar, com sete anos. Ela passou a mão nos cabelos roxos.

“Ano passado minha mãe topou trocar as perucas por tinta. Dá menos piolho, né.”

“Não sei como não te vi antes, começou este ano em Stovington?”

“Sim, meus pais se mudaram de novo e vim junto, né. Camdem era bacana, mas eu gosto daqui também. Ela mencionou que vocês podiam morar por aqui ainda, vivia dizendo que deve uma visita ao seu pai, pra compensar não termos ido no... Sabe, deixa pra lá. Ela vai ficar mega feliz de saber que estamos juntos.”

Essa era outra coisa que eu sentia falta na família do meu pai (só que não): eles não conseguiam ser honestos, de jeito nenhum. Apesar de Tonks ser melhor que a maioria, e pelo menos reconhecer que não foram no enterro da minha mãe, preferia isso do que o resto, que foi só pra ficar parados diante do caixão, ignorando a mim e a Regulus enquanto olhavam feio pro meu pai e cochichavam entre si coisas do tipo “menina classe média” e “se não tivesse engravidado com dezoito anos, veja só, dezoito!”.

Ah, claro, eles são ricos também. Era tanta informação contida em reencontrar Nymphadora que me arrependi de ter ido falar com ela, ou mesmo de ter afastado Summer um pouco. Pelo menos no canto com ela eu não precisava ficar me preocupando com isso, ou me assombrando com imagens horríveis do enterro da mamãe que eu preferia esquecer.

Remus parecia tão constrangido quanto eu (e olha que ele não faz ideia dessas coisas), e sorriu amarelo pra quebrar o clima. “Se eu soubesse que Tonks era sua prima teria apresentado os dois antes, né... Mas você estava ocupado sempre...”

“Eu bem que achei que você tinha um jeitinho parecido com o de Sirius, Nymphadora!” Summer interviu, e apesar da boa vontade dela, Tonks sorriu friamente.

“Pois é, família né. Bom, vou deixar os dois aí a sós, que tal? Remus quer me mostrar um site legal de camisetas que ele conhece. A gente se vê, primo.”

“A gente se vê.” Cumprimentei, e suspirei aliviado.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Não estragar tudo

Ouvindo: Música de balada

“Eu não acreditei quando vi que as pessoas pulavam o novo Doctor!” Lily gesticulou indignada, e senti que estava caindo num buraco fundo demais nos meus sentimentos por ela. Uma voz incomodada me dizia pra encerrar o assunto e sair de perto, que continuar a vê-la sendo linda, adorável, e cada dia mais nerd estava fazendo um rombo no meu coração, mas toda a força de vontade do mundo não conseguiria me fazer mover os pés de perto dela.

“Eu particularmente gostei muito dele, de verdade! Fiquei feliz com a entrada do David Tennant, também, mas não acho justo pularem o anterior só porque o décimo é mega carismático. Fiquei feliz que deu uma chance ao seriado, de verdade.”

“Você fez boa propaganda...” Ela não conseguia fixar o olhar em mim. “Desculpa ter dito que era um show ridículo de nerds desocupados. Foi muito rude da minha parte.”

“Tudo bem, eu devo ter dito coisas horríveis de Onde Tree Hill também, então estamos quites. Lily, é sério. Sinto a sua falta.”

“Eu também... Mais ou menos.”

“Se você me desse mais uma chance...”

“Depois das outras duas? Não sei se tenho emocional que aguente, Jim, sério.”

Desviei o olhar. Lily suspirou.

“Eu gosto tanto de você.” Confessei. Nunca tinha sido tão sincero com ela, nesse ano todo. Eu me arrependia de ter sido inseguro, de ter mentido, me escondido, e brincado com os sentimentos dela. E me arrependia um pouco de ter exagerado algumas coisas, também. “Se eu pudesse ter levado as coisas mais devagar...”

A mão dela roçou na minha. Não conseguiria dizer se foi acidente ou não.

“Eu gosto de ser sua amiga.”

“Eu também gosto. Mas e aí? Vamos ficar que nem Sirius e Marlene? Sei lá se ela ainda sente alguma coisa por ele, e fica por isso mesmo. Não consigo explicar porque gosto de você, mas eu gosto. Você me faz uma pessoa mais legal.”

“Menos nerd, você quis dizer.”

“Nah, esse barco já saiu faz tempo.” Lamentei, e ela começou a rir. Olhei para o rosto divertido dela, rindo sem parar da minha condição miserável, e sorri também. Era difícil ficar sério com Lily Evans rindo ao seu lado.

“Você é adorável.” Ela encostou-se em mim, e tocou nos meus dedos. Ficamos ali, encostados, por sei lá quanto tempo, e a presença dela me deixava a cada minuto mais apaixonado. Eu devia estar ficando doido.

“Lily.”

“Hm?”

“Não se afaste de mim, ok?”

“Eu já estou aqui, bobão.”

“Não,” me afastei, “não deixe de ser minha amiga, então. Eu me sinto melhor perto de você. Podemos sair, fazer coisas legais. Posso te levar nas convenções de Doctor Who, eu sempre vou sozinho...”

“Ei.” Ela saiu do meu lado e foi pra minha frente. Estávamos tão próximos quanto quando ela ainda era minha namorada. “Eu não quero me afastar de você. “

E me abraçou, que era o único contato que eu provavelmente teria com ela em muito tempo.


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