Superando escrita por Arline


Capítulo 21
Capítulo 21-E TUDO SE ENCAMINHA...


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei! Será que ainda tenho leitoras?
Senti muito mesmo a falta de tudo isso, de vocês e dos comentários fofos!
Aos que comentam, peço imensas desculpas pela demora... E agradeço pelas palavras em cada comentário, por MP, no face... Vocês são as melhores leitoras que alguém poderia querer!
Mi, Eliana e Alice, muito obrigada pelas recomendações. Se já agradeci, agradeço outra vez; nunca é demais...
Espero que gostem do cap, embora eu não tenha gostado muito.
bjus e comentem! (se eu ainda tiver leitoras...)



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E TUDO SE ENCAMINHA...

POV BELLA

Eu estava olhando pra cara do meu pai sem entender nada. Ele queria mesmo que Alice e Jasper permitissem que Vittorio fosse pescar? Ele estava bem? Não, ele realmente não estava... Era a segunda vem em menos de uma hora que suas palavras me surpreendiam. Bree veio com uma ideia maluca de que seria interessante se eu passasse um tempo com Edward, só nós dois. Segundo ela, seria um teste para depois do casamento... E meu pai concordou.

Minha mãe mantinha-se calada, apenas observando tudo aquilo com o mesmo espanto que eu. Por mais que tivesse aceitado o noivado, jamais imaginaríamos que Charlie Swan concordaria com aquela maluquice de Bree. E eu queria aquilo? Sim, eu tinha minhas dúvidas... Passar as férias apenas com Edward não seria ruim, não mesmo, mas seria complicado. Se aquilo era um treino, teríamos que dividir a cama; e eu estava me esforçando bastante pra manter minha palavra de não provocá-lo. Perguntar a ele nem seria preciso; eu já sabia sua resposta...

Pela terceira vez eu perguntei ao meu pai se ele estava mesmo de acordo com aquilo e recebi um rolar de olhos como resposta. Ok, eu não insistiria... Despedi-me rapidamente de todos e segui em minha Chevy até a casa de Edward; em breve Emmett e Rosalie sairiam e eu queria me despedir e desejar uma boa viagem.

Ao chegar, fui recebida por Vittorio, que parecia pressentir que fora convidado pra um dia cheio de bagunça e comida ruim. Depois de muito me apertar em seus bracinhos e encher minhas bochechas de beijos estalados, ele saiu correndo e gritando pela casa, dizendo que ia acordar o tio. Sério que Edward ainda estava dormido? Passava das nove da manhã!

Segui o barulho e logo cheguei à cozinha, onde a mesa do café estava arrumada e todos em volta, já começando a se servir. Esme foi a primeira a notar minha presença e me sorriu, pedindo que eu me juntasse a eles. Assim o fiz, informando que lhes faria companhia apenas, uma vez que meu pai já me havia feito ingerir uma boa quantidade de comida. Aproveitei o momento pra falar sobre o convite.

— Alice, Jasper... — eles me olharam meio tensos — Meu pai pediu que eu perguntasse se vocês deixariam que Vittorio fosse pescar com ele.

Ambos soltaram a respiração ao mesmo tempo, fazendo com que tanto eu quanto os outros, estranhássemos aquela reação.

— Pensei que nos pediria pra sermos seus padrinhos de casamento... — disse Jasper, nos arrancando risadas — Mas nós deixamos sim. Se seu pai quiser, nós doamos Vittorio pra ele, sem problemas.

— Jasper! Não fale assim do nosso filho! Só porque o menino está ficando levado? — Alice não estava chateada, ela ria — Tudo bem que ele anda nos enlouquecendo, mas não é pra tanto...

— Aproveite que Emmett ficará uma semana longe e tente salvar seu filho, Ally.

Nós rimos de Rose, que fingiu não se importar com a careta do namorado. Mas era verdade; a convivência com Emmett não estava fazendo bem ao menino... Assim, Alice informou que arrumaria as coisas de Vittorio logo após o café e eu informei que o levaria, mas que sua volta era uma incógnita. Eu realmente não estava entendendo aquele interesse do meu pai.

Notando que Edward estava demorando a descer, pedi licença aos demais e segui até seu quarto. Não haveria mal algum naquilo, uma vez que Vittorio também não tinha aparecido ainda. Engano meu... Assim que abri a porta, me deparei com Edward. Ou melhor, com as costas dele. Nu. Ele estava nu!

— Se vista, pelo amor de Deus! — gritei, com os olhos fechados.

— Puta que pariu! Bella, eu não... Eu...

— Cale a boca e se vista Edward!

Oh, sim... Ele tinha que fazer aquilo o mais rápido possível... Eu queria muito mesmo abrir meus olhos e continuar observando sua bunda... E todo o resto também! Mas não ali, na casa de seus pais, onde qualquer um poderia fazer o que eu fiz instantes atrás. A ideia de Bree não era ruim... Não mesmo!

Quando ele anunciou que eu poderia abrir os olhos, pensei que meu tormento tinha acabado... Enganei-me mais uma vez... Ou melhor; Edward me enganou. O filho da mãe estava só de cueca, procurando alguma roupa pra vestir e sem se importar com minha situação. Bufando, segui até seu guarda roupas; de onde tirei duas peças e joguei sobre ele, que riu e me puxou, quase me asfixiando com um beijo.

Tive que ser firme e empurrá-lo. Não que eu não estivesse gostando; eu estava! Mas tínhamos muita pele e pouco pano. Aquilo não seria legal...

Já devidamente vestido, ele me beijou mais uma vez, perguntando em seguida, o que eu fazia tão cedo por ali.

— Cedo? Passa um pouco das dez horas agora! E sua irmã vai viajar, esqueceu? Eu queria me despedir.

Confuso, ele coçou a nuca e eu olhei em volta, dando pela falta de Vittorio.

— Onde está seu sobrinho? Ele veio te acordar.

— Depois do segundo tapa que ganhei, ele correu daqui. Deve estar brincando no quarto dele.

Eu ri daquilo e Edward bufou, revirando os olhos. Notando que não sairíamos dali tão rápido assim, joguei-me sobre sua cama e ele quase se jogou sobre mim. Sim, a situação não era boa pra ele também e sabíamos que qualquer contato mais prolongado desencadearia em coisas mais sérias; ainda mais por estarmos “sozinhos” ali.

Enquanto meus dedos se perdiam por entre seus cabelos úmidos, contei sobre a ideia de Bree e seu sorriso foi enorme ao dizer que aquela havia sido a ideia do século. Depois disso, eu tive que contê-lo, senão, ele arrumaria todas as suas roupas e daria adeus à família.

— São só alguns dias, pode tirar essa mala da cama e arrumar uma mochila. — falei e ele cruzou os braços, bem contrariado.

— Um cara não pode nem sonhar...

— Pode sim, amor, mas vamos ser coerentes com esse sonho. Sem contar que amanhã mesmo eu posso enjoar de você...

Claro que aquilo jamais aconteceria, mas foi engraçado ver sua cara de pânico. Depois de conseguir convencê-lo a levar apenas o essencial, seguimos para a cozinha, onde recebemos olhares maliciosos de Emmett. Carlisle o mandou calar a boca antes que qualquer coisa fosse dita.

Enquanto conversávamos, Alice se retirou, dizendo que ia arrumar as coisas de Vittorio. E eu tive que explicar aquilo a Edward, já que eu tinha me esquecido de fazê-lo quando estávamos em seu quarto.

— Meu sogro me detesta, mas gosta do pestinha... — Edward resmungou e nós rimos.

— Um dia você entenderá. Charlie gosta de você, mas Bella é filha dele. Garanto que é bem complicado aceitar algo assim. — Carlisle se pronunciou, olhando diretamente pra Emmett e Jasper.

— Então... Está na hora de irmos, Rose...

Foi realmente hilário ver Emmett tentando fugir do sogro.

Aos poucos todos foram se retirando, restando apenas Esme, que me encarava com um sorriso nos lábios. Fiquei momentaneamente envergonhada com aquilo e me pus a recolher os pratos e começar a lavar a louça. Esme não se opôs como sempre fazia.

— Eu acho que Edward será o único a sair de casa depois de casar. — disse ela, parando ao meu lado.

— Esme... Eu não quero tirá-lo de vocês nem nada disso... Nós nem...

— Sei disso. — ela me interrompeu gentilmente — Obviamente ele nos ama, e o fato de querer um lugar apenas pra vocês, não mudará isso. Não pense que me tornarei uma megera após o casamento; fico feliz que meu filho esteja realmente crescendo e criando responsabilidades.

Fiquei sem saber o que falar. Talvez aquela fosse sua forma de dizer: você é uma cretina e vai afastar meu filho de mim.

— Confesso que pedi à Alice pra continuar conosco, mas não foi por um sentimento mesquinho; ela e Jasper ainda estão estudando e ainda tem Vittorio... Sei como é complicado ser dona de casa, cuidar de filho, marido, estudar... Quero apenas ajudá-los, e saberei deixá-los partir quando eles assim quiserem. — ela pegou um pano de pratos e se concentrou em secar alguns talheres — Quanto à Rosalie... Foi por querer protegê-la mesmo. Por mais que tenha se mostrado mais forte, sei que ela não está tão preparada pra enfrentar o que ainda virá pela frente.

Mesmo sem entender nada, continuei meus afazeres, sem emitir qualquer tipo de opinião. Se Esme queria falar, eu a escutaria.

— Edward sempre foi assim, independente, e eu sempre soube que ele bateria suas asas pra um pouco mais longe de nós. E isso me deixa feliz. Ele finalmente encontrou a outra parte de sua alma.

Estremeci ao ouvir as palavras de Esme. Elas estavam carregadas de alguma coisa que não consegui definir, mas que me fez sentir como se Edward fosse mesmo minha outra metade, minha alma gêmea. Eu nunca acreditei nisso, nunca acreditei que cada um tinha uma parte perdida em qualquer lugar, mas ao conhecer Edward... Eu soube que sempre seria ele.

— Eu o amo. — declarei simplesmente. Não havia muito a ser dito.

— Sim, e ele a ama. Isso basta pra mim. Só o que quero é que vocês sejam felizes.

— Já somos; mãe. E fico mais feliz ainda, por saber que minha noiva me ama também.

Noiva. Mesmo com o anel reluzindo em meu dedo e as lembranças da noite anterior, eu ainda custava a acreditar naquilo. Fui tudo tão perfeito... Sentia como se aquele fosse meu conto de fadas particular e, um dia, quando eu tivesse meus filhos, contaria minha história começando com o típico “era uma vez” e terminaria com o “e viveram felizes para sempre”. Clichê? Poderia ser, mas era o meu conto de fadas, e eu não abriria mão de nada!

Após as despedidas, ainda continuei a conversar com os outros, e rimos quando Jasper disse que ia se deitar novamente, pois sua cabeça o estava matando e o café estava dançando em seu estômago. Eu também acordei com uma leve dor de cabeça, mas tomei um chá horrível que meu pai fez e tudo melhorou como num passe de mágica. Sem dúvida alguma, ver a cara de Edward era a melhor coisa; ele só faltava me pegar pelo braço e me jogar em minha picape.

— Tia Bella! Não vamos não? Eu quero pegar os peixinhos! — e Vittorio também parecia bem animado...

— Viu Bella? Ele quer pegar os peixinhos! E você demorando... Pobre do meu sobrinho...

Olhei bem pra cara de Edward, não acreditando que ele estava se aproveitando daquela situação... Mas eles acabaram vencendo... Edward avisou aos pais que só voltaria dali alguns dias e eu rebati, dizendo que ele levaria o sobrinho. Isso nos fez rir.

Seguimos direto pra minha casa e Vittorio não se aguentava de tanta ansiedade. Quando estacionei, ele pulou por cima de Edward e ficou nos olhando feio, como se estivéssemos demorando muito.

Ao chegarmos à casa de meus pais, o pequeno foi efusivamente abraçado por meu pai e isso fez com que Edward se afastasse um pouco. Eu nem precisava pensar muito pra saber o que se passava por sua cabeça; não era nosso filho. Meu pai não estava abraçado ao neto, não fazia planos com o neto. Não era a um filho nosso que meu pai chamava de campeão e bagunçava os cabelos. Talvez Edward soubesse que não poderia mesmo ter filhos, que nenhum tratamento seria possível. Talvez ele tivesse dito que faria o impossível só pra que eu não me sentisse mal. Preferi guardar meus pensamentos; eles não serviriam de nada nem naquele momento nem em nenhum outro.

Fomos comunicados por meu pai que Vittorio seria sua responsabilidade por três dias e que depois, poderíamos levá-lo de volta aos pais. A felicidade do pequeno foi enorme e nos fez sorrir. Mesmo assim, notei que Edward não mudara muito e logo falei que estávamos indo pra casa e não houve qualquer tipo de pergunta; todos pareciam ter notado que algo não estava assim tão bem.

Minha cama não precisava ser tão grande... Não quando Edward estava tão abraçado a mim, que eu não saberia dizer quem era quem. Ele queria apenas um pouco de atenção, por mais que nada fosse dito. Ao chegarmos em casa, ele manteve-se calado e seguiu com sua mochila direto para meu quarto, sem gracinhas, sem perguntas, sem o entusiasmo de antes. Nada.

Minha mão continuava por seus cabelos, seu rosto escondido em meu pescoço e seu braço passando possessivamente por minha cintura, impedindo que eu me afastasse. Eu esperaria até que ele quisesse falar. O silêncio se estendeu por muito tempo, até que adormeci.

A tarde chegou sem muitas mudanças no que se referia a Edward e seu humor. Durante o almoço nós conversamos pouco, ele lavou a louça e depois se jogou no sofá, sem se importar em ligar a televisão. Por mais que aquilo estivesse me deixando um tanto triste, eu não queria tocar no assunto e ter que vê-lo ficar pior do que eu. Meu pai estava preocupado quando me ligou, querendo saber se havia dito ou feito algo e eu fiquei meio sem saber o que falar; não era sua culpa. Não havia culpados, pra dizer a verdade.

Mesmo tendo escutado enquanto eu falava, Edward nada disse. O cutuquei e ele sorriu, levantando um pouco pra que eu pudesse me sentar; sua cabeça em minhas pernas e minha mão se embrenhando por entre seus cabelos. Eu passaria a vida fazendo aquilo.

— Não vai falar comigo? — perguntei em tom de brincadeira — Nem nos casamos e já estamos assim... Eu acho que vou te devolver!

— É pra sempre, Bella, não dá pra devolver. Você vai ter que ficar comigo até o último dia.

Mesmo não gostando daquele tom meio sombrio, eu continuei levando aquilo como uma brincadeira. Edward não estava bem mesmo...

— Eu farei esse enorme esforço! Juro que faço!

Ele sorriu um pouco quando apertei seu nariz e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos e repousando em seu peito.

— Me desculpe por estar estranho e não falar com você.

— Só quero que fique bem, Edward. Só isso.

Seus olhos se abriram, procurando os meus. Eu sorri um pouco e recebi um sorriso em troca; estávamos evoluindo.

— Acho que estou me sentindo um idiota, não sei bem. Quando vi seu pai com Vittorio, pensei que ele poderia dizer que eu não era bom pra você... Sabe, por eu não poder ter filhos... Ficou claro que seu pai quer netos, e não sei mesmo se isso será possível algum dia. — eu bufei e Edward riu — E então, enquanto eu pensava em tudo isso, seu pai liga pra cá, preocupado, querendo saber se fez algo...

— É claro, Edward! Pra ele, você nunca vai ser bom o bastante! Ele sempre vai encontrar algum defeito, alguma coisa mínima pra te atormentar; é o papel dele fazer isso. Mas meu pai gosta de você, se preocupa, e jamais se perdoaria se o tivesse magoado. Não fique pensando nessas coisas, sim?

Ele nada disse, apenas apertou mais meus dedos entre os seus e voltou a fechar os olhos por alguns momentos.

— Estou com medo, Bella. Medo de procurar um médico e descobrir que não há possibilidades entende?

— Não precisa ter medo; estaremos juntos, ok? Independente de qualquer resultado ou do que quer que venha a acontecer, nós sempre estaremos juntos.

— Eu sei.

Aquele “eu sei” não me convenceu...

— Edward, desde que nos conhecemos você vem me ajudando, por mais que eu negasse essa ajuda às vezes. Sempre esteve ali, sempre me apoiou, mesmo de longe. Você poderia ser mais um a rir de mim, a fazer piada, mas não... Ajudou-me a superar meus medos, mostrou que posso ser amada independente de qualquer coisa e eu estarei ao seu lado pra ajudá-lo, pra apoiá-lo em qualquer situação; porque eu te amo. Não tenha medo do que vem pela frente, não se ache inferior, não pense em coisas ruins. Se quiser, eu o acompanho em suas consultas, procuro por médicos, reviro o mundo, não importa, só saiba que sempre, sempre estarei aqui.

— Obrigado. — disse ele, pegando minha mão e depositando um beijo na palma — Eu amo você.

— Você é maravilhoso, amor. Não se coloque abaixo disso, ok?

Com um aceno, ele concordou e encerramos aquele assunto.

POV EDWARD

A conversa que tive com Bella ficou rodando em meu cérebro por dois dias, me atormentando. Eu tinha medo do resultado dos exames, por isso nunca mais procurei um médico, nunca mais quis saber de nada daquilo e, se eu não tivesse encontrado Isabella, talvez eu não voltasse àquele assunto. Saber que ela estaria ao meu lado me deixou aliviado e fez com que eu encontrasse a vontade de buscar tratamento e aceitar qualquer resultado, sendo ele bom ou ruim. E agora, aproveitando que eu teria que levar Vittorio pra casa, eu conversaria com meus pais e lhes contaria tudo.

Preferi ir sozinho e Bella não se mostrou muito animada em sair de casa; estava muito frio e ela, mais preguiçosa do que nunca. O pestinha só sabia falar dos peixinhos que havia pegado com o vovô Charlie e de como aquilo fora muito, muito legal mesmo. Estávamos criando um monstrinho...

— Papai Ed, eu vou ver o vovô Charlie outra vez? — o pestinha perguntou depois que o arrumei no banco da picape de Bella.

— É claro que vai! Pode vê-lo sempre que quiser. — sorri ao ver sua carinha alegre — O Charlie é legal.

Enquanto seguíamos, ele não parava de falar o quanto Charlie era maneiro e que gostava de me sacanear. Alice ia adorar as coisas que o vovô Charlie estava ensinando ao moleque...

Ao chegarmos em casa, ele contou tudo pra minha mãe, que ria entusiasmada, assim como o pequeno, que começaria seu relato pela quarta vez se eu não o tivesse parado.

— O que você acha de ligar pra sua mãe e contar tudinho, hein? — falei e ele bateu palmas. Peguei o telefone e disquei o número de Alice — Agora, fiquei quietinho aqui que eu tenho que falar com a vovó Esme, ok?

Ele levantou o polegar em um sinal “positivo” e me perguntei o que mais Charlie havia ensinado... Aquilo não ia dar certo...

Minha mãe foi para a cozinha e eu a segui, sentindo o cheiro de sua comida. Me deu até fome naquele momento... Na primeira panela que abri, minha boca encheu d’água.

— Nhoque da dona Esme... — falei e ela bateu em minha mão, me afastando dali.

— Pelo que sei; você não mora aqui por mais alguns dias... Nada da comida da mamãe, querido.

— Não seja cruel... Bella ficará triste se souber que a senhora fez nhoque e nem pensou nela. — usei minha melhor arma; minha noiva. Eu sabia que minha mãe não resistiria...

— Tudo bem! Mandarei minha deliciosa comida pra vocês. — sorri grandemente — Pois bem, diga o que quer falar.

Tomei uma grande quantidade de ar, pensei em como começar e só abri a boca, relatando tudo o que deveria ter sido dito desde muito tempo. Não havia pena nos olhos de minha mãe, apenas uma grande compreensão. Meu pai deveria estar presente, mas eu sabia que ele não se importaria em saber por ela, e seria melhor que eu contasse logo, enquanto tinha coragem.

Quando terminei, evitei seu olhar. Por mais que ela não me olhasse com pena, eu não queria ver aquela coisa super protetora que ela sempre tinha e que, na maioria das vezes, me fazia bem, mas que naquele momento, faria com que eu me sentisse péssimo por ter escondido por tanto tempo. Assim como era de se esperar, ela saiu de seu banquinho e me abraçou, bagunçando meus cabelos.

— Você merecia umas boas palmadas por isso! — eu ri de seu tom falsamente bravo — Meu filho... Guardar essa situação por tanto tempo e praticamente sozinho! Foi difícil, não?

— Na verdade, eu não me importava muito, mas agora... Eu quero ter uma família com Bella e se eu tiver deixado passar tempo demais...

— Nem pense nisso, ok? Ainda poderemos encontrar o médico de Seattle ou qualquer outro; faremos o possível.

— Hum... A Bella ficou de ligar para o consultório dele e marcar uma consulta.

Minha mãe sorriu e depois, fez uma careta ao passar a palma da mão por minha bochecha.

— Está na hora de fazer essa barba, não acha não?

— A Bella não reclamou ainda, ok? — minha mãe deu uma pequena gargalhada — E é bom não ficar com cara de bebê; meu sogro já não vai muito com a minha cara...

— Sei... Agora é só o que a Bella acha, o que a Bella gosta, o que a Bella vai dizer ou pensar... Minha opinião nem conta mais!

Eu a abracei e passei o rosto por seu pescoço, deixando a região um tanto avermelhada. Minha mãe ria e me chamava de atrevido. Como ela vinha com coisas antigas!

— Que mamãe mais ciumenta! E que sente cócegas!

— Pare seu sem vergonha! — eu não parei — Edward, eu vou te dar umas palmadas!

— Não vai nada! A senhora me ama demais pra fazer isso.

— Então, eu não vou mandar meu nhoque pra vocês!

Eu parei na mesma hora. Minha mãe estava um tanto ofegante, assim como eu. E vê-la daquela forma, tão alegre, fez com que eu soubesse que ela realmente não ficara sentida comigo.

— Parei! — ela sorriu — Vou ao meu quarto; preciso levar mais algumas roupas... Sabe, Seattle me espera.

— Sei... Vai querer a chave do nosso apartamento? Posso pedir que limpem e abasteçam a dispensa.

— Mãe, eu te amo! — declarei e ela riu — Por falar em apartamento; por onde anda o Dimitri? Ele anda bem sumido.

— Seu primo se encantou com alguma mulher, que ele não quis me dizer quem é, e está mais na casa dela... Disse ele que vão morar juntos.

Notei o tom preocupado em sua voz, mas era minha mãe; tudo era motivo de preocupação pra ela. Eu estava feliz por Dimitri; ele finalmente havia parado de pular de galho em galho!

— Não se preocupe, sim? Vou tentar falar com ele e ver se descubro alguma coisa. — ela assentiu e assim, eu fui arrumar minhas coisas.

Ao chegar à casa de Bella, fui praticamente atacado quando ela viu mais duas mochilas e uma sacola que minha mãe tinha mandado com comida. Seu olhar era feio demais e quase nem tive tempo de explicar nada... Quer dizer, eu não tive tempo mesmo... Bella falou por quase quinze minutos, sem parar pra respirar. Medo dessa mulher!

Deixei a sacola na cozinha e Bella veio atrás de mim, falando e falando e me fazendo rir de sua cara emburrada e das coisas desconexas que ela dizia... Ao chegar ao seu quarto, larguei as mochilas no chão e peguei Bella pelos ombros, jogando-a sobre a cama e deixando meu peso sobre seu corpo.

— Agora eu posso falar? — perguntei e ela tomou uma grande quantidade de ar, respirando com dificuldade e assentindo — Em primeiro lugar, quero dizer que já estava morrendo de saudades desses seus surtos. — ela bufou e revirou os olhos — Agora eu vou explicar o motivo de “todas essas roupas desnecessárias”, como você mesma disse... Não sei se percebeu, mas tem feito um frio do cacete e eu não trouxe roupas pra isso; no mínimo, três blusas de mangas longas, então eu tive que pegar algumas calças e casacos.

— Ok, eu já entendi.

Eu tive que rir do esforço que ela fazia pra tentar soltar suas mãos...

— Eu ainda não acabei de falar. — ela bufou outra vez — Como vamos pra Seattle e obviamente não voltaremos no mesmo dia, peguei algumas roupas pra que pudéssemos sair, porém, se você não quiser, eu posso levar tudo de volta pra casa. Ah! Aquela sacola que deixei na cozinha... É o nhoque que minha mãe mandou.

— Oh! Tudo bem, amor, eu entendi. Pode me soltar agora.

— Eu não... Está muito confortável pra mim.

— Está, mas quando ficar desconfortável, não reclame!

Imediatamente a soltei e me afastei; Bella sabia como me deixar muito feliz... Pra não dizer o contrário... Ela estava se mantendo firme em sua promessa de não fazer nada que pudesse nos fazer perder o controle, mas eu já não estava gostando tanto disso... Só me restava saber como fazer pra que ela percebesse.

Eu fui tomar banho enquanto Bella desceu pra arrumar o almoço — e seu alívio por não ter que cozinhar era notável. Eu a ajudava com as tarefas domésticas e era até engraçado, mas sabíamos que não seria daquele jeito pra sempre; ainda não nos preocupávamos com contas, compras e tudo mais que envolvia a vida a dois...

— Será que um dia sua mãe me dá essa receita? — disse ela, assim que entrei na cozinha.

— Eu não pediria, mas você pode tentar.

Dona Esme possuía um enorme ciúme de suas receitas... Possuía mesmo! Era algo assustador... Eu nem tentava mais.

Por mim, eu passaria o dia inteiro comendo, mas Bella me olhou feio no momento em que eu colocaria a terceira porção em meu prato e até desisti. Depois, lavei a louça e me joguei no chão da sala, ao lado de Bella, que estava bem distraída assistindo a alguma série na televisão. Minha presença foi ignorada, mas permaneci ali, com minha mão entre seus cabelos e sentindo seu cheiro.

Só quando eu já estava adormecendo foi que ela se virou pra mim e olhei pra televisão, notando que o que ela estava assistindo havia acabado.

— Deixe de ser preguiçoso, Edward! Vive dormindo ou cochilando pelos cantos...

— Estou de férias e posso dormir o quanto eu quiser, ok? E se eu bem me lembro; você não quis levantar da cama e eu tive que te puxar.

— Era muito cedo e estava muito frio. — ela rebateu e me estendeu a língua.

Apenas a abracei e ela escondeu o rosto em meu pescoço; sua respiração me causando arrepios sucessivos e nada bons...

— Como sabia que eu havia conseguido marcar a consulta? — sua voz saiu abafada e quase não a ouvi.

— Eu não duvidei quando você disse que reviraria o mundo.

— Sexta-feira, doutor Luke, quatorze horas. Isso parece bom pra você?

Puta que pariu! Mas já? Eu não estava preparado pra algo tão perto assim; poderia ser pra semana seguinte ou pra quando as aulas começassem...

— Bem... Eu achei que demoraria um pouquinho mais, não sei... Mas está bom.

— Ótimo! Sairemos daqui na manhã de quinta-feira e poderemos até nos encontrar com Rose e Emmett em Seattle. E eu já comprei nossas passagens pela internet.

Fiquei espantado com aquilo; Bella tinha uma grande certeza, nem cogitou a possibilidade de eu surtar e não querer ir...

— Obrigado. E... Minha mãe me deu a chave do apartamento que temos lá; poderemos ficar até o fim das férias...

Ela apenas sorriu e continuamos ali, juntos, fazendo alguns planos, refazendo outros... Eu tinha algo a perguntar, mas esperaria até que estivéssemos em Seattle... Eu sinceramente estava torcendo pra que Bella aceitasse.


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