A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 68
2ª Fase: Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

- E não é que estou conseguindo organizar o meu tempo e assim, escrever? Pois é, o mundo dá voltas, não é mesmo? hehe

— O capítulo ficou um pouco grande, mas trás bastante novidades. Boa leitura para as melhores leitoras do nyah!



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Permaneci estagnada no lugar.

Anthony estava me esperando na frente da minha casa! Uma voz incomoda gritava a afirmação óbvia demais em minha mente ao mesmo tempo em que meu corpo recebia uma serie insuportável de calafrios. Argh.

Ele estava escorado na limusine. Suas mãos encontravam-se dentro dos bolsos da calça social. Não pude encarar os seus olhos cor de âmbar, visto que os óculos escuros os tapavam. Ah, e o cabelo encaracolado. Jogado para todos os lados. Peguei-me admirando aquela visão, mas me repreendi o mais rápido que pude. Não era um bom momento para admirá-lo e me odiei por reparar nos pequenos detalhes dele.

Anthony poderia até ser bonito. Tudo bem, ele era incrivelmente lindo. Mas, em compensação, a personalidade egocêntrica e narcisista o estragava completamente.

Por esguelha, tentei vislumbrar se havia algum carro estacionado na garagem da minha casa, indicando que minha mãe estava por ali e assim, eu poderia cogitar na ideia de gritar caso Anthony tentasse alguma graçinha. Infelizmente, não encontrei nenhum automóvel por lá. Droga.

— Vamos conversar, Mel. – Ele frisou, caminhando em minha direção.

Instintivamente, recuei para trás e estendi a minha mão aberta, em um sinal para que ele não avançasse mais. Por sua vez, Anthony parou imediatamente, suspirando logo em seguida. Não pude decifrar a sua expressão, pois seu acessório ocultava os olhos e boa parte das linhas da testa. Para que ele não notasse meu atual estado de nervosismo, mantive a cabeça erguida e o nariz empinado, deixando muito clara a minha vontade de querê-lo longe, mas não por sentir medo, e sim por puro desgosto.

— Eu não quero conversar com você. – Frisei. – E meu nome é Melanie, pare de me chamar de Mel. Não somos íntimos, nem nada, meu chapa.

As palavras saíram de minha boca, não me oferecendo a chance de raciocinar algo inteligente para dizer. Pelo menos, era a verdade. Tudo estava confuso e eu apenas precisava de algum tempo para pensar e não agir por impulso, como havia fazendo desde que acordei sem memória no cemitério.

Anthony esboçou um sorriso meio tímido. Conclui que ele não estava acostumado a ser repreendido pelas mulheres. Bem, azar o dele. As coisas seriam diferentes comigo.

Por alguma razão, não pude esquecer a sensação de queimação que sua pele causou na minha quando toquei a sua mão acidentalmente no escritório. E em seguida, é claro, o pânico que tive quando as janelas explodiram.

— Tudo bem. – Ele suspirou, cruzando os braços. Os músculos estavam rígidos por de trás do tecido do blazer. – Mas quero lhe oferecer uma proposta.

Coloquei as mãos na cintura.

— Qual? – Perguntei, sem empolgação nenhuma na voz.

— Vou te dar a honra de trabalhar na minha empresa. – Ele falou sem rodeios. – Creio que você possui uma das qualidades que procuro, embora esteja revestida de defeitos repugnantes.

Ao escutar aquelas palavras, tive vontade de socá-lo. Anthony estava me oferecendo a honra  de trabalhar para ele? Mas que piada. Tive vontade de socar o belo rosto dele.

A entrevista havia sido um desastre e definitivamente, poderia entrar facilmente para a minha lista dos acontecimentos mais esquisitos dos últimos dias. E por alguma razão absurda, ele estava me oferecendo a oportunidade de trabalhar em prol da sua empresa? Algo não cheirava bem na história toda. Eu quis enchê-lo de perguntas, das quais envolviam o por quê da minha contratação, ou o motivo do vidro ter simplesmente se estilhaçado em seu escritório. Como se ele soubesse a resposta do último questionamento. Ah, e eu também não poderia perder a chance de jogar em sua cara que ele era um egocêntrico que pensava ser melhor que todos.

Entretanto, meu cansaço mental era maior do que minha vontade de discutir. Portanto, acabei tomando a decisão mais sábia que me parecia no momento.

— Não quero. - Praticamente cuspi a oferta na cara dele. - Obrigada. – Em seguida, lhe dei as costas e me pus a caminhar em direção da minha casa.

Simples assim.

Todavia, fui impedida de prosseguir assim que senti as mãos fortes de Anthony tomando conta do meu ombro, puxando-me de volta em sua direção. Em uma fração de segundos, estávamos cara a cara. Arfei no momento em que seu peito colidiu com o meu.

— Me solta! – Praticamente gritei. Uma chama pareceu se ascender no meu corpo e fiquei furiosa. Tentei recusar e não consegui, pois ele era forte demais. Meu coração batia em um ritmo desenfreado dentro do peito. Engoli em seco, encarando-o com um ódio mortal de sua presença.

— Você não pode recusar a minha oportunidade, ouviu bem? – A sua voz saiu ameaçadoramente, soando como uma ameaça. – Você é apenas uma adolescente mimada que pensa saber de tudo.  Entretanto, vai aprender a me respeitar, nem que seja preciso te adestrar.

E então perdi o controle e com toda a força que consegui concentrar no meu braço livre, levei a minha mão em direção ao rosto de Anthony e lhe depositei um belo de um tapa na sua cara imunda. Sua face voltou-se para o lado com o estralar forte e consegui me libertar dos seus braços devido ao choque do meu ato.

Como se não bastasse, definitivamente cuspi na cara dele. As lagrimas escaparam dos meus olhos e me odiei no momento por demonstrar tamanha fraqueza.

— Eu não sou uma égua que precisa ser adestrada! – Gritei, as palavras saindo de minha boca como veneno. – Nunca mais apareça na minha frente, ou vou lhe dar um belo de um tiro, seu covarde imundo!

Me pus a correr e com toda a força, consegui abri os porões de ferro com um solavanco e logo os fechei atrás de minhas costas. Não ousei conferir se Anthony ainda estava parado e fiquei um tanto receosa com relação a ele me seguir. Mas ele não faria isso. Era um covarde egocêntrico.

Com a visão borrada devido as minhas lágrimas, tive que tomar cuidado para não esbarrar em nada e cair de cara no chão. Eu poderia não lembrar exatamente qual era o caminho para o meu quarto, mas uma parte obscura do meu cérebro obtinha esse conhecimento, pois quando me dei conta, eu estava de frente para o meu aposento. Fiquei tão perdida em pensamentos que não me dei conta do caminho que tomei. Momentaneamente, me joguei na cama, abafando o som dos meus gritos de pura frustração no travesseiro.

Quis encontrar alguma razão lógica para tudo o que estava acontecendo ao meu redor, mas não tive a mínima vontade para tal. Pelo menos, não naquele instante. Minha cabeça já estava doendo bastante, e conclui que tentar encontrar as respostas para toda aquela loucura só iria fazer a dor piorar. Por isso, fiquei em posição fetal na cama por algumas horas e quando me encontrei mais calma, optei por tomar um banho e vestir algo confortável.

Em baixo do chuveiro, decidi que seria mais fácil não correr atrás das respostas, pois aquilo poderia me deixar louca. Ao invés disso, seria melhor enfrentar o que tivesse de ser enfrentado e ponto final. Tentei bloquear a mensagem da minha mente, aquela que se referia a morte de Anthony ou a de minha mãe. Alguém sabia sobre o que estava acontecendo comigo, só bastava descobrir quem e a maioria dos meus problemas poderiam ser solucionados. Definitivamente não seria uma tarefa tão fácil.

Sai enrolada em uma toalha no banho e facilmente, encontrei o meu closet. Quase me perdi lá dentro ao me deparar com várias peças, de diversas cores e tamanhos. Será que eu tinha tempo de usar tudo aquilo? Mesmo encarando as roupas, não me senti muito adepta a moda. Minha vida parecia fácil, pelo jeito. Eu tinha uma casa que se parecia bastante com aquelas dos filmes de pessoas bem sucedidas e ricas. Minha mãe era Delegada e minha melhor amiga parecia ser meu ombro direito. Quando meus pensamentos direcionaram para o meu pai, senti uma pontada forte no peito e um infinito de escuridão. O que havia acontecido com ele?

Por um momento, conclui que minha vida até poderia ser um quebra cabeças, mas, pelo menos, eu tinha pessoas para me ajudar a encaixar as peças, não?

Esbarrei em algo no chão e quando olhei na direção, encontrei uma jaqueta de couro grande demais para ser minha. Agachei-me para pegá-la e assim que toquei o tecido, senti o cheiro forte de um perfume masculino e minha cabeça foi preenchida com uma pontada forte. Ajoelhei-me no chão e gritei de tamanha a dor.

De repente, tive a sensação que meu corpo foi jogado em um buraco e eu estava despencando.

E então, cai no infinito.

Estou de frente para uma casinha de madeira pequena. Parece abandonada. Está pintada de marrom e a única janela que tem é uma que está posicionada ao lado direito. Possui uma pequena sacada também, mesmo que minúscula. O imóvel me parece acolhedor e se encontra posicionado no meio do que me parece um deserto, pois não vejo árvores e nenhum sinal de vida terrestre.

Sinto as mãos dele ao redor da minha cintura e sorrio diante da sensação familiar que o seu toque me causa. O cheiro forte da sua colônia dispara uma mensagem muito simples ao meu consciente: Ele é tudo o que preciso nesse momento. Encosto a minha cabeça no seu peito. O céu escuro se estende por cima das nossas cabeças e as estrelas brilham lá do alto, enquanto que a luz da lua minguante ilumina a pequena casinha. Está um pouco frio e me encolho no abraço dele.

— O que achou? – Ele pergunta perto demais do meu ouvido.

Me arrepio imediatamente.

— É linda. Um bom lugar para a gente se esconder.

— Você sabe que eu vou te proteger a qualquer custo. – Ele diz e sinto a força de suas palavras. Acredito nelas.

Suspiro.

Lentamente, dou as costas para a casinha e me viro em sua direção. Passo os braços ao redor da cintura dele. Ele retribuiu o gesto, aconchegando-me em seu abraço. Olho para cima e admiro o seu rosto bem delineado, a pele morena e os olhos castanhos.

— Obrigada, Tyler.

Ele sorri presunçosamente e seus olhos brilham. Sinto-me admirada por ele e meu coração infla dentro do peito de tamanha gratidão por tê-lo ao meu lado. Sinto vontade de arrancar a sua jaqueta de couro e as várias outras roupas do seu corpo.

 - Nada e nem ninguém irá te ferir enquanto eu estiver ao seu lado, aprenda. – Tyler afirma. – Vamos fugir para aonde for, não importa.

Ele abaixa a cabeça e então os seus lábios estão por cima dos meus, provocando-me para beijá-lo. Sou muito persistente e não faço nada, pois gosto de deixá-lo na expectativa. Solto um riso alto e Tyler, por sua vez, ri alto e se abaixa, pegando-me rapidamente pela cintura enquanto me joga nos ombros.

E então, avança para dentro da casinha enquanto rio descontroladamente. Eu fecho a porta atrás de nós quando finalmente entramos na casinha. Mesmo com medo, me sinto feliz e segura.

Me sinto disposta a lutar até o fim.

Como se estivesse saindo de um sonho, eu abri os meus olhos e encarei o espaço ao meu redor, um pouco assustada. Diversas roupas se encontravam estendidas em cabides por todo o cômodo cujas paredes estavam pintadas de branco.  Momentaneamente, me senti mais tranquila ao saber que ainda estava no closet.

Sentei-me no chão e apertei a toalha molhada junto ao meu corpo, deparando-me com a jaqueta com o cheiro da colônia de Tyler estendida no meu colo. Joguei os meus fios de cabelo que incomodavam a minha visão para trás da cabeça. Minhas mãos tremiam.

E então me deparei com a realidade após sair de meu estado de estupor, que durou alguns minutos de pura confusão.

Não havia sido um sonho, tal fato era impossível. Mas sim um pedaço das várias memórias esquecidas.

Tyler era meu namorado. Não obstante, estávamos fugindo de algo que tinha o poder de acabar com as nossas vidas. 

Ou melhor dizendo, com a minha vida. Ele só estava tentando me proteger.

Mas que maravilha.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que vocês acharam? Bom? Ruim? DEMAIS? Não deixem de comentar.
Eu sei o que estão pensando... "RUAN, COMO ASSIM A BELLA E O JACOB ESTÃO JUNTOS NO FUTURO? " Pois bem, apenas tenho a dizer que, modifiquei algumas coisas para deixar muitas dúvidas no ar e oferecer uma visão diferentes das coisas. Gente, não esqueçam de comentar, pois gosto demais de responder aos questionamentos de todos. Sempre me oferece algumas ideias hehe.
Acho que vou conseguir manter essa rotina de postar nos domingos, o que acharam? Até Agosto quero finalizar a segunda fase.
ABRAAAÇOS, e não esqueçam de comentar.
Até mais!