A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 39
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

O Ruan não quis ver vocês hoje, então aqui estou eu.



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Eu encarava a casa abandonada em minha frente, a madeira (pelo menos o que restou dela) estava velha e apodrecida. Pela janela, pude ver que assassino me encarava enquanto segurava uma faca apontada diretamente para mim. Meus olhos conseguiram acompanhar cada movimento graças à luz vinda do poste, do qual se desligava e ligava novamente a cada intervalo pequeno de tempo.

O que havia restado da casa desde o incêndio foi apenas a parte da frente, por incrível que pudesse parecer naquele momento. Então, era isso: do mesmo lugar que havia começado, iria acabar.

Obriguei meu corpo a se mexer e, lentamente, levei minhas mãos que estavam cobertas pelas luvas brancas até a barra de meu vestido e o levantei para que eu pudesse caminhar com o salto alto. Meu vestido de noiva que em breve estaria coberto de sangue. O meu sangue.

- Bella! – Ouvi a voz de Edward ao longe. – Bella!

Eu sabia que Alice iria impedí-lo de chegar até mim. E aquilo me fez prosseguir.

Ouvir sua voz ao longe e o arrepio que se manifestou em meu corpo, só foram causas que me motivaram a caminhar ainda mais rápido enquanto as lágrimas se formavam novamente em meus olhos.

Agora eu acreditava totalmente em contos de fadas. Só que esse, não teria um final feliz. Não importasse quantas vezes eu fizesse tudo diferente, o final trágico jamais mudaria.

E então, finalmente fiquei cara a cara com o assassino. Seu rosto estava coberto pelo capuz de seu moletom. A janela era a única coisa que nos separava.

Fechei meus olhos e esperei pela minha morte, enquanto ouvia o barulho da janela se partindo ao meio.

Os cacos de vidro cobriram todo meu corpo. O barulho de meu berro e do estalar da janela se partindo ao meio ecoaram em uníssono.

Joguei meu corpo contra o chão e afundei meu rosto nos braços. Esperei até que a chuva de cacos de vidro passasse e assim que o fiz, olhei para cima, pronta para agir.

E ali estava o assassino. Encarando-me. Sua aproximação fez meu corpo se congelar por poucos segundos, até que me recompus novamente.

Arrastei meu corpo para trás, para o mais longe possível do assassino. Tentei ver seu rosto e não encontrei forma alguma, somente a conhecida escuridão. E então comecei a agir.

Me deem tempo! Ordenei mentalmente para as rosas.

Inesperadamente, a terra se abriu ao meu lado e um amontoado de caules cheio de espinhos emergiu de dentro do buraco, criando uma barreira entre mim e o assassino.

Enquanto meu coração trabalha em um ritmo totalmente acelerado, me levantei do chão e saí de cima dos saltos altos, largando-os ali mesmo.

E então eu corri para trás da casa, em direção da escuridão.

A casa não havia sido totalmente consumida pelo fogo, uma vez que algumas madeiras continuavam em pé, definindo sua forma. No meio do caminho, eu parei abruptamente e alcancei o zíper atrás de minhas costas, abrindo-o logo em seguida. Eu sabia que o tecido negro estava à mostra à medida que o zíper se abria.

Rapidamente, despi meu vestido de noiva e o depositei no chão, contando os minutos mentalmente que me eram ganhos. Deixei minha coluna ereta o bastante para que o tecido negro de meu vestido já conhecido se ajustasse em meu corpo. Senti a costura onde a rosa era emoldurada nas costas, preenchidas pelos cacos de vidro vermelhos. A última vez que eu havia usado o vestido tinha sido no Alasca.

Ainda bem que Alice o restaurou. Eu jamais conseguiria lutar com o assassino usando o vestido de noiva.

O vento atingiu fortemente meu rosto e dessa vez pude distinguir o poder das rosas no ar. A lua estava iluminando algumas partes da escuridão. O céu, vez ou outra denunciava um clarão, seguido pelo barulho do raio.

Eu sabia que o assassino viria ao meu encontro. A adrenalina se manifestou em meu corpo, percorrendo por minha corrente sanguínea.

Rapidamente, me afastei do vestido de noiva e circulei pelo gramado à procura do ângulo perfeito. Olhei ao meu redor e não pude distinguir forma alguma na escuridão. Então, peguei o papel que estava posto em meu sutiã e abri a folha rapidamente, visualizando o círculo desenhado.

Feito a sangue. Seu sangue. As palavras de Jasper surgiram em minha mente.

Comecei a tremer por inteira. Meus movimentos começaram a ficar desenfreados e me ajoelhei no gramado, à procura de algo afiado até que encontrei uma pedra pontuda. Sem pensar duas vezes, apertei a ponta da pedra na palma de minha mão, até que rompesse a carne. Engoli em seco e reprimi o grito de dor.

Enquanto eu tremia, fiz um círculo em minha volta, enquanto meu sangue jorrava de minha mão, traçando uma circunferência ao meu redor. Feito o círculo, minha pele começou seu processo de cicatrização, fazendo meu sangue estancar. Rapidamente, afundei a ponta da pedra novamente na palma de minha mão e fiz os dois X em cada lado do circulo.

- Bella! – E então eu ouvi. A voz de minha irmã.

Levantei minha cabeça e tive que tirar os fios de cabelos lisos de meu rosto, para que meu rosto pudesse ver minha irmã. O papel caiu de minhas mãos e foi levado pelo vento.

E lá estava ela.

Nessie estava a certa distância de mim. Sua roupa estava toda suja, porém, não parecia tão cansada e todas as suas partes do corpo pareciam intactas. O assassino estava atrás de suas costas, segurando-a pelo pescoço.

Meu coração começou a bater em um ritmo incrivelmente frenético, fazendo meus ouvidos zunirem enquanto meu cérebro pareceu pular em minha cabeça.

Minha irmã. Sã e salva.

De repente, notei que algo estava muito errado. No momento, não reconheci o que era.

- Solte-a! Eu estou aqui. – Gritei para o assassino, tentando ver qualquer traço por de trás do capuz.

O assassino momentaneamente jogou minha irmã em direção ao chão. Quis correr em sua direção e ajudá-la, porém, eu teria que permanecer dentro do círculo.

Tentei estabelecer a conexão com as rosas, desejando que criasse uma barreira entre Nessie e o assassino. Entretanto, assim que tentei fazê-lo, minha cabeça foi preenchida por uma dor agonizante, da qual me fez cair de joelhos no gramado.

Eu arfei e coloquei minha mão na testa. Minha respiração ficou pesada.

O assassino continuava a me encarar. Mesmo de longe, pude ver que um sorriso brotou em seus lábios.

- Jessica, é a Jessica, Bella! – Minha irmã gritou, seu rosto inundado de lágrimas.

Ainda ajoelhada, observei o assassino levar sua mão até o capuz, libertando sua cabeça. Revelando o rosto de Jessica. A garota da qual cresci ao lado. A garota que se dizia minha melhor amiga.

Uni minhas sobrancelhas. A expressão de Jessica não era de vitória, e sim de total espanto enquanto olhava apavorada para minha irmã.

- Sua peste! Tem noção do preço que vou pagar? – Gritou furiosa. Então, se aproximou perigosamente de minha irmã.

Tentei me levantar do chão, para impedí-la de chegar até Nessie. Porém, meus joelhos estavam fracos demais e meus sentidos estavam totalmente adormecidos. Jurei que senti correntes invisíveis prendendo-me a terra.

Inesperadamente, um vulto surgiu por de trás de Jessica e um par de mãos cobertas pelas luvas negras envolveu seu pescoço. Um estalar. Foi tudo que escutei e o corpo de minha ex-melhor amiga caiu inconsciente no chão.

Eu e Nessie gritamos.

Não pude reconhecer quem havia matado Jessica, uma vez que seu rosto estava coberto pelo capuz negro. Meu olhar voltou-se para o seu pulso, do qual estava envolto por um relógio prateado. O mesmo que encontrei no esconderijo do assassino.

Aquele era o verdadeiro assassino. A pessoa que estava determinada a matar a mim e a todos que eu amava. Bem ali, em minha frente, a poucos metros de distância. Concluí que nunca foi Jessica, nem Jacob. Os dois foram apenas peças em seu jogo para me confundir. Os dois foram apenas duas pessoas próximas que podiam muito bem me entregar rapidamente para ele.

E então, o assassino começou a bater palmas. Tudo que fiz foi encará-lo com o mais puro ódio. O corpo de Jessica jazia em seus pés.

Pensei que as palmas nunca iriam acabar. Até que ele levou suas mãos até a touca e a jogou para trás, revelando seu rosto.

Eu nunca me senti tão magoada. Tão traída.

Minha boca se escancarou e tive que engolir em seco o nó que se formou em minha garganta. Meus olhos congelaram em seu rosto.

- Jasper. – Foi tudo que consegui dizer, encarando seu rosto familiar. Seus cabelos caíam na altura da nuca e o olhar negro era horripilante.

O sorriso maldoso brotou em seus lábios, revelando a verdadeira pessoa que era.

- Isabella – Ele prenunciou meu nome. Oh, não. Eu nunca havia suspeitado que o assassino, na verdade, era a pessoa na qual eu depositei toda minha confiança. Cometi um grande erro, que me levou diretamente para o caminho da morte.

Quando percebi, Nessie se levantou e correu desesperada ao meu encontro.  Com apenas um estalar de dedos vindos de Jasper, o círculo de fogo se formou ao redor de minha irmã, impedindo que chegasse até mim. Nessie caiu com um baque no chão, enquanto as chamas crepitavam ao seu redor.

Inesperadamente, meu corpo foi preenchido pelo formigamento já familiar e por puro instinto meus olhos foram parar na direção de Edward. Assim que o encontrei e vi que realmente estava correndo em minha direção, fiquei desesperada. Ele me olhava preocupado e vi o quão estava confuso e ao mesmo tempo disposto a me salvar. Onde estava Alice? Ela sabia sobre seu parceiro? E porque o sonífero não havia funcionado?

- Não, Edward, não! – Gritei. Só que foi tarde demais.

E então meus olhos seguiram os movimentos de Jasper, que levantou a palma da mão em direção a Edward. Seus dedos cortaram o ar e imediatamente o corpo de Edward foi arremessado em direção de uma árvore próxima. Logo, caiu inconsciente no chão.

Tentei me comunicar com as rosas. E novamente, minha cabeça recebeu a sequência de fincadas dolorosas. Eu gritei.

Assim que a dor cessou e olhei novamente para Jasper, o encontrei segurando a faca na mão direita, enquanto se aproximava perigosamente de minha irmã. Assim como fez com meu pai.

- É tão bom quanto todos estamos juntos, não é, minha querida Bella? – A sua voz era igual a um sibilo de cobra. – Vejo que fez o círculo exatamente como pedi. Bem, uma pena que ele não te proteja. Apenas impede que use qualquer poder contra mim e tente escapar. Você caiu tão fácil em meus planos. Vai acabar rápido, principalmente para sua pequena irmã.

Eu nunca me senti tão humilhada. No fim, iríamos todos morrer. Fui traída, enganada. Entrei em seu plano, tornando tudo tão fácil.

- Vamos começar a reuniãozinha. Dê adeus a sua irmã. – Quando chegou perto o suficiente do círculo do fogo que envolvia minha irmã, abriu-se uma brecha.

Era a última chance. Eu não podia aceitar que tudo acabasse tão rápido.

Eu precisava agir e lutar.  Se não, seria o fim. Para sempre.

Mas como?


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Notas finais do capítulo

Olá. Apenas avisando que aqui é a Nicole (beta-reader) e o Ruan não pôde postar dessa vez, pois estava sem internet. Ele pediu para avisar que vai responder as reviews assim que puder e por isso não precisam tacar fogo nos cabelos (talvez a última parte tenha sido eu quem disse), então provavelmente ele vai responder ao longo da semana ou quando o próximo capítulo for postado. Alguém lê isso aqui, pelo menos? Se sim, obrigada por ler até aqui e uma última coisa: o Ruan sempre se negou a me dizer quem era o assassino, mas quando ele foi revelado a única coisa que eu pensei foi: ''EU TINHA CERTEZA ABSOLUTA QUE ERA VOCÊ, SEU FILHO DA PUTA!!''
Se vocês partilharem da mesma opinião que eu, comentem. Hehe.