A Bella E A Fera escrita por Ruan


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Respondo todos os comentários quando eu for postar o próximo capítulo.
Como eu prometi, ai está o capítulo.
Boa leitura!



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A faca estava caída em um lugar onde minhas mãos não eram capazes de alcançar.

Eu só conseguia ouvir os urros do assassino e de Jacob ao longe. Tive medo de olhar para a briga que estava acontecendo e me distrair. Então, apenas deixei meus olhos focados em um ponto único na neve ao meu redor, enquanto minhas mãos tateavam o espaço atrás de mim, na esperança inútil de encontrar a faca.

Senti meu sangue formigar dentro da pele e desisti de minha tentativa fútil de tentar encontrar a bendita faca. Optei, também, por procurar alguma pedra pontuda por ali, só que tal esforço foi totalmente em vão, já que não encontrei nada além da neve macia e gelada.

Lembrei da cena que havia acontecido entre mim e Jacob, quando consegui empurrá-lo para longe com apenas um único toque quando ele estava determinado a me enforcar. Também, lembrei de todos os momentos em que eu estive em perigo e meu cérebro conseguiu concluir o óbvio: Em todas as vezes que eu estava desesperada, as rosas sempre agiam por trás ou indiretamente em minha salvação.

O mais estranho de tudo era que mesmo estando longe das rosas, consegui me salvar. A prova disso era a força que eu havia ganhado em questão de segundos quando consegui empurrar Jake para longe. Foi como se de algum modo indireto, elas conseguissem me passar sua força.  Aquele tipo de raciocínio só poderia ser considerado vindo de uma louca, claro.

Mas e se fosse isso? E se essa fosse á única explicação racionalmente lógica para o que aconteceu recentemente?

Tudo começou quando as rosas me salvaram aquela vez, quando o assassino estava pronto para me matar atrás da mansão de Edward. A única coisa que não se encaixa em meu quebra cabeças que estava mais embaralhado do que qualquer coisa, era o porquê de as rosas estarem me ajudando. O que ganhavam com isso, afinal?

Se concentre nas rosas.  Inesperadamente, meu subconsciente sussurrou para mim e depois de segundos pensando, obedeci.

Relaxei cada músculo de meu corpo. Fechei meus olhos e inspirei várias vezes o ar gelado vindo do clima tempestuoso do Alasca. Não dei a mínima para a briga que estava acontecendo ali e foi com muito esforço que tive que fazê-lo, já que uma parte impulsiva de mim estava inteiramente preocupada com Jacob.

Pensei nas rosas, me concentrei inteiramente nelas, praticamente implorando para que me ajudassem.

Era assim que fiquei durante certo tempo: Em total estado de absorto.

Momentaneamente, meu sangue começou a ferver e senti meus pulsos formigarem. Meu cérebro ficou totalmente nebuloso e tudo escureceu diante de mim. Em um comando monótono, minhas mãos se moveram rapidamente para os lados e foi questão de segundos para que meus pulsos ganhassem liberdade. Fui até mesmo capaz de ouvir o estralo das cordas partindo-se ao meio.

Abri meus olhos diante do estado de incredulidade. Rapidamente, levei minhas mãos até meu campo de visão e analisei meus pulsos, libertos. Olhei por de trás de meus ombros e encontrei a corda partida em vários pedaços por de cima da na neve.

Escutei o grito de Jacob e aquilo foi tudo que precisei para começar a agir.

Ignorando o quanto minhas pernas estavam fracas, usei o máximo de força possível e passei meus braços ao redor do tronco da árvore, impulsionando meu corpo para cima.

Levantei em um gesto agonizante.

Arfei de dor assim que minha coluna rangeu. Senti uma ferroada atrás da cabeça e tudo girou ao redor de mim, precisei de certo momento para me recompor.

Temendo pelo pior, ignorei os pontinhos brilhantes e olhei para a direção de onde vinham os urros do combate.

O corpo de Jacob estava estendido na neve. Assim que nossos olhares se encontraram, observei que ele transparecia a mais pura dor. Jacob estava sem o moletom negro, que estava jogado há mais de centímetros longe dele. Seu peito nu estava coberto de sangue.

O assassino estava agachado no chão, enquanto um de seus dedos cobertos pela luva movia-se graciosamente pela neve. Uma vez ou outra, ele levava o mesmo dedo até a ferida recém feita no peito de Jacob e manchava o dedo com o sangue. Depois, voltava a escrever sorrateiramente.

A mensagem que era para ser entregue com o sangue de Nessie, estava sendo pelo de Jake. Tentei não imaginar com que tipo de arma o assassino tinha feito tal corte, já que eu não conseguia visualizar nenhuma. Obriguei minhas pernas a se moverem, só que as mesmas não correspondiam aos meus comandos. Pela primeira vez, mesmo a neve tornando minha visão quase que nebulosa, percebi que o assassino era alto. Ele não ousou parar de escrever na neve com o sangue de Jacob. Quando as endorfinas do corpo de Jake começavam a fazer efeito, o assassino afundava seu dedo na ferida, tornando os gritos de dor impossivelmente mais altos enquanto mais sangue se espalhava pelo peito nu da vítima.

Quis me mexer, só que de nada adiantava já que a dor falava mais alto do que qualquer coisa em meu corpo. Eu estava praticamente petrificada.

O formigamento familiar era contínuo. Pela primeira vez, desejei que Edward aparecesse ali e visse a cena. Assim, eu evitaria contar pelo menos um bom pedaço de toda a história. E se eu contasse tudo de uma vez para ele? Do que adiantava guardar tantos segredos de Edward, se foi ele que durante séculos compartilhou muitas coisas comigo? Eu poderia confiar nele, não é?

Dei um passo involuntário em direção de Jacob e isso resultou em minha queda. Só tive tempo de apoiar minhas mãos na frente do corpo para que meu rosto não se chocasse com a superfície gélida. Afinal, por que diabos eu estava me sentindo tão mal?

Tentei me levantar, só que novamente, meu corpo ignorou meus comandos. Eu estava sentindo os mesmo sintomas que senti no dia em que minha casa pegou fogo. Isso não fazia o menor sentido para mim.

Os gritos de Jacob eram agonizantes. O assassino continua seu trabalho incessantemente.

Até que teve fim.

O assassino se levantou de costas para mim e deu um passo para a direita, saindo de meu campo de visão. Meus ombros estavam tremendo devido ao esforço que eu estava fazendo para ficar apoiada. Apertei bem meus olhos e focalizei nas letras escritas a sangue na neve:

Escolha: Edward ou Nessie?

Depois do casamento, vá até sua antiga casa.

Lá será o fim.

Engoli em seco assim que li várias e várias vezes a mesma frase. Tive que ignorar o nó que estava se formando em minha garganta, assim como as lágrimas que estavam se formando em meus olhos.

O casamento. Meu casamento. Era a última coisa que eu presenciaria antes do fim.

A escolha. Afinal, Edward ou Nessie?

O assassino voltou a aparecer em meu campo de visão e instantaneamente olhei para cima.  Ele cruzou os braços e tentei olhar por de trás da toca que cobria seu rosto, acabei não encontrando nada além da escuridão.

Eu estava sentindo tanto ódio dele naquele momento. Tentei canalizar todo esse sentimento sombrio dentro de mim, sabendo que eu estava inferior a ele.

Ele continuava a olhar para mim, como se esperasse por algo.

Foi quando a ficha caiu. Ele havia pedido para eu escolher entre Edward e Nessie. Só estava esperando pela resposta.

Jake estava caído ao seu lado, fazendo total esforço para respirar enquanto não conseguia mexer nem um músculo sequer.

Eu sabia que não podia escolher, não agora. Não quando o tempo me fez invulnerável ao amor que eu sentia por Edward. Não quando o tempo me fez fiel ao meu amor por Nessie.

- Me dê mais tempo. – Supliquei.

O assassino pareceu pensativo por certo tempo, até que com um único gesto, circulou com a ponta do pé a palavra casamento, escrita a sangue no chão.

- Eu tenho até o casamento. – Concluí, me sentindo muito fraca e frágil.

Pude observa sua cabeça balançar em sinal de concordância.

Pensei que ele iria embora, só que fez totalmente o contrário.

Com um gesto rápido demais para que meus olhos pudessem observar, o assassino se agachou no chão e pegou os cabelos de Jake. Seguidamente por gestos rápidos, ele se levantou, ainda segurando meu amigo pelos cabelos.

Ignorei o formigamento que cada vez ficava mais forte, perguntando-me o quão perto Edward estava. Entretanto, fiquei em total estado de espanto à medida que meus olhos acompanharam os gestos que só podiam vir de alguém sem coração.

Jacob se sacudia loucamente, enquanto seus cabelos estavam sendo praticamente arrancados do couro cabeludo. Seus movimentos duraram pouco, até que o assassino tirou uma faca já conhecida do bolso do moletom e a fincou diretamente no peito de Jake.

Gritei de pavor.

Pela primeira vez, notei que a faca não era normal. O cabo tinha o formato da cabeça de uma serpente. Ao redor da lamina, havia uma cauda que começava do fim da cabeça e se estendia até a ponta.

Desviei meus olhos da faca e olhei para Jacob, que estava com os olhos revirados enquanto seus lábios estavam escancarados, como se ele quisesse gritar e não tivesse forças para isso.

- Não! – Gritei.

Foi quando uma onda enlouquecedora de poder tomou conta de mim e cada nervo meu ficou em chamas. Só consegui pensar em salvá-lo.

Levantei com um pulo do chão e tudo passou como um borrão ao redor de mim. Quando vi, me meti no meio dos dois e empurrei o assassino para longe, enquanto a faca era levada junto com ele. Consegui pegar o corpo de Jacob antes que se deparasse do chão e isso me fez ficar ajoelhada. Apoiei todo seu peso em minhas mãos, que estavam ao redor de seus braços.

- Jake, Jake! – Chamei pelo seu nome, tentando encontrar vida por de trás de seus olhos.

Seus olhos se movimentaram um centímetro. Percebi que uma veia sua estava praticamente saltando da testa e quando vi, sua mão direita estava cobrindo toda minha bochecha. 

Havia lágrimas em seus olhos. Ele sorria para mim.

- O destino sempre faz questão de me separar de você. – Sua voz estava rouca.

- Tudo vai ficar bem, eu vou dar um jeito eu, eu , eu... – Tentei pensar em qualquer tipo de cura. Qualquer coisa que o salvasse.

Percebi que eu sacudia seus ombros nervosamente, em um gesto monótono de que nada adiantaria. Lágrimas estavam inundando meus olhos. Eu iria perder outra pessoa.

De repente, a imagem de Jacob foi ficando transparente diante de meus olhos. Surpreendi-me com aquilo, só que em momento algum ousei afastá-lo de mim.

- Quando morremos, nós, personagens... Vamos para um lugar diferente. – Ele lutava com as palavras, enquanto sua voz foi ficando cada vez mais inaudível. – É por isso que estou desintegrando, não se assuste. Apenas... Permaneça comigo. Sei que um dia vamos no encontrar novamente.

Concordei com a cabeça e com um único gesto, levei sua cabeça até meu peito. Ele correspondeu, passando suas mãos ao redor de minha cintura. Diante neve que caía por cima de nossas cabeças e o frio que fazia meus pêlos se arrepiarem, me senti aquecida ali com meu melhor amigo. Meus braços fizeram o tipo de um casulo ao redor dele. Quis dizer para ele dizer para mandar lembranças para meu pai, só que me contive, já estava sendo duro demais ter que suportar tudo aquilo.

Ignorei meus pensamentos enquanto gritavam para mim que eu já havia vivenciado a mesma coisa. A diferença era que primeiro vi meu pai morrer. Agora, meu melhor amigo.

Afinal, seria assim para sempre? A perda iria se tornar presente em minha vida? Eu iria perder todos as pessoas que eu amava?

Jake foi ficando menos pesado a cada momento. Menos visível.

- Me perdoe, fiz totalmente o contrário desta vez...

- Está tudo bem. Amo você, Jake. – Interrompo suas palavras, enquanto acariciava sua cabeça.

- Amo você também, Bels.

Não importasse o quanto ele fosse amargo comigo, Jake sempre foi meu amigo de infância, e em meio de tantas dificuldades, era meio que perdoável as besteiras que ele tinha feito.

As pessoas estavam morrendo ao meu redor por minha culpa, conclui, ignorando a ferida que estava se abrindo em meu peito. A ferida que havia se formado deste que vi meu pai morrer.

Não importava quanta besteira as pessoas que amamos fazem conosco, sempre temos que perdoar. É a única maneira de seguir em frente.

 Ou você perdoa, ou uma hora você perde aquilo que mais ama e acaba levando a culpa consigo.

- Edward é a porta para sua morte. Tem que se afastar dele, Bels. – Ouço sua voz fraca.

Arfei de surpresa.

Quando dei por mim, minhas mãos se encontraram ao redor do completo nada, deixando minha mente confusa, repleta de perguntas insaciáveis.

Jacob havia ido embora e usou as mesmas palavras que meu pai antes de dar o último suspiro.

As lágrimas inundaram meus olhos e começaram a transbordar pelo meu rosto.

- Bella! – Surpreendentemente, ouvi a voz familiar de Edward ao longe, acompanhada de latidos.

De repente, esqueci de tudo e só tive atenção para a voz dele.

- Edward! – Gritei de volta e uma onda de formigamento familiar preencheu todo meu corpo.

Olhei ao redor e vi que a neve havia coberto todo o sangue espalhado por ali.

Novamente, recebi uma onda maior de formigamentos e olhei para frente.

Ao longe, encontrei Edward correndo ao meu encontro, enquanto vários cães viam atrás dele.

Sabendo que dessa vez não tinha extraído força das rosas, me levantei do chão e mesmo com tudo rodando diante de meus olhos, corri na direção de Edward.

Seu rosto não estava trajando aquela mascara indecifrável. 

Desta vez, que vi seu rosto repleto de alívio e pura tristeza, emoções de extrema importância vinda dele. À medida que nos aproximávamos, um novo tipo de emoção transparecia em seu rosto.

Alívio. Preocupação. Tristeza. Compaixão. Mais alívio.

Quando não aguentei mais, meu corpo cedeu e fui de encontro ao chão.

Só que Edward foi mais rápido que eu e com apenas um movimento, ele me pegou no ar antes que meu rosto colidisse com a neve. Assim que senti que suas mãos vinham exigentes ao meu encontro, passei meus braços ao redor dos seus e deixei todo meu peso sobre ele.

Edward levantou meu corpo e imediatamente me colocou em seu colo. Envolvi seu pescoço com minhas mãos e afundei meu rosto em seu peito.

- Bella, meu amor. – Ele sussurrou em meu ouvido, começando a correr enquanto me carregava. – Tudo vai ficar bem, está me ouvindo?

- Estou. – Respondo, inspirando seu cheiro.

Eu sabia que estava tudo bem, pelo menos enquanto estivesse com ele.

Foi impossível negar naquele momento, o quanto eu o amava.

- Edward, preciso te contar uma coisa. – É tudo que consegui dizer, sentindo que ele estava quase como flutuando diante da neve devido a sua rapidez.

Ele precisava saber de toda a verdade.

- E irá, só que agora não, certo? – Seus lábios estão perto demais de meus ouvidos e meu corpo se arrepia. – Primeiro vou cuidar de você.

Eu sabia que ele iria cuidar de mim.

Aquela foi a primeira vez que ele estava sendo o meu Edward. O Edward que sempre amei.

Afinal, o que eu escolheria?

Afundei meu rosto ainda mais em seu peito e apertei meus braços ao redor dele.


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Notas finais do capítulo

Posto o próximo capitulo até quinta que vem, certo?
E como eu disse anteriormente, respondo todos os comentários quando eu for postar o próximo capitulo.
Comentem, que posso até pensar em postar antes o capitulo.
Ah, semana que vem uma REVELAÇÃO vai ser feita na Fic...
Não deixem te comentar!
Espero que tenham gostado do capítulo pessoal.
OBRIGADO A TODAS QUE ESTÃO COMENTANDO, MESMO!
E até o próximo!
Ruan.