No fundo, uma parte de mim – a racional – sabia que aquela luta já estava com a vitória garantida para o lado de Edward.

Os motivos que me levaram a aceitar tal desafio foi que eu já estava cansada de ser humilhada por aquele homem. Desde o momento em que pus os pés na arena, fiz cada momento vir à tona em meus pensamentos: como a vez em que ele me encurralou na parede, me ameaçando para que aceitasse seu pedido de casamento. Também teve a vez em que ele me fez correr para seus braços na frente de todo mundo e tascasse um beijo em seus lábios, para que Nessie não fosse tirada de mim. Foi a primeira vez que vi nossas encarnações passadas. Aquela vez foi a primeira vez que eu o beijei, mas não foi algo que quis. Não foi algo que veio dentro de mim e nem em sã consciência. Até hoje, nunca beijei Edward com a minha própria vontade, com a certeza que sentia alguma coisa por ele.

Reviver todos aqueles momentos fez com que a adrenalina se espalhasse ainda mais pelo meu corpo, deixando-me com raiva dele, também permitindo que cada movimento meu fosse controlado pela raiva e não pela agilidade. Nenhum movimento meu fora planejado, era apenas a raiva agindo por mim. E era por isso que a vitória de Edward já estava garantida.

Meu primeiro movimento foi rápido e irracional: Levei meu braço direito direto para a sua cara, e é claro que ele desviou, deixando-me com o completo nada bem em minha frente.

- Quem sabe um pouco mais de força – Ele sussurrou em meu ouvido, deixando-me surpreendida com sua rapidez – Ou talvez um pouco mais de pressa.

Suas mãos passaram de leve pela minha cintura, ameaçando tirar minha blusa. Agindo mais uma vez por impulso, girei o mais rápido que pude para trás, deixando minhas mãos cobertas pelas luvas à frente, loucas para se depararem com a cara dele, torcendo insanamente para deixar um hematoma em sua pele.

Novamente, ele desviou de meu ataque, só que dessa vez Edward passou por de baixo de meus braços, com uma rapidez de tirar o fôlego. Meus olhos não foram rápidos o suficiente para acompanharem Edward se levantando, agora se aproximando perigosamente de mim. Na verdade, não foi preciso olhar por trás de meus ombros para saber que ele estava atrás de mim, apenas senti seu hálito quente em minha nuca, deixando-me totalmente vulnerável. Bastou isso.

- Tem que ficar atenta a cada passe meu, me surpreenda e não me ataque, pense antes de agir. – Murmurou, raspando os lábios em meus ombros.

Bem, Edward fez algo que realmente me surpreendeu e ao mesmo tempo fez todos os pelos de minha nuca se arrepiar: Ele gravou seus dentes na alça de minha blusa e a arrancou de mim, deixando-me apenas de sutiã.

- Um ponto para mim! – Comemorou nada modesto e cheio de vitória em seu tom de voz.

O ar frio ao meu redor deixou meus braços trêmulos e tive que ignorar o impulso de cruzar os braços para me proteger do frio. Só havia um jeito de ganhar aquela luta, e o jeito era me focar totalmente nela, esquecendo-me de todos os momentos que Edward me tratou como uma cachorra qualquer. Tive que encontrar dentro de mim algo para me fortalecer e não me enraivecer. E esse algo, ou melhor, alguém, era Nessie. 

Suspirei e deixei que cada momento feliz que passei com ela se formasse em minha mente, como se fosse uma fita. Nessie era minha irmã, era a razão de tudo isso estar acontecendo. E se eu já estava falhando ali com Edward, imagina se fosse o assassino, que seria capaz de fazer coisas terríveis comigo.

- Hm, você fica linda apenas de sutiã, mal vejo a hora de ver a parte de baixo. – Edward ironizou novamente, se aproximando de mim por trás.

Cada vez que Edward se aproximava de mim, sentimentos estranhos tomavam conta de mim. E eu poderia usar isso a meu favor.

Deixei que Edward se aproximasse ainda mais de mim, e quando senti meu corpo corresponder a aproximação dele, movi violentamente meus cotovelos para trás, na intenção de acertar pelo menos sua barriga.

Senti as mãos de Edward rápidas demais, alcançando meu cotovelo e bloqueando meu ataque. Levei um choque ao perceber que havia falhado.

- Opa. – Brincou, passando seus lábios por todo meu braço.

As mãos de Edward se moveram por todas as minhas costas e desceram ate a minha bunda, deixando-me totalmente paralisada. Aquilo era digno de um cafajeste.

- Aonde tem que ser o soco? – Perguntei cautelosa.

- No braço, é claro. – Respondeu, ainda passando a mão em minha bunda.

Foquei toda minha atenção nos golpes de lutas que eu tinha aprendido em toda vida... Bem, nunca aprendi nenhum. Só havia um que com toda a certeza qualquer garota sabia: O típico chute no meio das pernas.

Não deixei mais nenhum segundo se passar e quando me dei conta, girei meu corpo e fiquei frente a frente com Edward. Seus olhos dourados me olharam surpresos e ao mesmo tempo cheios de diversão. Desviei rapidamente meus olhos dos deles e levei meu joelho para o meio de suas pernas, sentindo-me vitoriosa quando consegui aplicar meu golpe sem interferência alguma dele. Acho que usei toda a minha força, pois Edward fez uma careta e colocou suas mãos nos meios das pernas, caindo de joelhos no chão. Jurei que o ouvi murmurar algo como “Golpe baixo”.

Rapidamente, levei minha mão direta em direção do braço de Edward, só que ele foi rápido o suficiente e se abaixou, fazendo com que meu corpo se impulsionasse para frente sozinho.

Edward, deitado no chão, passou seus pés rapidamente por de baixo dos meus, fazendo-me cair com tudo no chão. Demorei pouco tempo para aceitar que tinha falhado mais uma vez em meu golpe. Tinha que confessar, ele era realmente bom quando o assunto era se desvencilhar de golpes. Eu já estava pronta para me levantar quando Edward se colocou por cima de mim, surpreendendo-me com sua velocidade.

A aproximação do seu corpo suado só fez com que eu ficasse ainda mais nervosa. Seus olhos dourados fitavam os meus, e foi impossível não ficar presa naquele mar de ouro que eram seus olhos.

- Agora é a vez de sua calça – Ele foi dizendo, deixando seus lábios perto o bastante dos meus enquanto suas mãos deslizavam por minhas coxas – Adoro esse tecido, fica bem colado em você.  Uma pena ter que arrancá—lo.

E então foi tarde demais.

Quando vi, Edward agarrou o elástico da minha calça e arrancou o tecido de mim. Não me dei ao luxo de perder mais nenhum segundo e ao mesmo tempo dei um soco em seu braço, com toda a força possível.

Fiquei contente quando percebi que ao mesmo tempo em que ele arrancou minha calça, dei um soco em seu braço.

Um empate.

Um sorriso brincalhão brotou do rosto de Edward ao perceber o que eu havia feito. Olhei por trás de seus ombros e percebi que ele ainda segurava minha calça, que tinha virado um mero pedaço de pano.

- Como resolvemos isso? – Ele falou entre dentes, dando uma boa olhada por todo meu corpo.

- Três dias dormimos juntos e outros três dias você mantém distância de mim. Pronto. – As palavras saíram rápidas de minha boca, temendo que ele apenas considerasse sua vitória.

- Hm, eu lhe dei a maior surra. Não é justo.

- Três dias dormimos juntos e outros dois, você fica longe de mim. É pegar ou largar.

- Tudo bem. – Ele concordou, afundando seu rosto em meu pescoço.

Quando senti seus lábios em meu pescoço, fiquei louca. Completamente fora de mim.

Com toda a adrenalina da luta eu não poderia não ficar excitada. Toda aquela raiva e aqueles sorrisinhos tortos fizeram coisas com o meu corpo que nem eu mesma saberia explicar.

Rapidamente, tirei as luvas de boxe e levei minhas mãos até as costas de Edward, afundando minhas unhas em sua pele. Ele também tirou suas luvas, só que com aqueles perfeitos dentes. Depois, seus lábios voltaram famintos e depositaram um bom chupão em meu pescoço.

Levei minhas mãos até a barra da camisa de Edward e puxei o tecido, tirando sua camisa e o arranhando ao mesmo tempo. Fiquei satisfeita ao ouvir um gemido baixo vindo dos lábios dele.  

Minhas mãos foram descendo mais ainda pelas costas dele e ao chegar na barra de seu calção, afundei minhas mãos por de baixo do tecido, fazendo a mesma coisa com a cueca.

Edward levou seus lábios até os meus, mordendo-os e brincando com a sua língua contra a minha. Afastei nossos lábios por um momento, quando senti algo sob minhas mãos, olhei para aquele dorso bem esculpido sendo tomada por uma onda de culpa quando vi a faixa cobrindo seu braço por conta do tiro que havia tomado para me proteger. Mas apenas ignorei e continuei o beijando ferozmente.

Estávamos prontos para nos aprofundar nos gestos... Tudo o que nós dois mais queríamos.

Foi quando ouvi uma voz conhecida.

- Pessoal? – Era Alice.

Assim que ouvi a voz dela, empurrei Edward de cima de mim e dei um pulo, fazendo exatamente o que uma criminosa faria. Quis morrer de tanta vergonha ao encarar os olhos de Alice.

- Rosalie e seu marido vão chegar daqui a trinta minutos. Você tem que se arrumar, Bella. – Alice pareceu contente ao encarar a situação.

Sem dizer mais nada, olhei para trás e encontrei Edward sentado no chão com a maior satisfação e divertimento estampados em sua cara de cafajeste. Eu soube que minhas bochechas estavam vermelhas, então apenas virei o rosto para ele e me pus ao lado de Alice, que foi na frente.

Ainda subindo as escadas, olhei de relance para Edward e vi ele me mandando um beijo, virei o rosto ao ver que ele mordeu os lábios, me olhando de cima a baixo.

A caminho do quarto, não mencionei uma palavra sobre o que aconteceu com Alice.

- Vá para o banho – Ela ordenou, abrindo a porta do guarda roupa, mas ainda parecendo se divertir com toda a situação.

Fiz o que ela pediu e fiquei um bom tempo debaixo do chuveiro, esperando que minhas bochechas parassem de arder. Para isso, foi preciso esquecer toda aquela cena que aconteceu no porão.

Assim que saí do banho, Alice me mandou vestir a roupa que estava em cima da cama: Um lindo vestido verde. Eu o vesti e junto calcei um par de rasteirinhas que estavam embaixo da cama. Depois, Alice me mandou sentar na cadeira enquanto fazia escova em meu cabelo.

- As coisas estão esquentando entre vocês dois – Ela finalmente comentou, passando a escova em meus cabelos junto com o secador. – Vamos ter que esconder esse chupão com seu cabelo e uma bela camada de base.

- Não foi minha culpa. – Comentei furiosa e cheia de vergonha.

Alice respondeu ao meu comentário com uma simples gargalhada. Assim que ela acabou de escovar todo meu cabelo, apareceu com um monte de maquiagens e começou a trabalhar em meu rosto e pescoço. Fiquei o mais quieta possível e quando ela finalmente acabou, deixou que eu me olhasse no espelho.

E lá estava novamente a garota desconhecida. Sua pele parecia de porcelana e seus cabelos estavam incrivelmente brilhantes e lisos. O vestido verde lhe dava um bom contraste com os olhos e jurei nunca ver uma imagem tão... Modesta e ao mesmo tempo ousada em toda a minha vida. Fiquei feliz ao saber que Alice foi capaz de esconder uma pequena marca roxa em meu pescoço.

Aquela não podia ser eu. Bem, quando eu morava no campo, nem de longe sonhava em um dia me ver assim. Muito menos com um chupão no pescoço.

- Eu estou parecendo uma menina de doze anos. – Falei entre dentes, apontando para a imagem que refletia do espelho.

- Você é a garota das rosas. Tem que se vestir como uma! – Alice cantarolou, dançando ao meu redor ao ver que tinha feito um belo trabalho.

Assim que ouvimos a campainha tocar, descemos as escadas enquanto Alice estava tentando me ensinar a ficar pulando e ao mesmo tempo tornar isso em uma dança feita por uma bailarina. O que foi quase impossível, pois ao me deparar com meus próprios pés e quase cair das escadas, nós duas rimos juntas.

Quando chegamos à sala de estar, Edward já estava sentado no sofá usando uma camiseta em gola V cinza com uma calça preta. Ele conseguia ficar completamente charmoso usando apenas aquelas roupas. Assim que seus olhos encontraram os meus, não deixei de sorrir ao ver que suas sobrancelhas se ergueram, surpresas ao se deparar com meu visual inocente.

- Vá atender a porta e cumprimente Rose e seu marido educadamente. – Alice murmurou em meu ouvido e saiu da sala, deixando apenas eu e Edward ali, enquanto mais uma vez a campainha tocou.

- Estou louco para ver o que tem de baixo de toda essa inocência – Edward falou baixinho, enquanto eu seguia a caminho da porta.

Ignorei-o e abri a porta, me deparando com Rose.

- Olá, Rose. – Cumprimentei, sorrindo para ela.

- Olá! – Ela comprimento também, me abraçando. Ela estava usando uma calça jeans junto com uma jaqueta de couro vermelha que a deixava linda.

Quando finalmente acabamos de nos abraçar e ainda sorrindo, olhei para o lado a procura de seu marido e o encontrei:

E lá estava ele. Ele tinha uma pele morena e seus olhos castanhos olhavam com certa surpresa para mim.

- Jacob. – Eu o reconheci, tirando o sorriso de meu rosto.

- Bella. – Ele também me reconheceu.

Jacob. O cara que eu havia beijado na noite da festa.

Jacob. O marido de Rose, irmã de meu noivo.

Ah, essa não.