Jigoku Shoujo - Infernal Love escrita por Mirytie


Capítulo 3
Capítulo 3 - Hara Anna


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Miseravelmente, Yuuko continuava naquela escola mas ficaria ali para sempre se fosse para proteger Ai-chan. Apesar de já não a poder ver mais, profissionalmente, iria fazer os possíveis para a encontrar de novo…nem que tivesse que andar atrás das pessoas que queriam mandar alguém para o Inferno.

No entanto, nunca imaginaria encontra-la nesse mesmo dia, depois das aulas.

Ai encontrava-se no cemitério, em frente a uma campa que dizia “Tsugumi Shibata”.

Ao lado dela, Hone Onna permanecia em silêncio, enquanto os restantes estavam à espera dela, mais afastados. Era como se fosse uma tradição ir até ali, todos os anos.

Viver para sempre tinha as suas amarguras e aquela era uma delas.

- Temos que ir, donzela. – disse Wanyuudou, aproximando-se – Temos um novo pedido.

Ai não disse nada e também não se mexeu. O nome daquela campa perturbava-a, Hone Onna sabia, mesmo que a sua expressão não mudasse.

- Já é o terceiro ano desde que ela faleceu. – suspirou Hone Onna, vergando-se para colocar a rosa branca em frente à campa – Ninguém estava à espera do que aconteceu.

- Já chega. – anunciou Ai – Está na hora de irmos.

- Deveras. – concordou Waniudou – Como disse, temos um novo pedido não muito longe daqui.

Sem dizer muito mais, partiram a pé para um dos apartamentos ali ao pé, desvanecendo-se mesmo à porta, Ai e a mulher que sempre a acompanhava enquanto os outros dois esperavam da parte de fora.

Depois de ouvir tudo, escondido atrás de um anjo encrustado em pedra que parecia vigiar o cemitério silenciosamente, Yuuko apressou-se. Tinha talvez cinco minutos, enquanto Ai se apresentava ao cliente e lhe explicava as regras como fazia sempre.

Aproximou-se da campa onde Ai estivera e leu o nome da pessoa lá enterrada. Fazia naquela data três anos desde que ela falecera, segundo a data encriptada na pedra.

Num impulso, Yuuko correu para uma loja ali perto e comprou dois pauzinhos de incenso. Depois, entrou numa florista que, convenientemente, ficava a dez passos dali e comprou um grande buquê de rosas brancas e vermelhas.

Ai, a Donzela do Inferno que levava as pessoas para as profundezas sem pensar duas vezes. A rapariga que levava pessoas boas e más para o ardente pandemónio parara ali para visitar a campa daquela rapariga portanto, ela devia ser importante.

Com cuidado, Yuuko acendeu o incenso e pousou o ramo das flores de maneira a não tapar a que Ai tinha trazido. Em sinal de respeito, fechou os olhos, bateu duas palmas e proferiu uma rápida prece, desejando ter conhecido a senhora que morrera aos 35 anos.

Agora, se se apreçasse, talvez ainda conseguisse apanhar Ai antes de ela passar para o próximo cliente mas, quando chegou ao lugar, os ajudantes já tinham desaparecido e, com eles, a Donzela.

Entretanto, uma rapariga saía de dentro da estátua do anjo, onde tinha estado a ouvir todas aquelas conversas e observado todos os gestos do rapaz que parecia afeiçoado a rapariga infernal.

A rapariga de cabelos brancos, olhos brancos, vestido branco e gabardina branca parecia ter a idade de Ai mas, tal como Ai, ela não era o que aparentava.

Com um sorriso mais maléfico do que angelical, a rapariga olhou para o relógio que tinha no pulso e depois para o céu.

- Está quase na hora.

Tal como Yuuko previra, Ai passara rapidamente de um cliente para outro, procurando não se demorar muito com as apresentações. Mas a verdade é que estava a ficar sem bonecos para entregar.

- Yamawaro, é a tua vez. – anunciou Ai referindo-se ao rapaz que se ocupava de brincar com Kikuri pois eram os únicos que restavam – Temos outro cliente.

- Sim, Donzela. – acedeu imediatamente Yamawaro.

- Porque é que não posso ser eu!? – perguntou Kikuri, obviamente amuada mas não obteve resposta a não ser do seu leal servo.

- Não se preocupe, princesa. – pediu Yamawaro – Eu não devo demorar muito.

E, num segundo, já tinham deixado o local, deixando a menina sozinha, livre para fazer as travessuras que desejasse.

Ai, que se precipitou a entrar na casa da cliente para a encontrar a chorar, cheia de nódoas negras, não demonstrou qualquer sinal de pena. Com certeza, já tinha visto pior do que aquilo.

- Chamaste-me? – depois de obter a atenção da rapariga que parecia demasiado nova para carregar tais feridas, Ai continuou – O meu nome é Emma Ai.

E, tal como fizera milhões de vezes, pronunciara as condições para realizar a sua vingança deixando, de seguida, os aposentos da rapariga.

No entanto, quando voltou aos seus próprios aposentos, Ai encontrou Wanyudou, Ren, Hone Onna e Kikuri que atormentava os três.

- O que é que se passou? – perguntou Ai que, apesar de surpreendida, permanecia calma.

- Não percebi bem. – confessou Wanyudou – Uma rapariga de branco apareceu e, de repente, o cliente recusou os nossos serviços.

- O que é que a rapariga disse? – continuou Ai, virando-se agora para Ren que normalmente ficava a cargo da espionagem.

- Desculpe, Donzela. – pediu Ren baixando a cabeça – Ela parecia saber da nossa existência e retirou-me da sala antes que pudesse descobrir qualquer coisa. Como estava em boneco, não consegui usar os meus poderes.

- Tsk, como é que eles puderam dispensar-nos daquela maneira!? – interrogou-se Hone Onna, visivelmente perturbada – E logo depois de a Donzela ter tido um dia tão atarefado!

- Pode ser que o Yamawaro descubra alguma coisa. – lembrou Ren que procurava redimir-se pelo seu falhanço.

Mas o rapaz voltou, cerca de quinze minutos depois, com a mesma história. A rapariga misteriosa parecia enganá-los a todos, o que não agradava a Ai.

- Ora, Ai. – disse a avó dela que permanecia do outro lado da porta – Parece que tens visitas.

Ai levantou-se e foi à porta, vendo a rapariga de roupa branca a aproximar-se pela planície, com os cabelos a esvoaçar com o vento que se tinha formado à sua passagem. Aquele lugar estava claramente perturbado com a presença da criatura, o que nunca tinha acontecido antes.

Os ajudantes de Ai levantaram-se imediatamente depois de verem o sorriso da rapariga que os assustou até aos ossos, com medo que se desencadeasse uma batalha mesmo ali.

- Emma Ai. – pronunciou-se a rapariga, parando mesmo em frente à sua opositora – Procuro trocar palavras, contigo.

A maneira como ela falava era estranha, mostrando que não era daquele tempo nem estava habituada àquele lugar onde os mortais residiam.

- Estou aqui. – respondeu Ai, simplesmente mas, “trocar palavras” não era o seu forte.

- Especifica o trabalho que exerces. – pediu ela.

- Deves sabê-lo muito bem. – replicou Ai ouvindo os dentes da rapariga a rangerem – No entanto, eu não sei nada sobre ti.

- Não precisas de o saber. – disse a rapariga – Como poderia eu permitir tais atividades na terra do Criador? Estás a manchar o Seu reino.

- Falas mal do trabalho a que fui incumbida, mas tu própria pareces caída. – disse Ai, acertando num ponto fraco – O que fazes na realidade, aqui em baixo?

- Procuro-te. – respondeu a rapariga – Pois quando limpar a terra do Senhor dos teus pecados, terei a permissão de voltar. Estou então aqui para pedir que reconsideres e desistas do que fazes.

- Não tenho o poder de fazer isso. – negou Ai.

- Assim sendo, não vejo outra maneira senão arruinar-te como foste arruinada uma vez, no passado. – disse a rapariga, referindo-se a Sentarou provocando assim um ligeiro franzir de sobrancelhas, pela parte de Ai que ainda era ferida pela menção do primo – Tenho conhecimento que um rapaz de nome Matsuda Yuuko.

- Desaparece, pirralha! – exclamou Ren que começava a ficar farto daquela conversa – Os clientes da Donzela não te interessam!

- Pelo contrário. – corrigiu a rapariga – Para se a demover das suas funções, farei tudo o que for necessário. Talvez até seduza o rapaz, trazendo-o para o meu lado.

- Um anjo caído a seduzir um pobre rapaz inocente? – Wanyudou abanou a cabeça – Vejo que o céu não está em melhores condições do que o Inferno.

- Pobre rapaz não será! – contrariou a rapariga. Como é que aquele demónio se atrevia a falar mal da casa do seu Senhor! Acusadoramente, apontou para Ai que se mantinha imóvel – Que rapaz inocente se apaixonaria por uma criatura diabólica como ela?

- O teu nome?

A rapariga olhou para Ai que tinha acabado que ignorar os insultos que ela lhe atirara.

- Porque o queres? – perguntou ela.

- Se tu sabes o meu, tenho o direito de saber o teu. – foi a explicação de Ai, deitando abaixo as oposições da rapariga.

- Chamam-me de Hara Anna. – aprensentou Anna – No entanto, tal nome terrestre não me diz respeito.

- Ninguém quer saber. – disse Ren, virando a cara – Desaparece de uma vez, Hara Anna.

- Vou-me. – concordou Anna – No entanto, voltaremos a encontrar-nos.

Apesar de ter tido o trabalho de caminhar pela planície, Anna desapareceu mesmo à frente de Ai, mostrando que os seus esforços para a intimidar tinham sido em vão.

- O que é que vamos fazer, Donzela? – perguntou Wanyudou – Isto pode prejudicar o nosso trabalho.

- Não fazemos nada. – respondeu Ai, voltando para a frente do computador.

- Mas ela vai até ao Yuuko-kun! – protestou Onne Hona.

Mas Ai não parecia preocupada com o rapaz. Na verdade, tinha tido um pouco de dificuldade em associar o nome à cara, mesmo que nunca se tivesse esquecido de um único cliente…ou a expressão de qualquer vítima.

- Onne Hona, como correu o teu trabalho com a outra criança? – perguntou Ai, referindo-se a Daichi – Ele também dispensou os nossos serviços?

- Sim. – confirmou Onne Hona – Mas não por causa da rapariga. Ele disse que já não necessitava desta opção.

E não necessitava.

Sabia que Yuuko tinha uma paixoneta pela rapariga dos Infernos e isso chegava-lhe. Podia muito bem chamá-la a qualquer momento e violenta-la, era o que dizia a Yuuko mas, se chegasse a tal coisa, não sabia se teria a coragem ou a força para ir contra tal rapariga.

Ao ver Yuuko entrar na escola da janela da sua sala-de-aula, sorriu. Ele era uma distração tão divertido que quase custava imaginar um futuro sem ele. Talvez devesse transformá-lo no seu criado pessoal, futuramente.

Suspirando de satisfação, Daichi voltou-se para ver a mesa onde Yuuko se sentaria e onde ele tinha posto alfinetes, só por brincadeira. No entanto, quando olhou para o lado, o seu coração saltou uma batida ao ver Ai mesmo ao seu lado.

Os seus olhos vermelhos trespassavam os dele, enquanto deixava cair os alfinetes, um a um, em cima da mesa de Daichi.

- O que é que estás aqui a fazer!? – gritou Daichi, em pânico – Eu não te chamei!

- Para quem é que estás a falar, Daichi-kun? – perguntou uma das colegas, olhando para trás.

- Para ela! – disse Daichi apontando para Ai mas, bastou que ele virasse a cabeça por um segundo para ela desaparecer. Para garantir que não estava a endoidecer, Daichi olhou para a mesa e lá estavam os alfinetes abertos que deveriam estar na cadeira de Yuuko.

Talvez não fosse apenas Yuuko a ter sentimento…

O dia passou depressa para Yuuko e, surpreendentemente, Daichi tinha evitado falar com ele, durante o dia inteiro.

- Talvez tenha reconsiderado as suas atitudes. – murmurou Yuuko.

Entretanto, tinha que se ocupar e pensar numa maneira de voltar a falar com Ai. Quando ouviu alguém atrás de si, voltou-se, entusiasmado, esperando ver Ai.

Mas não foi o que aconteceu.

- O meu nome é Hara Anna… - apresentou-se ela, transportando-o para um sítio onde o céu azul e o mar pareciam ser um só - …bem-vindo a minha casa, Matsuda-san.

Sobre o vento gélido da noite, Ai olhava mais uma vez para a campa da parente mais próxima que tinha, naquele século.

O incenso já se tinha apagado mas o forte cheiro do ramo de rosas que Yuuko tinha posto lá ainda pairava no ar.

Num movimento vagaroso, com a mesma expressão apagada, Ai vergou-se e pegou numa das rosas vermelhas do ramo que reinavam entre as flores brancas. Certificando-se de que estava sozinha, fechou os olhos e cheirou-a durante alguns segundos.

Inspirou, expirou, voltou a abrir os olhos e decidiu levar a rosa consigo.


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Notas finais do capítulo

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