Breathe Me escrita por miu miu


Capítulo 1
Warm me up and breathe me


Notas iniciais do capítulo

http://www.youtube.com/watch?v=fZly12eGpNA
Link do vídeo com a música e a letra, se quiserem ouvir.
Provavelmente, o Nyah vai acabar com a minha capa, mas ela nem tá lá essas coisas D:



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O sol brilhava forte em Seoul, porém, ele não fazia mais o mesmo efeito em mim. Ele não me alegrava mais como no passado. Nada nesse mundo conseguia fazer isso, talvez.

Somente... Uma pessoa.

E eu estava lá, esperando-o. Mais um dia de visitas no centro militar. Eu sabia que aquilo não era necessário. Sabia que ele não estava sendo tão exigido presencial e fisicamente. Então, por que eu insistia em me esconder? Escolher um dia, marcar um horário, organizar a minha agenda para que batesse com o seu dia de folga? Por que eu escondia de todos?

Nem eu mesmo sabia.

Os portões se abriram e os soldados que faziam a guarda do posto descansaram. A van preta em que estava ficava somente a alguns metros de distância e eu permanecia lá, aguardando o momento em que eu poria o meu pé calçado na terra batida e caminharia até ele. Aquilo ainda era novo para mim. Fazia anos que eu não o via pessoalmente. E aquela sensação de borboletas pairando em meu estômago e mãos suadas voltaram. Sim, eu não havia esquecido nada. Aquele sentimento que eu lutava tanto para ignorar, convencendo a mim mesmo de que ele não existia, estava ali. Estava lembrando-me de que ele era um pedaço de mim e que mesmo que eu me afaste e ele siga outro rumo, o laço que nos une estará sempre ali, esperando para que um de nós dê o primeiro passo.

Meu sinal de alerta interno soou quando o vi atravessar os portões de ferro. Camisa branca com uma enorme estampa de flor vermelha, calça preta e o iPhone na mão. Branco como o leite, ele não havia mudado nada. Não! Ele mudara sim. Ele agora era um homem formado. Não mais o adolescente inconsequente que ele era. Sua expressão era séria, também. Ele esperava alguém.

Pus a máscara preta em meu rosto e coloquei um casaco leve por cima de meus ombros. Pedi ao motorista da van que me esperasse e ele apenas acenou positivamente. Puxei a maçaneta da porta de correr e respirei fundo. Era a minha hora.

- Hyung...

Meu coreano estava carregado de sotaque. Ele me reconheceria. Teria que me reconhecer...

- Não acredito!

Ele pôs a mão na boca, em um claro sinal de espanto. Olhou para todos os lados e disse:

- Esperava todos, menos você.

Não vou esconder. Aquilo me feriu. Eu sei que fui um idiota, mas aquele comentário era demais pra mim. Era como se ele não confiasse mais em mim;

Estava a apenas alguns metros dele e resolvi acabar com a nossa distância, o abraçando forte. Foi impossível não conter as lágrimas diante daquele momento tão único. Era a primeira vez em anos que eu o via e, meu Deus! Ele mudara tanto.

- Heenim-hyung! Eu... me machuquei de novo.

Ele apenas calou-se, talvez esperando que eu continuasse.

- Eu fiz isso de novo, me desculpe. Eu preciso da sua ajuda... Eu... Eu não tenho ninguém para culpar.

- Culpe a si mesmo.

Mais uma vez, a adaga invisível que HeeChul tinha em mãos, me acertara. Seria hipocrisia de minha parte dizer que eu não era o culpado, quando na verdade, eu tinha plena consciência dos meus atos.

- Eu acho que vou quebrar.

- Como fez com as outras pessoas que te amavam?

- Sim...

Minha resposta saiu em um sussurro, porém pesada. Toda a culpa, dor, angustia que eu sentia estavam presas naquela palavra. Eu poderia repeti-la para tê-lo de volta.

- Seja meu amigo.

- Eu estou aqui.

- Não vou fazer isso novamente, eu prometo.

- Sabe o quanto eu chorei quando vi as notícias? Pensei que você nunca faria aquilo.

- Mas é tudo mentira. Eu já disse que aquilo tudo é coisa de revista sensacionalista.

- Doeu, sabia?

- Eu sei. A mim também.

Calei-me. HeeChul fugia dos meus olhares, mas eu sabia que ele estava chorando. Podia ver aqueles belos olhos se avermelharem, rasgando ainda mais o meu coração. Ele estaria pronto pra me aceitar? De novo?

- Eu nunca deveria ter deixado você ir. – Ele sussurrou.

Sorri. Por mais que todo o assunto me deixasse abalado, a frase que ele proferira me fez feliz por alguns míseros segundos. Ele estava pronto para mim, outra vez. Só se recusava disso.

Abracei-o novamente, sentindo-o hesitar.

- Eles chegaram.

Afastei-me de seu corpo, ainda sentindo a estranha força que nos conectava, puxar-nos. Eu não queria me soltar, mas estava sendo obrigado.

Uma outra van preta parou bem perto de nós e eu retrocedi alguns passos. Sabia quem era, porém não estava pronto para encará-los. Não agora.

SungMin, LeeTeuk, EunHyuk e KangIn desceram do carro. Os rostos harmoniosos foram trocados por expressões fechadas e intrigadas. Imagino as milhares de perguntas que devem estar pairando sobre a mente de cada um deles. O último a descer foi KyuHyun. Ele colocava o celular no bolso e subiu o rosto para me encarar. Podia ver as chamas que ardiam nos seus olhos. Eles não estavam nada felizes.

- Vamos? O que estamos esperando?

HeeChul sibilou enquanto eu sentia os olhares julgadores, mas também perplexos dos meus antigos amigos. Irmãos, talvez.

- Você vem? – LeeTeuk questionou. As lágrimas que escorriam de meus olhos eram as mesmas que desciam das dele. Sempre tão emotivo, meu líder...

- Não.

Eu queria ir. Queria matar a saudade de cada um deles. Queria ouvir a risada escandalosa do líder, sentir uma adorável pontada no coração a cada ação fofa que SungMin fazia, até mesmo sem perceber, reclamar da barulheira que HeeChul fazia, zoar com a cara da minha querida anchova. Mas, eu não podia. Teria que voltar daqui a uma hora e meia para a China. Eu não podia faltar a mais um dia filmagem.

- Sinto sua falta, HanKyung. – O líder de cabelos sempre loiros soltou, prendendo os lábios para conter mais uma choradeira boba. – Até, então.

- Mande lembranças para todos.

- Mandarei.

Olhei para HeeChul que seguiu com os outros em direção a van. Eu estava mesmo o deixando ir... O afastando de mim, mais uma vez.

- Se mudar de ideia, meu número é o mesmo.

- Tudo bem.

Acenei para todos que apenas responderam ao ato, automaticamente. Tentei não vê-los partir, mas meus olhos estavam sendo sugados pela van, ou mais especificamente, pelo homem que entrara nela. Seria um erro abandoná-lo de novo. E seria muito idiota se deixasse isso acontecer e talvez, nunca mais merecer o perdão de Heenim. Será que os meus compromissos na minha terra natal valiam tanto quanto vir aqui e deixá-lo. Não, eles não valiam.

Disquei o número salvo em minha mente e esperei que ele atendesse. Era realmente presunção minha se eu criasse expectativas tão grandes como aquela e esperasse que ele me atendesse. No mínimo, estaria rindo da minha cara de idiota, sabendo que eu agi como um tolo e que essa não tinha sido a primeira vez.

Porém, um fio mínimo de esperança nasceu em mim, quando vi a van negra parar e a porta ser aberta com brutalidade, pulando de lá o meu tão fino objeto de desejo.

- SEU FILHO DA PUTA! – Ele gritou com um sorriso no rosto. – QUANDO ALGUÉM TE FIZER UM CONVITE, VOCÊ ACEITE!

Uma pesada lágrima caiu e eu me senti vivo novamente. A flor murcha que morava dentro de mim, renasceu após aquilo. Heenim voltara pra mim.

Corri em direção a minha van e avisei ao motorista que não iria mais necessitar de seus serviços, e que pagaria-o quando voltasse para o meu hotel. Meus compromissos na China iriam esperar, porque agora ele não poderia esperar por mim, nem eu por ele.


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