Capítulo 26: Final

Vamos dizer que a tapa doeu um pouco, para não dizer muito. Hermes não tinha palavras formadas para responder a reação dela, pois não era de se esperar. Ele esperava que ela se derretesse pelo seu discurso, o beija-se e depois viveriam felizes para sempre. Bom, eu acho que ele descobriu que Sophie não é bem assim. Depois de tentar amenizar a dor no rosto, Hermes olhou novamente para o rosto de Sophie, ela não tinha emoção nenhuma no rosto. Ela parecia até aliviada, depois olhou para Hades. Nem precisa dizer que ele estava com um sorriso de orelha a orelha, só faltava um boné dizendo "Bate Mais Sophie". Perséfone estava como Hermes, surpresa.
— Mas por que...? - disse Hermes.
— Isso foi porque você demorou muito para se declarar.
A expressão de Hermes passou de surpreso para confuso. Sophie bateu mais uma vez no rosto dele.
— E isso é por que... É porque você me fez te amar.
Perséfone olhou para filha como se ela fosse um brinquedo e tinha acabado de pifar, seu pai, bom, nem vamos falar do ataque de fúria que ele teve quando ouviu tal palavras. Já Hermes (haha), sabemos muito bem como foi sua reação. Um grande sorriso de imediato, e depois um longo beijo. Os outros beijos não se comparam a esse, ele tinha o sentimento misturado com as suas línguas se tocando.
—E eu tive uma ideia maluca... - disse Hermes.
— O quê? - disse Sophie.
—Hm, que tal se nós nos casarmos? -disse Hermes, erguendo a sobrancelha.
Sophie riu - Já estamos casados, não é?
— Sim, mas o problema é que aquele casamento não foi por vontade própria, e você sabe bem disso.
— Ô como sei - Sophie revirou os olhos.
— Então... Você aceita?
— Hm, eu vou pensar no seu caso. - disse Sophie brincalhona.
— É necessário pensar? - Hermes apertou mais a cintura dela.
— É... eu acho que não. - eles se beijaram novamente.
— Então, né... Ainda estamos aqui - disse Hades com uma cara tipo "poker face" - Vocês podem pegar um quarto se quiserem...
Sophie abraçou Hermes e olhou pro seu pai, numa cena de filme mesmo. Ela olhou atenciosamente para o rosto de seus pais e começou a rir, assim como Hermes e em seguida sua mãe. Hades continuava com a mesma cara de tacho.

—*_

Apolo não se segurou e invadiu o bar. A música estava muito alta, então não foi percebido, mas ele estava ficando vermelho, e isso é um pouco estranho. Quer dizer, não é estranho quando uma pessoa vira um tomate ambulante, mesmo sem ter feito nada que seja considerado um exercício? Aliás, isso não acontece com pessoas bem brancas, mas... Ah, f*da-se.

Enfim, ele entrou no bar, foi até o barman e pediu um whisky bem forte (puro mesmo) e virou o copo de vez antes de sentar-se ao lado da Ártemis, a qual se assustou quando percebeu um homem “desconhecido” sentar-se ao seu lado. Ela ficou aliviada ao ver que era Apolo, mas percebeu que ele não estava bem.

—Apolo, o que...? – então a ficha caiu na cabeça da deusa da caça. – Você não sabia, não é?

—Na verdade, sabia, mas não achei que ela fosse chegar a tanto! – Reclamou ele, deixando claro que havia bebido, mesmo que pouco.

—Apolo... Ela está bêbada! Você não devia culpá-la por isso. Sem contar que ela está com raiva de você e sendo persuadida pela Afrodite...

—Eu sei Ártemis! – ele a cortou.

Ela revirou os olhos quando o viu bebendo o seu copo todo, intocado desde que Dite pedira algo de teor alcoólico desconhecido, para Ártemis, ao garçom. Apolo encarava Sarah dançando na pista com um olhar tão... Assustador que parecia que sairiam raios vermelhos em pouco tempo.

***

Sarah continuava dançando com Dite no meio da pista, mesmo que seu subconsciente gritasse mais alto que a música que vinha das caixas de som:

PARE COM ISSO! VINGANÇA NÃO VAI RESOLVER NADA! DEIXE DE SER INFANTIL! ISSO É RIDÍCULO! STOP! STOP!

Enfim, já deu para entender que o subconsciente (ou a consciência dela mesmo) não estava gostando nem um pouco do que acontecia ao seu redor. Mas, mesmo assim, Sarah continuou dançando, ignorando o que realmente queria fazer. Era para se vingar do Apolo, então valia a pena.

Mas, ele realmente merecia isso? Quer dizer, ele é um idiota, estúpido, acéfalo, mentecapto, ignóbil, egocêntrico, imbecil, desprezível, maravilhosamente lindo, lhe causava asco, era intelectualmen... Espera! Quando fora que ‘maravilhosamente lindo’ passou a se encaixar na lista de características de Apolo, exatamente? Ela queria pensar em maravilhosamente... irritante...O que? As palavras “maravilhosamente” e “irritante” não podia se encaixar em um mesmo xingamento. Aliás, nem a palavra maravilhosamente, nem afins poderia se encaixar em uma lista para descrever Apolo! Pelo menos, não de alguém em sua sã consciência...

—Acho que bebi demais... – Sarah percebeu que havia parado no meio da pista e segurava sua mão com a cabeça, como quando alguém está com dor.

—O que está fazendo?! – perguntou Afrodite, quase perdendo a voz.

—Não estou me sentindo bem, acho que vou para casa...

Para a surpresa de Sarah, Dite não contestou. Disse “Tudo bem, tome cuidado, Adeus!”. Tá, isso foi estranho. Era como se Afrodite soubesse de alguma coisa que ela não sabia...

***

—Aonde vai? – perguntou Ártemis.

—Pegar mais uma bebida – disse Apolo que se levantou e foi até o balcão cheio para pegar uma bebida com o barman.

Ártemis estava pensando se seria falta de educação, ela sair sem falar com ninguém e dormir em sua cama confortável quando Sarah surgiu em seu campo de visão.

—Sarah?

—Não, Gaia.

Ártemis revirou os olhos, mas não disse nada potencialmente ofensivo como resposta.

—Aonde vai?

—Vou embora, não estou me sentindo bem.

—Tudo bem, mas... – Ártemis tentou falar que Apolo estava ali, mas Sarah não a escutou.

—Tchau!

Ártemis já estava levantando-se para chamar a Sarah, quando Apolo voltou à mesa com um copo bem fino e comprido com um guarda-chuvinha laranja.

—O que foi?

—Sarah estava aqui, mas já foi embora.

—Ela não ia fazer um streaper? – perguntou ele, mal humorado.

—Não. Vai ver a consciência dela voltou antes do que pretendia.

Apolo olhou para a saída da boate.

—O que você está esperando, seu idiota? Vai atrás dela! – era estranho ouvir Ártemis dando algum conselho amoroso, mas, mesmo assim, ele o seguiu.

—Sarah! Sarah!

A rua estava com o movimento normal de carros, afinal, aquilo era New York, mas a calçada não tinha tantas pessoas, agora que já se afastava da boate/bar. Então por que diabos alguém estava lhe chamando em um lugar praticamente desértico?

—Sarah!

Ela resolveu virar-se, e se surpreendeu ao ver Apolo, em sua forma humana, correndo até ela. Ele parou ao seu lado, curvado para frente com as mãos apoiadas nos joelhos e respirando pesadamente.

—Apolo? O que você está fazendo aqui?

Ele fez um sinal para que ela esperasse, então voltou a sua posição normal, de frente para ela. Sarah ergueu a sobrancelha, demonstrando que ainda esperava uma resposta, mas, em vez disso, recebeu uma boa olhada de Apolo, de cima a baixo.

—Devia usar mais roupas como essa. Principalmente para dormir.

Uma vez um acéfalo pervertido, sempre um acéfalo pervertido. Ela revirou os olhos e repetiu a pergunta da qual, esperava uma resposta satisfatória.

—Vim atrás de você – tá, não tão satisfatória assim!

— Que? – ela perguntou, mesmo tendo ouvido perfeitamente. E Apolo, para irritar mais a deusa que estava corando, repetiu lentamente. – E por que você faria isso?

—Porque me importo com você.

—Apolo... Você deve ter bebido além da conta, eu entendo. Mas não estou afim de brincadeiras e...

—Mas é sério! Por que você acha que eu vim exatamente para o bar em que você estava com Afrodite e com Ártemis para a despedida de solteira de uma deusa casta, me embebedei lá enquanto você dançava e quase me abri para uma deusa recentemente ex-casta?

Ela piscou, mas sem demonstrar nenhuma emoção.

—Deixa eu ver... – fingiu pensar – para me irritar, assim como você SEMPRE faz?

—SINTO MUITO SE EU SEMPRE TE IRRITO! – Um casal que passava por eles, os encarou quando Apolo gritou, e se afastaram rapidamente. – Mas, saiba que eu realmente me importo com você e, embora eu não consiga demonstrar, eu sinto algo muito forte por você. Algo que vai muito além do ódio. Aliás, acho que não consigo mais te odiar depois de tudo que passamos...

Sarah ficou vermelha antes de gritar:

—Você é um acéfalo, insensível, imbecil, mentecapto - Ele piscou, sem entender enquanto ela gritava - egocêntrico que não é capaz de ver o que está na sua frente?

Apolo abriu a boca para argumentar, ou xingá-la de volta, ou perguntar do que ela estava falando, talvez. Mas, antes que qualquer palavra pudesse sair da sua boca, Sarah pulou em cima dele e o beijou como nunca fizera antes. Ele ficou muito surpreso a princípio, mas, depois, correspondeu.

—Mulheres – resmungou, antes de beijá-la novamente.

The End!