Susto. Definia bem a expressão do rosto de todos que estão presentes, mas principalmente de duas pessoas: Sam e Carly. As reações foram diferentes, enquanto Sam correu para perto com as mãos fechadas e olhos dilacerantes, a Carly simplesmente se tomou imóvel e perplexa ao fitar os olhos dele. 

Brad saiu rapidamente para perto de Carly, assim que reconheceu o homem ao lado da loira. Melanie soltou a mão que a amiga segurava com toda a força e segurou a mão esquerda de Antônio, que hoje tem 35 anos. Lohany se aproximou de Anita e observou a sua conversa com a garota loira, que quase não falava mas obteve em seu sorriso um traço de felicidade.

- Anita? - Lohany chamou ela e Josh apareceu correndo ao encontro da prima. 

- Nita, eu achei aquele jogo super maneiro de ontem. Vamos pedir o tablet do papai? - Josh perguntou ignorando a sua mãe e a garota loira.

- Os dois, para o outro salão. Agora. - Lohany ordenou e seu filho logo abaixou a cabeça. Saindo andando para onde sua mãe ordenou.

- Eu vou ficar com a Sansa. Eu gosto dela. - Anita falou vagarosamente, mas não foi o suficiente.

Lohany a pegou nos braços e a garotinha gritou chamando pelo pai. Frações de segundos e a coreana já tinha sumido da vista de todos.Sansa tão quieta permaneceu com os olhos fixados no chão. Ela não falou mais nada, pois parecia que sua alegria tinha sido levada com Anita. Brad tentou sair para finalmente socar o desgraçado, mas Carly impediu.

- Eu gostaria que você saísse daqui. - Carly disse controlando o tom da voz. E viu o olhar que ele dirigiu para Melanie. Um olhar de comando, seco e nada carinhoso.

- Carly, ele é meu marido... 

- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ CASOU COM ESSE MONSTRO. - Sam interviu com fúria e gritou com a própria irmã que sentiu na pele as facadas das suas palavras.

Parecia que as palavras também rasgaram a Sam por dentro. Ela está incredúla e sentia nojo da própria irmã. Melanie também não acreditava que estava casada com o homem que estuprou  quem ela ama. Ou amava.

- Eu o amo. - Melanie desviou o olhar e somente Carly pôde ver que é mentira. Porém Sam, tomou-se mais incrédula e furiosa pelo o que ouviu. 

Anita voltou correndo e Lohany gritou com ela impaciente. Brad se alarmou pegando a filha nos braços e dizendo que é para obedecer a tia Lohany.

- EU QUERO FICAR E BRINCAR COM A SANSA. - Anita gritou alto chamando a atenção de todos.

- Ela tem o direito de brincar com minha filha... Direito de sangue. - Antônio informou com um grande sorriso no rosto.

 - Anita é linda. Parece com você, Carly... Ela é tão você. Doce, meiga... - Antônio falou de uma forma sincera e parecia admirado com Anita.

- Saía daqui. - Carly novamente falou e Antônio encontrou o olhar de Anita.

- O conselho do bolo deu certo? - Perguntou ele doce e suavemente.

 - Sim, o Enzo ficou muito feliz comigo. - Anita respondeu contente e Lohany a tirou definitivamente de lá, juntamente com Josh.

Gabriely está entretida com um hearphone que Gibby colocou nela. A menina escutava música bem alta e não fazia ideia do que está acontecendo em sua volta.

Enquanto Carly processa a frase. O bolo. Dias atrás, com o Pardon escrito. Ela se lembrou da filha feliz pelo conselho do pai da amiga. Ele. Ele falou com a sua filha... Por quanto tempo? Sentiu desespero e ódio pulsando em suas veias. Anita não, sua filha definitivamente, não.

- VOCÊ... SEU PUTO INFELIZ... O QUE QUER COM MINHA FILHA? ESPERE EU NÃO QUERO SABER NADA DE VOCÊ E MUITO MENOS O QUER AQUI. SÓ QUERO QUE SUMA DA MINHA VIDA, DESGRAÇADO. - Carly estourou e Brad deu um passo a frente, indo em direção da família de Antônio.

- Eu já vou. Sabe o que é engraçado?- Antônio perguntou dando uma alta gargalhada e não esperou resposta. - Fale Sansa o que é engraçado. 

- Existir uma pessoa que seja o elo fraco de Carly e de Sam. - Sansa falou alto e com voz trêmula, podia-se ver a menina triste. Então quando Carly encontrou seu olhar a reconheceu. O meu Deus, foi tudo que pensou.

- A sua grosseiria será descontada. - Ele ergueu a manga do braço de Melanie que mantia a pose, mas está morrendo por dentro. Muitas marcas roxas foram mostradas. Então todos entenderam e se desesperaram por dentro. 

Melanie é o elo fraco. É esperto demais se for bem pensado, pois a loira é irmã de Sam e foi mais do que amiga de Carly. Ou melhor, foi o único relacionamento que Carly teve com uma pessoa do mesmo sexo. Melanie representa muito para as duas... Qual é a melhor maneira de ferir as duas sem tocá-las? É óbvio. Fazendo uma pessoa que amam sofrer como jamais elas sofreram na vida. 

- ELA NÃO VAI COM VOCÊ... MELANIE... POR FAVOR...- Carly tem os olhos inundados e não suporta por muito tempo, acaba desmaiando. Melanie dá um passo pra frente em desespero.

- Se você a ama, é melhor deixá-la... Você sabe o porquê. - Antônio disse se virando e a loira pôde deixar lágrimas caírem de seus olhos, mas limpo-as rapidamente. Ela também se virou e saiu da igreja atravessaram a rua vagarosamente.

- Não vou deixar esse homem com a minha irmã. - Sam quase gritou mas era pra si mesma. Se dirigiu rapidamente para a porta. 

- Gibby, pegue a Gabriely... - Jade disse se sentindo nervosa.- Eu vou com Sam.

- Não posso deixar. Eu que tenho que ir com você. - Gibby disse friamente a mulher.

- Posso ficar com Gabriely se quiser... - Spencer se ofereceu.

- Não. A Gabriely vai ficar com o pai, ele sabe muito bem como é a filha e eu não gosto de deixá-la assim. - Jade se alterou e Gibby concordou. Gabriely é quieta, tímida, comportada mas também se tornava complicada quando ficava longe dos pais. 

- Spencer vem comigo. - Jade disse e o marido ficou mais tranquilo. 

Jade e Spencer atravessaram a rua e só então puderam ouvir a discursão das irmãs. A Sansa foi imediatamente jogada dentro do carro e Antônio parecia perder a paciência.

- Porque está usando essas roupas? Nunca gostou de preto. - Sam perguntou escondendo a fúria.

- Eu não visto assim normalmente mas meu marido pediu que eu vinhesse assim. Então vim. - Melanie respondeu docemente.

- Você vai para casa comigo... Não vou permitir que esse monstro toque em você. - Sam disse um pouco alto e Melanie sentiu-se arrepiada quando Antônio suspirou.

- Entre. - Ele disse a esposa.

- Seu merda. Não consegue uma mulher por carater próprio e fica estuprando ou abrigando-as a casar com você. - Sam falou ríspida e Antônio foi pra cima dela. O corpo de Melanie atrapalhou e Sam foi protegida por Spencer que tinha a mandíbula rígida.

- Você me atrapalhou... Vadia... - Antônio cuspiu para Melanie que logo depois caiu com o soco que levou. 

Elegantemente Melanie se levantou e o olhou com um sorriso meigo, Sansa a deu um lenço branco e ela limpou o pequeno rastro de sangue que se fez em sua boca.

- Amor, você me prometeu não tocar fisicamente nelas. É por isso que sou sua. Não estou certa? - Melanie falou calma e doce.

- Você me cansou. - Ele resmungou apontando para o carro e ela assentiu, antes de entrar no carro pronunciou um " Desculpa, deliquente " para Sam e saiu dali. 

Mil e uma coisas se passou na cabeça de Sam. Tinha que ter uma explicação viável para isso. Ela ainda não conseguia digerir o fato dele ter socado a sua irmã e ainda sim ela permanecer doce... Tão calma.

Sam sempre prometegeu a sua irmã e pelo que se lembra, a única coisa que nunca pôde protegê-la foi do amor que sentia por Carly. Ainda assim, tentou de todas as formas amenizar todos os sentimentos da irmã. Ela não entendia porquê. E sentiu uma enorme vontade de chorar.

Fragmentos do passado foram fielmente retratados em sua mente em frações de segundos e se sentiu desolada. Será que sua irmã dormia com o homem que estuprou o amor dela e matou seu filho? É demais para sua cabeça. 

A loira começou a gritar de repente, levou a mão a barriga e outro grito ecoou no lugar. Uma dor forte como cãibra em seu baixo abdomen. Jade a ajudou e suspirou para o que viu. A calça da loira está manchada de um vermelho escuro e que cada gemido de dor da loira parecia aumentar.

- Spencer... Tempo menstrual... Avise Gibby que fui ajudá-la nisso. - Jade disse calmamente.

- Isso não me parece isso... A Lohany nunca reagiu assim... - Ele disse preocupado e com o olhar meio desesperado.

- SPENCER! VAI AGORA PRA DENTRO, EU VOU LEVÁ-LA PRA CASA E DAR REMÉDIO PRA CÓLICA. VÁ AGORA. - Jade gritou em tom de autoridade e Spencer correu para dentro da igreja.

- Calma. Vou te levar para um hospital agora mesmo... - Jade disse meio desesperada.

Tentou caminhar depressa até seu carro, mas Sam sentia dor e dificultou um pouco. Porém conseguiram chegar no carro e Jade a ajudou a se acomodar no banco ao lado do motorista.

- Estou o perdendo... - Sam disse agoniada e entre lágrimas.

Mais uma dor a acompanhou, ainda mais forte. E se sentiu inútil.