É. Eu estava muito ferrada.

            - Olha Thaís, nós já tínhamos combinado que esse ano se acontecesse mais uma briga nós íamos tomar algumas decisões definitivas. – meu pai prosseguiu – eu não vou ficar lhe dando sermão, vou ir direto ao ponto. Você vai embarcar amanhã de madrugada para Londres, e vai morar com seu irmão. Vai trabalhar com ele, pra ver se toma jeito, e se não adiantar, você vai para um internato.

            Eu simplesmente fiquei parada, olhando pra eles, sem acreditar, senti uma lágrima pelo meu rosto.

            - EU O QUE? VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COMIGO? – aumentei o tom de voz, nisso Cláudia e Clara só me olhavam com um sorriso cínico no rosto.

            - Não estou brincando, agora sem mais um pio – meu pai foi breve.

            Subi correndo pro meu quarto, ele só podia estar de brincadeira comigo, comecei a chorar desesperadamente, então liguei para a Sofia e para a Maria.

            - Alô? Amiga você está bem? – Maria disse logo após perceber o meu choro.

            - Coloca no viva-voz, tenho uma coisa pra contar pra vocês duas.

            - Pronto, já pode falar – eu sentia preocupação na voz delas.

            - EU...VOU...PARA...LONDRES...AMANHÃ – disse caindo no choro mais uma vez

            - VOCÊ O QUE???????? – elas gritaram no outro lado da linha

            - É, isso mesmo... meu pai disse que vou amanhã de madrugada, ai gente me ajuda! Como eu vou agu.... – fui interrompida por alguém entrando no meu quarto

            - Thaís, minha querida. Você está se sentindo melhor? – disse Cláudia e logo depois começou a rir.

            - Desculpe meninas, eu ligo mais tarde, beijos – desliguei o telefone e fiquei a encarrando – Cláudia, por favor, me deixa sozinha – falei quase chorando.

            - Ah que isso querida, só vim lhe avisar que eu estou muito feliz com a sua viajem, a propósito me esqueci de te falar uma coisa!

            - O que? – disse esperando a resposta que pelo jeito não ia ser nada agradável.

            - A Clara vai com você para Londres também! Mas é claro que ela não vai ficar trabalhando naquela espelunca do seu irmão e muito menos morar com vocês. Seu pai comprou um apartamento para ela lá em Londres, e ela vai morar lá e estudar na melhor escola! Que bom não é? – ela disse debochando de mim, minha vontade era partir pra cima dela de uma vez, mas eu ia me controlar fazer o quê né.

            Acabei nem ligando para as meninas, eu estava cansada e triste. E dormi(lê-se desmaiei) do jeito que estava mesmo. Acordei no outro dia com uma dor de cabeça muito forte, parecia que minha cabeça ia explodir. Olhei no relógio e era 11h20min e eu tinha aula hoje, é tinha, porque eu não fui. Meu pai sempre me acordava mas eu acho que com tudo o que aconteceu ontem ele me deixou ficar em casa. Era o mínimo que ele podia fazer, só acho. Levantei, fiz minha higiene, me troquei (http://www.polyvore.com/19/set?id=47288432&.locale=pt-br) e desci. Decidi que ia dar uma volta no parque, eu precisava daquilo. Liguei para as meninas, tinha certeza que se eu ligasse elas iam dar um jeito de sair da aula e me encontrar. Liguei para elas e então fui para o parque.

            Eu adorava aquela sensação do vento batendo em meu rosto, mesmo aqui no Brasil sendo quente, hoje tinha um vento meio gelado. Eu gostava. Estava caminhando quando vi as meninas sentadas em um banco. Ok, elas foram mais rápidas que eu.

            - Oi gente – disse não muito animada.

            - Oi flor! Senta aqui agora e nos conta tudo! – Maria disse com seu jeito meigo, ah como eu sentiria falta daquilo.

            Então eu contei toda a história para elas, cada detalhe, eu estava beirando chorar, mas prometi pra mim mesmo que não iria. Acabei de contar a história toda e elas ficaram ali me olhando com as bocas abertas em um grande “O”

            - Gente! Falem alguma coisa! – falei tentando tirar elas do transe.

            - Ai. Meu. Deus. Thaís – foi tudo o que a Sofia conseguiu dizer.

            - Eu sei, ainda pra piorar a situação a Clara vai ir junto! Ah meninas, que merda, minha vida é uma merda! – comecei a chorar, aquilo era horrível.

            Ficamos ali a tarde inteira, eu chorando e elas me consolando, como eu amava aquilo, e como eu ia sentir falta. Já estava escurecendo e eu lembrei que tinha que voltar pra casa e dormir cedo já que o voo iria ser de madrugada.

            - Meninas, eu preciso ir para casa e descansar para o voo! – pronto, eu já estava chorando rios.

            - Nós vamos sentir tanto sua falta bad-girl! – Maria estava chorando também

            - E como! Não se esquece de entrar no Skype todo santo dia! E se você não entrar, eu vou pra Londres e vou bater em você tá me ouvindo garota! – Sofia que também estava chorando disse e riu, não pude deixar de sorrir também.

            - Pode deixar! Meninas, eu amo vocês!

            - Nós te amamos também bad-girl – as duas falaram em conjunto.

            Depois de muitas despedidas, eu fui embora. No caminho para casa eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser: Londres. Cheguei em casa e nem falei com meu pai, muito menos com a bruaca. Fui direto para o meu quarto, tomei banho e coloquei meu pijama, arrumei as malas, e dormi. O voo seria uma chatice total, e com a Clara do meu lado só pra piorar a situação.

            - Filha! Acorda! Você tem que se arrumar para o voo – era a voz do meu pai.

            - Já estou indo, pai – respondi totalmente sonolenta.

            Levantei com toda a animação possível (só que não) fiz minha higiene, coloque uma roupa (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=46856612&.locale=pt-br)  confortável, afinal era um voo. Desci as escadas com minha mala (lê-se com meu monte de malas) e fui comer. Enquanto comia fiquei imaginando como seria Londres, por um lado eu estava feliz pois afinal, era Londres! Queria ver meu irmão e sua família, minha cunhada Valentina e minha priminha de 5 anos Luísa. Era só isso que me alegrava também. Meus pensamentos foram interrompidos quando um ponto rosa saltitante entrou na cozinha. AI DEUS. Ela (http://www.polyvore.com/clara/set?id=47375217) precisava usar vestido rosa, salto alto, bolsa rosa, milhões de joias e acessórios só pra ir viajar? Como a Clara era sem noção.

            Estávamos todos sentados à mesa comendo, quando eu acabei de comer simplesmente levantei e fui esperar todo mundo no carro. No caminho ao aeroporto não falei uma palavra sequer. Meu pai também não puxava assunto, então eu iria ficar quieta pra sempre. Quando chegamos ao aeroporto, ele estava quase deserto. Faltava uns 20min para embarcarmos e estávamos todos em silêncio e eu realmente amava aquilo. Só que tinham que estragar né.

            - Ai gente! Estou tão ansiosa para chegar a Londres! – Clara dizia dando pulinhos de alegria.

            - Tô vendo filha, e você Thaís? – a bruaca me perguntou

            - Eu? Por que você está perguntando para mim? Minha opinião não importa em nada mesmo – falei rapidamente

            Meu pai me olhou com uma cara não muito agradável, mas não falou nada.

            - “Senhores passageiros última chamada para o voo 246, em direção a Londres” – aquelas palavras ecoaram tão mal na minha cabeça, eu queria simplesmente sair correndo e abandonar tudo aquilo.

            - Bom meninas, acho que isso é uma despedida não é? – meu pai resmungou abrindo os braços para nós irmos abraça-lo .

            Tinha uma coisa martelando em minha cabeça, eu precisava perguntar para o meu pai.

            - Pai?

            - Sim filha, o que foi?

            - A bruaca me disse que você comprou um apartamento só para a Clara morar lá me Londres, é sério? – disse o olhando para ele com reprovação.

            - Bem... Na verdade... Era pra ser uma surpresa, eu comprei para vocês duas morarem lá. Eu só ia te falar isso quando você chegasse na casa do seu irmão – automaticamente um sorriso enorme se abriu em meu rosto, pelo menos uma boa notícia.

            - Ai meu deus! Sério pai? Ahhh muito obrigada! Tenho que ir agora – falei olhando para o chão.

            - Vou sentir sua falta menina encrenca!

            - Vou sentir sua falta também pai! Eu te amo – quando eu falei que o amava senti um grande alívio, eu nunca tinha falado aquilo pra ele.

            - Eu te amo também filha! – disse ele sorrindo.

            Depois de muitas despedidas eu e Clara já estávamos no avião. E para a minha alegria fiquei sentada ao lado da Clara. Aquele perfume caro e enjoativo dela estava me deixando mal. Eu só espero que as coisas melhorem em Londres, só espero.