Mudanças No Internato (Em Hiatus) escrita por DezzaRc


Capítulo 7
Entre amigos, há segredos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/216924/chapter/7

Como estava escuro, demorou um pouco para minha visão se adaptar; creio que ocorreu o mesmo com ele. Levantei-me sozinha do chão, já tinha passado constrangimento demais para uma noite só. A garota que estava ao lado dele rapidamente agarrou sua mão e me encarou com uma cara de víbora. Essa não, mais uma Tânia da vida!

— Ah, oi, Bella — cumprimentou-me, dando um sorriso discreto. — A festa do médio não é aqui, é no restaurante Th..

— Eu sei — respondi rápido, cortando-o. — Quer dizer, eu estava com as meninas, mas aconteceu um probleminha e estou aqui agora.

— Está bem. É... Essa é minha namorada, Lenna Jusseffet — disse, apresentando-me à loura que estava ao seu lado. Credo, o que não falta nessa escola é gente loura!

A garota parecia uma modelo, talvez até fosse. Alta, loura, olhos verdes e cabelos batiam no meio das costas. Eles eram tão lindos... Uma forte concorrente para Rosalie, e olha que eu pensei que seu cabelo era o mais perfeito da Terra!

Jolie iria pirar de inveja nesse internato.

Ela estava com um salto altíssimo, por causa disso sua altura era uns três centímetros a menos que Edward. Aquela garota combinava com ele, exceto pelo ar de arrogância que a dominava.

— Prazer — eu disse, tímida. — Isabella Swan, mas pode me chamar de Bella.

— Hum... Interessante — zombou, torcendo os lábios. — Vamos, Edward, estamos atrasados!

— Está bem. Tchau, Bella, a gente se vê por aí! — despediu-se sorrindo. Apenas sorri de volta e a Gisele Büdchen saiu arrastando ele. Puta!

Por alguns segundos assisti os dois se afastarem. Edward não merecia uma garota fútil como aquela — ou só eu acho que ele e Emmett não pertencem a esse mundo de pessoas frívolas? De qualquer forma, ele é muito legal para ela.

Continuei andando até achar o ponto de táxi. Que milagre as meninas não me encontraram ainda? Fui até o primeiro e abri a porta de trás. Até que fim eu ia pra casa! Ou, no meu caso, dormitório.

— Prédio Thanksville, ala três — informei, dando as coordenadas para o motorista.

O carro estava escuro, e seus vidros fumês não me deixavam visualizar muita coisa lá fora. Olhei para o motorista, e ele usava uma boina verde; havia uma pessoa sentada no carona. Estranhei. Parecia ser uma mulher...

— Ok, senhorita, Thanksville a caminho... Mas só depois da festa de boas-vindas da faculdade.

Espera! Aquela voz não era do motorista! Era da...

— Rosalie? — indaguei assustada. — Virou motorista de táxi agora?

— O que não faço por você! — resmungou, retirando aquela boina e soltando seus longos cabelos louros. Ela olhou para trás e sorriu para mim.

Bellinha, Bellinha... Você devia se tocar que nós — disse, apontando para ela e Rose — podemos tudo. Inclusive pegar um táxi emprestado.

— Que emprestado, Nessie? Está mais pra alugado! Eu paguei para usar essa porcaria! — alterou-se Rose.

Com essa tive que rir. Essas meninas são realmente loucas!

— Cadê o resto do pessoal?

— Na entrada, esperando a gente — respondeu Rose. — O garoto que me vendeu as entradas conseguiu nos passar sem pegarmos fila. Ele também está nos esperando lá, então vamos logo!

Ela mal terminou de dizer isso e engatou a marcha do carro, fazendo-o andar rapidamente. Em menos de cinco minutos estávamos na frente da boate. E a fila não tinha diminuído nem um centímetro... pelo contrário, tinha aumentado!

Rosalie estacionou o carro em um canteiro perto da boate. Lá havia uma placa escrita que só podiam estacionar táxis na espera de um passageiro.

— Vai deixar o carro aqui sozinho? E o dono?

— Relaxa, Bella — tranquilizou-me Nessie. — Ele já está vindo buscar.

Saímos do carro. Rose deixou a janela aberta, e a chave no porta-luvas. Fomos para a entrada da boate, e assim que as meninas nos viram, suspiraram aliviadas.

— Finalmente! — disse Jess. — Vamos logo, já perdemos tempo demais!

Um cara baixo, de cabelos ruivos e olhos verdes estava ao lado das meninas. Ele era magro e usava um óculos de grau preto, de armação aviador, da Diesel. Suas calças eram sociais e folgadas, e sua blusa, listrada com um suspensório. Uma boina estava em sua mão, abanando-o. Um aspirante de moda.

— Vamos logo, antes que eu me arrependa de ter vendido as entradas e as deixado furar fila! — reclamou, passando em nossa frente. Ele murmurou algumas palavras para aquele segurança brutamonte que tinha dito que a namorada dele era a Beyoncé. Poupe-me!

Assim que entramos na boate, um cheiro forte adentrou minhas narinas. Bebida alcoólica, drogas e sexo. Uma típica festa de adolescentes, não que eu já tivesse ido a alguma, apenas assisto filmes que passam na TV. Minha cara era de espanto total. As pessoas que estavam ali não ligavam para o cheiro, pelo contrário, pareciam amar.

Olhei de relance para as meninas e elas sorriam, olhando para os lados. Na certa, tentando achar garotos bonitos, menos Nessie e Rosalie, que deviam estar procurando dois Cullen.

— E então, o que fazemos agora? — perguntei.

— Dançar!

— Ir ao bar!

— Dar mole para os garotos!

Sugeriram Nessie, Rose e Jess, juntas. Elas se entreolharam e riram. Nenhuma das três opções me agradou. Cadê a opção “vamos sentar até essa tortura terminar”?

— Vamos começar pelo bar — aconselhou Lauren. — É bom que nos “soltamos” um pouquinho.

— Lauren tem razão, vamos!

Jess saiu na frente abrindo caminho, enquanto eu e as meninas apenas a seguimos. Muitas pessoas dançavam, outras se comiam no meio da pista. Que coisa mais nojenta!

De repente, imagens de Edward fazendo a mesma coisa com a tal da Lenna me vieram à mente. Será que ele fazia isso em... público? Balancei a cabeça. Eu estava idealizando demais esse garoto, e se ele for um tremendo idiota, como a maioria é? Não será da sua conta, provavelmente!

— Será que os Cullen já chegaram? — perguntou Nessie, assim que chegamos ao bar.

Jess e Lauren sentaram nos bancos; Rosalie, Nessie e eu ficamos de pé na frente delas.

— Quando estava fugindo de vocês, vi Edward com a namorada.

— Mentira! — gritou Rose. — Ela é bonita, não é? Meu Deus! Tenho ciúmes quando vejo aquela perua conversando com meu Emmett. Edward falou com você?

Nessa hora, o barman perguntou se queríamos algo, mas as meninas o dispensaram, encarando-me ansiosas. Eu me sentia em um desses seriados tensos, no qual os telespectadores mal levantavam para ir ao banheiro, com medo de perder um vulto.

— Sim — respondi desconfortável. Por que elas tinham que ser tão fuxiqueiras? — Ele me apresentou ela.

OH MY GOD! — gritaram as quatro juntas, mas o som estava tão alto que ninguém percebeu. Ainda bem.

— Qual o nome da infeliz? — exigiu Jess, sacudindo meus braços. Deus é mais!

— Lenna Jusseffet.

— Ela parece francesa mesmo — deduziu Lauren, e todas concordaram. — O que mais aconteceu?

— Bem, ela ficou apressando Edward e me olhando feio. Acho que ela não foi com minha cara — falei, dando de ombros.

— Ela tem cara de antipática mesmo — concordou Jess. — Mais alguma coisa?

— Não. Depois eles vieram para a boate, e eu segui meu caminho.

— Eles não entraram aqui! — disse Lauren. — Estávamos na porta o tempo todo, e não vimos nenhum Cullen entrar.

— Então, não sei. Vamos mudar de assunto, não quero mais falar do Edward.

Elas assentiram e chamaram o barman novamente. Até que ele era bonito; alto, musculoso e moreno, lembrava-me o Jake, mas seus cabelos eram cor de mel e liso, parecia um surfista do Havaí.

As meninas pediram um ice, dizendo que iam esquentando a medida que a festa rolasse. Porém, nunca bebi na minha vida, e estava morrendo de medo de ficar bêbada por causa de 300 ml de ice.

— Relaxa, Bella. Isso é fraquinho — disse Jess.

Virei o copo de vez e aquele gosto amargo invadiu minha laringe. Eca! Aquilo era terrível! Coloquei o copo, meio tonta, em cima do bar e quando as meninas iam colocar mais, as cortei logo. Ao invés disso, pedi um coquetel sem álcool.

— Ai, Bella! Você é tão sem graça! Devia se acostumar, na faculdade quando te oferecerem seu “primeiro” porre, não vai ficar assustada depois, já que irá saber o que acontece — palestrou Rose, mas nem prestei atenção.

Quando elas acharam que estavam ficando animadas, arrastaram-me para a pista de dança. Meu Deus, isso só pode ser um castigo! Eu não sei dançar, pra variar.

— Bella, de que mundo você veio? — zombou Rose. — Fechatopólis? Os habitantes de lá são fechados como você?

As meninas caíram na gargalhada, mas só fechei a cara.

— Desculpa, amiga! Olha, dançar é fácil. É igual andar de bicicleta, você nunca mais esquece!

Revirei meus olhos com aquela comparação ridícula. Na verdade, na última vez que fui tentar andar de bicicleta, levei o maior tombo por ter esquecido como se pedalava. Esse ditado não se adéqua a mim.

— Você só tem que mexer os quadris e os braços — disse Jess, mostrando-me. Fui tentar fazer o mesmo, porém eu parecia mais um robô se mexendo do que uma livre borboleta, como Jess parecia.

Acho que realmente não nasci para ser adolescente! Talvez eu tenha mais sorte na meia idade.

— Se solta mais, Bella! — ordenou Nessie, se segurando para não rir.

Tentei novamente e fiquei feliz por ter conseguido melhorar um pouco. Continuei tentando imitar os passos das meninas — tudo bem que quem me visse de fora pensaria que eu era aqueles bonecos infláveis que ficavam na frente dos supermercados, mas nem estava ligando. Estava me divertindo!

Até que meus olhos pousaram em um casal que dançava sexy no meio da pista, perfeitamente sincronizados.

A garota se esfregava no menino até o chão, enquanto ele tentava alcançar o ritmo dela com seus quadris, nos quais se mexiam profissionalmente. Fiquei balançando os braços, batendo os pés no chão — como se fosse minha avó dançando — e sorrindo, olhando para aquele casal que dançava tão graciosamente. Até que a menina levantou, e o garoto virou a cabeça na minha direção. Aqueles são...

— Meu Deus! Edward e a putinha dele estão se comendo na pista de dança! — esbravejou Jess, encarando de boca aberta os dois.

Eu simplesmente estava sem ação. A dança logo perdeu toda a magia para mim. Não era mais uma demonstração sexy e deslocada, era Edward sendo um imbecil, como todos os garotos. Nunca pensei que ele fosse do tipo que fazia essas coisas... mas ele era. Que droga! Por que estou pensando nisso? Ainda bem que não estou com ciúmes! Senão, com certeza, estaria me apaixonando por ele. Apenas estou magoada, pensei que os Cullen fossem... diferentes.

— Gente! — exclamou Rosalie. — Em meus anos no IC, nunca vi um Cullen fazer isso! E eu pensando que eles eram do tipo discretos...

As meninas riram, menos eu.

— Discretos dentro do Internato! Nas festas são outra coisa... Afinal, é a primeira festa que nós vamos que eles estão — disse Nessie, ficando triste.

Creio que ela se lembrou do Jake naquele dia com aquela ruiva.

— Não iremos sair daqui sem babados fortes! — festejou Lauren.

— E aquele site de fofocas que vocês disseram? Não tem nada sobre os Cullen? — perguntei.

— Tem, mas são pouquíssimas informações — respondeu Lauren. — E a maioria não é muito interessante... As pessoas evitam falar sobre eles.

— Só que quando Bella entrou no colégio, eles falaram dos Cullen. Acho que estão pensando que a aproximação dos Cullen com Bella é a carta livre para fofocar sobre eles. Isso ainda vai dar confusão... — falou Nessie, dando uma olhada significativa para as meninas, no qual fiquei de fora legal.

 Paramos de dançar e voltamos para o bar. Essa festa estava uma droga, assim como todas as outras que já frequentei. Estávamos conversando animadamente em uma mesa, quando Tânia passou com seus seguidores. Ela nos encarou, espantada.

— O que estão fazendo aqui, suburbanas? A festa de vocês é na quadra... — comentou, gargalhando alto, com os outros.

Revirei meus olhos diante da piada idiota dela.

— E a sua é no galinheiro — rebateu Jess, irritada.

— Ui, que medinho! — encenou, com a mão na boca imitando um falso espanto. Na verdade, tudo nela era falso...

— Tânia — chamou-a Irina —, você está perdendo.

— Irina, me deixa! Não vê que estou rebaixando os suburbanos?

— Mas você vai querer ver isso... — explicou, gaguejando um pouco.

Tânia virou irritada na direção que Irina estava apontando, e viu Edward dançando. Sua boca escancarou-se em espanto, e logo seu semblante ficou sério. Pelo visto, realmente era a primeira vez que um Cullen agia daquela forma.

— Tânia, não faça isso. Vamos ser expulsos — alertou James.

Ela nem deu ouvidos e saiu marchando na direção de Edward. Essa não vou perder! Os seguidores dela foram atrás, e eu e as meninas levantamos disfarçadamente, tentando ver o que ia acontecer.

— Não fiquem muito perto, senão vão pensar que estamos envolvidas — avisei, e elas assentiram.

Tânia chegou lá soltando fogo pelas ventas, e puxou os cabelos longos e louros de Lenna. Confesso que torci por Tânia naquela hora; eu que queria estar fazendo aquilo naquela víbora, na verdade. Ela, por sua vez, soltou um gemido de dor, e Edward a soltou, rindo que nem uma hiena.

— O que está acontecendo com Edward? — questionou uma voz assustada ao meu lado. Alice.

— Ele está bêbado! — disse Jasper, correndo até ele. Alice o seguiu.

Lenna e Tânia nessa hora já estavam rolando pelo chão, uma puxando o cabelo da outra. Seria mais engraçado se eu não estivesse preocupada com Edward.

— Ele não está bêbado — comentei sem pensar, e as meninas me encararam, sem entender nada.

— Como? — perguntou Jess.

— Ele está drogado. O drogaram ou ele... drogou-se sozinho.

— Tem certeza disso, Bella? — indagou Rose, olhando para Lauren.

Essas meninas estão tão estranhas hoje!

— Lá na minha antiga escola eu via os garotos se drogando no banheiro, escondidos. E eles ficavam assim, como o Edward está.

— Isso pode ser bebida também, Bella — sugeriu Nessie.

— Quando nos falamos mais cedo, ele estava normal, e uma bebida não age tão rápido.

— Bella tem razão — concordou Lauren, e as meninas a olharam assustadas. — Lenna não está drogada, tenho uma leve impressão que ela tem algo haver com isso.

— E por que Lenna drogaria Edward?

— Não sei, Jess — respondeu ela. — Talvez para Edward fazer algo que ele não faria sóbrio.

— Hum... — zombou Jess, maliciosa. — Talvez Edward esteja segurando as rédeas com ela...

— Ele está certo em não fazer nada, com essa cara de lambisgóia dela, no mínimo é um corrimão.

Essas meninas conseguem ser bem cruéis quando queriam... Ainda bem que éramos amigas.

Voltei a olhar a confusão. Jasper estava carregando Edward para fora da festa, e Alice apenas seguia-os. De relance, vi alguém empurrando a multidão furiosamente — que estavam parados olhando a movimentação.

— O que aconteceu com meu irmão? — gritou Emmett.

— Calma, Emm — pediu Alice, segurando-o pelos ombros.

Tânia e Lenna já estavam separadas e descabeladas. Dois caras estavam segurando-as. Emmett as encarou, furioso, e arrancou Edward dos braços de Jasper.

Olááá, irmãozãoooo... — saudou Edward, puxando as palavras. — Cadê a gostosa da minha namooooradaaa? Alguém precisa desarmar minha tenda...

— Nossa... Ele está delirando mesmo, pensa que tá em um acampamento... — sussurrei para Rose. Ela me olhou segurando o riso.

— Você não entendeu o lance da tenda, não é?

Foi aí que me toquei o que era. Ai, que nojo! Imagine Edward quando souber o que fez?

— Cala a boca, Edward! — gritou Emmett. — Quem te drogou? Foi a Lenna?

Emmett estava segurando Edward pelo colarinho da camisa dele. O mesmo, por sua vez, estava rindo e tentando fazer Emmett rir.

— Não curte a sensação de leveza no corpo? Você devia experimentar...

De repente, Emmett olhou para o grupo de Tânia e mirou Irina, furioso. O que estava acontecendo?

— Você tem algo a ver com isso, Irina? Você prometeu que tinha parado!

— Não, Emmett... — respondeu gaguejando. — Eu parei! Eu juro! Mas não era a única daqui!

— A única de quê, Irina? Do que vocês estão falando? — perguntei, sem me dar conta que tinha dito alto.

Emmett me encarou assustado, e corei. Pela cara dele, creio que ainda não tinha me visto por ali. Gente, o que está acontecendo, pelo amor de Deus?

— Bella, o que está fazendo aqui? — questionou, como se fosse meu pai. Para falar a verdade, se fosse meu pai, ele estaria me puxando para a pista de dança e... Ok, vocês já sabem que meus pais são diferentes dos da maioria!

— Ora... o mesmo que... você? — Minha resposta saiu mais como uma pergunta.  

— Então você veio para cá vigiar seus irmãos? — perguntou irônico.

— Ah... Não vim cuidar de meus irmãos... — respondi envergonhada. Bem feito, Bella, quer dar uma de espertalhona.

— Isso não é lugar para você, venha que te levo para seu quarto.

— Emmett, você não é meu pai! — rebati. Por que ele estava assim?

— Bella, você não sabe onde está se metendo. Venha logo... — ameaçou. Olhei para as meninas e seus rostos estavam tensos. Alguma coisa estava acontecendo.

— Tudo bem... — falei, e saí com ele e Edward. Alice e Jasper vieram logo atrás.

— Emmett! Devolve meu namorado! — gritou Lenna, debatendo-se nos braços do homem que a segurava.

— Sua puta! Você o droga e depois se faz de sonsa? Queria ver se ainda seria namorada dele sem ter que fazer isso para ele cair na sua.... Você é uma fracassada! — balbuciou Tânia, irritada.

Emmett nem deu atenção a elas e saímos da boate em silêncio, com exceção de Edward e suas gargalhadas histéricas. Ele já tentou, no mínimo, dez vezes me abraçar, mas Emmett o puxava antes.

Emmett seguiu até um jipe verde, abriu a porta de trás do carro e jogou Edward dentro. Ele abriu a porta do carona e eu entrei. Nessa hora, Edward se debruçou em meu banco, tentando beijar minha bochecha.

Alice e Jasper trocaram algumas palavras com Emmett, no qual não consegui escutar, e veio — ainda furioso — entrar no carro, batendo a porta com força. Emmett viu o que Edward estava tentando fazer, e o empurrou, fazendo-o cair deitado no banco, rindo.

— Emmett, o que está acontecendo? — Quem já estava ficando nervosa agora era eu. Será que algum filho de Deus podia me explicar algo?

— Olha, Bella... — começou, passando a mão no rosto e girando a chave. — Não sou a pessoa que deve lhe contar isso. Desculpe-me, eu...

Ele não disse mais nada e deu partida no carro. Ainda fiquei alguns minutos tentando digerir aquilo, e quando percebi, já estávamos na ala três do Thanksville.

— Chegamos. Boa-noite — despediu-se, abrindo minha porta.

— Obrigada, Emm, você é muito gentil.

— Que nada, faço o que um homem de verdade deve fazer.

Sorri e olhei para o banco de Edward. Ele estava dormindo de mau jeito, com certeza acordaria no outro dia com uma baita dor no pescoço.

— Ele vai ficar bem — assegurou-me.

Dei um beijo na bochecha do Emmett e subi para meu dormitório.

Que dia! Eu estava tão cansada que assim que cheguei ao quarto tirei minha maquiagem, vesti meu pijama e escovei os dentes, desabando em minha cama em seguida. Nem vi a hora que Rosalie chegou.

Quando acordei no outro dia, ela não estava no quarto. O sinal de acordar tinha acabado de tocar, mas creio que Rosalie levantou e saiu bem antes, para não ter que falar comigo.

Levantei da cama a contragosto, por mim ficava o dia todo ali. Espreguicei-me e fui à varanda. Algumas garotas iam caminhando para o refeitório, mas ainda estava vazio, pois muitas tinham acabado de acordar.

Percebi que o uniforme de Rosalie não estava em seu armário, ela já tinha ido tomar café. E minha suspeita de que ela estava me evitando se confirmou.

Eu nem sabia por que estava triste, meu sonho estava se tornando realidade, eu estava começando a ficar sozinha, as pessoas finalmente pararam de me dar atenção... Mas essa não era a verdade. As pessoas não pararam de me dar atenção, e com certeza, não parariam por um bom tempo. Mas eu não estava triste por isso, e sim, porque pelo que tudo indica, eu tinha perdido minhas... amigas. E o pior de tudo, eu nem sabia o porquê!

Terminei de me arrumar e desci. Tudo já estava lotado; quando cheguei à cantina, de imediato olhei para minha mesa, e estava vazia. Ainda procurei as meninas pelo refeitório, mas não vi ninguém. Nem a insuportável da Tânia estava lá com a tropa dela.

Resolvi sentar sozinha mesmo. Sempre fui sozinha, não ia ser agora que ia me lamentar por isso. Fiz meu pedido, e quando chegou, comecei a tomar meu café tranquilamente. De relance, vi a mesa dos Cullen; estava vazia também. Aonde esse povo tinha parado?

Assim que terminei de tomar meu café, fui para meu armário. Digitei a senha e a porta automática abriu. Cada aluno podia personalizá-lo, então o que havia de diamantes cravejados nas portas não estava no gibi. Andar por aqueles corredores ainda me deixaria cega um dia, de tantas luzes.

Meu armário estava normal. Bem, o normal da escola. Era totalmente branco e sem detalhe nenhum. Eu pouco me importava. Não estava pretendendo passar muito tempo nessa escola mesmo.

Olhei meu horário preso na porta e vi que tinha essa aula com Jess. Será que ela ia faltar por minha causa? Peguei meus livros e fui para a sala. Quase ninguém ainda tinha chegado. Sentei em minha carteira e esperei o tormento começar.

— Filha, eu não sabia disso! Desculpe-me, meu benzinho! Já irei te enviar.

— Mãe, eu queria que a senhora viesse pessoalmente, preciso conversar com alguém conhecido.

— Oh, meu bem! Então não fez novas amizades? Ficou sozinha como no outro colégio?

Era o intervalo e eu estava sozinha. As meninas não apareceram em aula alguma. Quer dizer, não as que eu tinha com alguma delas. Quando fui para o intervalo, nossa mesa estava vazia como mais cedo.

Resolvi sair dali e ligar para minha mãe. Ela disse que eu podia ligar se fosse importante, e era. Percebi que ela não tinha me enviado a senha da conta do banco que eu tinha aqui. Bem, creio que ainda não expliquei sobre isso.

Aqui no mundo Cullen — como batizei esse lugar horrendo —, eles têm sua própria conta bancária, onde os pais dos alunos depositam e retiram quando quiser seus dinheiros, e qualquer conta bancária que temos fora da escola, não é permitido o uso aqui dentro. Por quê? Simples. Responsabilidade. Eles temem que sumam alguns milhões misteriosamente, ou que alguns alunos percam a senha, ou coisas parecidas. Com seu próprio banco, eles conseguem nos rastrear melhor, olhar nossas retiradas e investidas. Uma verdadeira prisão. 

— Mãe, isso não é espanto algum. Eu disse que não viria para cá fazer amizades, e não estou nem aí se estou só.

— Você não tem jeito! Amanhã pela tarde passo aí e conversamos.

— Amanhã não dá, tenho educação física pela tarde. Não tem como à senhora vir hoje?

— Infelizmente não, meu amor. Na quarta, pode?

— Tudo bem — concordei triste. — Até quarta.

— Até, meu bem.

Desliguei o celular e levantei do banco. Eu estava na frente do internato, perto da fonte que havia na entrada. O local estava vazio, por isso fui para lá.

— Vai sair do internato? — perguntou uma voz atrás do banco em que eu estava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Os segredos começaram a aparecer, não é? O que será que esse internato fútil está escondendo de nossa Bellinha? Tadinho do Ed, não é? Lenna muito fdp drogando o coitadinho :[ Quem será que perguntou isso a Bella? Mandem suas apostas! :)
Sigam meu tumblr de dicas de escrita: http://eus2escrever.tumblr.com/